quinta-feira, setembro 22, 2022
Segurança
País livre
Russos
Tal como acontece, por estes dias, com a maioria dos brasileiros com quem falo, é dificil conversar com alguém que seja russo e sentir que, ao comentar a situação do seu país, essa pessoa consegue ganhar alguma distância e objetividade. Mas, ao contrário dos brasileiros, que se estão nas tintas sobre o que pensamos dos políticos de topo do seu país, os russos pronunciam-se sempre, sobre Putin ou sobre o regime russo, tendo como ponto assente que, do nosso lado, há já um “partis pris” assumido. Daí que adequem o discurso à circunstância de andarem entre nós, o que artificializa os contactos.
quarta-feira, setembro 21, 2022
Élia
Rigor
terça-feira, setembro 20, 2022
À espera de Putin
Brasil a uma só voz?
segunda-feira, setembro 19, 2022
Coroa
domingo, setembro 18, 2022
O empresário e a diarista
Gostava de poder estar dentro da cabeça dessas pessoas. Não será difícil conseguir entender que estes anos com Bolsonaro tenham desiludido muita gente que nele votou. Bolsonaro acabou por sair muito “pior do que a encomenda”. Mas é-me menos fácil entender como é que alguém que, em 2018, fez essa opção, muito para afirmar a sua rejeição daquilo que considerava ser a “banditagem” do PT, que achava Lula um ladrão e um corrupto, faça agora o salto de campo e, num ato de contrição, seja capaz de dar o seu voto àquele que, há muito pouco tempo, diabilizou e que, se for eleito, trará o PT de regresso aos corredores do poder.
Essas pessoas vão mudar de sentido de voto por considerarem Lula inocente das imputações de que se viu formalmente exonerado? É que, em 2018, a grande maioria das pessoas que votou Bolsonaro não parece ter chegado hesitante à boca da urna. Um voto em Bolsonaro, mais do que a confiança naquele antigo capitão, que ostentava um discurso de extrema-direita e de elogios à ditadura militar, foi um voto afirmadamente contra Lula e contra o PT. Lula santificou-se assim tanto aos olhos dessas pessoas? E o PT, foi lavado em água-benta?
Um dia, no final de 2006, num daqueles imensos (e, em geral, muito simpáticos) jantares em que Brasília era fértil, a uma figura do empresariado local, ao ver-se obrigado a ter de aceitar a reeleição de Lula, ocorrida uns dias antes, ouvi este desabafo: “Embaixador, não votei no Lula: não consigo ter o mesmo candidato que a minha diarista”. (“Diarista”, no Brasil, é a palavra para mulher-a-dias). Imagino que a frase possa chocar, pela arrogância classista que lhe está subjacente. Mas o Brasil (também) é assim. Essa pessoa terá então votado em Geraldo Alckmin. Infelizmente, a pessoa já morreu: é que eu gostaria de perguntar-lhe o que acha do facto de Alckmin ser, nos dias de hoje, candidato a vice-presidente na “chapa” de Lula…
Para além dos novos eleitores, para Lula ser eleito vai ser necessário que muitos dos que, em 2018, votaram Bolsonaro, acabem por se reconciliar com a ideia de que, desta vez, vão votar ao lado da sua “diarista”. Embora a esmagadora maioria dos brasileiros não tenham “diarista” e, além do mais, esteja por provar que muitas “diaristas” não tenham escolhido Bolsonaro… Enfim, como disse um dia António Carlos Jobim, “o Brasil não é para principiantes”.
sábado, setembro 17, 2022
Alemanha
sexta-feira, setembro 16, 2022
Paulo Pitta e Cunha
quinta-feira, setembro 15, 2022
Companhias aéreas
quarta-feira, setembro 14, 2022
O outro lado
terça-feira, setembro 13, 2022
segunda-feira, setembro 12, 2022
O tempo e o modo
Trivialidade
domingo, setembro 11, 2022
Meio século
Fui aos Estados Unidos, pela primeira vez, em 1972, há precisamente 50 anos.
Por essa época, os amigos e conhecidos da minha geração andavam mais pela Europa. Eu também já tinha feito a peregrinação clássica às “Mecas” do tempo, Paris e Amesterdão, com naturais “expedições” complementares à Suécia e Dinamarca. Tinha ido à boleia, de Portugal, por duas vezes.
