Só algum ser estranho, aterrado de Marte, é que poderia acreditar que um evento com a magnitude das Jornadas Mundiais da Juventude conseguia ser organizado entre nós sem ser envolvido num registo de polémica, de suspeição e, não deve tardar, com teorias da conspiração à mistura.
7 comentários:
Poderia e deveria ser organizado pela Igreja, que é a principal interessada no evento.
O Estado somente teria que aplanar o terreno e infraestruturá-lo com iluminação, água e esgotos, como se faz para qualquer (futuro) parque público.
O resto, o altar, ficaria por conta da Igreja. Ela que contratasse quem quisesse, com as especificações e dimensões que quisesse, pelo preço que conseguisse. Os contribuintes não deveriam ter nada a ver com o caso.
Certamente que dessa forma não haveria grande polémica.
Os portugueses sendo portugueses.
É do pior que podia ter acontecido e a dimensão que tomou com o PR a tomar conta do assunto como encarregado-geral da obra é a única parte divertida.
Tal como o pessoal da TAP de que falou antes, também aqui deve haver muita gente a pensar que enquanto se fala do altar não se fala deles, entretanto isto passa porque não se pode aguentar eternamente e ninguém vai bisbilhotar mais nenhuma empreitada.
Portugal no seu pior/melhor!!
Luis Lavoura tem toda a razao.
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: “Prestai atenção ao que ouvis! A medida que você usar será usada para você também, e você receberá ainda mais. Pois a quem tem, ser-lhe-á dado; quem não tem, até o que tem lhe será tirado.»
Evangelho segundo São Marcos 4, 21-25
Os primeiros Companheiros do Cristo davam grande importância à pobreza por três razões: a imitação pessoal de Cristo, a liberdade apostólica para a missão e como parte de uma renovação evangélica da Igreja.
Escolheram a pobreza porque queriam imitar o Cristo. A vocação à pobreza começava com a sua conversão e continuava a ser uma dinâmica ao longo da sua vida.
É por isso que frequentemente se descreviam como "peregrinos", ou seja, alguém que depende inteiramente da generosidade de Deus e dos outros.
Assim, o "peregrino" que vem a Lisboa, conta com a generosidade dos outros. Mas certamente não espera manifestações de riqueza, onde o dinheiro dos pobres é esbanjado inutilmente, em orgulhosos altares, quando os pobres sofrem.
Li as duas bíblias e guardei as palavras do teólogo protestante Karl Barth: "... Não conhecemos realmente Jesus (o Jesus do Novo Testamento) se não o conhecemos como este pobre homem, como (se pudermos arriscar a palavra perigoso) este partidário dos pobres e, finalmente, como este revolucionário”.
Dizem que as Jornadas vão custar, no total, 170 milhões de euros.
Dizem também que virão milhão e maio de peregrinos e que a Igreja cobra bilhetes que custam, em média, 200 euros por pessoa.
A Igreja vai pois embolsar cerca de 300 milhões de euros. Muito mais do que os 170 que as Jornadas custarão. Trata-se, pois, quiçá, de um bom investimento.
A questão é: quem embolsará o lucro? E quem pagará o investimento?
A minha impressão é que a Igreja vai ficar com a totalidade dos 300 milhões, e os contribuintes pagarão a totalidade dos 170 milhões.
Contas feitas, será um bodo dos contribuintes à Igreja, com a santo patrocínio do Estado. Todos os partidos, sem exceção, não abrem o bico para protestar.
Noutros países também houve polémica, senhor embaixador. A diferença é que nós somos mais pobres, logo, o clamor é maior.
Enviar um comentário