Eu sei que não vai bem com o “ar do tempo” dizer isto, mas o que Jair Bolsonaro disse na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a questão ucraniana e a Rússia não me parece diferir, um milímetro que seja, daquilo que Lula da Silva pensa.
Se dizem e pensam os dois o mesmo, nesta altura, é porque esse deve ser o sentimento generalizado na população que andam a namorar e que é a grande massa e não as bolhas intelectuais. Nós por cá estamos "noutra onda" e tendemos a acreditar que as opiniões públicas dos países das Américas estão na "nossa onda". É o que nos transmitem e muitos de nós acreditam. Depois há os que procuram saber um pouco mais e desconfiam.
Não é questão de extremos. A verdade é que na América Latina, como em África e na Ásia, esta guerra é uma questão distante e que lhes preocupam mais as possíveis consequência económicas. Temos de começar a entender, de vez, que cada nação tem os seus interesses e preocupações, que não têm necessariamente de coincidir com os dos Estados Unidos e da Europa.
Concordo com a apreciação feita acima, de que "(...) cada nação tem os seus interesses e preocupações, que não têm necessariamente de coincidir com os dos Estados Unidos e da Europa", mas não posso deixar de lavrar uma pequena nota de reparo: não sei se há interesses dos Estado Unidos, mas não há seguramente essa coisa de "interesses e preocupações da Europa". Quer dizer, há interesses e preocupações no seio dos países europeus, que não são contudo os mesmos para cada um deles e há interesses e preocupações dos cidadãos desses mesmos países europeus, que são também absolutamente divergentes, ainda que todos, no seio desta União, sejam forçados a trilhar o mesmo caminho (lá está o chicote habitualmente dito do acervo comunitário e as instituições da UE, sempre fiéis ao sagrado princípio de que, aos amigos tudo, aos outros, a força toda da lei, para fazer os recalcitrantes entrar nos eixos, facto de que podemos até colher eloquentes exemplos recentes), como se houvesse de facto um desígnio comum, pedra angular dos nossos "interesses e preocupações". É no fundo a velha questão do dono do rebanho, que semeia e aspira a um pasto verde e farto para as suas ovelhas, as quais e depois dele germinar, o abocanham com agrado, alheias ao destino final que lhes está reservado, depois de fartas nesse repasto calculista.
6 comentários:
Os extremos t(r)ocam-se.
Se dizem e pensam os dois o mesmo, nesta altura, é porque esse deve ser o sentimento generalizado na população que andam a namorar e que é a grande massa e não as bolhas intelectuais.
Nós por cá estamos "noutra onda" e tendemos a acreditar que as opiniões públicas dos países das Américas estão na "nossa onda".
É o que nos transmitem e muitos de nós acreditam.
Depois há os que procuram saber um pouco mais e desconfiam.
Não sei porquê mas o comentário acima saíu Anónimo.
À cautela assino em cima e em baixo.
manuel campos
"João Cabral disse...
Os extremos t(r)ocam-se."
Não é questão de extremos. A verdade é que na América Latina, como em África e na Ásia, esta guerra é uma questão distante e que lhes preocupam mais as possíveis consequência económicas. Temos de começar a entender, de vez, que cada nação tem os seus interesses e preocupações, que não têm necessariamente de coincidir com os dos Estados Unidos e da Europa.
Concordo com a apreciação feita acima, de que "(...) cada nação tem os seus interesses e preocupações, que não têm necessariamente de coincidir com os dos Estados Unidos e da Europa", mas não posso deixar de lavrar uma pequena nota de reparo: não sei se há interesses dos Estado Unidos, mas não há seguramente essa coisa de "interesses e preocupações da Europa". Quer dizer, há interesses e preocupações no seio dos países europeus, que não são contudo os mesmos para cada um deles e há interesses e preocupações dos cidadãos desses mesmos países europeus, que são também absolutamente divergentes, ainda que todos, no seio desta União, sejam forçados a trilhar o mesmo caminho (lá está o chicote habitualmente dito do acervo comunitário e as instituições da UE, sempre fiéis ao sagrado princípio de que, aos amigos tudo, aos outros, a força toda da lei, para fazer os recalcitrantes entrar nos eixos, facto de que podemos até colher eloquentes exemplos recentes), como se houvesse de facto um desígnio comum, pedra angular dos nossos "interesses e preocupações". É no fundo a velha questão do dono do rebanho, que semeia e aspira a um pasto verde e farto para as suas ovelhas, as quais e depois dele germinar, o abocanham com agrado, alheias ao destino final que lhes está reservado, depois de fartas nesse repasto calculista.
Pormenor: quando pode estar em questão uma guerra nuclear e possivelmente mundial, creio que os interesses e as preocupações são de todos.
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