sexta-feira, fevereiro 10, 2023
O sol e a saudade
quinta-feira, fevereiro 09, 2023
“Primeiro de Maio”
Esse era o tempo de um outro Bairro Alto, ainda sem “Frágil” nem “Pap’Açôrda”, onde não tinham despontado o “Casanostra” ou o “Bota Alta”, em que, para a noite, o “Alfaia” já estava na moda e à medida dos nossos bolsos, tal como, um pouco mais tarde, aconteceria com o “Baralto”, o “Fidalgo” e a “Tasca do Manel”. A “Baiuca” e o “El Ultimo Tango” ainda estavam para nascer. Do que por lá vai agora, nem sombras.
Mudei entretanto de ofício e de geografias de trabalho. A partir dos anos 80, quando vivia ou visitava Lisboa, era regular visitante do “Primeiro de Maio”. Aos sábados, era a minha cantina de almoço, sempre com a cinematográfica figura de António Lopes Ribeiro, já bem entrado na idade, a dominar uma das mesas. O “Primeiro de Maio” foi muito “trendy” por bastantes anos, com figuras e figurões bem conhecidos, da política à cultura, por ali amesados.
A cara tutelar do “Primeiro de Maio” era então o senhor Santos, com a sua mulher na cozinha. O seu sorriso acolhedor recebia-nos mal surgíamos no alto dos degraus de entrada. Nesse tempo em que reservar era a exceção, a regra, para nós, era aparecer uma mesa quase por milagre, com intimidade garantida com inesperadas vizinhanças, entre as quais cheguei mesmo a criar amizades. Belos tempos esses!
Entre as mesas do “Primeiro de Maio”, a certo momento, passou andar o Mário, sobrinho do senhor Santos, um miúdo que ajudava ao serviço. Desde que o tio se reformou, passou ele a ser a minha âncora numa casa onde, contudo, ultimamente não tenho ido muito. Fui hoje, com uma tertúlia aperiódica de cavalheiros que andam pela vida como os ingleses conduzem pelas estradas, um grupo que não tem pouso fixo, que erra (às vezes acerta) por vários endereços.
O Mário lá continua, à frente da casa, sempre simpático, herança boa do tio, que vive a merecida reforma na Beira. Os turistas que, aqui há uns anos, tornavam o espaço numa babel às vezes excessiva, desapareceram, desde há uns tempos, para as centenas de outras paragens que vão abrindo e fechando por essa Lisboa. O que havia de gente a mais, num certo período, parece haver a menos, nos dias que correm. E é pena.
Um conselho para antropólogos amadores com bom gosto, curiosos de uma certa Lisboa do passado que ainda por aí subsiste: passem pelo “Primeiro de Maio”, almocem ou jantem num local que terá sempre uma linha bem estimável na história da restauração de Lisboa. Vão lá sem a menor nostalgia, apenas porque sim. Ah! Podem dizer que vão da minha parte (não tenho comissão, garanto!) e peçam sugestões ao Mário. E aproveitem para descobrir os belos vinhos que sempre houve por lá.
Onde é? É na rua da Atalaia, 8, com o telefone 213 426 840.
“Links”
Desde a criação deste blogue que peço que evitem colocar “links” para outros textos. Escrevam comentários próprios, mas não transformem isto num “cabide”, por favor.
O que correu mal?
Há cerca de um ano, no início das hostilidades na Ucrânia, a revista Visão pediu-me um artigo sobre a conjuntura. À época, não o reproduzi aqui, porque, naturalmente, ele só estava acessível a quem adquirisse a revista. Publico-o agora, para testar se o texto resistiu ao tempo.
quarta-feira, fevereiro 08, 2023
Nordstream 1 - Verdade 0
A “branca”
Engenharias
terça-feira, fevereiro 07, 2023
Mas deve haver…
Moedas
Lula (2)
Lula (1)
Nove teses de fevereiro (9)
Nove teses de fevereiro (8)
Nove teses de fevereiro (7)
Nove teses de fevereiro (6)
Nove teses de fevereiro (5)
Nove teses de fevereiro (4)
Nove teses de fevereiro (3)
Nove teses de fevereiro (2)
Nove teses de fevereiro (1)
segunda-feira, fevereiro 06, 2023
Exames
Deturpação
Temida?
Marta Temido é a nova líder concelhia dos socialistas. Para muitos, isto confirma o rumor de que ela irá ser a candidata do PS à Câmara de Lisboa, concorrendo contra Carlos Moedas, nas próximas eleições autárquicas. No mundo de trocadilhos que por aí anda, não se admirem se os seus camaradas vierem a crismá-la de “A boa Moeda”.
O senhor Catorze
Por isso, hesitei um pouco antes de dedicar este post à palava “catorze”. Porquê? Porque, ao lembrá-la, me veio à memória uma imagem com bem mais de 60 anos: o Senhor Catorze.
