domingo, maio 31, 2020

António Costa Silva


Viver no estrangeiro, durante bastantes anos, mesmo procurando estar atento à realidade portuguesa, traz como consequência que sejamos surpreendidos pela emergência de novas personalidades na cena pública.

Um dia, creio que de 2013, num debate em que participei no Teatro Nacional D. Maria II, “contracenei” com António Costa Silva. Não faço ideia do tema. Já nos tinhamos encontrado antes, num posto que eu ocupara, mas foi só durante esse colóquio que pude apreciar a sua exposição estruturada, informada e fundamentada, o saber “olhar em frente” sem cair na especulação irresponsável. Ligando uma sólida formação académica a uma relevante experiência prática no mundo dos petróleos, António Costa Silva é servido por uma capacidade pedagógica serena, o que dá imensa credibilidade às suas análises.

Daí em diante, e já lá vão alguns anos, sempre que penso em nomes para estruturar um colóquio ou conferência, sobre temáticas geopolíticas, o nome de António Costa Silva surge-me como uma obviedade. É o que tem acontecido em iniciativas do Clube de Lisboa, a que presido. E não posso deixar de destacar também a sua excelente contribuição no grupo de estudos criado pela Fundação Calouste Gulbenkian para pensar o seu futuro, a que ambos pertencemos.

Vejo agora que o primeiro-ministro decidiu recorrer a António Costa Silva para o ajudar a racionalizar a aplicação das novas ajudas europeias. Fá-lo, aparentemente, num modelo novo, desligado das estruturas institucionais tradicionais, o que já provocou uma expectável reação da “velha política”. Costa Silva estará nessa iniciativa “pro bono”, sem receber salário, apenas num ato de serviço público que decidiu assumir. Esperemos que, cedo ou tarde, da atual informalidade, essa sua relação com o governo possa vir a densificar-se. O país só ganharia com isso. É esse o meu voto.

18 comentários:

Anónimo disse...

No futuro: Centeno no BP; Sisa nas Finanças e Costa e Silva na Economia??

Anónimo disse...

A. Costa Silva é alguém capaz requalificar este governo.
Caricatamente alguém (já ultrapassado pelo André?) atreveu-se a estrebuchar. Lá saberá porquê,

Anónimo disse...

desejamos-lhes sorte nas iniciativas, para o bem de todos os portugueses

Vasco Pereira disse...

Sr. Embaixador,

não posso deixar de discordar grandemente com a ideia que perpassa da sua mensagem.E de mostrar ate a minha grande e sincera surpresa por esta vir de quem vem.

Em nada refuto as qualidades técnicas e ate pedagógicas do Dr. António Costa Silva de que conheço algumas intervenções que vai fazendo amiúde na comunicação social.

Agora o que me parece lamentável é que a tarefa de que agora foi incumbido seja feita à margem das normais estruturas do estado democrático.
E contrapôr esta nova maneira à "velha politica" parece-me então de bradar.

Se quer porque não integra o governo. Que eu saiba ninguém lá tem lepra. ou Covid.

É que já vale tudo então.
Imagine que aquando da sua passagem por uma qualquer embaixada, de repente das Necessidades fosse enviado um "assessor" para agilizar os contactos ou "despachar " dossiers pendentes.
Mas é expectável que do outro lado da mesa ninguém se interrogasse qual seria o mandato?

Por muito que custe, isto ainda não é a Madeira ou uma qualquer autarquia Isaltiana. Existem cerimoniais, procedimentos que são necessários claro que sim. Apelidá-los de velhos, ultrapassados, impressiona.

Então porquê comemorar o 25 de Abril na Assembleia?
Comemore-se o 1º de Dezembro numa grande feijoada "para o povo". Já não era a primeira vez.

Anónimo disse...

Em que é que convidar uma pessoa de reconhecida competência para fazer um estado numa perspectiva estratégica implica “com as normas estruturas do estado democrático “ é que eu gostava de saber. É justamente por não estar no governo que ele pode ser útil. Porque se tivesse de tratar do dia a dia , um ambiente de crise continua, não consegui pensar numa perspectiva estratégica.
Fernando Neves

Vasco Pereira disse...

