segunda-feira, fevereiro 06, 2023

Jornalismo com todas as letras


Não conheço o jornalista da CNN Portugal Sérgio Furtado, mas quero deixar aqui expressa a minha admiração pelo trabalho que o tenho visto fazer na Ucrânia, em situações de evidente risco e dificuldade de operação. Um excelente exemplo de profissionalismo.

9 comentários:

Anónimo disse...

Jornalismo seria a CNN dar aos seus frequentadores reportagens dos dois lados do conflito. Faz isso ? Não dei por nada. Mas como não sou assíduo admito que possa estar enganado e fico na expetativa de exemplos contrários. Sem pluralismo na informação qualquer "jornalismo" é uma fraude.

MRocha

Lúcio Ferro disse...

Com todo o respeito, este rapaz devia aprender, entre outras coisas, que não se entrevistam prisioneiros de guerra com os algozes ao lado, porque tal é propaganda, não é jornalismo. Depois, também conviria que o moço percebesse que a divulgação acrítica dos "press realeses" diários do Ministério da Defesa Ucrânia, pois, também não é jornalismo, é propaganda. E conviria, quando se quer dar uma visão minimamente equilibrada do conflito, já que nunca o vimos a menos 50 quilómetros da linha da frente (deve ser isso o que passa por "evidentes situações de risco", que, ao menos, ele guardasse 10 minutos do dia para ler o que diz a TASS, o que diz Alexander Mercouris, o que diz o Military Summary Channel (pró-ucraniano) ou outros, como as contas de twitter AZ geopolitics ou Big Serge, o que, mesmo num regime fascista, censório e corrupto como o ucraniano, estará ainda à distância dum clique. É compreensível que não o possa fazer, porque se o fizesse era-lhe dada guia de marcha imediata, mas, dizer que o rapazola é "um excelente exemplo de profissionalismo" é não ter noção das realidades. Percebe o que lhe estou a tentar dizer, Francisco Seixas da Costa?

Joaquim de Freitas disse...


Não creio que o Senhor Embaixador esperava ter a liberdade de dizer na CNN algo que moleste a “susceptibilidade” americana, em não importa qual sector.

Um exemplo:
Quando uma manchete da CNN, sobre o ataque da coalizão saudita contra o autocarro que transportava unicamente crianças, no Iémen, foi assim publicada: '”Ataque liderado pelos sauditas mata dezenas de crianças em viagem escolar ao Iémen'” e descreveu a tragédia como se os Estados Unidos não tivessem desempenhado um papel significativo no controlo e fornecimento de bombas e mísseis para o que o artigo chama de “o governo liderado pelos sauditas”… Enquanto sabemos que não só fornece informação detalhada sobre cada alvo como também as armas, e o treino necessário à sua utilização.

A colonização da media comercial pelo “estado profundo” agora está mais ou menos completa. Pode-se dizer que a CNN, que preenche o seu tempo de antena com espiões, generais e vários mentirosos, oficiais e não oficiais, está sob controlo total.

Mas não é só CNN. O New York Times é supervisionado pelo governo, como ocasionalmente admite nas suas próprias páginas. O Washington Post, propriedade de um homem com contratos muito lucrativos com a CIA, tornou-se uma história em quadrinhos.

Para os telespectadores não poliglotas, existia apenas um meio de escapar à lavagem cerebral da media CNN and C°: . Era a RT, a filial francófona do canal internacional de notícias russo. Mas foi por isso que lhe cortaram o pio !

Luc Ferro tem razão. “Audi alteram partem”, isto é,o direito de apresentar a própria versão dos factos num julgamento antes de ser julgado. No julgamento contra a Rússia pela media ocidental, incluindo CNN, e os nossos políticos, não há advogado de defesa e as testemunhas são apenas testemunhas de acusação. Todos os boletins de notícias, todos os debates são acusações unilaterais.

Os jornalistas em missão só podem ver o que lhes ditam…

Luís Lavoura disse...

Bom jornalismo era o que eu ouvia na rádio alemã (Westdeutscher Rundfunk) quando vivia na Alemanha, no tempo da primeira guerra do Golfo. Nos noticiário eles diziam simplesmente isto (em alemão, claro): "sobre a guerra, não dispomos de quaisquer notícias independentes e controláveis, pelo que infelizmente nada podemos dizer", e prontos. Estava dito.

Carlos Antunes disse...