Era em Bornes de Aguiar, perto das Pedras Salgadas, onde, de Vila Real, íamos, às vezes, passar uns dias, ao tempo em que eu era miúdo, à casa onde tinha nascido o meu avô materno.
Havia lá pela aldeia um homem que me recordo sempre de ver agarrado a um cajado, mancando fortemente ao andar. Nunca soube se era doença de infância ou o fruto de um acidente mal tratado. Sei é que, quando parava para a conversa, no largo do Cruzeiro, quase sempre encostado a uma parede, uma das pernas fletia em ângulo quase reto e assentava sobre a outra, desenhando uma espécie de 4. Ao lado, o cajado funcionava como um 1. E o homem era assim conhecido pelo “Catorze”…
Chamava-se Francisco, mas toda a gente se lhe referia como o “Catorze”, ou o Francisco “Catorze”. E, dele, a designação passou à família: sem que a implícita similitude com a corte de Versalhes fosse evidente para a esmagadora maioria da aldeia, o irmão era conhecido como o Luís “Catorze”…
Claro que ninguém o chamava diretamente dessa forma, salvo em discussões mais acaloradas pelo álcool na venda do Chico, onde o cajado era chamado a defendê-lo do apodo pelo qual, nas suas costas, ele sabia que era designado.
Eu, que só o via à distância, por muito tempo não soube qual era o seu nome verdadeiro. Sei é que, por respeito à idade ou temor ao cajado, mas cavalgando o abuso sobre a deficiência motora do homem, me referia sempre a ele como o Senhor Catorze.
Por que diabo me fui lembrar hoje o Senhor Catorze? Porque só agora notei que, no passado dia 2 de fevereiro de 2023, este blogue “Duas ou Três Coisas” perfez 14 anos de publicação (foi iniciado em 2 de fevereiro de 2009), sem que em nenhum desses 5.110 dias alguma vez tivesse faltado à chamada. Foram cerca de 11 mil posts que aqui deixei, escritos a partir de 33 países diferentes, que originaram mais de 72 mil comentários, convocando 8,6 milhões de visitas, vindas de 178 países. E por aqui irei andando, “se a tanto me ajudar o engenho e arte” - e a paciência, minha e dos leitores “que tão generosamente me acolhem no seu seio”, como, lá na Várzea de Colares, A. B. Kotter dizia dos portugueses que lhe aturavam as caturrices.
O Senhor Catorze há décadas que deve ter uma cruz em cima da campa, no cemitério de São Martinho, morada derradeira onde estão muitos dos meus. Morreu sem que a internet existisse, sem saber o que era um blogue, sem que lhe passasse pela cabeça o que hoje é o politicamenre correto. Mas se alguém lhe chamasse Catorze, era o bom e o bonito lá por Bornes…
(ps - Ah! E por favor! Não tragam para aqui a discussão sobre se se escreve catorze ou quatorze…)
domingo, fevereiro 05, 2023
TGAD
É isto que penso
sábado, fevereiro 04, 2023
Já vale tudo, não é?
sexta-feira, fevereiro 03, 2023
Luís Moita
"A Arte da Guerra"
No "A Arte da Guerra" desta semana, o podcast sobre questões internacionais do Jornal Económico, converso com António Freitas de Sousa sobre o processo de armamento da Ucrânia, a ação externa de Israel e a visita do MNE russo a Angola. Ver aqui.
quinta-feira, fevereiro 02, 2023
Dia mundial dos dias mundiais?
quarta-feira, fevereiro 01, 2023
Saudades do Carteiro
Ontem, na reunião periódica na empresa, onde, nos últimos sete anos, o fui encontrando, com regularidade, não o vi. Estava doente, disseram. Por detrás do olhar de quem o disse, pareceu-me descortinar alguma coisa mais.
Era um homem aproximadamente da minha idade. Especialista na área técnica em que, desde há décadas, colaborava com a empresa, foi essencial para me ajudar a entrar nas minhas novas funções. Caloroso, bem disposto e com um permanente sorriso, retribuí-lhe um dia toda a sua simpatia convidando-o para um almoço, que acabou por ser muito divertido, num restaurante que ele próprio me revelou, "O Carteiro".
Fomos íntimos? Longe disso! Tratávamo-nos pelo nome próprio, trocávamos mensagens, em especial durante a pandemia, que acabou por atingi-lo. Falávamos, às vezes, pelo telefone. Uma vez ligou-me de Moçambique, outras do Alentejo, onde gostava de sossegar a vida. Sempre bem disposto, sempre positivo.
Ontem, ao final da manhã, saí daquela reunião com um mau pressentimento. Mas, disse para mim, eu é que sou um incurável sismático - como o meu pai designava aqueles que ficam a remoer tudo na negativa.
