Quase todas as madrugadas, pé-ante-pé, para não suscitar críticas caseiras, deslizo até à cozinha em busca de um sustento complementar, porque isto de se viver muito já dentro da noite tem, podem crer, bastante que se lhe diga. E as bolachas são a minha perdição. Descobri umas excelentes, no domingo, na mercearia do Miguel, ali em frente à embaixada de França. Há pouco mais de uma hora, encerrado o expediente familiar, fui discretamente à cozinha buscar meia dúzia dessas bolachas. Foram exatamente seis, lembro-me bem. Sentei-me no sofá a ler e a verdade é que, poucos minutos tinham passado e as seis bolachas já tinham desaparecido. Imaginei então o que teria ouvido se acaso tivesse sido apanhado, nessa pecaminosa deglutição doce, por quem me acompanha os dias, mas, às vezes, me perde por algum tempo na solidão silenciosa das noites domésticas: "Devias comer menos bolachas! Fazem-te mal". A palavra "menos", confesso, calou-me fundo. E tive um rebate de consciência. Era verdade! Estava a comer demasiadas bolachas. Seis! Era um exagero glutão. Não podia ser! De facto, tinha de começar a reduzir o número de bolachas. Levantei-me do sofá, fui de novo à cozinha e trouxe quatro bolachas. Começava bem: passava de seis a quatro bolachas. Estou aqui a escrever isto e as quatro bolachas, entretanto, também já marcharam e dou comigo a pensar: ainda volto à cozinha e trago só duas bolachas. É que assim passo a metade da última vez! Cada vez menos bolachas! Esse é o caminho! Good guy!
16 comentários:
Substitua as bolachas por tremoços ou amendoins, é a minha sugestão. São alimentos bem mais saudáveis.
E chamar "bolachas" a esses "doces" é mais um eufemismo. a minha tentação são as de "água e sal", bem vistas as coisas outro eufemismo, que agora chamam "cream crackers". Mas a técnica de trazer um número finito de "bolachas" em vez do recipiente contendo todas as existentes em casa já revela alguma contenção.
Sr. Embaixador. Assim, é que é. Sempre a reduzir, (6,4,2). Se fossem: (2,4,6), era gula. Bom proveito!. Eu, cá, é mais, bolinhos de ovos de Aveiro, de várias formas, 2 de cada vez, às escondidas.
Bem o percebo e ainda há dias aqui falei da dificuldade que tenho em ler descrições de comida às duas da manhã, pois nem com umas bolachinhas lá iría alguma vez.
Para escândalo de todos os meus amigos, conhecidos e até filhos (!), o meu jantar tem sopa, prato principal, queijo, fruta, um copo de tinto e um whiskyzito para rebater (agora mais reduzido), minha mulher “saltando” habitualmente o prato principal.
Portanto quando ouço dizerem-me que se ficam por um cházinho e umas torradinhas até fico arrepiado.
Sou assim muitas vezes admoestado pela minha alarvice, que faz muito mal comer assim à noite e outros lugares-comuns que tais, quando o que faz mal é comer assim à noite ou a qualquer hora e ír ressonar para o sofá em frente à TV.
Claro que depois vou descobrindo que às 11 da noite já estão na cama quando eu às 3 da manhã ainda estou na maior, a subir a escadinhas para ir buscar livros à estante ou a tirar pilhas de CD das prateleiras para encontrar um que sei estar lá numa 2ª fila qualquer.
Portanto recorro ali pela uma da manhã a uns pacotes de “crackers sem sal à superfície” bastante viciantes (não sou dado a doces, felizmente), com o cuidado de as comer na cozinha e para dentro do lava-loiça, porque essa de as comer no sofá deixei-me disso, minha mulher tem “um olho” infalível para a mais minúscula migalha e os riscos para a paz conjugal seriam terríveis.
Vejo assim como uma possibilidade no seu caso o de ir buscar uma de cada vez, porque o exercício que faz em 12 deslocações compensa certamente.
A propósito de adormecer com a TV lembro-me de umas idas minhas ao lado de lá da Cortina de Ferro, por razões profissionais, ainda no tempo das “outras senhoras todas do lado de lá”.
Para além do facto divertidíssimo de alguns filmes serem evidentemente dobrados mas com a mesma voz a fazer os papéis todos, a emissão acabava, ficavam as “moscas” e, ao fim de 5 minutos, era emitido um som estridente durante algum tempo.
Quando perguntei porquê explicaram-me que era para acordar as pessoas, de modo a desligarem o posto e pouparem energia inútil.
Era bem visto, mas com as emissões “non-stop” de hoje, lá ficam no sofá e depois queixam-se das costas.
