segunda-feira, abril 16, 2018

"From Russia with love..."

Quanto russófilo de nova geração por aí anda, apenas porque Putin parece aborrecer Trump!

A Rússia de Putin é, nos dias que correm, o "next best" de quantos têm saudades do muro de Berlim, dos anti-yankee "de carteirinha", dos eurocéticos ferozes.

Ser pró-Putin é assim como estar "um pouco" com Guevara na floresta Bolívia, com Giap nos túneis do Vietcong, com a Pasionaria às portas de Madrid.

Estas novas Brigadas Internacionais da tecla e do sofá colam-se hoje ao KGB reconvertido em estadista com ar grave, borrifam-se para os jornalistas liquidados nas noites de Moscovo, para os opositores encarcerados, para as barbáries da Chechénia.

A América é para eles, desde sempre, o inimigo principal e, agora com Trump, nunca se pôs mais a jeito...

21 comentários:

Anónimo disse...

Não haverá neste seu discurso algum resquício maniqueísta? Não estará vexa a alinhar com os acrobatas dos ressaltos lógicos que nos pretendem convencer que quem não alinha com a América só pode ser porque é a favor da Rússia ?

MRocha

Joao Alves disse...

Sr. Embaixador: Com tanta experiencia de politica internacional, com tanta formação de excelencia , parece-me que estes seus comentários de distinção entre os bons e os maus , são uma forma muito mesquinha e simplista de encarar a realidade politica dos perigosos dias que correm. Ainda bem quem , para si, que está do lado dos bons. Pela minha parte deixarei de o ler.
Ricardo Alves

Joaquim de Freitas disse...

O Senhor Embaixador escreve:

“Ser pró-Putin é assim como estar "um pouco" com Guevara na floresta Bolívia, com Giap nos túneis do Vietcong, com a Pasionaria às portas de Madrid”

Oh Senhor Embaixador, eu estou com Che Guevara, com o Vietcong, e com a Pasionària, mas também com Salvador Allende, com Martin Luther King, e pois que o Primeiro de Maio se aproxima, sou com as três grevistas de McCormick Harvester, em Chicago, ceifadas pela policia americana em 1886, e os cinco sindicalistas enforcados em 1 de Novembro à Chicago, sou também com os milhares de Negros americanos assassinados pela policia americana, e muitos outros.

Não estou nem nunca estive com o Muro de Berlim, que atravessei algumas vezes, mas também não estou com o Muro da Palestina, que os EUA protegem e defendem, enquanto reforça o seu Muro do México.

E permita que lhe diga Senhor Embaixador, prefiro o estadista com ar grave vindo do KGB, que a do estadista Bush pai reconvertido da CIA, equivalente do KGB, ou a do seu filho e ainda menos a fronha do louco actual da Casa Branca.

Creio que Putine é previsível. Não podemos dizer a mesma coisa do louco megalómano.

Unknown disse...

Leio-o o suficiente para dar o devido valor, que é muito, a estas suas palavras.
Obrigado

Anónimo disse...

Poder-se-á chamar a essas pessoas os "Putinheiros"?

São doentes, senhor... Pessoas obcecadas, traumatizadas mas, sobretudo, profundamente desonestas do ponto de vista intelectual. É gente que não interessa, embaixador. Gente... triste.

dor em baixa disse...

Trump é democrata, Putin é autocrático. Trump é o nosso líder.

Francisco Seixas da Costa disse...

Ficámos a saber quem é o líder de “dor em baixa”. Não é o meu.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Ricardo Alves. Ler apenas aquilo com que se concorda deve ser muito monótono. Mas que lhe faça bom proveito.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro MRocha. Eu tomo a Rússia de per si. Não preciso de contraste para saber que Putin é um traste. E, quando quiser, podemos discutir Trump, sobre o qual já por aqui escrevi o que pensei ser suficiente para saber o que dele penso. Mas eu não faço comparações.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Joaquim de Freitas. Eu não entro no jogo das comparações. Putin é uma figura sinistra em si mesma. O que não significa que, mesmo sendo o que é, não devamos tentar perceber as razões geopolíticas que são as suas e que tentei explicar num texto publicado no Jornal de Negócios há quatro dias e que creio deve ter lido. É que elas também ajudam a perceber porque está onde está.

Anónimo disse...

Caro FSCosta,
Efectivamente o seu post não envereda por comparativos. Mas de algum modo subentende uma critica aos que, e entre esses me incluo, têm sérias reservas à diabolização da Rússia e de Putim, "parce que". Essas reservas podem dever-se a enviesamentos da percepção, sem dúvida. Mas também podem ser devidas à falta de confiança na informação disponível. Quando vexa afirma que "Putim é um traste", parto do principio que terá fundadas razões para o fazer. Eu, contudo,simples plebeu, como não tenho acesso a informação privilegiada, faltam-me elementos objectivos para concordar consigo. Os meus filtros são demasiado rudimentares para esse crivo, usando apenas a informação publicada. E só lamento que quem melhores filtros, ou melhor informação, não os partilhe, pois convirá que não deverá ser apenas porque vexa o afirma que eu devo passar a perorar por aí que Putim é um traste.



