segunda-feira, janeiro 25, 2021

Para os próximos anos

Já muita gente disse isso, mas acho que é importante repetir que os fascismos e populismos são respostas erradas para problemas reais. Se não se perceber isto, os Venturas e quejandos continuarão a progredir e a ser vistos como a solução.

9 comentários:

J.Tavares de Moura disse...

Sem a lista de inventário dos problemas reais não é possível concordar ou discordar.

Dói-me um dente. É uma dor bem real. Será que isso conta para os problemas reais?

Populismo e fascismo são coisas distintas. O Bloco de Esquerda e uma grande parte da direita (ex: PSD/Madeira) são populistas mas não são fascistas. A instrumentalização do descontentamento com propósitos político partidários tem sido uma prática frequente de uma grande parte da direita e do BE.

Pelo facto do Chega ter conseguido 11,9% nas eleições presidenciais não deve levar os partidos do sistema (principalmente a direita) a adoptar partes da sua agenda. Caso o PSD - o CDS já não conta - cometer o erro de adoptar partes da agenda política do Chega vamos ver o eleitorado da direita a transferir-se, cada vez mais, para o Chega. Foi isso que aconteceu a todos os partidos de direita que o fizeram.
E isso começou exactamente com a justificação que a agenda da extrema direita tinha que ver com "problemas reais" que tem sido ignorados, mesmo quando eram "factos alternativos" fabricados pela comunicação social tablóide (como a CMTV).

Um exemplo facilmente entendível: para quem vê, diáriamente, a CMTV, a percepção que tem é que o país tem um problema real de insegurança e na realidade isso é falso. O País tem indicadores de segurança que fazem dele um dos mais seguros do mundo.

O sistema político português está confrontado com um problema, principalmente o PSD. O crescimento do Chega vai depender em grande medida da resposta que o PSD vier a dar. Pelos primeiros sinais (ver a declaração de ontem de Rui Rio) eu diria que a coisa se afigura promissora para o Chega.

jose duarte disse...

Mas,convenhamos que a maior perplexidade é ouvir os discursos de Rui Rio que já branqueou o ventura nos Açores e não satisfeito com isso quer fazer o mesmo cá.
O discurso de ontem não lembra ao diabo, não só por fazer o papel do Chega,mas por, achando que o Ventura teve uma extraordinária votação no Alentejo, esqueceu-se que, se calhar um dos grupos votantes no Chega é constituído por antigos votantes do PSD.
Valha-nos que, hoje, na TSF, David Justino disse: "Ventura representa o pior que há na política"

A.B. disse...

Eu percebo isso. Não vejo é respostas aos problemas reais, e como o Chega! não é governo, não tem representação autárquica, e conta com um único deputado, é todo um restante sistema que está a falhar.
Há dias escreveu sobre os fura-filas da vacina. Um problema concreto. Qual é a resposta do sistema? Pois oficializar o procedimento. E no caso do governo, do presidente da república, da assembleia, compreendo. Veremos se me engano, mas a vacinação deve ir por aí abaixo até à segunda dactilógrafa do presidente da junta. É um erro. Tremendo.
Nesse seu postal manifestei a minha perplexidade por as autoridades de saúde nacionais terem abdicado de oitocentas mil doses de vacina para a Covid. Porquê? Alguém, talvez os gregos, podem imunizar os operadores turísticos com essa dádiva, levantar a economia já este verão. Quem é que, cá, achou que já temos vacinas a mais? A pandemia é um problema real, imediato. Foi um erro tremendo.
A sorte, que o é, é o Sr. Ventura parecer algo limitado intelectualmente. Se houver uma mutação e aparecer alguém com a sua agenda e a fluência, por exemplo dum Portas, aí sim, temos um problema muito sério.

Luís Lavoura disse...

Excelente comentário, o de J. Tavares de Moura.

Luís Lavoura disse...