Estou a ver que a opinião do Embaixador está a fazer escola:
“ JUSTAMENTE por NÃO estar no governo é que pode ser útil”.

Então os ministros e secretários de estado só estão a tratar do dia a dia, misto de merceeiros e contabilistas. Dizem-me que a classe política anda um pouco desacreditada. Começo mesmo a acreditar que sim.

Estamos a falar de uma pessoa que vai, pelo que é dito, tratar do dinheiro da bazuca ou do helicóptero ou que é. Estamos a falar de uma verba FULCRAL para o futuro mais imediato do país e de cuja aplicação depende “ ficar tudo bem”. Ora essa aplicação por ser necessária em tanto lado e porque a verba será sempre insuficiente, ainda para mais num país como Portugal, comporta escolhas. Escolhas POLÍTICAS. Como disse anteriormente, até considero António Costa Silva das intervenções que dele ouvi e parece-me uma pessoa sensata.
Mas não aceito que o transformem num burocrata, num técnico quando o seu trabalho tem da maior relevância política.

aamgvieira disse...

É de homens assim que o "meu povo gosta".....A Pantaleão.!!!...o PM mais uma vez a descobrir pólvora !.................


Anónimo disse...

Desde quando o governo obter contributos de tipos competentes em determinadas áreas há-de ser censurável? Por acaso quem pensava antes assim era o PS que se fartou de refilar quando Passos Coelho convidou o António Borges. Lembram-se?
E a verdade é que o Governo está bem precisado de ideias, porque, como nós sabemos, não estão lá ( raramente estão...) as melhores cabeças. Deixem-se ajudar.

Anónimo disse...

Sr. Vasco Pereira, das 20,22.
O sr. no meu modesto modo de ver, confunde o Cú, com as calças. Se o 1º Ministro convidou,uma pessoa tecnicamente capaz e independente;parece que não é família; para o ajudar, numa tarefa importante, para o governo, logo, para o país, foi, porque que achou que seria útil. Qual o problema? Já fora assim, convidando um técnico de fora do governo, para as negociações com a TAP.O que importa «e que nos faça um bom trabalho. Mais nada. Como dia o outro.Qual é o problema? O homem até vem grátis. Há gente que não havendo, mais nada, para criticar, porque, de facto, não há. Inventam-nas.

aamgvieira disse...

Filme:

"9 1/2, Cenas da vida de um PM" , argumento Mexia & Pinho

Realizador:AC Fellini

Actor principal: ACS, António dos Cuidados Suplementares


Actores secundários: 69 govs

Produções Ficticias: MRS



A.Vieira

José Figueiredo disse...

Senhor Embaixador,
Concordo que António Costa deu um passo certo.
José Figueiredo

Vasco Pereira disse...

Sr. Anonimo das 12.32:

O sr. no meu modesto modo de ver, confunde as calças, com o cú.
Mas eu em algum lado pus em causa as competências do paraministro?

Já disse duas vezes mas volto a repetir para ver se entendem: eu tenho em consideração o Dr. António Costa Silva das intervencões que fui vendo ao longo dos anos e ate acho que acertou na entrevista que deu há dias na RTP.

Aquilo que me encanita ( adoro esta expressão confesso ) é a ligeireza, a informalidade com que tratam estes assuntos e nisso o nosso PM já não é a primeira vez.

Call me old fashion, mas não prescindo de algumas formalidades. E, caramba ate me põem a concordar com o Rui Rio, onde isto já chegou.

Anónimo disse...

Trabalhar sem receber salário, neste caso, é de uma arrogância sem fim.

Anónimo disse...

