quarta-feira, janeiro 11, 2023

Ucrânia

Debate com o major-general Agostinho Costa, na CNN Portugal, moderado por Ana Sofia Cardoso.

Pode ver clicando aqui.

21 comentários:

José disse...

Esteve muito mal.

Permitiu ao general passar a mensagem "pró-russa" de que a Rússia está a combater contra o mundo inteiro sem contrapor o apoio bielorrusso, iraniano e chinês.

Deixou que o general colasse à ucrânia "grupos de mercenários" e de "combatentes estrangeiros", sem imediatamente lembrar o Grupo Wagner e os mercenários contratados no Médio Oriente.

Ouviu sem reação a ideia de que a Polónia está desejosa de entrar na Ucrânia (para lhe ficar com território, entenda-se), sem contra-argumentar com a possível participação direta da Bielorrúsia na invasão.

Aceitou que a conversa do "A Rússia só queria negociar" ganhasse preponderância sem demonstrar a total hipocrisia de negociações assentes na violência, no desrespeito do direito internacional e na violação de tratados.

Não reagiu quando o general justificou as "boas intenções" da Rússia (termo eu), com o facto de não ter atacado infraestruturas civis no início. Achará ele isso razoável?

Enfim, a certa altura, até eu já dava por mim a ver alguma razoabilidade no discurso do "especialista militar" tal era a sua assertividade (apesar dos tiques). Depois belisquei-me e disse para mim mesmo "Era só o que faltava que eu sou um malandro 'russófobo' com orgulho!".

Francisco Seixas da Costa disse...

O José não percebeu nada. Contrariamente a outros comentadores, não vou às televisões para qualquer “crossfire”. Estou ali apenas para dizer o que penso, não para contrariar os argumentos de outrem. Ontem, excecionalmente, coloquei uma pergunta ao outro comentador, mais por curiosidade do que por outra razão. Mas foi uma vez, sem exemplo. Em frente a mim, cada um tem o direito de defender tudo o que quiser.

Joaquim de Freitas disse...


Achei estranho que nem o Embaixador nem o General quiseram (ousaram) abordar o fundo do problema : A guerra não é entre a Rússia e a Ucrânia mas entre a NATO e a Rússia.

E esta guerra não começou em Fevereiro 2022 mas pelo menos em 2014, quando os russos do Donbass , opostos ao golpe de Maidan, que lhes retirava direitos fundamentais tais que a própria língua, começaram a ser massacrados pelos ucranianos de Kiev. Oito anos de massacres. 15 000 mortos.

E se golpe houve, é porque os EUA e a EU, com a NATO em reserva, tinham feito sonhar os ucranianios com uma adesão fácil à EU e mesmo à NATO.

Viktor Yanukovych foi eleito democraticamente presidente da Ucrânia em 2010 numa eleição validada pela OSCE, Embora Yanukovych tenha aceitado um acordo político da UE e eleições antecipadas, a violência forçou-o a fugir da capital em 21 de Fevereiro de 2014.

A violência perpetrada por grupos de extrema-direita foi claramente tolerada, financiada e organizada pela CIA. E o senador John McCain, que expressou o seu apoio ao se dirigir à multidão no Maidan no final daquele mês. A secretária adjunta de Estado, Victoria Nuland, e o então embaixador dos EUA, Geoffrey Pyatt, visitaram a praça depois que a violência começou.

O que os dois ilustres comentadores falharam em apontar é que as aspirações americanas eram virar a Ucrânia para o oeste e afastá-la da Rússia. Numa pesquisa de 2008, 17 anos após o início dos esforços dos EUA, e no ano em que os Estados Unidos declararam que a Ucrânia um dia ingressaria na NATO, 50% dos ucranianos se opuseram à adesão à NATO, contra apenas 24,3% que eram a favor.

O profundo envolvimento ocidental na política e economia ucraniana nunca cessou desde os primeiros dias pós-soviéticos.

