Fiz parte da 1ª equipa ligada a problemas ambientais numa grande empresa deste país de 1980 a 1983, portanto há mais de 40 anos, quando destas coisas do ambiente ninguém sabia nem ninguém queria saber e todos alegremente contribuíam para estuporar este mundo em que vivemos. Depois fui fazer outras coisas (muitas e diversas coisas) o que não me impediu de andar ainda por esses mundos, como coordenador de actividades nesses campos nos anos de 1998 a 2001 (com algum prejuízo do que eram realmente as minhas actividades na altura e sem ganhar um tostão adicional).
Portanto quero com isto dizer que nunca abandonei o interesse e, pelos vistos, o conhecimento destes temas ao longo dos últimos 55 anos, pois eram temas que já “trazia” da universidade. Nesses tempos de universidade lembro-me perfeitamente de, chegada a época dos exames, mais ou menos por esta altura do ano, ainda estarem temperaturas destas às 2 da manhã e as esplanadas da Copacabana, Mexicana, Las Vegas, Café Londres, Pastelarias Capri e Roma cheias de gente (entre as quais eu, não ouvi dizer, estava lá).
O que está a acontecer tem a ver, dito de maneira um pouco simplista mas ao alcance de todas as bolsas, com várias razões. A nossa culpa de 8 mil milhões que somos a consumir e a desperdiçar, quando há 50 anos éramos metade e há 80 anos um quarto, sem o poder de compra médio que hoje existe (está calculado mas nem vou por aí), apesar de toda a terrível pobreza que mal imaginamos, mesmo os que se esforçam por a imaginar nos intervalos das refeições em que deixam metade na travessa e têm vergonha de levar o resto em “take-away”, mais os que trocam de telemóvel todos os anos e estão sempre “no ir”, nem sabem bem porquê nem ver o quê, num avião qualquer. E depois há outras razões como a actividade solar e o movimento do planeta, por exemplo, cuja influencia é mais dificilmente passível de ser medida.
Diz-me no entanto uma larga experiencia de levar no toutiço que, querer encarar o aquecimento global também (repito: também, isto são terrenos perigosos) por estas duas vertentes, me leva muitas vezes a ser considerado "persona non grata", as mais das vezes por gente que polui muito mais que eu mas diz coisas muito mais bonitas de ouvir.
Aqui onde moro tenho um amigo que diz que, se alguém me quiser encontrar é pôr-se junto ao ecoponto pois eu vou lá pelo menos duas vezes por dia. Curiosamente vejo o dito ecoponto da janela e não vejo lá ninguém aqui da rua ir, só os dos cafés e restaurantes para despejar garrafas e caixas de cartão.
Por isso ando há uns tempos para escrever aqui um texto em que comparo a minha pegada ecológica, criticado aqui ou ali por ter 3 carros que fazem uns 15 mil kms por ano todos juntos e há muitos anos sem andar de avião por razões familiares, com a pegada ecológica desses mesmos que se preocupam tanto com o ambiente para se darem ao trabalho de discutir comigo mas acham que o carro deles não polui assim tanto e o avião leva tanta gente que aquilo fica “diluído”.
Faço as contas quando tiver a tal paciência que agora, como já disse ontem, me falta por motivos vários. A emissão de gases nocivos do carro de cada um está nos documentos na nossa página do site da AT, portanto serão as “oficiais”, é só multiplicar pelos kms feitos por ano. Os protocolos de homologação NEDC e WLTP medem os poluentes regulamentados e o consumo expresso em dióxido de carbono do veículo. O NEDC vem de 1992 mas começou a ser substituído em 2017 pelo WTLP , mais actualizado, pelo que se poderá encontrar os valores num ou no outro conforme a idade do carro, ainda que isso não venha a afectar muito o calculo global.
A “poluição” de cada um quando se mete num avião para algures calcula-se bem, há vários sites na net que nos dão essa “pegada” de cada passageiro no tipo de avião utilizado nessa viagem em concreto, sites tão bem concebidos que, se não houver voos directos daqui para lá, nos obrigam a escolher os desvios e as escalas pelo caminho.
Já uma vez fiz isso para alguém que discutia o assunto baseado na leitura de alguns artigos e muitos títulos, gente para quem os outros andarem a estudar os assuntos há décadas pouco conta porque ouviram na televisão qualquer coisa que aliàs nem perceberam porque, como é natural, não andam a estudar os assuntos há décadas. Perdi um conhecido mas ganhei o tempo que perdia a tentar dar-lhe a minha opinião, nem sequer o queria convencer de nada, há casos em que nem vale a pena.
PS- Comprei por 10€ numa loja de 2ª mão os 4 DVD da "história do jazz", uma mini série para TV do Ken Burns, 12 episódios de 1 hora cada. A isso me começarei a dedicar depois de almoço. Fujam do calor e usem chapéu, em especial se estiverem a ficar carecas.
Em plena zona caótica de Lisboa não tenho "sucata" especada na rua sem saír do mesmo lugar há um mês, como vejo por aí à minha volta. Está num estacionamento privado que me custa uma renda razoável.
É porque quero e posso? Claro. Mas há muitos que podem mas não querem, preferem comezainas e gadgets. É um direito que lhes assiste.
5 comentários:
Ele anda por aí, anda, só o Oeste é que é à prova do dito, aqui pelo meu sítio a máxima foi menor que essa com ventinho a condizer.
