segunda-feira, junho 05, 2023

"Piauí"


Chegou-me a "Piauí" nº 200, pela minha assinatura. 

Lembro-me bem do dia em que comprei, há 17 anos, o nº 1 desta que é, a grande distância, a melhor revista Brasil, que se qualifica uma publicação "para quem tem um parafuso a mais". 

O primeiro texto deste número começa assim:



5 comentários:

Flor disse...

O Putin está muito bem apessoado nesta ilustração. Está com um ar simpático mas é só para disfarçar:)

manuel campos disse...


Penso (talvez mal) que aqui não será grave incluir um texto que escrevi enquanto me cortavam aí a relva e não podia ir lá para fora.

Aqui vai, se não vir inconveniente.

manuel campos disse...


Uma historieta.
Aqui há uns 55 anos (talvez 1968) um cão conseguiu que eu o atropelasse.
Uma tarde de domingo ia eu ali a passar nos Olivais no carro do meu Pai, quando um cão que estava ali junto dos donos num cantinho de relva sai disparado e enfia-se entre o eixo da frente e o eixo de trás da viatura.

Aqui justifica-se lembrar algumas coisas que ajudem a compreender o que se passou, tenho verificado que mesmo muitas pessoas que viveram nesse tempo já se esqueceram de como era.
Por essa altura havia poucos carros em Portugal.
Só para dar uma ideia, em 1975 havia 750 mil ligeiros de passageiros e 900 mil incluindo os comerciais e os pesados mas em 2018 havia 5 milhões de ligeiros de passageiros e 6.3 milhões incluindo os comerciais e os pesados.
São dados da ACAP que agora encontrei em 10 segundos, não achei que para o efeito se justificasse ir à procura de mais actuais.

Eram tempos em que se arranjava sempre lugar para estacionar em toda a parte, mais volta menos volta ao quarteirão, o trânsito de dia de semana era parecido com o transito de domingo de hoje.
Portanto era um tempo em que, passando poucos carros nas ruas, os cães que andavam por aí à solta ainda se davam ao trabalho de correr atrás deles e das motos, hábito que já perderam há muito, inteligentes como são perceberam a canseira maluca e o desperdício de esforços que essa vida agora lhes ia trazer.

Grande alvoroço, os donos que estavam ali a apanhar sol vieram a correr, nessa altura ainda não estava tudo enfiado em casa a fazer zapping num “glorious day”, o zapping era um saltitar de um pé para o outro (a RTP2 emitiu regularmente a partir de 1970 ainda que não fosse ainda completamente autónoma).
Aquilo foi num sítio curioso, com tudo à mão.
Enquanto a senhora corria para um veterinário que havia ali a 200 mts com o cão nos braços (não era um pastor alemão), o senhor acompanhou-me à esquadra ali a 500 mts onde eu fiz absoluta questão de participar a ocorrência.
O carro ficou lá parado no local.

Quando voltámos acompanhados por um policia, conversando animadamente, já a senhora também estava de volta, o cão só tinha apanhado um susto pois eu não lhe tinha acertado nem ele em mim.
Como sempre acontecia nesses tempos, continuavam por ali os mirones da praxe, a ver como aquilo acabava, era a distracção do dia (lembram-se que os tapumes das obras de rua tinham umas janelinhas para se espreitar lá para dentro?).
Um deles mostrava-se particularmente exaltado contra mim, que tinha que ter mais cuidado, que era o que dava os meninos do papá terem carta antes de terem juízo, que era um cão mas podia ter sido uma criança, por aí fora.
Os donos do cão bem lhe diziam que eu não tinha tido culpa nenhuma, que estava tudo bem, mas nem assim.
É nessa altura que eu, também já farto daquilo, lhe pergunto porque é que não aproveitava estar ali um guarda e apresentava queixa contra mim.
Para espanto geral responde ele que não tinha assistido a nada, que tinha acabado de chegar, que não era por isso que deixava de ter razão e o direito a dizer o que pensava de mim e dos meus actos.

Este episódio de quem acaba de chegar e não sabe o que se passou antes, que não conhece os motivos de uns e outros mas se toma de “calores” sem razão aparente mas que alguma será, veio-me agora à memória, vá-se lá saber porquê.

manuel campos disse...