Não devemos esquecer o livro de Zbigniew Brzezinski de 997, o ex-Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos “The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives,”no qual escreveu:

“A Ucrânia, um novo espaço importante no tabuleiro de xadrez da Eurásia, é um pivô geopolítico porque a sua própria existência como país independente ajuda a transformar a Rússia. Sem a Ucrânia, a Rússia deixa de ser um império eurásio. A Rússia sem a Ucrânia ainda pode aspirar ao status de império, mas então se tornaria um estado imperial essencialmente asiático.»

Assim, a "supremacia" dos Estados Unidos, ou a dominação mundial, que sempre anima Washington, não é possível sem controlar a Eurásia, como argumentou Brzezinski, e não é possível sem controlar a Ucrânia empurrando a Rússia para fora (golpe de Maidan, em 2014) e dominando Moscovo como era quando isso foi escrito na década de 1990.

Para lá da Ucrânia, os EUA viam a Ásia. O Cazaquistão não está longe e leva a Pequim. E sobretudo às riquezas da Sibéria. Com o Donbass nas mãos dos russos, a estrada fica cortada.

Enfim, Senhor Embaixador, se os russos não tivessem razoes imperativas – humanas, devido à presença de milhões de russos ucranianos, e tivessem aplicado a táctica americana de arrasar com a aviação até à terraplanagem, a guerra não teria durado um mês. Como no Iraque...

João Cabral disse...

Gabo-lhe a paciência, senhor embaixador.

Anónimo disse...

Eu acho que o General apresentou argumentos que dão que pensar. A não ser a quem prefira não pensar e se reduza à dimensão de defensor estrénuo de Zelensky. E normalmente encontro dois erros importantes na maior parte das análises: 1) Considerar que a guerra começou em 2022 e não em 2014. 2) Ignorar completamente o papel da Nato.
Zeca

José disse...

Percebi muito bem! Há assuntos em que é preciso "chamar os bois pelos nomes" (palavras suas noutro texto), e há outros em que não. Como já aqui referi várias vezes o discurso redondo relativamente à tragédia ucraniana, não fico surpreendido.

"For the record", interrompeu o general não uma mas pelo menos NOVE vezes.

Luís Lavoura disse...

Francisco

Estou ali apenas para dizer o que penso, não para contrariar os argumentos de outrem.

Portanto, não se tratou de um debate (ao contrário daquilo que a CNN Portugal lhe chamou), mas sim do conjunto de dois monólogos.

Joaquim de Freitas disse...


"Em frente a mim, cada um tem o direito de defender tudo o que quiser." Muito bem, Senhor Embaixador. E é por isso que o leio desde hà anos. Mas sabe bem que José està tao habituado à regra da CS em Portugal, desde o inicio desta guerra,que só alinha dum lado, que desta vez ficou desapontado !

Aliàs ele confessa uma russofobia doentia. Que o leva a lamentar que a Russia nao faça como os seus amigalhaços americanos fizeram em Hiroshima, ou Dresde, ou Hamburgo, ou com banhos de napalm nas lezirias do Vietname...

José viu nas palavras do general, « a total hipocrisia de negociações assentes na violência, no desrespeito do direito internacional e na violação de tratados.” É verdade, lendo agora o que Madame Merckel confessou, ‘(e Stoltenberg), Minsk (que os ucranianos não respeitaram!) só serviu para “dar tempo” aos ucranianos para se refazerem uma saúde depois das sovas que levaram dos separatistas no Donbass!

José não gostou que “o general colasse à Ucrânia "grupos de mercenários" e de "combatentes estrangeiros" ! Pois não. E as centenas de “conselheiros” britânicos que formam os ucranianos desde há um ano? E a assistência satélite permanente ?


Joaquim de Freitas disse...


Rectifico: ""grupos de mercenários" e de "combatentes estrangeiros"

A assistência britânica a Kiev não data de há um ano mas de 2014.

Desde o início da guerra, eles inundaram a Ucrânia com armamentos de ponta. Eles fornecem apoio logístico, determinam os alvos dos ataques, dirigem os combates e operam secretamente na Ucrânia com as suas próprias tropas de elite (Comandos). O ataque à ponte da Crimeia e ao cruzador russo inscrevem-se no seu palmarés.

José disse...

Lavoura, você está enganado.