Fiz parte da 1ª equipa ligada a problemas ambientais numa grande empresa deste país de 1980 a 1983, portanto há mais de 40 anos, quando destas coisas do ambiente ninguém sabia nem ninguém queria saber e todos alegremente contribuíam para estuporar este mundo em que vivemos.
Depois fui fazer outras coisas (muitas e diversas coisas) o que não me impediu de andar ainda por esses mundos, como coordenador de actividades nesses campos nos anos de 1998 a 2001 (com algum prejuízo do que eram realmente as minhas actividades na altura e sem ganhar um tostão adicional).
Portanto quero com isto dizer que nunca abandonei o interesse e, pelos vistos, o conhecimento destes temas ao longo dos últimos 55 anos, pois eram temas que já “trazia” da universidade.
Nesses tempos de universidade lembro-me perfeitamente de, chegada a época dos exames, mais ou menos por esta altura do ano, ainda estarem temperaturas destas às 2 da manhã e as esplanadas da Copacabana, Mexicana, Las Vegas, Café Londres, Pastelarias Capri e Roma cheias de gente (entre as quais eu, não ouvi dizer, estava lá).
O que está a acontecer tem a ver, dito de maneira um pouco simplista mas ao alcance de todas as bolsas, com várias razões.
A nossa culpa de 8 mil milhões que somos a consumir e a desperdiçar, quando há 50 anos éramos metade e há 80 anos um quarto, sem o poder de compra médio que hoje existe (está calculado mas nem vou por aí), apesar de toda a terrível pobreza que mal imaginamos, mesmo os que se esforçam por a imaginar nos intervalos das refeições em que deixam metade na travessa e têm vergonha de levar o resto em “take-away”, mais os que trocam de telemóvel todos os anos e estão sempre “no ir”, nem sabem bem porquê nem ver o quê, num avião qualquer.
E depois há outras razões como a actividade solar e o movimento do planeta, por exemplo, cuja influencia é mais dificilmente passível de ser medida.
Diz-me no entanto uma larga experiencia de levar no toutiço que, querer encarar o aquecimento global também (repito: também, isto são terrenos perigosos) por estas duas vertentes, me leva muitas vezes a ser considerado "persona non grata", as mais das vezes por gente que polui muito mais que eu mas diz coisas muito mais bonitas de ouvir.
(Continua)
(Continuo)
Aqui onde moro tenho um amigo que diz que, se alguém me quiser encontrar é pôr-se junto ao ecoponto pois eu vou lá pelo menos duas vezes por dia.
Curiosamente vejo o dito ecoponto da janela e não vejo lá ninguém aqui da rua ir, só os dos cafés e restaurantes para despejar garrafas e caixas de cartão.
Por isso ando há uns tempos para escrever aqui um texto em que comparo a minha pegada ecológica, criticado aqui ou ali por ter 3 carros que fazem uns 15 mil kms por ano todos juntos e há muitos anos sem andar de avião por razões familiares, com a pegada ecológica desses mesmos que se preocupam tanto com o ambiente para se darem ao trabalho de discutir comigo mas acham que o carro deles não polui assim tanto e o avião leva tanta gente que aquilo fica “diluído”.
Faço as contas quando tiver a tal paciência que agora, como já disse ontem, me falta por motivos vários.
A emissão de gases nocivos do carro de cada um está nos documentos na nossa página do site da AT, portanto serão as “oficiais”, é só multiplicar pelos kms feitos por ano.
Os protocolos de homologação NEDC e WLTP medem os poluentes regulamentados e o consumo expresso em dióxido de carbono do veículo.
O NEDC vem de 1992 mas começou a ser substituído em 2017 pelo WTLP , mais actualizado, pelo que se poderá encontrar os valores num ou no outro conforme a idade do carro, ainda que isso não venha a afectar muito o calculo global.
A “poluição” de cada um quando se mete num avião para algures calcula-se bem, há vários sites na net que nos dão essa “pegada” de cada passageiro no tipo de avião utilizado nessa viagem em concreto, sites tão bem concebidos que, se não houver voos directos daqui para lá, nos obrigam a escolher os desvios e as escalas pelo caminho.
Já uma vez fiz isso para alguém que discutia o assunto baseado na leitura de alguns artigos e muitos títulos, gente para quem os outros andarem a estudar os assuntos há décadas pouco conta porque ouviram na televisão qualquer coisa que aliàs nem perceberam porque, como é natural, não andam a estudar os assuntos há décadas.
Perdi um conhecido mas ganhei o tempo que perdia a tentar dar-lhe a minha opinião, nem sequer o queria convencer de nada, há casos em que nem vale a pena.
PS- Comprei por 10€ numa loja de 2ª mão os 4 DVD da "história do jazz", uma mini série para TV do Ken Burns, 12 episódios de 1 hora cada.
A isso me começarei a dedicar depois de almoço.
Fujam do calor e usem chapéu, em especial se estiverem a ficar carecas.
Just for the record.
Em plena zona caótica de Lisboa não tenho "sucata" especada na rua sem saír do mesmo lugar há um mês, como vejo por aí à minha volta.
Está num estacionamento privado que me custa uma renda razoável.
É porque quero e posso?
Claro.
Mas há muitos que podem mas não querem, preferem comezainas e gadgets.
É um direito que lhes assiste.
Um excelente artigo no "Público" de hoje:
"UE ainda não sabe bem como vai cumprir metas climáticas de 2030 (nem de onde virá o dinheiro)"
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