Tenho uma prima que é trabalhadora fabril. Vida dura, a trabalhar diariamente no turno das duas da tarde às dez da noite, portanto com horários desfasados dos da família. Queixa-se-me muitas vezes da muita gente que vê lá na aldeia que nada faz, que vive de subsídios, pensões ou rendimentos mínimos. Provavelmente vota no Chega!
(Se fosse noutro tempo - e noutra região do país - possivelmente votaria no PCP.)

A.B. disse...

Aí está o que eu previa. Até os autarcas vão ser já vacinados. Há idosos por vacinar, médicos por vacinar, enfermeiros por vacinar, doentes crónicos por vacinar, e os políticos atribuíram-se a si mesmos e aos seus a prioridade. Esta notícia sai no mesmo dia em que Portugal atinge o pior primeiro lugar a que poderia almejar - mais casos por milhão de habitantes na média de sete dias, a maior incidência de contágios a 14 dias, o maior número de casos e mortes diárias no mundo.
Eu sei que o Dr. Seixas da Costa tem uma grande confiança em Marta Temido, Graça Freitas, e sente uma grande segurança na liderança de António Costa. Eu também tenho amigos, mas não lhes deixaria passar em branco um erro destes. É imoral.

álvaro silva disse...

O comunismo tem mais de um século, o fascismo noventa e tal anos e o nazismo outros tantos. Os dois últimos já feneceram há 80 anos já passaram 3 gerações, só o comunismo sobrevive em várias ditaduras conhecidas. São assuntos que já deviam estar arrumados na prateleira da história. Deixem de debitar o disco riscado e mudem de chula que isto já cansa. Os movimentos políticos actuais têm muito pouco a ver com os que surgiram no século XIX e inícios de XX. Hoje não há camponeses nem operários. Há quando muito técnicos. empresários e profissionais, reformados, Ricos envergonhados e sem abrigos desbocados, sem esquecer os refugiados económicos e as máfias que os exploram quer na exportação quer no acolhimento (ONGs incluídas)

Joaquim de Freitas disse...

O Senhor Álvaro Silva diz justo ! Para além dos clichés, é hora de nos distanciarmos da história.

Por um lado, os pobres, por outro os ricos. Os ricos devem ser os que entenderam a marcha do sucesso do mundo.
São os vencedores, aproveitam-se daqueles que não compreenderam todas as regras do sucesso.
Para ganhar, sem ética, apenas seduzir, convencer, vender.

Por outro lado, os seres humanos que só querem viver, prontos a prostituir-se (literalmente, figurativamente), ou procurando um modo de vida que respeite as conquistas de alguns, os desejos dos outros.
Estes são movidos por uma escolha, a de não viver "à custa dos outros». Os outros são o oposto.
Em 1789 a realeza foi dizimada e outro sistema foi avaliado. Funciona moderadamente, uma vez que alguns anos depois, a comuna é derrotada por alianças de direita, e um rei é devolvido ao trono.
A República voltou. Com sempre, ao fundo, o popular inconsciente pronto a pôr à sua cabeça um "chefe", que sem ser ditador, é um novo rei, excepto que é eleito.
De Gaulle é um deles, mas o seu ego excessivo assusta as pessoas boas, e tirando partido de um referendo envia este de volta à estaca zero. Eu fui um deles.
Desde então, o debate reabriu. A União Soviética, cegamente defendida por um PC manipulador, afunda e com o cinismo de Reagan e a credulidade dum Gorbatchev, desmorona na queda do Muro de Berlim.
Os capitalistas do mundo "livre" vêem-no como o fim de um sistema sem futuro, um sistema que carrega a SIDA da democracia, gulags, prisões, mentiras. Mas a verdade tem a pele dura.
Uma minoria não pode viver à custa de uma maioria sem desencadear revoltas em algum momento. O equilíbrio é difícil de encontrar.
De Gaulle propôs um princípio: participação (cada trabalhador torna-se accionista da sua empresa, e fica mais rico à medida que a sua empresa avança).
Plano aplicado com as pontas dos dedos, por isso não aplicado. Vamos voltar aos dois clãs:
Capitalismo: todos usam as armas que lhe convém para se tornar o melhor à custa daquele que perde
Comunismo: solidariedade e partilha, e agrupamento (daí o nome) da riqueza produzida.
Na URSS, a ideia foi mal orientada e deu origem a um "capitalismo de esquerda", e tem novos ditadores que, sob o pretexto de fazerem todos felizes, se apropriaram dos bens.
No mundo capitalista, em busca do máximo lucro, a tomada de riscos levou à crise de 2008. A seguinte que se perfilava no horizonte, foi obscurecida pela Covid 19.
A única maneira de salvar o sistema capitalista é fazer comunismo e, assim, privatizar os bancos.
A única diferença notável é que são os cidadãos que vão reembolsar os enormes defeitos do sistema.
Então o que vemos? Aqueles que geriam grandes empresas partiram com para-quedas dourados, e aqueles que sofrem as consequências pagam para salvar o sistema.
O comunismo demonstrou os limites da sua ideologia, desorientado por déspotas sem escrúpulos que lucraram com a credulidade dos cidadãos democráticos.
O capitalismo precisa destes mesmos cidadãos para salvar um sistema que não funciona.
Portanto, é o fracasso de duas ideologias.

