quarta-feira, março 28, 2018

Arnaud Beltrame


Não me sentiria bem se não deixasse aqui uma fotografia, em jeito de singela homenagem, a alguém que soube dar um exemplo limite do sentido de dever público e que foi capaz de transformar um gesto espontâneo e extremo de solidariedade num raro exemplo cívico.

5 comentários:

Rui C. Marques disse...

Associo-me.

Anónimo disse...

Eu tambem.
C.Falcao

Joaquim de Freitas disse...

Neste drama, mais um, a política está de regresso antes mesmo do funeral do valoroso e infortunado coronel Arnaud Beltrame, que merece toda a nossa admiração e respeito.

Na Assembleia Nacional, a politica regressou ao galope. Uns dizendo que os outros não fizeram a boa politica que teria permitido de evitar mais este drama. Esquecendo assim que eles mesmos foram confrontados ao mesmo tipo de drama num passado recente.

A cada drama, aqui e noutros países vitimas do mesmo flagelo, os nossos governos das nossas “exemplares” democracias não genéricas, denunciam o terrorismo, mas na sombra e no terreno, apoiam-no activamente. E tudo isso com o dinheiro dos nossos impostos.

Vemos perfeitamente que as vítimas do terrorismo nos nossos países são o resultado directo das colusões e alianças de todo o género com grupos terroristas que apoiam no teatro de operações.

Este país que um dia acolheu a minha família e que escolhi também como segunda Pátria, está doente. Gangrenado.

Mas de facto é a nossa sociedade, o nosso mundo, que está doente. Porquê? Porque produzem monstros.

Claro que é preciso cuidado, de não uivar com a matinha, de se enganar no combate. Não participar na instrumentalização política do drama.

Jovens capazes de tomar pessoas inocentes como reféns, de assassinar sem pestanejar, não têm circunstâncias atenuantes. Como chegamos a este ponto no país outrora das Luzes, dos direitos humanos e da resistência? Fazer a pergunta nesta forma, é responder parcialmente.

Na verdade, porque a França, a sua imagem, a sua política, já não são mais o que foram, e são vistas agora como enfeudadas a politicas esstrangeiras, como gendarmes do mundo, guerreando em expedições militares com objectivos imperialistas mal disfarçados.
O que é que isso tem a ver com o assassinato de inocentes na pequena aldeia de Trèbes, que vitimou também um Português.

Isso não explica tudo, mas muito. A única politica de eficiência real, é tentar compreender, em profundidade, não se deixar cegar pela espuma das coisas, as amálgamas fáceis.

Nenhum meio de "desradicalização" resultará em uma solução inclusiva de longo prazo. Para recuperar esses jovens que se tornaram terroristas, será preciso muito mais ensino, educação, formação, oportunidades, empregos, ética...

Não fechar escolas por questão de economia, estações de caminho de ferro, não seleccionar estudantes na entrada da Universidade, permitir a cada um, com um estatuto sólido, de encontrar o seu lugar numa sociedade que não seja uma selva.

Será preciso um mundo de justiça e paz, baseado em valores de cooperação, de partilha, e não de cinismo de Júpiter, nem dos ditames, dos arrotos fascizantes e guerreiros do Presidente da Primeira Potência Mundial

Daech é apenas o fruto podre da desregulamentação do mundo, gerado nas entranhas do capitalismo, alimentado pelo ódio dos "outros", bodes expiatórios cómodos.

Porque é fácil esquecer agora que alguns brincaram, durante muito tempo, com Daesh, Al-Qaïda, e outros grupos extremistas.

Enquanto que a França não voltar a ser um país aberto, fraternal, soberano, independente, solidário, será difícil de desarmar o terrorismo, de secar para sempre a fonte o desespero, a injustiça, as desigualdades, a cólera, o obscurantismo, a morte dos Palestinianos…

Entretanto, os crimes de Trèbes mostram também como certos valores são ainda vivos na nossa sociedade, que não caiu totalmente na selvajaria.

Um Homem deu a sua vida para salvar uma mulher. Tinha uma alta ideia das suas missões, um ideal humanista ao ponto de morrer por ele.

Anónimo disse...

É com estes exemplos que se percebe bem o que é ter "coragem". Mas são casos limites em tempos de pré-guerra.

Anónimo disse...


Quando vivi em Paris nos anos 80 e principios de 90 percebi que a sociedade francesa tinha fracturas muito profundas.
Uma delas era a fractura espiritual. Não era intelectual, era mesmo espiritual.

As comunidades islâmicas eram tão mal tratadas como as comunidades cristãs. Essas crenças eram de gente pouco instruída e selvagem. Eram toleradas mas com relutância.
O Estado laico havia de os formar de novo como "deve ser". E com isto uma humilhação constante para cada uma dessas comunidades.
Como sabemos a comunidade islâmica tem a sua "âncora" na sua religião, a qual para todos é igual e os une.
Já a comunidade cristã está adormecida há muito e não acordará tão cedo com a excepção dos Huguenotes franceses, que ainda tem muita influência, mas discreta.

França é hoje um comjunto de muitos barris de pólvora criado nesses anos e por isso vemos agora os resultados.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...