Quando se interrompe o nosso interlocutor pelo menos nove vezes (não uma!), para lhe fazer perguntas há, de facto, um debate. No caso o debate foi sobre se "era normal a Rússia ter tantas baixas ou perder tanto material". É pena, porque eu apostaria num interesse "jornalístico" maior em perguntar ao general se ele achava "normal destruir um país para afirmação geopolítica de outro" ou se ele achava "normal gerar milhões de refugiados para ganhar vantagens negociais".

manuel campos disse...


Fico sempre impressionado com as pessoas que me dizem o que eu devia ter dito, não falando do que eu disse mas sim do que eu não disse.
Mal impressionado, decerto, mas impressionado.

De resto cada um dos intervenientes falou no seu estilo próprio e dos assuntos tal como os vem analisando desde sempre, de certo modo complementando o outro com a sua visão diferente e a maior parte das vezes oposta, aí já sabíamos com o que podíamos contar.

Mas por cá este tipo de debate é pouco popular, ainda vivemos muitos de nós no "agarra-me que senão eu mato-o", normalmente ninguém agarra e ninguém mata, mas dá para contar aos conhecidos que "dei cabo dele!".




Lúcio Ferro disse...

Foi interessante. As suas objecções claras, límpidas, os argumentos, esses os do costume, menos o reparo de que conhecia o senhor S da OTAN há muitos anos e que ele era sempre "assim". De resto, o Senhor General, possivelmente um dos poucos militares que vale a pena ouvir na televisão. Que se repita o vosso diálogo, é o que desejo, faz falta a procura de consensos.

Unknown disse...

Sr. Embaixador, esteve muito bem! Tinha duas posturas: ou exaltava-se perante a "legitimação" da invasão pelo general Agostinho da Costa; como não é o seu estilo, deixou o homem falar (e expor, todo contente, as suas teorias originais)e respondeu-lhe de forma inteligente. A isto chama-se um debate civilizado e esclarecedor. Gostei!

Carlos Antunes disse...

Claro que o Embaixador Seixas da Costa esteve bem em não retorquir ao major-general. A única vez em que fez com uma simples pergunta de que “se a Rússia teria medido bem o impacto, em termos de perdas humanas ou materiais, desta guerra”, o homem “embatucou” e ficou sem reposta.
Além do mais, o dito major-general faltou à verdade quando afirmou que foi a Ucrânia a violar os Acordos de Minsk II, e que esta violação tinha sido o pretexto para a Rússia justificar a invasão da Ucrânia.
O Acordo de Minsk I, proposto pelo Presidente da Ucrânia da altura, Petro Poroshenko, previa um cessar-fogo entre o exército ucraniano e os separatistas russos, que não foi respeitado por ambas as partes, e que depois de pesadas baixas nas tropas ucranianas em Debaltseve, levou à adopção do Acordo de Minsk II (2015) que previa a descentralização do Donbass, o direito à “autodeterminação linguística” (e nunca à qualquer outro tipo de autodeterminação), à realização de eleições locais, e como elemento decisivo do acordo, porque se tratava à luz do direito internacional do respeito pela integridade territorial da Ucrânia, de retomar por esta do controlo da fronteira com a Rússia, que esta nunca respeitou, e impeditivo da realização por parte da Ucrânia dos outros pontos do Acordo.
Depois, do retomar dos combates no Verão de 2015, ainda houve o denominado “plano Steinmeier” do Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, que previa a implementação da lei ucraniana no estatuto especial da região do Donbass “numa base provisória às 8H00 do dia em que as eleições locais decorreriam, de acordo com a lei ucraniana e sob a monitorização internacional. Após a OSCE confirmar que as eleições haviam sido justas e livres, a lei sob o estatuto especial da região entraria permanentemente em vigor”.
A solução Steinmeier, embora acordada pelo grupo Normandia sem assinatura de qualquer documento, foi recusada por ambas as partes, por parte da Ucrânia com o razoável argumento de que não seria possível eleições livres e justas no Donbass, sem a retirada das tropas russas e sem que reassumisse o controlo fronteiriço, pontos estes rejeitados prontamente pela Rússia.
Ou seja, mais uma vez a violação do Acordo de Minsk II e plano Steinmeier foi de ambas as partes, e não só por parte da Ucrânia.
Um outro ponto (de um comentário) que não corresponde à verdade, diz respeito à revolta da Praça Maidan (2013-2014) contra o regime de Viktor Yanukovych. Olvidando como Yanukovych regressou ao poder, primeiro como primeiro-ministro e depois como presidente (aliança com o anterior presidente Yushchenko, prisão da ex-primeira-ministra Yulia Tymonshenko) esquece também que a revolta contra Yanukovych tem a ver contra a imposição de um modelo de Estado oligárquico e a sua rede corrupta composta pelos seus filhos e amigos, alcunhada de “Família”, na pilhagem dos recursos do país, e a última gota que desencadeou a revolta, a recusa em assinar o Acordo de Associação com a União Europeia, enquanto mantinha negociações secretas com Putin, acabando uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, por aderir à união aduaneira, chefiada pela Rússia.
Por último, é um escamotear da história, restringir que a violência na Praça Maidan “foi perpetrada por grupos de extrema-direita claramente tolerada, financiada e organizada pela CIA”, ignorando a actuação da polícia anti-motim de Yanukovych em que pela primeira vez, em mais de meio século, manifestantes foram mortos pelas autoridades ucranianas, a contribuição dos “titushky” controlados pelo partido de Yanukovych para a escalada da violência, e de que foi principalmente o não cumprimento por Yanukovych do acordo prevendo a restauração da reforma constitucional de 2004, eleições presidenciais e a amnistia para os manifestantes, e a deserção das elites políticas para a oposição, que levaram à sua fuga para a Rússia.

