Eu tinha nove anos de idade quando Roland Barthes escreveu as “Mythologies”. Creio que devia ter mais de 20 anos quando, pela primeira vez, li o livro, precisamente na edição que a imagem mostra. Já não sei como cheguei a Barthes, mas isso deve ter acontecido por “infeção” de grupo, algures entre a Granfina e o Montecarlo, na transição dos anos 60 para 70. “Estudei-o” depois num curso de Semiologia, no Centro Nacional de Cultura, creio em 1972, ministrado por Prado Coelho, a que eu assistia depois do meu dia de trabalho como funcionário bancário. Li muitas outras coisas de Barthes, mas guardei para sempre a impressão que me deixou este “ Mythologies”, que me ajudou a perceber como alguns objetos afirmam a sua identidade e ganham uma autonomia própria no espaço social e público. Barthes foi um génio e tem uma obra fascinante, marcada pelo seu raro poder de interpretação sobre a verdadeira complexidade de coisas que só aparentemente são simples. Há uns anos, para lhe agradecer o que me tinha ajudado a “ver”, fui ao seu túmulo, no cemitério de Urt, no sudoeste de França.
2 comentários:
Tive um sentimento e uma reação semelhantes com "As Palavras e as Coisas", de Michel Foucault.
O seu sucessor mais direto, parece-me, foi o Umberto Eco. Abarcavam tudo, todas as pequenas e grandes coisas, a alta e baixa cultura, numa curiosidade imensa pelas coisas do mundo. Esse tipo de intelectual acabou. Agora, temos os especialistas.
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