Acho Trump uma figura sinistra e, no contexto, vejo Harris como um sopro de ar fresco. Como cidadão, eu posso pensar assim. Mas acho incorreto que o nosso jornalismo tome partido e esteja a ser completamente "biased" na análise da contenda presidencial americana.
6 comentários:
Anónimo
disse...
Acredito que sim, mas não é o que tenho visto nos comentários das tvs. Acho que tem havido aí uma análise objectiva.
É verdade que há um viés mais ou menos instalado nesta matéria. Todavia trata-se dum problema mais geral. É que se instalou na Cs uma clara tendência para a pretexto da liberdade de opinião servir de amplificador à desinformação, à mentira e ao insulto. É que quando temos duas pessoas a falar sobre um assunto cada uma com a sua verdade, se uma pessoa diz que chove e a outra afirma que está um dia de sol a obrigação do jornalista é abrir a janela e reportar a situação real. Isto não pode ser remetido para um obscuro Polígrafo que vai dizer verdade ou falso meses depois colorando a versão com considerações que são muitas vezes laterais ao tema central.
Acho muito bem que por aqui se tenha evitado o tema das “eleições americanas”, precisamente porque estava “biased” logo à partida e só leva a discussões espúrias que não conduzem a sítio nenhum, vivemos tempos em que não vale a pena certos temas serem debatidos, a não ser para concluirmos da verdadeira natureza de cada um pois algum verniz vai sempre estalando. E muito em particular os temas de política "partidária", está tudo entrincheirado no que considera os seus redutos de segurança e, se já ninguém consegue convencer ninguém no cara-a-cara onde se pode ir adaptando o discurso ao contraditório, então em caixas de comentários, sejam as que forem, é para esquecer. E está tão “biased” que a grande maioria das pessoas nos garante que não está assim tão “biased”, o que por si só é prova de que está mesmo, porque a grande maioria das pessoas só se interessa por este assunto de 4 em 4 anos e mesmo assim não muito a sério, é o que está a dar e temos que ter uma opinião ainda que feita à pressa, sermos também os tais “especialistas instantâneos” de que falei há dias. E se a opinião não agradar ao “mainstream” das opiniões à nossa volta temos sempre os ensinamentos de Groucho Marx, ninguém se quer chatear com os amigos e para os outros “bacalhau basta”. Há muito tempo que postei aqui duas frases e volto a elas: 1. Os portugueses, na sua enorme maioria, não votam nas eleições americanas. 2. Os americanos, na sua enorme maioria, não leem a opinião dos portugueses. Pela minha parte que não vejo TV há dezenas de anos mas leio que me farto, a “poluição sonora” não me afecta e a leitura dá-me de tudo, o bom e o mau, eu faço a triagem, boa ou má é a minha e não a que me querem impingir.
Qualquer um entenderá a opção por Harris por do outro lado estar uma personagem como Trump. Mas considerá-la uma lufada de ar fresco, quando fez parte da administração anterior e teve uma actuação discreta, para não dizer outra coisa, e sem chama, já me parece do domínio do excessivo. Em três meses, discursos cuidadosamente elaborados pela sua equipa, deslizes que rivalizam com Biden, impreparação geral quando de improviso, contradições com a governação anterior de que foi cúmplice, apagamento de pontos fulcrais que sempre fizeram parte da sua agenda, etc. É só mais do mesmo do que de pior a política tem.
Os Estados Unidos são a terra dos meios de comunicação de massa, com cerca de 1.200 jornais diários, 6.000 revistas semanais, 1.700 estações de televisão e mais de 15.000 estações de rádio. A oferta é abundante, variada e aumentou dez vezes com a chegada da tecnologia digital e dos novos meios de acesso à informação. Os principais meios de comunicação social estão nas mãos do sector privado.
Mas apesar desta avalanche de “papel”, os americanos, como povo, aparecem-nos terrivelmente incultos.
Não é preciso de ir aos EUA para ler Kurt Vonnegut! É um pouco como se tivesse escrito que os alemães não conhecem Proust, mas leram E. M. Remaque e R. M. Rilke. Bem, sim, os alemães também conhecem Proust.