Ou não publiquei ou não foi publicado.
Os "hackers" andam aí à solta, como ontem se soube e se viu (ou não se viu, por aqui ficámos sem Cabo ainda que não sem Internet de vez em quando).

Na dúvida vou publicar e na certeza fará o favor de apagar o que fôr redundante.

manuel campos disse...


Uma historieta.
Aqui há uns 55 anos (talvez 1968) um cão conseguiu que eu o atropelasse.
Uma tarde de domingo ia eu ali a passar nos Olivais no carro do meu Pai, quando um cão que estava ali junto dos donos num cantinho de relva sai disparado, e enfia-se entre o eixo da frente e o eixo de trás da viatura.
Justifica-se lembrar algumas coisas que ajudem a compreender o que se passou, tenho verificado que mesmo muitas pessoas que viveram nesse tempo já se esqueceram de como era.

Por essa altura havia muito poucos carros em Portugal.
Só para dar uma ideia, em 1975 havia 750 mil ligeiros de passageiros e 900 mil incluindo os comerciais e os pesados mas em 2018 havia 5 milhões de ligeiros de passageiros e 6.3 milhões incluindo os comerciais e os pesados.
São dados da ACAP que agora encontrei em 10 segundos, não achei que para o efeito que se justificasse ir à procura de mais actuais.
Eram tempos em que se arranjava sempre lugar para estacionar em toda a parte, mais volta menos volta ao quarteirão, o trânsito de dia de semana era parecido com o transito de domingo de hoje.
Portanto era um tempo em que, passando poucos carros nas ruas, os cães que andavam por aí à solta ainda se davam ao trabalho de correr atrás deles e das motos, hábito que já perderam há muito, inteligentes como são perceberam a canseira maluca e o desperdício de esforços que essa vida agora lhes ia trazer.

Grande alvoroço, os donos que estavam ali a apanhar sol vieram a correr (nessa altura ainda não estava tudo enfiado em casa a fazer zapping num “glorious day”, o zapping era um saltitar de um pé para o outro, a RTP2 emitiu regularmente a partir de 1970 ainda que não fosse ainda completamente autónoma).
Aquilo foi num sítio curioso, com tudo à mão.
Enquanto a senhora corria para um veterinário que havia ali a 200 mts com o cão nos braços (não era um pastor alemão), o senhor acompanhou-me à esquadra ali a 500 mts onde eu fiz absoluta questão de participar a ocorrência e ele de confirmar que eu estava inocente.
O carro ficou lá parado no local.

Quando voltámos conversando animadamente já a senhora também estava de volta, o cão só tinha apanhado um susto pois eu não lhe tinha acertado nem ele em mim.
Como sempre acontecia nesses tempos, continuavam por ali os mirones da praxe, a ver como aquilo acabava, era a distracção do dia (lembram-se que os tapumes das obras de rua tinham umas janelinhas para se espreitar lá para dentro que estavam sempre ocupadas, até faziam fila?).
Um deles mostrava-se particularmente exaltado contra mim, que tinha que ter mais cuidado, que era o que dava os meninos do papá terem carta antes de terem juízo, que era um cão mas podia ter sido uma criança, por aí fora.
Os donos do cão bem lhe diziam que eu não tinha tido culpa nenhuma, que estava tudo bem, mas nem assim.
É nessa altura que eu, também já farto daquilo, lhe pergunto porque é que não foi connosco ao posto da PSP ou aproveitava a presença do agente (que tinha aproveitado para vir apanhar ar connosco) para apresentar queixa.
Para espanto geral responde ele que não tinha assistido a nada, que tinha acabado de chegar, que não era por isso que deixava de ter razão e o direito a dizer o que pensava de mim e dos meus actos de que tinha tido conhecimento.

Este episódio de quem acaba de chegar e não sabe o que se passou antes, que não conhece as razões de uns e outros, mas se toma de “calores” sem razão aparente mas que alguma será, veio-me agora à memória, sabe-se lá porquê.

Nota- Modifiquei duas linhas em relação ao texto original, o almoço é sempre inspirador, às vezes não sei de quê, mas é.
E acrescento que paguei duas consultas do veterinário, aquela e a de confirmação da cura.

Dê-lhe o arroz!

"O Arroz Português - um Mundo Gastronómico" é o mais recente livro de Fortunato da Câmara, estudioso da gastronomia e magnífico cr...