Parece que faz parte do discurso político afirmar que se “confia” no bom-senso dos portugueses, para gerirem, com a necessária prudência, o seu comportamento social neste tempo de pandemia.
É uma perfeita hipocrisia estar a dizer isto! Todos sabemos que isto é falso!
No que me toca, e pelo que tenho visto por aí, não tenho a mais pequena confiança no bom-senso ou na prudência dos portugueses. Mais: os números mostram-me que tenho todas as razões para não confiar. E quem me está a ler sabe que isso é assim.
Mas todos já percebemos que não há coragem, por parte do poder político - do presidente ao governo e aos partidos - para dizer, alto e bom som, esta simples verdade: há imensos cidadãos portugueses que são uns completos irresponsáveis, que, por egoísmo ou inconsciência, adotam comportamentos que põem em risco a sua saúde e a dos outros, assim contribuindo para a crescente pressão sobre os serviços públicos de saúde, atrasando a recuperação da normalidadade da vida social e económica do país.
10 comentários:
Assim fosse o Senhor Embaixador ouvido...
Nem mais! Mas faz parte de um certo patrioteirismo vigente não criticar certos maus hábitos culturais que indesejavelmente persistem.
Exatamente!!!! E assim não vamos lá.
Ai os malandros.
O bom ou mau senso dos portugueses, e de qualquer outro povo, tem muito pouco a ver com a progressão ou com o retrocesso da epidemia.
A epidemia progride por razões largamente desconhecidas, que pouco têm a ver com o comportamento do povo.
Atualmente, a epidemia está a progredir muito em Portugal por via do ar muito frio e muito seco, e da falta de chuva, que se têm feito sentir desde o Natal.
Quando o tempo mudar, talvez somente lá para fevereiro, a epidemia retrocederá. Até lá, não.
As epidemias são fenómenos sociais, tanto como, ou mais do que, fenómenos biológicos.
No caso desta epidemia, observam-se dois fenómenos sociais, relacionados com a cultura atual.
(1) O extremo medo da morte e a extrema falta de familiaridade com ela. As pessoas deixaram de estar habituadas a doenças infecciosas e ficaram totalmente loucas por causa desta - que, bem vistas as coisas, é uma doença infecciosa comparativamente muito fraquinha. No passado, esta doença teria sido descurada, pois só mata pessoas que já anteriormente estavam muito perto da morte. Atualmente, como as pessoas se habituaram à ideia de que são (ou podem aspirar a ser) imortais, ficam completamente transtornadas por haver uma epidemia que mata pessoas com mais de 80 anos.
(2) A mania de que o Homem é todo-poderoso, que leva as pessoas a acreditarem que podem, com o seu comportamento, mudar significativamente o curso da epidemia. No passado o Homem era mais humilde, acreditava na força da Natureza. Agora, não. As pessoas descrevem, erradamente, o curso da epidemia como sendo o resultado das ações humanas.
E de cada vez que há eleições , dizem o mesmo: que o povo é "sábio".
Uma ova, senhor embaixador, uma ova...
Os políticos - como os comandantes - partem do princípio de que é necessário declarar confiança para obter adesão à mensagem. Não, nem todos são de confiar.
Por outro lado, vive-se um clima de desbragada crítica, uma espécie de tiro ao político, a quem assume responsabilidades de poder. A autênticos assassínios de carácter, que ficam impunes. Enganei-me, desculpem - é uma frase fora de uso.
Criadores, construtores, os melhores cérebros não prestam para as manchetes berrantes; ignorantes atrevidos, sim. Pelo contrário, uma consequência positiva desta dramática pandemia foi a descoberta, e presença no espaço público, de um bom punhado de epidemiologistas, investigadores, bons médicos postos à prova, que nos esclarecem e em quem podemos acreditar, porque falam do que estudaram, em teoria e na prática.
O Luís Lavoura agora deu em filósofo. E também nos diz que a culpa da progressão da epidemia é, afinal, do tempo seco.
Diga-me lá, se médicos e epidemiologistas não percebem nada, explique-me só uma coisa. Quando você fica doente, vai ao médico, à bruxa, ou espera que passe, porque acredita na força da Natureza?
Olhe que pode antes passar você, definitivamente... Por muito que custe aturá-lo, não lhe desejo mal nenhum...
Francamente, não há pachorra...
Porque e que tanta gente "da" no Luis Lavoura?
O homem e um original terra-a-terra que "thinks outside the box". E de louvar, acho eu
maitemachado 59
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