José disse...

Carlos Antunes,

Gostei MUITO do seu comentário. O grande paradoxo é que, pelos vistos, colocado numa situação em que devesse dizer o que aqui escreveu, optaria por calar-se.

O país das vitórias morais e dos poetas...

Joaquim de Freitas disse...

José et Carlos Antunes, advogados dos nazis de Stepan Bandera ? para apagar a evidência, que em Setembro de 2013, antes do início da revolta de Maidan, o líder de longa data do NED, Carl Gerhsman, chamou a Ucrânia de "o maior naco" num artigo de opinião do Washington Post e disse que o NED (National Endowment for Democracy , laboratório de golpes de estado da CIA!), estava envolvido na Ucrânia desde os anos 1980 e elogiou a “derrubada de Yanukovych. .

Apenas dois meses antes de rebentar a revolta, o então presidente do NED, destacando a abertura europeia de Yanukovych, escreveu que "as oportunidades são grandes e Washington pode fornecer uma ajuda significativa"

Isto queria dizer o quê? Na prática, isso significou financiar grupos como o New Citizen, que, segundo o Financial Times, desempenhou um papel significativo na organização do protesto" liderado por uma figura da oposição pró-UE. O jornalista Mark Ames descobriu que a organização havia recebido centenas de milhares de dólares de iniciativas americanas de promoção da democracia!!!

Escrevendo no Consortium News seis dias após a queda de Yanukovych, [Robert] Parry relatou que, no ano anterior, a mesmo (NED), que financia ONGs em países que os Estados Unidos visam para a mudança de regime, havia financiado 65 projectos na Ucrânia totalizando mais de US$ 20 milhões.

Parry chamou isso de "uma estrutura política paralela de média e grupos activistas que podem ser implantados para causar problemas quando o governo ucraniano não age como desejado". E o que era desejado não era de aceitar a oferta económica da Rússia, mas antes a da EU, preludio à aceitação da entrada na NATO.

Como é possível omitir nos vossos argumentos, o telefonema interceptado e vazado em 2014 entre Nuland e Pyatt, então embaixador dos EUA na Ucrânia, no qual os dois discutem a composição do novo governo algumas semanas antes do derrubada de Yanukovich ?

Nesta gravação vazada Nuland e Pyatt falam sobre a criação de um novo governo, o papel do vice-presidente Joe Biden e a organização de reuniões com políticos ucranianos para conseguir isso.

