Um dia, um almoço em São Bento de um antigo primeiro-ministro português foi interrompido: uma chamada telefónica do seu contraparte italiano, Sílvio Berlusconi. O político português regressou minutos depois, com um grande sorriso, revelando o motivo da breve conversa. Berlusconi tinha acabado de vê-lo na televisão e queria dizer-lhe que a gravata que ele utilizara era inadequada, oferecendo conselhos na matéria.
Berlusconi, em todo o caricato do seu estilo, inaugurou um tempo novo na política europeia, um pouco como, mais tarde, na América, haveria de acontecer com o surgimento de Trump. Muitos líderes europeus que o foram cruzando têm histórias divertidas com ele, quase sempre marcadas pelo embaraço com que tentavam gerir as suas inusitadas abordagens.
Teve uma vida pública imensamente longa, com altos e muitos baixos, com vários escândalos, de diversa natureza, à mistura com a política. Nos dias de hoje, era ainda líder de um dos três partidos da coligação de poder, na Itália. Mas Berlusconi já andava ali há muito: recordo-me bem de uma velha "foto de família" dos líderes europeus, em Veneza, com ele a presidir à festa, ao lado de uma Thatcher visivelmente pouco à vontade com aquele inesperado parceiro.
Berlusconi morreu com 87 anos.
2 comentários:
Faria 87 anos em Setembro.
o grande sedutor.
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