Os sonhos são tramados. A maioria não recordamos, poucos ficam. Há dias, no confuso contexto de um sonho, cruzei-me com um amigo que já morreu há vários anos. Ele estava concentrado a fazer qualquer coisa e eu abordei-o. Sabia que ele tinha andado doente, tinha consciência e culpa de que não acompanhava como devia o seu estado de saúde, pelo que recordo ter hesitado na forma de o abordar: "Tens andado melhor?", perguntei, a medo. Estaria aborrecido comigo? Não fixei a resposta que me deu, mas apenas anotei que saí da conversa aliviado. É um pouco egoísta pensar assim, mas estar em paz com os mortos é essencial para a nossa vida.
2 comentários:
Sou da mesma opinião.
Numa situação muito complicada por que passei há relativamente pouco tempo, estando diariamente presente durante muitas horas, acontecia aqui e ali até por força do stress permanente em que se vivia, surgirem naturalmente pontos de divergência, coisas de nada.
Nunca por nunca saí ao fim do dia sem a questão ficar sanada, não podia conceber que no dia seguinte já fosse tarde e ter que viver com esse arrependimento.
Foi o que aconteceu ao fim de um pouco mais de um ano, não houve dia seguinte.
Mas eu estou em paz, como bem diz.
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