terça-feira, setembro 06, 2022

Papa

Teve graça ouvir o papa Francisco dizer, na CNN Portugal, que o próximo papa poderia chamar-se João XXIV. Diz muito do atual chefe da igreja católica vê-lo citar o nome de alguém que, um dia, abriu as janelas do Vaticano. Por que será que não disse João Paulo III ou Bento XVII?

2 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Para já estamos muito bem com Francisco, mas, sim, também espero que venha um "João XXIV" em seguida.
Para além da entrevista, gostei muito do debate e da análise do Sr. Embaixador.

Carlos Antunes disse...

Caro Embaixador
Porque para o Papa Francisco, João XXIII ao convocar o Concílio Vaticano II, que visando a renovação da Igreja e de uma nova pastoral da doutrina católica adequada ao mundo moderno – então muito contestado por vários grupos minoritários de católicos tradicionalistas, que o acusaram até de ser maçom, radical esquerdista e herege modernista, por ter promovido a liberdade religiosa e o ecumenismo – pela semelhança de uma Igreja mais aberta e acolhedora, da preocupação com os pobres e do compromisso com o diálogo inter-religioso, e até pela mesma bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade revelada por ambos, foi o seu mentor, compreendendo-se, por isso, a razão de alvitrar que o seu sucessor devia chamar-se João XXIV.
O problema da Igreja é que as janelas do Vaticano abertas por João XXIII no Concílio Vaticano II foram fechadas pelos seus sucessores, e que a “Igreja mais aberta e acolhedora” defendida pelo Papa Francisco, acolhida, por exemplo, pela mudança do Código de Direito Canónico autorizando as mulheres leigas a ler a palavra de Deus, a ajudar no altar durante as missas e a distribuir a comunhão e de serem ordenadas “diaconisas” (direito que as mulheres tiveram até ao séc. XII, e que depois lhes foi retirado e que teria porventura impedido a pedofilia que grassa na Igreja Católica) ou pela luta constante travada contra a pedofilia na Igreja, dificilmente subsistirá à morte do Papa Francisco.
Tal como sucedeu com João XXIII, um Papa representante da Igreja hierárquica, clerical e resistente à mudança, vai suceder à morte do Papa Francisco.
E depois queixem-se do crescimento dos evangélicos (no Brasil ou em Angola), da intensificação do “islamismo” ou até do recrudescimento do “animismo” por toda a África.
Cordiais saudações

Ai Europa!

E se a Europa conseguisse deixar de ser um anão político e desse asas ao gigante económico que é?