sábado, maio 25, 2024

Vidas

Os sonhos são tramados. A maioria não recordamos, poucos ficam. Há dias, no confuso contexto de um sonho, cruzei-me com um amigo que já morreu há vários anos. Ele estava concentrado a fazer qualquer coisa e eu abordei-o. Sabia que ele tinha andado doente, tinha consciência e culpa de que não acompanhava como devia o seu estado de saúde, pelo que recordo ter hesitado na forma de o abordar: "Tens andado melhor?", perguntei, a medo. Estaria aborrecido comigo? Não fixei a resposta que me deu, mas apenas anotei que saí da conversa aliviado. É um pouco egoísta pensar assim, mas estar em paz com os mortos é essencial para a nossa vida.

2 comentários:

Flor disse...

Sou da mesma opinião.

manuel campos disse...


Numa situação muito complicada por que passei há relativamente pouco tempo, estando diariamente presente durante muitas horas, acontecia aqui e ali até por força do stress permanente em que se vivia, surgirem naturalmente pontos de divergência, coisas de nada.

Nunca por nunca saí ao fim do dia sem a questão ficar sanada, não podia conceber que no dia seguinte já fosse tarde e ter que viver com esse arrependimento.
Foi o que aconteceu ao fim de um pouco mais de um ano, não houve dia seguinte.
Mas eu estou em paz, como bem diz.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...