Um dia, aproximando-se as primeiras férias do meu primeiro emprego, dei por mim a pensar que era capaz de ser “giro” ir aos “States”. Nova Iorque era um mito como cidade (se eu escrevesse que era um “mito urbano” iria criar uma confusão conceitual, pela certa!). Tinha tantas daquelas avenidas e esquinas dentro da minha cabeça, dos filmes, que achei imperioso colar a realidade ao mito. Na saudosa agência de viagens Mundial de Turismo, na António Augusto de Aguiar, 6.800$00 era o custo de uma viagem de ida-e-volta a Nova Iorque, na Pan American, com alojamento! É verdade! E lá fui eu, por uma semana, com um grupo do Autoclube Médico Português, em que até me dei ao luxo de dar uma saltada a Washington, naqueles famosos autocarros da Greyhound.
O hotel onde fiquei em Nova Iorque, o Edison, tinha sido um dos cenários de “O Padrinho”. Era muito próximo da Times Square, a dois passos do falso fumo a sair da boca do anúncio com um cavalheiro, com ar do americano “nice guy”, de gabardine e chapéu, que víamos nas “Seleções” e que ali fumava cigarros Camel, na altura um “landmark” publicitário da cidade por todo o mundo.
Recordo-me bem da noite da chegada em que, pela primeira vez na minha vida, tive à disposição, no meu quarto, uma televisão com uma multiplicidade de canais a cores! Nós, em Portugal, por essa altura, tínhamos um único canal a preto-e-branco da RTP “e viva o velho!”, como então se dizia. Não havia por ali, contudo, qualquer comando do aparelho à distância, pelo que, durante horas, até que o “jet lag” ditou a sua lei, fiz um “shuttle” entre a cama e o televisor, para ir apreciando, deslumbrado, aquela inédita diversidade de opções. Tempos ingénuos!
Nesse ano de 1972, só uma das Torres Gémeas estava construida, com a outra ainda a caminho de ser completada. Nesse tempo, nem sonhava que iria estar a viver em Nova Iorque no dia 11 de setembro de 2001, no dia em que o ódio iria deitar abaixo as torres e algumas certezas.
Hoje é dia 11 de setembro. E hoje vou partir, daqui a horas, em trabalho, para os Estados Unidos, para falar numa conferência sobre a América e o modo diferenciado como a Europa (as “ Europas”, para ser mais rigoroso) para ela olha, nos dias de hoje. A curiosidade é a viagem ter lugar meio século depois de lá ter estado pela primeira vez.
sábado, setembro 10, 2022
“The Crown”
A série televisiva “The Crown” tem um imenso e perverso defeito. Ao dar um tom de verosimilhança a cenas que mais não são do que um mero produto de ficção, esses filmes podem levar os espetadores incautos a tomarem por verdadeiro o que mais não é do que uma mera suposição, por muito imaginativa que esta seja, sobre o caráter das pessoas ali retratadas, sobre a plausibilidade das cenas e diálogos apresentados. Para quem não possa ter tido acesso a outras fontes de informação, a rainha Isabel II ou o seu marido, o príncipe Carlos ou Margareth Thatcher, a princesa Ana ou Diana Spencer, são “mesmo assim”, comportaram-se “dessa maneira”, tanto mais que os filmes, para credibilizarem os seus argumentos, colam factos verdadeiros com outros totalmente inventados, à luz da criatividade dos escribas do “script”. E, deste modo, na cabeça de milhões de visualizadores da série, tudo isso passa logo a ser “História”. Por muito bem construída que a série esteja, um seu espetador mais atento deve ter sempre a consciência de que aquilo a que está a assistir não é um documentário e que há um elevadíssimo grau de arbítrio interpretativo - e, às vezes, claramente preconceituoso - no modo como a família real britânica e outras figuras surgem caricaturadas. No sentido positivo ou negativo, note-se.
(Há dois anos escrevi isto aqui. Repito-o agora.)
sexta-feira, setembro 09, 2022
“A Arte da Guerra”
O legado de Gorbachov, a nova primeira-ministra britânica e périplo de Erdogan pelos Balcãs, são os temas de “A Arte da Guerra” desta semana, o podcast em que converso com o jornalista António Freitas de Sousa, para o “Jornal Económico”. Pode ver aqui.
quinta-feira, setembro 08, 2022
Isabel II e as mãos de Paredes
Carlos Paredes tinha acabado de tocar para Isabel II, acompanhado por Luisa Amaro, naquela noite de 1993, antes do jantar no Guildhall, em Londres. Esse era um dos pontos do programa da visita de Estado que Mário Soares então fazia ao Reino Unido.
