sexta-feira, junho 30, 2023

"Déjà vu"



Ontem, ao sentar-me numa sala da Alfândega do Porto, para uma reunião empresarial que haveria de se prolongar por mais de oito horas, tive um súbito "déjà vu": há mais de 20 anos, em início de dezembro de 2002, naquela mesma sala, coube-me coordenar, durante três dias, os 55 embaixadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), no termo de um ano de presidência portuguesa da organização. 

Nessa altura, foram muitas mais as horas de negociação, pela madrugada dentro, que permitiram conseguir chegar a conclusões que, sob proposta portuguesa, juntaram países politicamente tão distantes como a Rússia e os Estados Unidos, ou a Arménia e o Azerbaijão, com bastantes outras notórias conflitualidades pelo meio. No final, o acordo obtido foi formal e rapidamente aprovado pelos ministros, como é de regra.

Nunca, desde então, qualquer outra presidência anual da OSCE voltou a ser capaz de assegurar posições comuns no seio de toda a organização. 

Há dois anos, tive o gosto de ser convidado a ir a Viena, à sede da OSCE, para recordar essa experiência, que ficou bem gravada na memória daquela instituição.

Foi graças a uma fantástica equipa de diplomatas, técnicos e oficiais das Forças Armadas, que então me coube chefiar, e que havia sido organizada pelo meu antecessor no posto, embaixador João Lima Pimentel, que foi possível atingir aquele resultado, para o qual muito contribuiu também o meu "deputy", embaixador Carlos Pais. 

Porque, à época, a hipótese de um fracasso nos acompanhou até muito tarde, ver cumprido com total êxito o nosso objetivo deu muito mais gozo.

1 comentário:

Flor disse...

Chapeau sr. Embaixador!

A Europa de que eles gostam

Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá. ...