Foi há quinze anos. Sob um pretexto reconhecidamente falso, sem nenhum mandato internacional legitimador, os Estados Unidos decidiram provocar a queda do regime iraquiano. Era presidente George W. Bush, uma figura política que, nos dias de hoje, face ao que Trump representa, já quase passa por “estadista” aos olhos de alguns.
À carnificina e caos político provocados no país, os EUA somaram uma pilhagem organizada e despudorada dos seus recursos, de que deram algumas “migalhas” a quantos tiveram a desvergonha de os seguir ou apoiar nessa aventura.
Naquele que constituiu o momento mais lamentável da história da política externa portuguesa em democracia, o governo de então, com pretextos que oscilaram entre o patético e o obsceno, deu o seu aval à operação americana e protagonizou, nas Lajes, um momento vergonhoso de subserviência.
A invasão do Iraque, como é hoje unanimemente reconhecido, foi o rastilho que lançou uma imensa tragédia na região, que proporcionou o surgimento do Estado Islâmico e que sacrificou um número incontável de vidas, agravando fortemente a instabilidade no Médio Oriente.
Convém não esquecer! Nunca.
20 comentários:
Aladas palavras, senhor embaixador. Imagino a comichão que elas provocam em alguns dos frequentadores deste sítio.
MB
"momento vergonhoso de subserviência."
Subserviência aos americanos? mas que ideia.
Claro que não foi nada que se comparasse com os tempos do "orgulhosamente sós".
Os americanos, naqueles também nos convidaram a entregar-lhes os destinos de Angola.
Ele há coisas!
Tudo bem dito. Mas o que é terrível é que a realidade em todo o seu horror ultrapassa certamente tudo o que podemos imaginar. E mais terrível ainda é de não sabermos quando e como este apocalipse se terminará. O Iraque é o exemplo perfeito da Caixa de Pandora. Se existisse um T.P.I. verdadeiramente independente e a ONU fosse aquilo que prometia em São Francisco, muitos facínoras em liberdade deveriam sentar-se nos seus bancos. O primeiro comentador tem razão: há por aqui alguns cegos ,que aparecem de vez em quando, que continuam mais cegos que nunca.
Sr. Embaixador, e será que dava para dizer que não ?!
Ohhh Francisco!!!
Então você vai recordar essa coisa que ocorreu há quinze anos, mas não abre a boca sobre coisas em tudo similares que ocorreram bem mais recentemente?
Foi há oito anos que os EUA forneceram dinheiro, treino e, quiçá, armamento a rebeldes sírios (e fomentaram o envio para a Síria de muitos estrangeiros) com o objetivo de derrubar um governo legítimo.
Foi há sete anos que os EUA utilizaram a força aérea de toda a NATO (incluindo a portuguesa, creio) para derrubar o presidente da Líbia.
E isto não foi feito pelo Bush malvado, não. Foi feito pelo maravilhoso Obama.
O Francisco recorda coisas já muito antigas, não sabe ver as mais recentes? Ou não lhe convem?
@ Sr. De Freitas
Essa dos cegos....devo estar na 1ª fila, de vara na mão para todos verem, qual estrela amarela. E depois.....o pensamento único não faz a democracia não marxista.
Haja memória sim!!!! mas para uns e para outros onde já nada é comparável pela rapidez que o tempo leva.
Essa forma marxista de menosprezar o outro já a vi desde longa data. São incompatibilidades insanas que também fazem eclodir guerras de que o Sr fala como se fosse o que detem a verdade única.
Leia, se puder, sobre polemologia. Mas não acredito que o faça porque todo o seu duiscurso já lhe está entranhado.
É o que lhe recomendo.
Interessante, a fotografia, assim que a vi, lembram-me os fogos do verão passado em Portugal.
Actos terroristas, e não vale puxar muito pela memória...
Quando a Força Aérea possuir a responsabilidade de comando e controlo do processo,pelo menos 80% dos fogos não existiam.
O resto todos sabemos da promiscuidade existente.
Um País à trinta anos a "tapar o sol com a peneira"
... os EUA somaram uma pilhagem organizada e despudorada dos seus recursos, de que deram algumas “migalhas” a quantos tiveram a desvergonha de os seguir ou apoiar nessa aventura.
Disto não sabia nada. Eis um tema para aprofundar, para perceber esta "História da Pulhice Humana". Não a do Vilhena, mas talvez da escola dos Sarkozy's.
E porque é que continuam, sempre, a ver os EUA como bons da fita da política internacional?
