sexta-feira, janeiro 13, 2023

Sexta-feira, 13


Um amigo brasileiro, sabedor de que eu estaria hoje por Tomar, revelou-me o que, por completo, desconhecia: a tradição das sextas-feira 13 serem um dia de azar deve-se a um episódio ocorrido neste dia da semana, em 13 de outubro de 1307, quando um rei francês, sob pretextos vários, ordenou a prisão de milhares de cavaleiros e a extinção da Ordem dos Templários.

Aqui por Tomar, contudo, sede portuguesa da ordem, não detetei a menor movimentação solidária, em torno desta sexta-feira 13. Não fui ao Convento de Cristo, é verdade, mas, na cidade, o dia esteve magnífico, as águas do Nabão corriam pacificamente (como se vê pela imagem junta), pelo que, até à meia-noite, acho que ninguém espera o menor azar. 

Faço votos, em especial, que a maldição dos Templários não ponha qualquer mau olhado no “Bacalhau com carne”, a receita clássica da dona Maria do Céu, que, daqui a pouco, vou comer ao “Chico Elias”, ali nas Algarvias, com a mesa junto à lareira já reservada.

14 comentários:

manuel campos disse...



Essa é uma das razões mas há quem a vá buscar lá muito mais atrás, à Biblía.
O número 13 é um número mal visto e, quando associado à 6ª feira, muito pior.

De qualquer modo, estas coisas não se aplicam ao seu "Bacalhau com carne”, a ser degustado na mesa mais "cosy" do "Chico Elias”.
Bom apetite.

PS- Eu não sou supersticioso porque dá azar...

maitemachado59 disse...

Parece que a razao do 13 ser um numero mal visto e que, segundo a Bibliaa estavam 13 na ultima ceia.

maitemachado59

Flor disse...

Bon appétit! ;)

manuel campos disse...


Dedico esta ligação da RTP(!) a todos os parascavedecatriafobicos ou frigatriscaidecafobicos que andem por aí, bem merecem só por terem uma fobia com um nome tão assustador que nem deviam saír à rua:

https://media.rtp.pt/extra/pessoas/as-13-supersticoes-em-que-as-pessoas-mais-acreditam/

A história dos talheres é que não convence ninguém, porque é que 13 é um problema? E mais de 13 já não é?

Quanto às superstições confirmo várias.
Partir um espelho é um azar terrível para o resto da vida se fôr o favorito da minha mulher.
Abrir o chapéu de chuva em casa atrai problemas se a casa estiver cheia de bibelots, já se fôr uma decoração minimalista estão à vontade.
Passar por baixo de uma escada quando a pessoa que está a pregar o prego deixa caír o martelo dá um azar dos diabos, isso não duvido.
Aquela do dia do casamento também é de considerar, pode ser que ao verem-se um ao outro algum deles (ou os dois) repensem a ideia e desistam do casamento, o que pode ou não ser um azar.


Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Em Itália o Renault 17, também foi renomeado como 177, por causa da heptadecafobia. Por cá temos o Hyundai Kuai, mas por razões de decência.

Flor disse...

Não encontrei a receita do bacalhau com carne por lado nenhum.

manuel campos disse...


Lendo o Francisco de Sousa Rodrigues lembrei-me que um determinado modelo da OPEL, lançado em 1970, só em Portugal se chamava "1604 S" ou "1904 S" conforme a cilindrada, pois o nome real do modelo era pouco apropriado, prestando-se mais a gozo que a elogio.
Direi apenas que o modelo tinha o nome de uma comuna da Suíça, no cantão Ticino, localizada perto da comuna de Locarno.
Se googlarem por curiosidade "OPEL 1604 S" encontram logo e ficam mais cultos, mas se não googlarem não é por isso que ficam menos cultos e sempre poupam 30 segundos.
Com o evoluír dos tempos e dos costumes foi-se esbatendo a questão e a partir de certa altura já o carro era tratado pelo nome (foi fabricado até 1988).

