segunda-feira, março 12, 2018

Gastronomia & escritas



Foi em 2010 que a revista “Sábado” me desafiou, através de Edgardo Pacheco, para escrevinhar um conjunto de textos de análise da oferta gastronómica em alguns restaurantes portugueses. Fazia-o sob pseudónimo, tal como o haviam feito, cada um durante um semestre, outros companheiros daquela “aventura”: Daniel Proença de Carvalho, Paula Teixeira da Cruz, Miguel Esteves Cardoso e Ruben de Carvalho. A tarefa ficou concluída no ano seguinte, precisamente como ficara acordado desde o primeiro dia.

Anos mais tarde, regressado de vez a Portugal, a revista “Epicur”, na sua nova versão, publicada quatro vezes por ano, desafiou-me para uma aventura idêntica, através de Mário Rui de Castro.

Também a revista “Evasões”, dirigida por Catarina Carvalho, publicada semanalmente com o “Diário de Notícias” e o “Jornal de Notícias”, me fez idêntico convite.

Nos três casos que referi, as crónicas eram pagas, bem como o custeio de uma refeição para duas pessoas. 

Nenhuma das publicações - e isto é pura verdade - me deu alguma vez a menor dica sobre restaurantes que desejassem que eu escrutinasse. Todas as escolhas foram sempre minhas, com completa liberdade.

Como referi, o meu trabalho para a “Sábado” acabou em 2011. Chegou agora a hora de pôr um ponto final nas outras duas colaborações que mantinha. 

Embora não fosse uma atividade muito intensa, escrever sobre 16 restaurantes diferentes em cada ano, procurando ser rigoroso e justo nas apreciações, constituía já uma tarefa algo pesada. Tivémos assim dois “divórcios amigáveis”, porque com bons amigos fiquei sempre em todas as revistas com as quais colaborei.

Aqui entre nós, devo dizer que sinto uma sensação de recuperação de alguma “liberdade”. Já não vou precisar de fotografar com o iPhone os menus dos restaurantes, pedir à pessoa que partilha a refeição comigo para pedir coisas diferentes das minhas, estar atento e anotar os pormenores do ambiente e do serviço, escrevinhar umas notas para não me esquecer do que pensei de certos pratos. Isto é, vou comer com total à vontade, sem a obrigação de escrita no “day after”. (E também, é verdade, sem me pagarem as refeições e os escritos - mas a liberdade tem o seu preço!)

Significa isto que vou deixar de mandar “dicas” sobre restaurantes? Longe disso! O meu blogue “Ponto Come”, esse lugar errático onde, há bem mais de uma década, tenho deixado notas sobre esta coisa importante que é saber onde se pode comer com satisfação, por aí continuará. Não terá a regularidade do “Duas ou Três Coisas”, mas posso assegurar que continuará a ser “alimentado” - destino natural de um blogue de gastronomia..

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Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...