Nuland diz que o primeiro-ministro deveria ser Arseniy Yatsenyuk e, de facto, ele foi primeiro-ministro após o golpe.

E se a EU disser algo: “Fu.k a EU” disse a delicada senhora Nuland!

Foi esta salada ao molho da CIA, que gerou a violência que levou à fuga do presidente eleito e à reacção dos separatistas, que Kiev vai esmagar no Donbass. Sem esquecer os 65 sindicalistas queimados vivos em Odessa.

Defender esta gente, é ser cúmplice de crimes nazis. O que fazem os governos da EU hoje…e os cidadãos incautos.

Carlos Antunes disse...

José
Não respondo obviamente ao JF, porque o insulto (quando nos apelida de “advogados dos nazistas”) é a estratégia de quem não tem argumentos.
Quanto à argumentação do JF aduzida em favor do “regime neofascista de Putin”, a falta de espaço permitido aos comentários do blog, não me permite contraditá-lo com todo o rigor histórico.
Mas aconselhava o JF, em vez de recorrer à Wikipédia, a ler, a título de exemplo, algumas obras, como:
Anders Âslund e Michael McFaul “Revolution in Orange: The Origins of Ukraine´s Democratic Breaktrough”;
Kuzio Taras “Democratic Revolution in Ukraine: From Kuchmagate to Orange Revolution”;
Paul D´ Anieri “ Ukraine and Russia: From Civilized Divorce to Uncivil War”,
para perceber que as suas afirmações não passam de “historietas” que nada têm a ver com realidade histórica.
Por mim, dou por terminado o meu peditório sobre este assunto.
Cordiais saudações

Joaquim de Freitas disse...


Evitar de responder, (não dar para o peditório!) é o seu direito Sr. CarlosAntunes. Mas quando a Ucrânia, sob presidência de Zelensky, protegido do Ocidente, seu cúmplice, celebrou há dias o aniversário do criminoso nazi, Stepan Bandera, com desfiles nas ruas de Kiev, e mantém os monumentos nacionais que o glorificam, esse algoz, que participou ao extermínio de centenas de milhares de ucranianos e russos, porque eram judeus, aqueles que defendem o regime actual pró nazi, fornecendo-lhe armas, dinheiro, e compreensão, fechando os olhos à eliminação de toda oposição mediática, à devem ter pelo menos a coragem de o assumir.



Sim, li outros livros que talvez não os vossos. Um particularmente, onde um ucraniano se exprime assim: “Outra participante de Kirovohrad contrastou seu sentimento patriótico de pleno direito de ser ucraniana com um sentimento deficiente como cidadão da Ucrânia contaminado com a percepção de que não se está protegido pelo próprio Estado como um cidadão deveria ser.17

Em contraste, algumas pessoas no grupo "anti-Maidan" em Kharkiv desaprovaram as políticas do Estado a ponto de questionar a sua identidade como ucranianos, uma posição exemplificada pela seguinte declaração:
“Bem, minha atitude piorou. Porque enquanto antes eu vim para a Rússia e fui chamado de khokhol [ucraniano] e para mim era um distintivo de orgulho e eu estava realmente orgulhoso disso [ser ucraniano], eu bordei camisas [tradicionais ucranianas], ficamos felizes em cantar músicas ucranianas. ... Hoje eu amo o meu país não menos do que antes, mas tenho vergonha de participar neste processo bem, desagradável que está acontecendo hoje. Com efeito, a Ucrânia hoje parece um estado fascista que, grosso modo, pode ser [controlado] por algumas forças [externas], e nós aqui somos como fantoches provocando e atiçando uma terceira guerra mundial.”18

Para este e alguns outros participantes do mesmo grupo, um forte apego à Rússia e apoio às políticas favoráveis à Rússia da Ucrânia praticamente predeterminaram uma atitude negativa em relação ao que eles percebiam como protestos anti-russos contra a Maidan e as políticas das autoridades pós-Maidan, o que, por sua vez, os levou a ficar do lado do Estado russo no seu confronto com o ucraniano.”