Já agora.
A matrícula portuguesa começada com as letras "CU" é de 1982.
Ninguém querendo aquilo as marcas tiveram que fazer importantes descontos, porque toda a gente preferia esperar uns tempos pela matrícula seguinte a andar anos com aquela.
Um amigo meu pouco ralado com isso e mais com o desconto teve um mas, sendo pouco dado a lavar o carro muitas vezes (não era fácil como é hoje) não se livrava das piadinhas do "olha que tens o CU sujo".
Julgo saber que não voltou a haver aquelas letras nas matrículas, chega ao T e salta para o V.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos, tal como os pruridos qem pronunciar o nome de uma cidade portuária italiana na costa adriática.

No caso do Opel Ascona, foi mesmo na terceira e última geração que começaram a tratar o carro pelo nome, embora, pelo menos ao princípio, as versões equipadas com o motor 1.6, 90 CV (Family II) ainda se designassem de 1604 S.

O CU só foi utilizado à esquerda, sim, calhou, lá está, quando se esgotaram as séries originalmente adstritas a Lisboa, embora logo tenham mudado as regras e tenham vindo as séries NA-NL, mas ao que parece lembram-se que a série FD nunca tinha sido usada e então meteram com ela antes das séries AJ-LJ (1984-5).
Aqui pelos meus lados há uns CUs, pelo menos uma Renault 4(GT)L e uma Datsun Pick-Up.

manuel campos disse...


A série adstrita a Lisboa acabava no L e a do Porto começava no M, se não me engano, isto na altura era até motivo de algumas esquisitices, as pessoas de Lisboa evitavam ter carros com matrículas do Porto e vice-versa, rivalidades patetas que perduram aqui e ali.
Onde este problema se punha em grande era em Espanha, com a letra inicial (ou as duas letras) da cidade à cabeça, antes dos números, ninguém de Madrid ía comprar um carro de Badajoz pelo mesmo valor que alguém de Badajoz iría dar por um carro igualzinho de Madrid, “vanity, all is vanity”, foi motivo de discussão por lá desde quase sempre.
Em França passava-se um pouco o mesmo com o “75” e o “78” de Paris, ainda que esta mania estivesse aos poucos a ser ultrapassada.
Por cá ainda tivemos em 1997 os famosos “KA” no fim que se destinavam a combater a febre das importações mas que, não só não combateram como foram considerados “discriminatórios” por Bruxelas, daí em 1998 aparecerem o ano e mês do primeiro registo do carro, fosse onde fosse, naquele cantinho amarelo à direita (e que entretanto desapareceram a 15/01/2020 com as AA-00-AA).
Para estas coisas os sites de matriculas disponíveis on-line dão para perceber que, lá muito para trás, as mesmas letras podiam aparecer em carros com muitos anos de diferença.

Outra curiosidade é a cor dos táxis.
Em 1993 saiu uma portaria que obrigava que passassem ao chamado bege marfim, com a justificação (aceitável) que se viam melhor de noite e se sujavam menos.
Ora em 1999 saíu nova legislação dando liberdade aos taxistas de voltarem , se quisessem, ao preto e verde, aparentemente por ser uma combinação de cores exclusiva.
Acontece que a cor bege marfim foi pedida porque a compra dos veículos passaria a ser menos dispendiosa, sendo a cor utilizada na Alemanha e vindo de lá os Mercedes que, por esses inícios dos anos 90, eram o grosso dos táxis por cá.
Foi mesmo defendido por associações do sector que o bege devia ser uma cor exclusiva dos taxistas e proíbida aos particulares.
Claro que a ideia me pareceu sempre que incluía o que veio a acontecer, importar também Mercedes táxis em 2ª mão da Alemanha, já com quilómetros e quilómetros, mas isto sou eu aqui a divagar.

Isto é bastante “off-topic” mas o dono da casa me perdoará, às 3 da manhã nunca tenho muito sono.


Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Lisboa era AA a LH (exceto combinações com a letra J, para evitar confusões com a letra I, esquisitice que acabou com o esgotamento das séries de Lisboa, nos anos 80), para automóveis e LI-LZ, exceto LJ, LQ, LX, para os motociclos. As séries AA-AD foram aplicadas a veículos com matrículas anteriores a 1937.
No Porto eram combinações de letras entre M e T, exceto Q (mesma razão que a letra J), embora os motociclos tivessem as séries TV e TZ.
Coimbra eram combinações de U a Z.