À noite, chegou-me a notícia. O Carlos Bernardes tinha morrido. O velório foi hoje, o funeral será amanhã.
É assim a vida, é assim a morte.
Um passado demasiado presente
O nosso amor brasileiro
Naquele final de tarde de 2009, em Paris, na residência em que Calouste Gulbenkian guardou por muitos anos a sua fabulosa coleção de arte, percebi um pouco melhor o que a nossa cultura podia representar para o mundo exterior à língua portuguesa.
terça-feira, janeiro 31, 2023
Feito!
Foi na tarde de hoje que o grupo encarregado pelo atual governo de preparar as bases para o novo Conceito Estratégico de Defesa Nacional, para vigorar nos próximos 10 anos (2023/2032), fez entrega do seu relatório à ministra da pasta, professora Helena Carreiras. Noto que, da equipa indicada em 2012, pelo governo de então, para preparar o anterior Conceito (2012/2022), transitaram para este grupo três pessoas: o professor Nuno Severiano Teixeira, que agora presidiu ao grupo, e dra. Leonor Beleza e eu próprio.
Antes do Brexit
Uhf!
segunda-feira, janeiro 30, 2023
Erratas
Moradas
domingo, janeiro 29, 2023
A cama comum
Contrição
Fascismo à portuguesa
Títulos
sábado, janeiro 28, 2023
Luís Moita
Ele há cada drama!
Por um instante, fiquei na dúvida sobre o estado de espírito daquele meu amigo. Na quinta-feira, a meio da tarde, vi-o surgir, com passo apressado e um ar que parecia como que angustiado. Íamos em sentido contrário, na rua de São Paulo, perto do fundo do elevador da Bica.
sexta-feira, janeiro 27, 2023
Para marciano ver
A sociedade do espetáculo
Professores
Peugeot
quinta-feira, janeiro 26, 2023
“A Arte da Guerra”
Em “A Arte da Guerra”, o podcast do “Jornal Económico” desta semana, com o jornalista António Freitas de Sousa, abordo a saga dos tanques para a Ucrânia, as novas reticências turcas à entrada da Suécia para a NATO e os debates em Davos. Pode ver aqui.
quarta-feira, janeiro 25, 2023
10 anos
terça-feira, janeiro 24, 2023
Pela calada da morte
Mário Mesquita, uma grande personalidade do jornalismo e da intelectualidade nacional, que há meses nos deixou, tendo a sua súbita morte convocado um sentimento quase unânime de perda nacional, foi, numa das linhas do seu currículo riquíssimo, vice-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ECR).
Acaba agora de ser revelado que um trabalho técnico desenvolvido no quadro daquela estrutura, de que foi o principal responsável, foi editado com o deliberado apagamento do seu nome na capa, numa aparente vingança do presidente da ERC, que era público manter com Mário Mesquita um mau relacionamento, um gesto feito pela calada da morte de Mário Mesquita.
Ucrânia
segunda-feira, janeiro 23, 2023
Mentira, claro
Partidos
“Restaurante da Adraga” (Almoçageme)
domingo, janeiro 22, 2023
Uma república de juízes?
Regresso
Ucrânia
Ação de graças
Lula e a tropa
Amazónia
Ainda Dilma
O diabo e a farda
sábado, janeiro 21, 2023
“Terroso” (Cascais)
As fitas do tempo
sexta-feira, janeiro 20, 2023
Um guerra com barbas…
Isso agora não interessa nada…
“A Arte da Guerra”
O reforço do armamento da Ucrânia pelos países seus apoiantes, as primeiras atribulações do novo governo de Israel e as tentativas de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia são os temas abordados na edição desta semana de “A Arte da Guerra”, o podcast do “Jornal Económico” onde converso com o jornalista António Freitas de Sousa.
Eles aí estão!
quinta-feira, janeiro 19, 2023
O fim da linha
A sorrir de forma triste, Jacinda Ardern anunciou ter chegado, na política, ao fim da linha. A primeira-ministra neozelandesa constatou publicamente já não dispor da força anímica necessária para continuar a batalhar nesse terreiro. Antes, em tempos difíceis, tinha revelado determinação e coragem, em horas de pandemia, terrorismo e outras dificuldades, sempre com um sorriso simpático a humanizar a sua ação. Talvez pelo facto de a Nova Zelândia ser uma realidade distante, situada do outro lado das notícias e do mundo, esse mesmo mundo mostrou um inesperado interesse pelo surgimento ali daquela figura simpática, também num tempo de evidente fascínio mediático pelas mulheres novas que assumem papéis de relevo na vida pública. Agora, como é dos livros, nota-se uma atenção ao lado frágil de uma pessoa que um dia foi olhada como forte. Porquê? Talvez porque a revelação dessa fragilidade, de certa maneira, a aproxima do comum dos cidadãos, isto é, de nós.