sábado, maio 02, 2020

Os livros da vida (6)


Eu tinha nove anos de idade quando Roland Barthes escreveu as “Mythologies”. Creio que devia ter mais de 20 anos quando, pela primeira vez, li o livro, precisamente na edição que a imagem mostra. Já não sei como cheguei a Barthes, mas isso deve ter acontecido por “infeção” de grupo, algures entre a Granfina e o Montecarlo, na transição dos anos 60 para 70. “Estudei-o” depois num curso de Semiologia, no Centro Nacional de Cultura, creio em 1972, ministrado por Prado Coelho, a que eu assistia depois do meu dia de trabalho como funcionário bancário. Li muitas outras coisas de Barthes, mas guardei para sempre a impressão que me deixou este “ Mythologies”, que me ajudou a perceber como alguns objetos afirmam a sua identidade e ganham uma autonomia própria no espaço social e público. Barthes foi um génio e tem uma obra fascinante, marcada pelo seu raro poder de interpretação sobre a verdadeira complexidade de coisas que só aparentemente são simples. Há uns anos, para lhe agradecer o que me tinha ajudado a “ver”, fui ao seu túmulo, no cemitério de Urt, no sudoeste de França.

2 comentários:

dor em baixa disse...

Tive um sentimento e uma reação semelhantes com "As Palavras e as Coisas", de Michel Foucault.

Anónimo disse...

O seu sucessor mais direto, parece-me, foi o Umberto Eco. Abarcavam tudo, todas as pequenas e grandes coisas, a alta e baixa cultura, numa curiosidade imensa pelas coisas do mundo. Esse tipo de intelectual acabou. Agora, temos os especialistas.

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