Houve aqui uma falha de internet no preciso momento em que enviava o texto anterior, não sei se seguiu duas vezes, se fôr em duplicado peço desculpa e agradeço que o elimine.
bolachas boas são as bolachas torradas, que quase já não há. as do continente desapareceram, as da vieira de castro não valem nada e as que resistem ainda são as da marca pingo doce. e não têm nada a ver com as espanholas tostadas nem com as bombas calóricas de que fala o embaixador. miséria de país que deixou ir embora as suas bolachas e agora só há espanholadas (das multinacionais americanas) e francesadas. até as marcas triunfo e proalimentar foram canibalizadas pela multinacional mondelez que só vende porcaria, à medida dos balofos americanos.
Bolachas escondem açúcar e gordura em excesso. Além daqueles aditivos tão saudáveis... Tudo o que devemos evitar. Tenha cuidado com as "bolachinhas", senhor embaixador.
A minha perdição dá pelo nome de EL CASERIO - caramelos con piñones.
Mas já prometi que vou reduzir as doses.
Pelo menos vou tentar, substituindo os caramelos por um chocolate negro.
É o chamado « péché mignon » dos franceses ! Escondido mas saboroso!
Sorri ao longo da leitura do seu texto, Senhor Embaixador! É que também tenho cá por casa uma “critica caseira” desde há mais de 50 anos! Começou quando descobri o sabor daquele queijinho rectangular, a “Vache qui rit” Aquele sorriso convidativo da vaca, feliz no seu prado, fez-me pensar que talvez valesse a pena “provar”…E depois , quando um “buraquinho” se abria n estômago durante a noite, lá vinha eu visitar a dispensa! E a caixinha da vaquinha!
Quando me encontrava só, era capaz de “devorar” a caixinha inteira! O que era mau, muito mau. E a “critica caseira” vinha logo apontar o perigo do colesterol e da linha! Os meus almoços, generosos, comerciais, não conseguiam “passar” a critica. Bonne excuse”!
Mais tarde, veio o concorrente das suas bolachas, Senhor Embaixador! As “Madeleines de Commercy” são realmente extra ao pequeno-almoço! Mas têm açúcar! E lá vem sempre a “critica” meter-me em frente dos meus olhos a mais recente analise do sangue, que prova que a glicemia…sofre dos assaltos “nocturnos” ao saquinho de “madeleines”, saquinho traidor porque faz um barulho dos raios quando o abro. A qualidade do papel do saco, não me ajuda!!! E “alguém” ouviu o ruído característico da violação…do saquinho.
Então, prometo que vou comer menos daquele “veneno”, e compro o modelo mais pequeno de madeleines! Mas infelizmente como mais…porque são mais pequenas!
Afinal não seguiu nem a carreira normal nem o desdobramento.
Paciência.
Isto está a ficar grave do meu ponto de vista.
Abro o blogue, não encontro o comentário original nem o desdobramento (havia uma frase a mais no segundo) mas encontro os seguintes, informo do facto.
Passado um bocado reabro para enviar 3ª via, já lá está o original.
Até aqui tudo normal, acontece muito.
O que não acontece muito é deparar-me com um novo visual dos textos do blogue, até fui abrir ali no outro PC para ver se era assim mesmo.
Espero assim que, se voltar ao formato anterior de um momento para o outro, tenha aqui algumas testemunhas que abonem a favor da minha sanidade mental, que admito desde já que é um risco que correm e mas podem contar desde já com a minha eterna gratidão.
PS - "CHAT GPT 4o" , não se esqueçam do "o" que faz bastante diferença.
Admirável mundo novo, se já só se brincava com o boneco, agora já dá para só se conversar com o boneco.
Pois imaginei bem, voltou (ainda bem) ao estado original.
Talvez perguntem "mas do que é que o tipo está a falar?".
Agora de nada, de facto.
Senhor Embaixador, tenha cuidado com os açúcares e com os E's, que ainda lhe dá uma solipampa e os candidatos a Superego que por aqui andam ficam desamparados sem terem a quem dar as suas mui edificantes lições de moral 🤭.
Joaquim de Freitas,
"Madeleines"... Uma tentação! Tenho de virar a cara para o lado quando passo pelo corredor das ditas no E.Leclerc.
Francisco de Sousa Rodrigues: Madeleines, é uma tentação, é! Guarde o segredo, mas como não tenho pão de lo, aprecio-os no aperitivo, com um bom Porto....
Ao Exmo. Sr. Manuel Campos, - Também verifiquei e estranhei, que a letra dos textos do blog esteve alterada.
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