josé neves disse...

«O comunismo demonstrou os limites da sua ideologia, desorientado por déspotas sem escrúpulos que lucraram com a credulidade dos cidadãos democráticos.
O capitalismo precisa destes mesmos cidadãos para salvar um sistema que não funciona.
Portanto, é o fracasso de duas ideologias.»

Olha o senhor Freitas, afinal desiludido, até mesmo com o capitalismo selvagem de estado do regime chinês do qual há uns post atrás fazia o rasgado elogio.
Penso que o Snr. Freitas anda completamente baralhado; foi emigrante ou trabalhou ou viajou pelos USA e provavelmente, também andou pela China de Mau ou logo depois, pelo que deu a entender nesse tal post em que ambos fizemos comentários e, face à sua vivência, leituras pessoais, experiências sempre contraditórias com os ideais e crenças mentais que formataram sua consciência, anda perdido sem encontrar o mundo bom dos seus sonhos.
Não percebe a História da civilização pois é preciso ler e estudar tal história tal como a história das ideias sem o qual ficamos perdidos nos meandros altamente contraditórios e quantas vezes opostos, do andar do mundo da vida. O Snr. Freitas não percebe que tais contradições históricas (dialécticas chamaram-lhes os filósofos desde Platão a Marx)são precisamente o motor da civilização e dos seus "processos históricos" de avanços e recuos à maneira de Lenine; avançar sempre com dois passos em frente e um atrás.
A Democracia consubstancia de certa forma a própria dialéctica universal da civilização por que imita em pequena escala o avanço histórico dialéctico por discussão entre ideias contraditórias na procura do melhor modo de governação para melhor vida da população. O erro grave dos homens deve-se à sua ambição ingénua de querer obter em sua vida o que idealiza e quer provocar e julga-se capaz disso porque em sua vida pessoal conseguiu o que idealizou para si, contudo uma coisa é idealizar e conseguir no seu pequeno mundo pessoal o que queria e outra idealizar e conseguir transformar o mundo globalmente actuando sobre tradições e crenças seculares irreprimíveis e imutáveis de repente; nem a linha contínua da vida dos homens pode sofrer rupturas abruptas e depois, mais tarde, continar deixando um lapso de descontinuidade para recomeçar segundo uma trajectória planeada previamente.
É verdade que o homem sobre a terra pode transformar o mundo sob o céu mas nunca o fará repentinamente como pensam muitos pensadores repentistas e até pensaram todos os filósofos sistémicos até hoje.
E ainda bem.

RTP

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