Uma das mais preocupantes notícias que ontem li foi a de que os candidatos portugueses aos concursos de entrada nas instituições europeias têm uma elevada taxa de insucesso, por inadequada formação académica, que lhes não permite estar à altura das qualificações requeridas. É muito triste.
17 comentários:
Triste mas verdadeiro! Felizmente vem a público o que já se sabia há muito tempo, ou seja a formação superior é hoje, genericamente deficitária. Se os problemas começaram nos primeiros anos, era expectável este desfecho, que eu diria trágico! Vingou em Portugal a lógica do “quanto pior melhor” . A falta de exigência, tinha que resultar nisto! Quando se constata que a única preocupação é o eleitorado e não a pais e o seu progresso resta isto….
É o lindo resultado da massificação!
Regula-se a exigência por baixo para a maioria poder pular a cerca. Ainda ontem li que a taxa de aprovações no ensino médio e obrigatório era qualquer coisa acima de 95%, com médias que no meu e seu tempo seriam estratósféricas.
Criam-se facilidades e depois aparecem as dificuldades.
E não me digam que isto não é política!
É. Mas, mais do que tristeza, devia implicar incredulidade. Afinal de contas, não é esta a geração mais bem formada de sempre? Não nos asseguram as autoridades que o nosso ensino é excelente, que as nossas faculdades dão cartas e que os nossos alunos têm notas magníficas?
Estaremos perante mais um caso de "engenharia" e "estatística"?
Isso quer dizer que as instituições europeias atraem muitos candidatos portugueses, demasiados. Tantos são atraídos, que até tentam ir para lá sem ter a formação académica adequada.
Estranho, não é ? ...Ou não ...
Por cá, continua a propalar-se que temos " a geração mais bem qualificada de sempre".
Pura propaganda - penso que é apenas a geração com "mais canudos de sempre"...
E, ainda, a questão da língua. Um 'Europeu Central', além do Inglês, terá o Francês e o Alemão, que já detêm ou aprendem rapidamente por proximidade. Um 'Europeu Periférico', com a sua língua nativa, terá de aprender essas 3 línguas.
Como se sabe, porque já falei nisso várias vezes, tenho netos com mais de 20 anos, o que é simpático quando nós - os avós - estamos na 1ª metade dos nossos anos 70, já não andamos a passear as crianças e acontece que por vezes são eles que nos passeiam, guiar nem sempre apetece.
São gente certinha e interessada ainda que não sejam brilhantes nos estudos, sem notas para entrarem no ensino público nos cursos que queriam seguir, estão no privado e nós estamos a ajudar financeiramente porque o queremos fazer.
A regra aqui em casa, já seguida com os filhos, agora com os netos é "saúde e estudos é o que fôr preciso sem limites, carros, motos, viagens e laréu no geral problema deles".
Conheço assim muitas histórias, além das dos meus, como é óbvio.
Não há uma geração "mais bem preparada de sempre", há é uma geração com um número bastante grande de gente "mais bem preparado que os pais e que os avós" (o que para estes últimos nem é de um modo geral grande habilidade).
A proliferação indiscriminada de cursos para "fabricar" doutores, cursos sem nenhuma empregabilidade real nem possibilidade de recorrer à emigração porque noutros países sofrem das mesmas limitações, levou a que se possa ser o orgulho legítimo da família mas que se acabe nas "caixas do supermercado".
Por isso se diz que não se encontra um canalizador ou um electricista, como não são "doutores" de vagas especialidades que ninguém precisa, estão sempre ocupadíssimos porque toda a gente precisa deles.
Aconselho quem tiver algum tempo e vontade disso a percorrer a lista de cursos que superiores que existem em Portugal, alguns com as previsões de empregabilidade lá escarrapachadas, estes últimos sempre com vagas, alguns que basta 10 de média para entrar em locais mais remotos do país.
A história dos 3 anos de licenciatura é uma patetice porque nos cursos "a sério" ninguém vai muito longe sem o mestrado, o que vai dar aos 5 anos que de antes disto.
Por isso e como também já aqui contei, os meus netos foram "empurrados" para cursos com empregabilidade garantida aqui ou em qualquer parte do mundo, não foram contrariados porque foram educados no sentido da practibilidade das opções de fundo que se fazem numa questão tão central como esta e de difícil "marcha atrás" na vida (divorciarem-se um dia tem melhor remédio, por exemplo).
Quanto ao problema do conhecimento das línguas estou de acordo com o que aqui foi dito.