De : “Identidade Nacional na Ucrânia: Impacto do Euromaidan e da Guerra”
Volodymyr KulykInstitute of Political and Ethnic Studies, National Academy of Sciences of Ukraine, Kutuzova St. 8, Kyiv, 01011, Ukraine

Não é com os media que existem em Portugal e aqui em França também, que se pode criar uma opinião válida sobre o país mais corrupto da Europa.


Joaquim de Freitas disse...

Se o Senhor Embaixador permitir:

Como para confirmar o que précède: "LÍDER DA OPOSIÇÃO NA UCRÂNIA
APELA A MOVIMENTO CONTRA O ACTUAL REGIME DE KÍEV

"Muitos ucranianos são pró-paz e não apoiam a linha de guerra permanente do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky" - afirma em artigo publicado na edição de hoje do jornal russo Izvéstia, Viktor Medvedchuk, líder da Oposição na Ucrânia, proibida pelo regime de Kíev.

"Para que as pessoas sejam ouvidas, afirma Medcedchuk, é necessário um movimento político sem a participação dos países ocidentais".
Viktor Medvedchuk é presidente da comissão política da Plataforma de Oposição – Pela Vida (OPPL), proibida na Ucrânia.

“Se não há lugar na Ucrânia para o partido da paz e do diálogo civil será que se pode classificar como democrático esse regime? Para salvar o país, os ucranianos precisam começar a construir a sua própria democracia e abrir o seu diálogo civil sem curadores ocidentais, cujo resultado, como já vimos, é prejudicial e destrutivo.

Se o Ocidente não quer ouvir o ponto de vista de outra Ucrânia, isso é problema dele, mas para a Ucrânia esse ponto de vista é importante e necessário, caso contrário, o atual pesadelo nunca mais terminará. Isto significa que é necessário criar um movimento político daqueles que não desistiram, daqueles que não renunciaram às suas crenças ainda que ameaçados de morte e prisão, um movimento de todos aqueles que não querem que o seu país se torne um lugar de confrontos geopolíticos”, escreve Medvedchuk.

TER EM CONTA OS INTERESSES DA RÚSSIA
No artigo, Medvedvchuk escreve ainda que para acalmar a situação na Ucrânia, é necessário reconhecer os interesses da Rússia.
“A Guerra Fria terminou com uma decisão política de construir um novo mundo onde não houvesse guerras. Vê-se claramente que tal mundo não foi construído, que a atual política mundial voltou ao passado E agora só há duas saídas: deslizar para uma guerra mundial e um conflito nuclear, ou reiniciar o processo de détente, para o qual é necessário levar em conta os interesses de todas as partes.
Mas para isso é preciso reconhecer politicamente que a Rússia tem interesses que devem ser levados em conta na construção de uma nova détente. E, o mais importante, jogar honestamente, não enganar ninguém, não deixar as coisas envolas em nevoeiro e não tentar ganhar dinheiro com o sangue dos outros”, escreve o político ucraniano.
Na sua opinião, "o conflito ou vai crescer ainda mais, espalhando-se pela Europa e outros países, ou será localizado. No entanto, o segundo caminho exige que o partido da paz seja ouvido. Isso é impedido pelos países ocidentais, que continuam a apoiar ativamente as operações militares na Ucrânia."
Fonte: PledgeTimes

Joaquim de Freitas disse...

Eis que Carlos Antunes, que falta de argumentos ou de espaço no blogue, como escreveu, não comentou « com todo o rigor histórico » mas vem hoje comentar a minha frase sobre « os advogados do nazismo ». Não compreendeu nada ao que esta frase subentende.

É que em toda a Europa, uma maioria de europeus defende e apoia um regime que na sua essência é nazi.

Actualmente, apenas os “incautos ou ignorantes” nos países da NATO - e há hordas deles - desconhecem o Maidan de 2014. Poucos sabem que é o ministro do Interior ucraniano da época, Arsen Avakov, ex-governador de Kharkov , deu sinal verde para um grupo paramilitar de 12.000 pessoas se materializar a partir de 82 hooligans de futebol da seita que apoiavam o Dínamo de Kiev.
Assim nasceu o Batalhão Azov, em Maio de 2014, liderado por Andriy Biletsky, vulgo Führer Branco, e ex-líder da gangue neonazista Patriotas da Ucrânia. Junto com o agente da NATO Dmitro Yarosh, Biletsky fundou a Pravy Sektor, financiada pelo chefe da máfia ucraniana e bilionário judeu Ihor Kolomoysky (mais tarde o benfeitor da conversão de Zelensky de comediante medíocre a presidente pobre.

