quinta-feira, junho 01, 2023

A páginas tantas...


Como eu já esperava, a minha chegada a casa, esta tarde, com uma saca que continha mais de uma vintena de livros, não foi saudada com um excessivo júbilo. Ah! E, este ano, ainda não fui à feira do livro! Os dias que aí vêm não se anunciam nada fáceis...

13 comentários:

manuel campos disse...


Passo com frequência por situações semelhantes, tanto com livros como com CD e DVD, estes últimos agora só disponíveis em (poucas) boas lojas de 2ª mão.
Ainda hoje passei por uma mas contive-me, todos os cuidados são poucos.

Numa loja onde costumo ír o dono quis-me convencer a aproveitar uma espécie de saldos, se levasse umas dezenas (várias dezenas, claro) de CD fazia-me cada um a X euros, um preço bastante simpático, bastante mesmo.
Lá lhe expliquei que se eu chegasse a casa com dois sacos enormes não seria talvez recebido com aplausos, diz-me ele "Esse já é um problema seu".
Ao que retorqui: "Precisamente por isso".

O mercado de CD está a morrer e o de DVD já morreu.
O de LP não vai longe, é só uma moda vagamente revivalista.
As pessoas recorrem a outros meios menos "invasivos de espaço" para ouvir música e já ouvi um ou outro dizer-me, a propósito da minha colecção de uns e outros, que "já ninguém usa CD ou DVD".
Ora eu uso uns e outros porque o tipo de música que ouço e de filmes que vejo não está em 90% dos casos disponível de outras formas.
E estar sujeito ao gosto de quem manda nessas coisas de "disponibilizar conteúdos" não faz de todo o meu género.


Unknown disse...

Que belo excesso!

Flor disse...

Sr. Embaixador, esse problema resolve-se com a compra de uma nova estante ;)

manuel campos disse...


Continuação da conversa que todos tivemos em 26 de Maio em Palmela.

Foi castigo!
E se calhar bem merecido.
Ainda um dia destes falava nos que se põem a brincar com o smartphone nos sinais vermelhos e os outros que se lixem.
Pois agora fui eu que fiz isso aos outros, o estúpido da situação é que não estava a brincar com nada e, muito pelo contrário, estava preocupado em arrancar assim que o sinal passasse a verde.

Ironias do destino, passo a contar.
Comprado o carro em nome do meu neto, havia que lhe fazer uma revisão a sério, o acordo de compra contemplava a cativação de uma verba para uma revisão na nossa oficina e a resolução de um problema que eu próprio tinha detectado e sabia não ser complexo, ainda que não soubesse quanto poderia custar a resolver.
Portanto levei o carro à oficina no princípio da semana, o motor está bom, a pintura está boa, os interiores estão bons mas há ali uma situação a resolver com a sincronização das mudanças, há ali umas peças pequeninas que podem ganhar folgas e que neste caso ganharam alguma.
Optámos então por substituir o conjunto e não apenas as peças com folgas, parece assustador mas é relativamente barato e fica muito melhor, só que as peças não estão aí, já aqui contei que as peças cada vez mais “não estão aí” mesmo para carros mais recentes como já me aconteceu com um carro com 5 anos na altura (e este “aí” inclui os armazéns centrais que as marcas têm na zona de Madrid e as punham cá em 24 ou 48 horas).
Não se sabendo quando vêm as peças fui buscar o carro à oficina, não ía ficar lá à espera.
No 1º sinal vermelho onde parei deixei o pé na embraiagem para não correr riscos, ainda estou para perceber como foi mas o carro foi-se abaixo, se calhar tinha metido a 3ª para arrancar, conhecendo mal o carro (desculpas!).
Habituado a um carro automático e a outro que basta carregar na embraiagem outra vez para ficar a trabalhar, com um grande apoio sonoro dos carros atrás de mim e alguns elogios aos meus dotes de condutor (eu era o 1º fila) lá levei um bocado a refazer as manobras de chave a que já não estou muito habituado, mas da vergonha não me safei.
Nem de me sentir um “nabo”, mas isso é bom para reeducar o ego.

PS – Os smartphones mudaram completamente o ambiente das filas de carros quando parados em engarrafamentos.
Está tudo agarrado aos ditos aparelhos e já ninguém tem comichão no nariz.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos,
Também eu gosto muito de música em suporte físico e de vez em quando vou comprando umas coisas, especialmente algumas que não comprei quando era mais novo. Mesmo em formato informático não dispenso os gigas e gigas, cá nada de streaming. Os "discos riscados" (aka de vinil) são moda passageira, mesmo na área da da Dance Music, onde estiveram sempre presentes, cada vez mais são objeto de revivalismo que outra coisa.

Quando comprei este carro, também vinha com anilha da sincronização da 3.ª gasta, o que levava ao desengate da mudança em certas posições.