Sim, as letras até esgotarem as séries originais eram muito ao calhas, porém em 1981 e 1982, em Lisboa, foram reutilizadas as sequências AE a LH (mantendo as exclusões) com a numeração do meio entre 00 e 09. O critério é que foi curioso, pois as combinações com segunda letra entre M e Z foram atribuídas a registos de 1981 e entre A e L a registos de 1982.

Com o esgotamento total, incluindo o famoso CU, em Lisboa passaram admitir-se combinações com letras entre N e V, Q incluído, mas sempre com a outra letra entre A e L, bem como o uso da letra J de permeio. As sequências finais foram as combinações com X (nX e Xn).
No Porto, as sequências originais esgotaram em 1987 e foram utilizadas combinações com a letra Q: QM a QT, MQ a PQ, RQ e SQ.

Imagino que as matrículas deveriam gerar essas rivalidades tolas, nos anos 80 já não tinham tanto sentido, nesta altura os veículos passaram a ser matriculados na região dos importadores, assim Toyotas, Volvos, BMWs, Mazdas tinham, por regra, séries do Porto.

Os Ks não combateram mesmo, pois ao chegar à série KF, contam-se mais de 50 000 registos de carros importados.

manuel campos disse...


Antes do mais, belíssimo e completo resumo para memória futura o que aqui faz, permiti-me copiá-lo já para uma pasta dedicada a estes assuntos que tenho.
Os carros antigos e o jazz são dois grandes motivos de conversa com o meu neto mais velho, passamos horas nisso, é grande conhecedor dos dois assuntos e bom mecânico amador,eu sei identificar os sintomas, eventualmente aconselhar os amigos mas se pusesse as mãos à obra íam sobrar algumas peças.
Este tipo de curiosidade já me levou há pouco tempo a teimar, numa oficina de uma marca mais que respeitável, que aquele sintoma não era o volante bi-massa em fim de vida mas sim a válvula EGR suja, lá me fizeram a vontade e foram ver, imagino que sabe bem a diferença entre substituír o primeiro e limpar a segunda.

Era exactamente um destes pontos que focou de que lhe ía falar, pois tive a curiosidade de ír ver duas matriculas que conheci bem, lá aparecem como sendo da 2ª metade dos anos 60 e também de 1982.
Nesses tempos havia muitos poucos carros e portanto dava-se mais pelas asneiras, agora notam-se mais os que não fazem asneiras, é sempre uma questão de raridade.
Portanto era aquela conversa “vê-se logo que és do Porto” (e lá seria o oposto), sem ar condicionado e de vidro aberto, dava para gritar alto e bom som.
Lá pelos sítios do interior onde tenho uma propriedade ainda se vê alguns “K”, sempre os mesmos, normalmente VW Golf e Passat dos anos 90, os que nunca mais acabam.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Boa! Eu também gosto muito, embora não seja um conhecedor de música Jazz.
Em matéria de matrículas tenho aqui em casa dois volumes da série "Portuguese Buses", de Ian Manning, nomeadamente o 3 (Rodoviária Nacional) e o 4 (sucessoras da RN) com uma boa resenha.
Vê-se ainda bastante, Mercedes e Audi, também. Aqui temos uma exclusividade com matrícula KE, um Hyundai Excel de 1986, quando a marca foi lançada nos EUA, de uma vizinha minha que faleceu há umas semanas com a bela idade de 100 anos, foi o único carro que teve, tirou a carta aos 63 anos e conduziu-o até aos 98, altura em que foi para uma Casa de Repouso local.

manuel campos disse...


A propósito de longevidade ao volante.
Conheci Fernando Valle em Coja, de onde era natural.
Foi um dos fundadores do PS ainda na clandestinidade, no fim de 1999 foi nomeado presidente honorário do PS, facto que não o entusiasmou muito na altura, não estava a gostar muito do que via e nunca o escondeu.
Morreu com 104 anos e ainda guiava, estando apenas limitado a não saír do concelho e a não ultrapassar os 50 km/h.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

A minha vizinha aos 70-80 chegava e andava bem posicionada na estrada, não se metia era na cidade, não ia além do Lidl "velho" (Caldas da Rainha). A irmã, que faleceu com 95, é que teve uma restrição semelhante, quando fez a renovação dos 92, mas a velocidade era de 70 km/h.

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