domingo, maio 26, 2024

A beleza de Lamarr


Esta senhora, se fosse viva, teria 110 anos. Chamava-se Hedy Lamarr, era austríaca, atriz e, a meu ver, tinha uma beleza única e quase intemporal. Posso dizer isto? Ao fazê-lo, não estarei a ser sexista, a sublinhar meras e discutíveis dimensões estéticas, a praticar um ato de discriminação face a todas as mulheres que não têm estes traços?

6 comentários:

Unknown disse...

E se fosse fascista continuava a ser linda?

aguerreiro disse...

Cada vez discrimino mais por exigências de calendário.

CCF disse...

Há muitos tipos de beleza, se as souber ver a todas, creio que não estará a discriminar. Esta é uma delas e pode ser apreciada. Tente ver outras, de outros tipos e traga-as também.
~CC~

manuel campos disse...


“Films have a certain place in a certain time period. Technology is forever”
Hedy Lamarr

Pode dizer e considero mesmo que deve dizer, quando me vêm com esse tipo de conversas torno-me instantaneamente menos politicamente correcto, o que me tem valido muitas alegrias, uma série de pessoas que não me faziam falta nenhuma assim que me vêem ao longe atravessam a rua, é o que se chama “Bon débarras".

No caso de Hedy Lamarr é muito mais grave porque não era só muito bonita, era inteligentíssima e de uma curiosidade científica enorme, de tal modo que a carreira artística surgiu um pouco a contra-mão das suas ideias para continuar na área das engenharias.
Escrevi "um pouco" porque de facto somos nós e as nossas circunstâncias e foi em parte o caso.
Pouca gente sabe (ou se lembra, para ser simpático) que ela é considerada “a Mãe do Wi-Fi”, mas a sua fama como actriz escondeu quase totalmente o seu papel como inventora o qual, de um ponto de vista histórico, talvez seja bem mais importante (era o que ela pensava, por isso a comecei por citar).

Durante a Segunda Guerra Mundial esteve colocada nos serviços de tecnologia militar dos EUA e inventou, em conjunto com o compositor, pianista e também inventor americano George Antheil, um aparelho de interferência em rádio para despistar os radares nazis.
Ninguém lhes ligou muito porque parecia haver razões práticas que dificultavam a implementação (se calhar não era isso, cheira-me a que os "cientistas" não gostaram da intromissão dos "artistas", nunca gostam).
Só quando da crise dos mísseis em Cuba em 1962 foi utilizado pela primeira vez e, com todos os aperfeiçoamentos e evoluções técnicas que se imaginam, é a base do GPS e o precursor do WiFi.

Hedy Lamarr está desde 2014 no “ National Inventors Hall of Fame”.
Casou 6 vezes e teve 3 filhos.

Como se pode ver o ser muito bonita até foi o menos importante na vida dela pois não era mérito próprio como o foi tudo o resto e ela sabia-o.

“The best way to predict the future is to invent it".
Hedy Lamarr

Flor disse...

Era uma mulher lindíssima. Obrigada Manuel Campos pois desconhecia completamente que foi ela quem inventou o WiFi.

manuel campos disse...


Flor
De nada, como sempre agradeço o seu permanente cuidado.

Uma das razões por que só bastante tarde se deu pela origem do invento é que a patente estava evidentemente em nome de Hedwig Eva Maria Kiesler, o seu nome verdadeiro, Lamarr sendo um nome adoptado em honra de alguém, já não me lembro quem nem porquê.
Outra questão foi que quando finalmente os militares se deram conta, creio que em 1959, da importância do invento, já a patente tinha caducado há 3 anos, pelo que não só não receberam nada como tiveram direito ao habitual esquecimento.
Aproveito para acrescentar que, tal como Hedy Lamarr, também Ingrid Bergman e Katarine Hepburn trabalharam de forma quase anónima em actividades ligadas à defesa militar durante a Segunda Grande Guerra.

Gosto desta frase dela, aplicável a tudo e não só à voz:
Is that actually my voice? You bet it is! You'd be surprised how well you can sing when you're rich!

Sinto-a na linha das “Quatro quadras soltas” (do álbum de 1979 “Campolide” do Sérgio Godinho) onde entravam Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso e Fausto (esta parte canta o Fausto):

Quando se embebeda o pobre
Dizem olha o borrachão
Quando se emborracha o rico
Acham graça ao figurão

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...