Vergonha é roubar, coisas que podem acontecer a qualquer um. Ainda no domingo no semáforo da rotunda à saída da CRIL em Alfornelos, um parvalhão a buzinar por causa de uns 5 ou 10 segundos de latência do condutor do carro que estava a minha frente.

manuel campos disse...

A Flor tem toda a razão, isso resolve-se muito bem com uma estante (ou duas estantes, ou três estantes, ou quatro estantes), desde que se tenha paredes vagas para elas.
Por exemplo em Lisboa já não tenho há uns 20 anos, daí a vantagem de ter um "armazém" algures no país, que por acaso cada vez tem mais estantes e menos paredes vagas para pôr outras.

Entretanto a Flor lembrou-me de uma situação (como se calhar já notaram, tudo me lembra uma situação qualquer, pelo menos uma).
Um daqueles meus amigos a quem ofereço os "monos" musicais, cada vez que me via aparecer com o meu saco de CD e DVD dizía logo "não pode ser, já não tenho onde os pôr, chega de trazeres coisas".
Ora aqui há uns meses deixou-se disso, foi logo "muito obrigado, gosto muito", eu não comentei nada à 1ª nem à 2ª mas à 3ª não resisti a dizer-lhe "então já não refilas quando te trago isto?".
E responde ele, todo lampeiro "comprei uma estante enorme, agora estás à vontade e é tudo benvindo".
Ainda deu para uma boa gargalhada.

manuel campos disse...


Francisco de Sousa Rodrigues

É o que nos acontece quando gostamos de música, não comprámos muita coisa quando éramos mais novos ou por falta de verba ou por falta de conhecimento, aprendi com a idade a gostar de música que não me dizia nada aos 20 anos
(e a inversa também é verdade, tenho alguma música comprada nessa altura com grande sacrifício financeiro que hoje nem consigo perceber bem o que é que me passou pela cabeça).
Ainda ontem me lembrei que um LP custava ali pelo fim dos anos 60, princípio dos 70 cerca de 180 escudos (mais ou menos) e fui fazer a actualização financeira para a data de hoje, deu-me 67€ (os LP, EP e cassettes compravam-se em “discotecas”, nome hoje em dia muito esquisito para dar a uma simples “loja de discos”).
Não estou a ver, mesmo com outras folgas financeiras que por aí andam, muita gente a dar 67€ por um CD simples, nem mesmo os LP de hoje ultrapassam de um modo geral os 25€ (o LP de hoje tem características diferentes do LP da época mas deixo aos “puristas” defenderem, se necessário à paulada, as suas convicções).
Os “gigas e gigas” é algo que também utilizo, tenho importantes (pela dimensão) colecções de música armazenada (os monos, por exemplo, prescindo do objecto físico a bem de várias famílias mas fico com o conteúdo não vá ter saudades).
Tendo os objectos físicos e os gigas não sobra tempo para muito “streaming”.

Pois terá sido isso que me foi acontecendo nesse dia pois aconteceu-me mais vezes e era também a 3ª a dar mais luta, eu é que já estava de pré-aviso e a jogar à defesa e não deixei o carro ir mais nenhuma vez abaixo, fui muito direitinho até Carcavelos deixar o carro, ainda apanhei um pára-arranca muito chato na Avenida de Berna, aquele sinal lá junto à Praça de Espanha abre por pouco tempo.

Vergonha é roubar, claro, mas eu sou assim a modos que para o fantasioso.
Circular em Lisboa nunca foi simples mas tenho a impressão que depois do COVID a situação complicou-se, só gente muito ingénua pode ter achado que íamos ficar todos melhores quando cada um só pensava na própria pele, agora anda tudo sempre muito nervoso e facilmente irritadiço.
E eu tornei-me estranhamente mais paciente com tudo, o CM e as suas noticias sobre tiros e facadas em brigas de transito têm sido uma grande fonte de paz para mim.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos, realmente as coisas eram caras, mesmo os 5 contos que custavam os duplos em fins dos anos 1990, inícios dos 2000, era carotes, quanto mais algo que com a correção inflacionária equivalia a €67.

Eu não tinha problemas com ir abaixo, mas de qualquer modo foi prontamente resolvido por conta do stand.

Tal e qual, depois da COVID, anda tudo picado das abelhas. Pessoas que sempre conduziram em Lisboa na boa, a dizerem que agora até tinham algum medo.
Sim, isto tem de sem mesmo levado com muita paciência, diria mais, com muita caridade.

Flor disse...

Manuel Campos até que o meu comentário não é descabido. Há sempre lugar para mais uma estante.

manuel campos disse...

Francisco de Sousa Rodrigues

Como ando nisto desde sempre tenho mais que obrigação de me lembrar.
A passagem “em força” do LP para o CD deu-se ali a meio dos anos 80.
Houve ali um período intermédio em que ainda andei entre lá e cá, a ver qual seria a evolução e a rapidez com que se faria, mas rapidamente me dei conta que não valia a pena insistir muito, o CD tinha vindo para ficar.
Ainda comprei bastantes LP, até porque nessa fase os preços vieram naturalmente por aí abaixo e a duração dos LP foi por aí acima, tenho alguns de música clássica com mais de 30 minutos em cada face, algo que durante muito tempo era considerado impensável.
Tudo o que eu vou escrever a seguir imagino bem que seja do conhecimento do meu amigo, mas fica escrito, a outros poderá interessar e ser útil.