Não tenho procuração
Luís Figo
Uma noite, há pouco mais de vinte anos, à saída de um jantar em Teerão, num lugar que fora um velho caravanserai, um adolescente inquiriu de onde é que vinha o grupo em que eu estava. À minha resposta, abriu um imenso sorriso e disse: “Portugal? Figo!!!”.
quarta-feira, setembro 07, 2022
Coração ao alto
Foi necessário ter vivido, em 2008, como embaixador português, o tempo das comemorações dos 200 anos da chegada da corte ao Brasil, para me aperceber da filigrana diplomática que sempre constitui, para o nosso país, o manejo das datas históricas que nos são comuns com uma antiga colónia que teve um dos mais atípicos processos de independência da História mundial.
“A Cidade Imaginária”
terça-feira, setembro 06, 2022
Adriano Moreira
Uma inteligência serena é a definição que me ocorre sobre Adriano Moreira, neste dia em que comemora uma centena de anos de vida vivida com grande elegância.
Papa
Brasil
Albion
Angola
segunda-feira, setembro 05, 2022
Bom, eles lá sabem…
domingo, setembro 04, 2022
É assim
sábado, setembro 03, 2022
Na Plaka
Final dos anos 70. Novembro. Tinha chegado a Atenas, ido de Benghazi, na Líbia. (Dois dias depois, ainda por lá estava, caiu uma chuva ”que deus a dava”, com inundações e mortos na cidade).
Não sou de modas!
“Spectator”
Zaporizhia
Wiriamu
sexta-feira, setembro 02, 2022
Voltei à feira
Há pouco, comprei mais quatro livros, na feira. Dois sobre a Pide (para compensar a miserável capa de um jornal de hoje, gente com evidentes saudades da dita), um sobre as nossas relações com a “pérfida Albion” e ainda outro com crónicas de Fernando Sabino. Depois de jantar, vou ter de passar pela FNAC das Amoreiras. É que me disseram que estão lá a vender tempo, em saldo. E, embora possa parecer que não, ando com imensa falta dele. Como tenho cartão FNAC, ainda ganho algum desconto. Isto, com a idade, é só vantagens, acreditem! Se quiserem.
quinta-feira, setembro 01, 2022
Onde é o fogo?
Perda de gás
quarta-feira, agosto 31, 2022
A Arte da Guerra
Pode ver aqui.
Vento leste
Mesas de agosto - “Casas do Bragal” (Coimbra)
Há já bastantes anos, tendo afazeres em Coimbra, telefonei a um oráculo de estimação, que sabe imenso sobre isto, perguntando por dicas. Foi ele quem me falou do “Casas do Bragal”, uma reconstrução como ideia, nas cercanias de Coimbra, de um restaurante que já tinha existido na Beira. Creio que ainda não tinha experimentado a casa, mas tinha boas referências, pelo que até lhe era útil uma “cobaia”. E lá fui. O “lá” é mais fácil de dizer do que de chegar. Não me vou pôr aqui com explicações. Metam o GPS ou telefonem, pedindo indicações. Fica a 10 minutos de carro do centro de Coimbra, embora esta seja uma cidade em que o conceito de centro é mais que discutível.
O importante é que, em Coimbra, me “viciei” na cozinha da Manuela Cerca, com a sala sob o comando do Eugénio Martins. Um espaço interessantíssimo, numa moradia de bairro, em que os pratos são pedidos enquanto nos refastelamos com um gin numa zona de sofás, rodeados de livros e revistas, só partindo para a mesa mais tarde, quando por lá já estão as seis entradas e as vitualhas centrais se aprestam a chegar. A carta vai variando. Peçam ao Eugénio sugestões de vinhos: já me fez descobrir coisas interessantes. As sobremesas estão num lugar onde sempre vou petiscar várias doçarias, para crédito da minha taxa de glicémia. Os preços, bem, os preços estão na conta de um restaurante de qualidade.
Na noite de sexta-feira, enquanto me concentrava sobre o que ia dizer ao encontro do Bloco de Esquerda, na manhã seguinte, como orador exterior convidado para falar sobre um tema de política internacional, decidi ir recarregar as minhas baterias burguesas ao “Casas do Bragal”.
Mikhaïl Gorbachev
Morreu ontem Mikhaïl Gorbachev, aos 91 anos. Foi o “notário” do fim da União Soviética, da sua implosão em 15 entidades nacionais diferentes, depois de ter sido secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e último presidente do país que fora criado pela Revolução de 1917.
terça-feira, agosto 30, 2022
segunda-feira, agosto 29, 2022
O sorriso do Duarte
Jogos de guerra ou brincar com o fogo
(Vai para 10 anos (3.2.2015), publiquei aqui este texto, sob o título em epígrafe. Nos dias de hoje, imagino que a sua leitura possa chocar ...