sexta-feira, janeiro 29, 2021

Liberais

Na história das ideias, o liberalismo foi uma doutrina política muito estimável e bem útil à fundação das democracias. Desde há uns anos, a sua filosofia foi praticamente capturada pela direita e vive um percurso extremado e radical, muito distante dos seus princípios fundadores.

3 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Os adeptos do neoliberalismo nao cessam de elogiar esta forma particular de gerir a economia capitalista e as sociedades que a transportam. Pela extensão cada vez mais alargada do seu perímetro e pela liberdade dos seus intervenientes o Mercado é adornado com todas as virtudes.

Seria melhor gerar riqueza, para melhor satisfazer as necessidades dos indivíduos e da humanidade, para conter razoavelmente as desigualdades socioeconómicas. Aquele que não teve a coragem de ler as profundas cogitações dos teóricos patenteados do neoliberalismo - como Hayek ou Friedman - mas mantém os olhos abertos ao mundo actual à sua volta, acha difícil acreditar nestas promessas feitas há pelo menos sessenta anos e habilmente mantidas desde então.

Foi-lhe dito que estava demasiado impaciente, que os esforços necessários para alcançar todos estes benefícios ainda não eram suficientes,nunca sao suficientes, que seria apenas uma questão de tempo. Pois é ! Os adeptos da austeridade até se vanglorificam de a ter aplicado, e por vezes mais que o que os patroes de Bruxelas tinham sugerido...Mais liberal que eu, morres...

Só desenvolvendo a repressão - e nao penso somente nos Coletes Amarelos-, é que a sociedade liberal pode continuar, jogando com os medos e inseguranças que ela própria produz.

A ideologia de segurança permite que a sociedade liberal-autoritária encontre coerência e identidade através do confinamento e exclusão das populações-alvo. Nesta lógica estão aqueles que aumentam deliberadamente o número de reclusos nas prisões, que querem prender toxicodependentes, colocar adolescentes difíceis em centros fechados e deportar o maior número possível de imigrantes.

Empurrando um pouco mais, esta lógica louca, recordo Jean-Marie Le Pen e os seus "sidatoriums para a SIDA". É constante: eliminar indivíduos socialmente identificados e evitar abordar os problemas fundamentais aos quais ninguém pode dar uma resposta imediata." Desde então, nunca mais deixámos este contexto mortal.

Unknown disse...

Não. Em muitos países europeus, existem partidos liberais que podem ser classificados como de esquerda. Por exemplo, na Holanda (D66).
A Iniciativa Liberal é classificada pelos comentadores políticos como sendo de direita, mas nunca diz de si mesma tal coisa, e não tenho dúvidas que muitos dos seus dirigentes e militantes não se consideram a si mesmos de direita.
A Inicatgiva Liberal diz de si mesma repetidamente que "é o partido de todos os liberais", incluindo portanto, explicitamente, tanto os liberais de esquerda como os de direita.

J.Tavares de Moura disse...

Na sua origem o liberalismo de Adam Smith é na sua essência uma teoria económica progressista.

Adam Smith nunca foi dogmático, reconhecia que os mercados não são perfeitos e tem falhas, para além de não poderem prover bens e serviços publicos, como aplicação das leis ou proteção das fronteiras, além do que defendeu salários e condições dignas para os trabalhadores:

“No society can surely be flourishing and happy, of which the far greater part of the members are poor and miserable. It is but equity, besides, that they who feed, clothe, and lodge the whole body of the people, should have such a share of the produce of their own labour as to be themselves tolerably well fed, clothed, and lodged.”

Adam Smith, The Weatlh of Nations

Isso não faz de mim um liberal. Longe disso. Os mercados, quando deixados a si mesmos, tem muitas falhas e são fontes de geração de muitas injustiças e problemas sociais.

Mas concordo quando escreve que os liberais de hoje são maioritariamente (quase exclusivamente) conservadores de direita contrariamente aos liberais do século 19 que eram progressistas.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...