Conheço bastante bem os EUA e ainda posso confirmar que lá encontramos pessoas muito cultas e sim que existe outra cultura. Confirmo também os abismos de desigualdade. Mas é ainda preciso dizer que: -a inculcação do nacionalismo nos EUA desde a infância é assustadora. -para a esmagadora maioria dos americanos, o seu horizonte cultural detém-se nas fronteiras –
Por outro lado, na Rússia, as pessoas não só lêem Dostoievski, Gogol, Lermontov, Pushkin… como também conhecem frequentemente os grandes clássicos americanos, ingleses, franceses e alemães. E na rádio não ouvimos apenas música em russo e inglês, mas também em francês e italiano.
O patriotismo americano é intensificado desde muito jovem, como escrevi acima, no sentido de “nós somos os bons e o resto do mundo é mau, excepto a Grã-Bretanha”. A França (diria mesmo a Europa) é muitas vezes localizada como estando “perto de G-B” (mas não creio que o próprio G-B esteja bem localizado num mapa)...
Então, quando leio o curto texto do Senhor Embaixador, penso que os dois candidatos , com níveis diferentes, reflectem bem “ o povo americano”…
A questão resta: “Porque é que os americanos nos parecem estúpidos?” Porque um candidato à presidência “acusa” os habitantes da Pensivânia de comer os animais de estimação!!!
É realmente um problema o modo como o nosso jornalismo se apresenta. Compreender os pressupostos russos relativamente à invasão da Ucrânia, por exemplo, assemelha-se à passagem a uma categoria humana "abaixo de cão". O mesmo se passa em relação a uma visão mais benigna de Trump. Quando Rangel declarou que a vitória de Trump não traria grandes alterações para o mundo, foi crucificado pelos nosso inteligentíssimos comentadores políticos. Já agora, deixe-me repetir o que aqui escrevi sobre o meu desejo em relação às eleições americanas: se fosse americano, jamais votaria em Trum, como jamais votaria no Chega, em Portugal. Como europeu, gostaria que Trump ganhasse as eleições, pois poderia ser uma alternativa positiva para as guerras que decorrem, principalmente a da Ucrânia. A vergonha e os problemas internos que daí decorreriam seriam um problema dos ianques. josé ricardo
6 comentários:
Acredito que sim, mas não é o que tenho visto nos comentários das tvs. Acho que tem havido aí uma análise objectiva.
É verdade que há um viés mais ou menos instalado nesta matéria. Todavia trata-se dum problema mais geral. É que se instalou na Cs uma clara tendência para a pretexto da liberdade de opinião servir de amplificador à desinformação, à mentira e ao insulto. É que quando temos duas pessoas a falar sobre um assunto cada uma com a sua verdade, se uma pessoa diz que chove e a outra afirma que está um dia de sol a obrigação do jornalista é abrir a janela e reportar a situação real. Isto não pode ser remetido para um obscuro Polígrafo que vai dizer verdade ou falso meses depois colorando a versão com considerações que são muitas vezes laterais ao tema central.
Acho muito bem que por aqui se tenha evitado o tema das “eleições americanas”, precisamente porque estava “biased” logo à partida e só leva a discussões espúrias que não conduzem a sítio nenhum, vivemos tempos em que não vale a pena certos temas serem debatidos, a não ser para concluirmos da verdadeira natureza de cada um pois algum verniz vai sempre estalando.
E muito em particular os temas de política "partidária", está tudo entrincheirado no que considera os seus redutos de segurança e, se já ninguém consegue convencer ninguém no cara-a-cara onde se pode ir adaptando o discurso ao contraditório, então em caixas de comentários, sejam as que forem, é para esquecer.
E está tão “biased” que a grande maioria das pessoas nos garante que não está assim tão “biased”, o que por si só é prova de que está mesmo, porque a grande maioria das pessoas só se interessa por este assunto de 4 em 4 anos e mesmo assim não muito a sério, é o que está a dar e temos que ter uma opinião ainda que feita à pressa, sermos também os tais “especialistas instantâneos” de que falei há dias.
E se a opinião não agradar ao “mainstream” das opiniões à nossa volta temos sempre os ensinamentos de Groucho Marx, ninguém se quer chatear com os amigos e para os outros “bacalhau basta”.