Caro Senhor anónimo das 12 :31:
Desculpe por favor, mas tenho a impressão que descobriu há pouco a « polémologie » ! , que lhe está entranhada, para utilizar s seus termos, Eu descobria-a há anos. Filosofar sobre as causas e os efeitos das guerras, para chegar à conclusão que se trata « dum recurso colectivo à força , para forçar o adversário a executar a nossa vontade » toda a gente sabe que é de Clausewitz.
Francamente não é disso que se trata no texto do Senhor Embaixador.
Mas sim, e como ele muito bem escreveu:” Sob um pretexto reconhecidamente falso, sem nenhum mandato internacional legitimado”, os EUA lançaram uma imensa tragédia na região, que proporcionou o surgimento do Estado Islâmico e que sacrificou um número incontável de vidas, agravando fortemente a instabilidade no Médio Oriente.
Trata-se de Direito Internacional, e não de “incompatibilidades insanas que também fazem eclodir guerras “ como escreve, e ainda menos de marxismo.
Diria antes que se trata de capitalismo ultra liberal e de imperialismo. Mais nada.
Não detenho a “verdade única” como escreve, nem a verdade. Tenho uma opinião, como o Senhor tem a sua, que respeito.
@ Anónimo 21 de março de 2018 às 12:31
O artigo e acerca do Iraque... nao é acerca do Freitas.
Tem alguma coisa a dizer relativamente ao conteudo do artigo ?
Dar com uma prosa límpida de palavras inteiras num blog onde costuma imperar os eufemismos e as palavras pela metade é de louvar. Tanto mais que versa sobre um crime hediondo e sem castigo.
@ Anónimo de 21 Março 21:35.
O artigo reflete uma certa visão do mundo neste "mundo" em ebolição ou em tentativa de revolução desde há.....cem anos.
O que mais me choca é como ainda dão crédito a estes regimes autoritários que existindo há cem anos ainda não deram frutos de igualdade notáveis. E quando se fala nisso dizem sempre que foram os inimigos da liberdade que impediram esse sucesso.
Ele é a escolha de uma dicotomia que já não tem sentido em função da difusão das ideias na actualidade.
Enfim se se puder, um dia mais tarde, se fará a análise de texto dos comentários deste blog o que poerá ser, às vezes, mais interessante do que os posts. É que se pode notar um QE muito alto neles.
[E sr. De Freitas, o respeitinho é muito bonito nestas andanças.]
@ José Neves.
Não me parece que na história humana tenha havido uma, digo bem, uma única guerra sem ela ter sido um crime ideondo para ambas as partes.
@ Anónimo 22 de março de 2018 às 10:34
"O que mais me choca é como ainda dão crédito a estes regimes autoritários que existindo há cem anos ainda não deram frutos de igualdade notáveis. "
Quais?
@Anónimo de 22 março 21.12
Todos os regimes auroritários em Africa, Europa, como na Rússia, na Ásia e América do Sul, e.... para dar um gosto ao Sr. De Freitas , América do Norte.
[Este último está em dúvida por serem democracias.]
@Anónimo de 23 de março de 2018 às 16:50
Muito agradecido pela sua resposta.
Referiu-se aos regimes auroritários em Africa, Europa, Rússia, na Ásia, América do Sul e América do Norte. So faltou mesmo a Oceania a Antartida e os Oceanos.
Agora o que me surpreendeu foi a América do Norte, caso que desconheço por completo.
Qual ou quais sao ?
@ Anónimo se 24 Março 00:00
Também desconheço se nos oceanos há um regime autoritário como Portugal aplicou aquando das Descobertas.
A Antártida está ainda tudo muito congelado mas com o clima a mudar ...vamos ver. Na Oceânea aquilo é tão bonito que nos esquecemos dos regimes autoritários que podem existir.
O que lhe posso também informar é que só já há pequenos e atrasados regimes autoritários de "direita " envergonhados.
Os USA são considerados, por alguns, como um regime autoritário para desgraça da humanidade. A exemplo neste blog: o Sr. De Freitas. Mas quanto a isso ainda se está para ver.
O Canadá não conheço a sua posiçao neste caso.
Como podemos fazer afirmações de que tudo era falso, as razões para a ação da coligação se foi aprovada por unanimidade pela ONU? Noto a tendência de agrupado na esquerda-caviar como tantos outros que a cultura marxista vos conspurcou a mente. Seja: Não importa que alguém morra logo que a minha vida corra.
O “António Almeida” deveria estudar um pouco mais, antes de enveredar por escrever mentiras e insultos: a ação militar que foi aprovada pela ONU foi a primeira guerra do Golfo, em 1991. Aquela de que o texto fala é a de 2003 e essa não teve, como toda a gente sabe (menos o “Antonio Almeida”) nenhum mandato legitimador. Essa chatice que são os factos, não é?
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