1. Um acordo para pôr fim à guerra na Ucrânia estará mais longe do que nunca. Uma intermediação dos países do Sul - depois da desastrada posição de Lula e da bizarra proposta indonésia - parece condenada ao fracasso. Kiev apenas não descartou, em absoluto, um papel para a China.
2. Contudo, a última coisa de que Washington admitiria, depois do evidente desagrado causado pela recente intrusão diplomática chinesa no Médio Oriente, seria ver Pequim assumir um papel de "broker", num dossiê onde é o principal "investidor" político-militar. E a Ucrânia sabe isso.
3. À luz da História, será muito pouco provável que um cenário negocial para o pós-guerra - que envolverá necessariamente os EUA, a NATO e a UE -, que no essencial definirá a nova arquitetura de segurança na Europa, venha a ser desenhado por potências exteriores ao continente.
4. Existe a sensação de que o Reino Unido se estará a posicionar para vir a desempenhar um futuro papel destacado na segurança ucraniana, como poder europeu delegado dos EUA, apreciado por Kiev. A possível designação do seu ministro da Defesa para SG da NATO ajudaria a esta ambição.
5. No seu ziguezague desde o início da guerra, Macron sonhou um "tandem" com a China, para pilotar uma solução negocial, dada a mútua autoridade de membros do CSNU. Os EUA, que não confiam na França, terão travado a iniciativa. E Macron, sem problemas, passou de pomba a falcão.
3 comentários:
Está muito complicado.
1. Totalmente de acordo;
2. Parcialmente de acordo ainda que no outro parcialmente não esteja em desacordo, as eleições variadas de 2024 nos EUA começam já a seguir ao (nosso) Verão e, ainda que em última análise seja sempre o complexo militar-industrial a ditar o caminho (como sempre foi), pode haver por ali algumas subtilezas ditadas pela oportunidade ou pelo oportunismo;
3.Mais uma vez estou como no ponto anterior, parece-me possível que seja desenhado por potências exteriores com um contributo que pode ser "mesmo" real ou apenas "pareça" real da Europa, militar e financeiramente a Europa não está lá grande coisa;
4. Conheço mal os contornos deste ponto, portanto calo-me aqui;
5. Macron está à rasca, já percebeu há muito que internamente "après moi le déluge", aprendeu com Talleyrand que "En politique, il n'y a pas de convictions, il n'y a que des circonstances".
Com o continuar disto tudo vamos ainda assistir a muita volta, não são os cataventos que rodam, é o vento que muda.
Manuel Campos, gostei da frase "Não são os cataventos que rodam, é o vento que muda".
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