Francês ninguém pesca nada, alemão nem pensar nisso é bom, castelhano é "portunhol", italiano que dá para ler que horror, até o famoso inglês é o "inglês técnico" dos jogos de computador e dos sites variados, dos FB deste mundo, que frequentaram na adolescência e/ou ainda frequentam.
Tentei levar os meus para o mandarim durante os últimos anos do liceu mas já tive que desistir, sou um avô com ideias esquisitas.
Mas temos muitos licenciados e se isso é bom para a estatística é decerto bom para o país, quem sou eu para o desmentir.
Fernando Neves
Irra. Nós temo-las a geração mais bem formada de sempre em Portugal. Não na Europa. Não conseguem perceber? E de virem o número de portugueses nas instituições europeias estamos muito bem. Convém lembrar que em 1974 tinamos mais de 35%de analfabetos e todos os outros países hoje da UE tinham perto de zero. Está é a primeira geração portuguesa que tem um nível de educação base razoável cujos pais sabiam todos ler e escrever. No resto da UE eram todos os trisavós. Este gap vai durar ainda mais duas ou três gerações a fechar. Poroutro lado convém não esquecer o número excepcional e único de portugueses em posições de chefia em instituições internacionais. Mas esses tinham todos trisavó s que sabiam ler escrever.
Os cometários anteriores partem todos da ideia que é a formação universitária portuguesa que é deficitária.
Eu diria que não é isso que se passa, o que se passa é que pessoas se candidatam sem terem, de todo, formação académica adequada para o efeito.
"A geração mais bem preparada de sempre"
Parece-me que por aqui, na Inglaterra (nao sei o que se passa na Escocia) as coisas nao andam muito bem. Cursos de "carochinha" abundam. Oxbridge ja nao e o que foi. Onde e que isto ira dar?
maitemachado59
Os futebolistas das escolas do sporting, além da bola, o que mais praticam éo o inglês.
Um espectáculo a baterem ingles e espanhol.
maitemachado59
Gostei da referência a "Oxbridge".
Quando por acaso falo nisso, o que felizmente é raro, tem acontecido uma vez por outra que me chamem a atenção para a "confusão" que estou a fazer.
Diverte-me imenso ouvir a explicação dos doutos ao ignorante.
De acordo com com Luís Lavoura e Fernando Neves nos pontos diferentes que fazem.
A frase ‘Candidatos portugueses portugueses aos concursos de entrada nas instituições europeias têm elevada taxa de insucesso, por inadequada formação académica’ pode ter interpretações diferentes. Pode por exemplo significar que concorrem a lugares sem terem formação específica para aquela área, independentemente da qualidade da sua formação. Sem dados mais específicos, é o tipo de frase pouco útil que abunda nos jornais, não só portugueses.
Acresço aos comentários de maitemachado e Manuel Campos que Oxbridge também tem uma conotação pejorativa, hoje em dia mais acentuada, pela natureza elitista das instituições a que se refere - o sistema de alguns dos tais trisavós que sabiam ler e escrever a que se refere Fernando Neves. Elitista e elite são coisas diferentes.
AV
Totalmente de acordo com o que escreve, agradecendo ainda muito o "acresço" que faz, é isso mesmo, o desmistificar do que para aí vai sobre o que é "elitista" e o que é "elite" é sempre oportuno.
Acho que Fernando Neves puxou um pouco as pontas, nem todos os países hoje da UE tinham perto de zero, nem no resto da UE os trisavós tinham as "primeiras letras", mas ao começar o comentário por "Irra" dá logo para perceber muito bem porque o faz e compreender e aceitar muito bem o que quer dizer.
O que está em causa não é a qualidade da formação, mas sim o tipo de formação e de resultados esperados. As provas do Serviço Europeu de Seleção do Pessoal (EPSO) assentam, sobretudo, em exercícios de lógica, seguindo o modelo anglo-saxão. São pouco valorizados os conhecimentos. Ora o sistema de ensino português, como o francês, por exemplo, privilegia a acumulação de conhecimentos. Os candidatos portugueses necessitam, por isso, de se preparar para um tipo de provas a que não estão habituados e a maior parte não o faz. O que falta, por isso, é oferta formativa específica para estas provas, que até agora não existe em Portugal (mas que outros, como os franceses, têm).
O Anónimo das 17.56 foca bem a questão.
No fundo estamos perante uma situação de "analfabetismo funcional específico".
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