Tudo isto não passa de um disparate. Um disparate repetido, visto já António Borges ter sido igualmente um "para-ministro" do Passos Coelho.
Costa e Silva pode ter e tem experiência como gestor. Todavia, não tem qualquer visão do país real, que não se limita a Lisboa.
O problema do PM e deste Governo, a exemplo de anterior diga-se, é ir buscar pessoas que vivem em Lisboa, trabalham em Lisboa e não têm qualquer perspectiva de como desenvolver este país desigual. Costa e Silva nada sabe do Interior do país, de como vive esse Interior, das assimetrias entre Lisboa, as restantes cidades (Porto, etc), o Litoral e o tal Interior. Não terá um plano para levar investimento para esse mesmo Interior, para levar pessoas para lá irem viver e trabalhar, para, enfim, desenvolver o tal Interior. Citadino e a viver e a trabalhar em Lisboa, Costa e Silva nem perderá um segundo sequer sobre esta questão. E deste modo irá ao encontro do PM Costa (sem Silva) e o país continuará na mesma, com os campos abandonados, uma Agricultura lutadora e determinada em dificuldades (com a execepção daquela, sobretudo no Alentejo, onde se pratica uma actividade intensiva, destrutiva dos solos e das reservas subterrâneas dos recursos hídricos), com as mesmas assimetrias sociais e sobretudo regionais.
Fica a pergunta: então não há por aí tanta gente, estudiosos, cientistas, empresários, investigadores, etc, etc, que em equipa, pudesse dar um contributo muito mais valioso, mais substancial, mais abrangente, mais rico, sendo várias casbeças a pensar, do que o tal "Para-Ministro"?
Francamente!
António Costa (sem Silva) desilude, mas não surpreende. De Lisboa não se pode nem poderá espera outra coisa. Já nos habituámos!

Anónimo disse...

As corporações politicas, da esquerda à direita, reagiram com brotoeja a uma cabeça que sabe pensar, e pensar bem, digo eu.

Anónimo disse...

Aacabei de ler no Observador o passado de António Costa Silva em Angola nos tempos do PREC de lá, em que foi torturado e sujeito a um fuzilamento simulado. Recomendo! Um homem desta estirpe, que não quebrou, merece, em primeiro lugar, respeito, muito respeito!

Anónimo disse...

Quando vemos elogios à figura do tal "Para-Ministro" vindos, por exemplo, de Pedro Ferraz da Costa (um dos piores dirigentes da CIP e dos mas reaccionários), ou do Observador, esse arauto da Extrema-Direita supostamente "bem-pensante", é de ficar de pé atrás. A dupla Fernandes e Ramos do Observador, tão crítica de António Costa PM, quer política, quer pelas migalhas que o governo lhes dá para sobreviverem (invocando um fantasmagórico cercear da liberdade de imprensa...mas sem deixar de estender a mão à caridade do Estado; Neoliberaismo sim, menos Estado sim, desde que...o Estado continue a pingar para salvar os Observadores deste Mundo, os Bancos corruptos e insolventes, etc)vem agora fazer uma composição sobre a heróica atitude do tal "Para-Ministro", a justificar a escolha do Costa PM. Um dia o Observador bate no PS e na tal "Esquerdalha", como a designam, noutro, rastejam agradecendo-lhe os milhares de Euros que o dito Costa/PM lhes dá para salvar o negóciozinho on-line.
Em resumo, um tipo que enfrenta uma pretensa coluna de fuzilamento é homem para salvar os cacos da nossa economia. Incluindo aquilo que se passa no Interior! Isto para disparate e patético já chega. Lisboa falar! A ver vamos no que vai sair da cabeça do tal "africano". Temo o pior!
Eu mandaria à mãe o dito Silva (Costa) e ia buscar uma equipa bem pensante, como antes referi. Em vez de um "marciano" a pensar, talvez fosse melhor ouvir uma equipa, que olhasse para o País, em vez de para Lisboa e o Litoral.



Vasco Pereira disse...

Só para rematar este assunto, basta ver o Pedro Adão e Silva na RTP num contorcionismo digno do circo Mariani para perceber o disparate disto tudo.

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...