Caro Embaixador
Concordo consigo sobre a admiração pelo excelente trabalho que o Sérgio Furtado (SF) tem vindo a revelar como repórter da guerra na Ucrânia.
Quanto aqueles que opinam que bom jornalismo seria reportar os dois lados do conflito, esquecem que o SF ou os jornalistas estrangeiros nunca foram, ou serão alguma vez, admitidos pela Rússia como correspondentes a partir do teatro de guerra russo, a menos que fossem meros difusores da desinformação e propaganda russas.
Estando SF bem como os demais correspondentes de guerra internacionais, situados no centro dos acontecimentos a partir de território controlado pela Ucrânia, muito dificilmente terão a oportunidade de relatar o que se passa do outro lado do conflito e que os ajudaria a perceber como estão as coisas de facto e, desse modo, a conseguir lidar melhor com as tentativas de desinformação que sempre se multiplicam de parte a parte nestes contextos de guerra.
Ainda assim, louve-se a independência do ponto de vista informativo de SF e da generalidade dos jornalistas estrangeiros, de perante estas dificuldades, revelarem na medida do que lhes é possível o que se passa em “ambos os lados do conflito”, sendo certo que neste caso falar de “dois lados” na guerra, se lhes torna impossível enquadrá-los no mesmo plano, porque um dos lados é invasor (Rússia) e o outro é invadido (Ucrânia), um é o agressor (Rússia) outro o agredido (Ucrânia), um foi atacado e está a defender-se (Ucrânia).
PS: Parabéns pelo 14.º aniversário do “BLOG”, espaço de liberdade onde permite a mais ampla diversidade de opiniões dos seus seguidores.
Cordiais saudações

Joaquim de Freitas disse...


O Sr.Carlos Antunes faz parte daqueles observadores para quem a verdade só pode estar dum lado, do lado que nunca mente, deturpa, desinforma conscienciosamente. Mas depois do espectáculo das Lages, nos Açores e do resultado da imensa desinformação , que originou centenas de milhares de mortos, que deu o consequente espectáculo de Colin Powel no Conselho de Segurança da ONU, exibindo o frasquinho de AMD , já devia ter aprendido.

Se há quem considere que nesta guerra na Ucrânia o agressor é o presidente russo Vladimir Putine, e o condenam, por outro lado temos direito - e isso deveria ser dever dos jornalistas , entendido eticamente - a informações justas e sinceras, e não a um desabafo emocional, certamente provocado pela guerra, a fontes de informação duvidosas porque apenas contra a Rússia, dando assim um relato totalmente tendencioso do conflito, baseado, entre outras coisas, em imagens – ou melhor, notícias falsas -, retiradas apenas das redes sociais ucranianas.

Um exemplo, entre muitos:

O golpe da Ilha das Serpentes (a ilha de Zmiinyi), este confetti estratégico colocado no Mar Negro em território ucraniano, perto da fronteira romena, e do qual os meios de comunicação ocidentais nos transmitem uma versão ucraniana absurda, totalmente falsa.

Na quinta-feira, 24 de Fevereiro, como parte da ofensiva militar russa na Ucrânia, a Ilha das Serpentes foi invadida pela Marinha Russa; e em uma gravação de áudio transmitida em todo o mundo, particularmente bem veiculada pela media francesa, ouvimos uma troca animada entre soldados ucranianos e russos, então: “O fogo de artilharia começou. Todos os 13 guardas costeiros ucranianos foram mortos.”

A história, portanto, deu a volta ao mundo – a sua página da Wikipedia traduzida em vários idiomas -, muitos soldados e jornalistas expressaram respeito pela coragem dos soldados ucranianos, o presidente Zelenski naturalmente os homenageou e condecorou postumamente , etc.

Mas depois tudo acabou dando errado. Guardas costeiros ucranianos nunca foram mortos. Eles foram feitos prisioneiros… sem resistir (muito).

Infelizmente, notícias falsas como essa aparecem em abundância nas redes sociais, que os jornalistas copiam, e, mais seriamente, nos nossos canais de notícias continuamente. Uma guerra de comunicação que poderá deixar marcas indeléveis no futuro na credibilidade e confiança dos “nossos” jornalistas.

Anónimo disse...

Ainda bem que alguém se lembra de louvar este grande jornalista!! Sem ser fã de redes sociais, estava ansioso por manifestar a minha admiração por este grande repórter! Como suporta estar ali desterrado há tanto tempo?!Eu não queria o lugar que ele está a "ocupar", por dinheiro nenhum...
Valioso profissional!
Cumprimento respeitosamente o Exmo. Embaixador.

josé ricardo disse...

O sr. Embaixador anda com demasiados encómios para com a CNN. Este jornalista é, infelizmente, mais um anódino jornalista que pululam em terras ucranianas.
Já agora, gostava de o ouvir repetir, ao vivo e a cores, em direto na CNN, a melhor frase que li sobre este conflito e que é da sua autoria: "fazer a guerra com os mortos dos outros".
O blog, de facto, é um sítio de maior liberdade.

Luís Lavoura disse...

Esta manhã na Antena 1 um jornalista (não ouvi o nome) fez uma reportagem a partir da cidade de Donetsk, que está desde 2014 nas mãos dos (pró-)russos. Falou dos bombardeamentos constantes, da falta de água, etc.

Hoje, aqui na Haia

Uma conversa em público com o antigo ministro Jan Pronk, uma grande figura da vida política holandesa, recordando o Portugal de Abril e os a...