Há muito tempo que postei aqui duas frases e volto a elas:
1. Os portugueses, na sua enorme maioria, não votam nas eleições americanas.
2. Os americanos, na sua enorme maioria, não leem a opinião dos portugueses.
Pela minha parte que não vejo TV há dezenas de anos mas leio que me farto, a “poluição sonora” não me afecta e a leitura dá-me de tudo, o bom e o mau, eu faço a triagem, boa ou má é a minha e não a que me querem impingir.
Qualquer um entenderá a opção por Harris por do outro lado estar uma personagem como Trump. Mas considerá-la uma lufada de ar fresco, quando fez parte da administração anterior e teve uma actuação discreta, para não dizer outra coisa, e sem chama, já me parece do domínio do excessivo. Em três meses, discursos cuidadosamente elaborados pela sua equipa, deslizes que rivalizam com Biden, impreparação geral quando de improviso, contradições com a governação anterior de que foi cúmplice, apagamento de pontos fulcrais que sempre fizeram parte da sua agenda, etc. É só mais do mesmo do que de pior a política tem.
Os Estados Unidos são a terra dos meios de comunicação de massa, com cerca de 1.200 jornais diários, 6.000 revistas semanais, 1.700 estações de televisão e mais de 15.000 estações de rádio. A oferta é abundante, variada e aumentou dez vezes com a chegada da tecnologia digital e dos novos meios de acesso à informação. Os principais meios de comunicação social estão nas mãos do sector privado.
Mas apesar desta avalanche de “papel”, os americanos, como povo, aparecem-nos terrivelmente incultos.
Não é preciso de ir aos EUA para ler Kurt Vonnegut! É um pouco como se tivesse escrito que os alemães não conhecem Proust, mas leram E. M. Remaque e R. M. Rilke. Bem, sim, os alemães também conhecem Proust.
Conheço bastante bem os EUA e ainda posso confirmar que lá encontramos pessoas muito cultas e sim que existe outra cultura. Confirmo também os abismos de desigualdade. Mas é ainda preciso dizer que: -a inculcação do nacionalismo nos EUA desde a infância é assustadora. -para a esmagadora maioria dos americanos, o seu horizonte cultural detém-se nas fronteiras –
Por outro lado, na Rússia, as pessoas não só lêem Dostoievski, Gogol, Lermontov, Pushkin… como também conhecem frequentemente os grandes clássicos americanos, ingleses, franceses e alemães. E na rádio não ouvimos apenas música em russo e inglês, mas também em francês e italiano.
O patriotismo americano é intensificado desde muito jovem, como escrevi acima, no sentido de “nós somos os bons e o resto do mundo é mau, excepto a Grã-Bretanha”. A França (diria mesmo a Europa) é muitas vezes localizada como estando “perto de G-B” (mas não creio que o próprio G-B esteja bem localizado num mapa)...
Então, quando leio o curto texto do Senhor Embaixador, penso que os dois candidatos , com níveis diferentes, reflectem bem “ o povo americano”…
A questão resta: “Porque é que os americanos nos parecem estúpidos?” Porque um candidato à presidência “acusa” os habitantes da Pensivânia de comer os animais de estimação!!!
É realmente um problema o modo como o nosso jornalismo se apresenta. Compreender os pressupostos russos relativamente à invasão da Ucrânia, por exemplo, assemelha-se à passagem a uma categoria humana "abaixo de cão". O mesmo se passa em relação a uma visão mais benigna de Trump. Quando Rangel declarou que a vitória de Trump não traria grandes alterações para o mundo, foi crucificado pelos nosso inteligentíssimos comentadores políticos.
Já agora, deixe-me repetir o que aqui escrevi sobre o meu desejo em relação às eleições americanas: se fosse americano, jamais votaria em Trum, como jamais votaria no Chega, em Portugal. Como europeu, gostaria que Trump ganhasse as eleições, pois poderia ser uma alternativa positiva para as guerras que decorrem, principalmente a da Ucrânia. A vergonha e os problemas internos que daí decorreriam seriam um problema dos ianques.
josé ricardo
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