Voltando aos preços.
No início da massificação do CD havia uns três escalões de preços.
O full price a 3450 escudos, o mid price a 2350 escudos e o baratucho price a 1250 escudos, o que corresponde a 44€, 30€ e 16€ a preços de hoje.
O full price correspondia a edições XPTO gravadas na altura ou de uma importância histórica grande, em registo DDD (DDD – Digital tape recorder used during initial recording, mixing/editing and for mastering).
O mid price correspondia a edições não tanto XPTO ainda que pudessem ser de certa importância histórica, normalmente em ADD (ADD – Analog tape recorder used during initial recording, digital tape recorder used during mixing/editing and for mastering).
E finalmente o baratucho price correspondia a edições “de combate” de música que, de um modo geral, já não pagava direitos de autor por terem caducado ou porque determinados países (a Itália à cabeça) não queriam saber disso e eram geralmente no registo AAD (AAD – Analog tape recorder used during initial recording, mixing/editing, digital mastering).
Os 5 contos do mudar de século serão uns 37€ a 40€ de hoje, portanto ainda carote, mas para lá caminhamos (quem ainda caminha) pois com a diminuição do mercado as economias de escala estão a desaparecer.

Nesses tempos corriam as mais variadas teorias sobre as vantagens e as desvantagens disto tudo, inclusive que os CD baratuchos iríam “perdendo a qualidade do som” com os anos, 40 anos depois não me dei conta de nada.
Claro que há diferenças, tem que haver mas, ou bem que se gosta da música por si ou se está só atento aos “descuidos intestinais” de um dos músicos lá no meio da orquestra, eu sou dos primeiros.
Mas ainda me aparecem uns maduros que acham que se não fôr DDD não presta, lá lhes explico que isso talvez seja verdade para quem tem aparelhagens caríssimas com colunas de som de 6000€ cada (eu conheço quem), instaladas em salas com características específicas de quase “auditório” mas que, para a maioria das pessoas, com aparelhagens mesmo que caras em salas boas, não há nenhuma diferença para os ADD.
Os que sabem que eu não tenho meia dúzia de CD e não falo só por falar lá se acalmam, aos outros tenho que o explicar mas acho que mesmo assim não os convenço.

manuel campos disse...


Flor

Era bom era, mas depende da estante, da casa e do que já lá está.
Ora as janelas já lá estão e é difícil desviá-las e inconveniente tapá-las.
Depois temos os móveis e os quadros, ainda que muitos móveis sejam baixos não é decorativamente falando boa ideia pôr uma estante por cima, ainda que muitos quadros estejam altos nem sempre é adequado pôr uma estante por baixo.
Como se vê é um dramalhão com que nos defrontamos.
Aqui no “armazém” algures no país tínhamos uma boa estante com livros há 20 anos, começaram a estar em 2 filas por ali acima (ou por ali abaixo), mandámos fazer outra boa estante, passados mais 10 anos já estava com as 2 filas, agora lá está uma nova e enorme estante no corredor do piso térreo, só não está cheia porque dividimos a estante “ao meio” e cada um tem que gerir muito bem o seu território (mas já há 2ªs filas, isso nunca falha ao fim de uns tempitos).

manuel campos disse...


Francisco de Sousa Rodrigues

No meu caso só foi abaixo ali, devo ter metido a 3ª em vez da 1ª, o selector está bamboleante, teria arrancado à mesma se estivesse a carregar um pouco mais no acelerador e logo perceberia.
Mas como disse vão pôr um conjunto novo e não apenas uma ou duas anilhas, o carro tem pouco mais de 90 mil kms e o estado geral é bastante bom.

Quanto a guiar em Lisboa estou a chegar a uma situação semelhante, a de cada vez me entusiasmar menos apesar de o fazer há quase 60 anos, sempre com um certo receio de que me estraguem a a pintura de origem do “espada” ou a pintura deste mais recente que, sendo de garagem, está nova (e sabe-se que as oficinas acertam a cor correctamente na altura mas com os anos aquilo nota-se).

A sua última frase é excelente: com muita caridade, é isso mesmo.
Não sei se é da idade mas ando cada vez menos caridoso.
É decerto egoísmo da minha parte, mas acho que cada vez menos gente a merece.

Flor disse...

Manuel Campos assim está difícil. Vai chegar uma altura que olha para a quantidade de livros que tem em casa e faz um ultimatum "isto não pode continuar!! Aqui em casa ou os livros ou eu"! Sai, fecha a porta e vai alugar outra casa perto.:) :)

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