Pravy Sektor era ferozmente anti-UE É importante notar que Pravy Sektor e outras gangues nazistas foram devidamente treinadas por instrutores da NATO. Biletsky e Yarosh são, é claro, discípulos do notório colaborador nazista da Segunda Guerra Mundial, Stepan Bandera, para quem os ucranianos puros são proto- germânicos ou escandinavos, e os eslavos são untermenschen.

Azov acabou absorvendo quase todos os grupos neonazis da Ucrânia e foi enviado para lutar no Donbass – com seus comparsas ganhando mais dinheiro do que soldados comuns. Biletsky e outro líder neonazista, Oleh Petrenko, foram eleitos para a Rada (Parlamento). O Führer Branco foi sozinho. Petrenko decidiu apoiar o então presidente Poroshenko. Logo o Batalhão Azov foi incorporado como o Regimento Azov na Guarda Nacional da Ucrânia.

Isso foi estritamente proibido pelos acordos de Minsk garantidos pela França e Alemanha ,e agora de facto extintos. E sabemos porquê: Madame Merckel e François Hollande entretanto confessaram a aldrabice ...

A SEGUIR

Joaquim de Freitas disse...

(SUITE)

Foi ninguém menos que a sinistra distribuidora de biscoitos Maidan, Vicky "F**k the EU" Nuland, que sugeriu a Zelensky - ambos, aliás, judeus ucranianos - nomear o nazista declarado Yarosh como conselheiro do Comandante-em-Chefe da Ucrânia Forças Armadas, General Valerii Zaluzhnyi.

O objectivo: organizar uma blitzkrieg sobre Donbass e Crimeia – a mesma blitzkrieg que o SVR, o serviço de inteligência estrangeiro da Rússia, concluiu que seria lançada em 22 de Fevereiro, impulsionando assim o lançamento da Operação Z.

Na Ucrânia não há a menor diferença entre os neonazistas brancos e os marrons da al-Qaeda/ISIS/Daesh, tanto quanto os neonazistas também são "cristãos" que os jihadistas salafistas Takfiri são "muçulmanos".

Quando Putin denunciou uma "gangue de neonazistas" no poder em Kiev, o comediante respondeu que era impossível porque ele era judeu. É um absurdo. Zelensky e seu chefe Kolomoysky, para todos os efeitos, são nazistas-sionistas.

Mesmo membros do governo dos Estados Unidos admitindo a existência de neonazis entrincheirados no aparelho de Kiev simplesmente fez desaparecer o bombardeio diário de Donbass durante 8 anos. Esses milhares de vítimas civis nunca existiram.

Então como catalogar aqueles que insistem em ignorar “esta gente” que nos quer levar ao abismo? Advogados? Simpatizantes? Discípulos? Correligionários? Ou simplesmente aquilo que são?

Desde aquele dia em que entrei numa família francesa, há mais de meio século, e que ouvi a sua historia, contada pela minha Espos, então com 15 anos, e seus Pais, da sua expulsão, da sua casa, do seu negocio, às 6 horas da manhã, ao som das coronhadas na porta, e aos gritos de “heraus, heraus , e que nunca mais puderam regressar a sua casa, na fronteira da Lorraine, o ódio ao nazismo não me larga. . E porque eram expulsos? Porque eram franceses, tinham um nome francês e falavam francês, numa terra contestada.

O drama do Donbass assemelha-se ao que viveu a minha família um 15 de Agosto de 1940.

PS) Uma vez mais, Senhor Embaixador, apresento as minhas desculpas pela extensao do texto.

Ucrânia

Não há sinais de que a luz verde dos EUA à utilização dos mísseis de longo alcance pela Ucrânia leve a uma resposta nuclear russa. Moscovo e...