Cump.

MRocha

Joaquim de Freitas disse...

Tenho o maior respeito, como sabe, Senhor Embaixador, pelos grandes conhecimentos que tem do mundo. Bela experiência, sem dúvida, ao nível mais elevado da diplomacia.

Entretanto, por vezes, questiono-me, ao lê-lo, sobre certos temas, se a actividade que foi a do Senhor, o deixa perfeitamente livre de expor exactamente o que pensa. Porque quando se foi amigo de tantas personalidades nesse mundo, de todos os quadrantes, pode ser difícil de “dizer tudo” sem correr o risco de beliscar alguns.

Por mim, continuo a pensar que a interiorização sistemática dos mais diversos pontos de vista no mundo social é a melhor maneira de ser capaz de desenvolver por sua vez uma visão própria

É a comparação que permite de desenvolver o conhecimento que pode ser utilizado para analisar e resolver problemas concretos que surgem numa sociedade.

A pesquisa comparativa permite, uma desconstrução crítica, e uma reconstrução mais rigorosa

Citarei um exemplo: se comparo Eltsine ou mesmo Gorbatchev a Putine, temos duas primeiras personalidades que muitos no Ocidente, entre os dirigentes do mesmo gabarito, apreciavam, porque um , pouco sério e alcoólico, dava espectáculo permanente por onde passava, e o outro foi o artesão da desconstrução da União Soviética. Tudo isto para o grande prazer dos inimigos do seu país.

Sob Eltsine, foi a Grande Feira da Ladra, durante a qual uma grande parte da economia da Rússia foi desbaratada, em beneficio de oligarquas e dos seus associados ocidentais, que, por uma grande parte, fazem parte dos ricos Russos de Londres.

Se, por um lado, Gorbatchev teve razão de acabar com o Muro de Berlim, por outro lado não imaginou ao fazê-lo, assinando o famoso Tratado com Reagan, que este era um traste da ultima espécie, que não hesitaria a empurrar a fronteira da NATO para lá de Berlim, até às portas de Moscovo, desde que o Exército Vermelho tivesse regressado à base. O mesmo Reagan que invadiria a Ilha de Grenada um dia para a segurança dos Estados Unidos… Assalto contra o qual ninguém se elevou no mundo nem na ONU…

O resultado dessa imprevidência de Gorbatchev, que não era do KGB e não era realmente uma figura sinistra, Senhor Embaixador, está à vista.
Finalmente, os receios profundos de François Mitterrand contra o fim das duas Alemanhas, eram fundados.

Não foi bom para a Europa, não foi bom para a França e provavelmente para a paz do mundo. O desequilíbrio provocado pela substituição do Exército Vermelho pelas forças da NATO, que, sabe-se bem, são comandadas por não europeus, permitiu aos Americanos de elaborar a famosa doutrina Bush, de 2002, que o Senhor Embaixador conhece melhor que eu:

« The National Security Strategy of the United States of America3 ».

Esta estratégia de segurança nacional da administração Bush defende a manutenção da supremacia militar americana no mundo e seu uso, através da guerra preventiva, se necessário, para evitar a propagação de armas de destruição maciça e promover a disseminação dos direitos humanos e liberdade Em particular, pretende “refundar” o mundo árabe no "Grande Médio Oriente".
Unilateral e frequentemente brutal no discurso, a doutrina de Bush é perfeitamente aplicada por Trump, para lá de todas as esperanças…

Ora é a esta politica que o estadista de aspecto grave, o “traste” do Kremlin, Vladimir Putine, se opõe.

Eu apoio-o sem reservas. Pena é que faltem estadistas como ele no Ocidente, para construir a Europa de De Gaulle, de Brest a Vladivostock.

Luís Lavoura disse...

A América é para eles, desde sempre, o inimigo principal

Não é questão de ser o inimigo principal, é questão de ser aquele que efetivamente nos coloca em risco.

A Rússia a mim e a Portugal e ao mundo ainda não fez grande mal nem causou grande risco. Já os EUA têm colocado o mundo, a Europa e Portugal em risco. Vejam-se os refugiados sírios, a Líbia, etc.

e, agora com Trump, nunca se pôs mais a jeito...

Eu já disse e repito que acho o contrário: com Trump estamos muito mais seguros, pois o instinto básico dele é o de não andar por aí a espalhar guerras. Com a Hilária o perigo seria muitíssimo maior.

Anónimo disse...

Caro Embaixador

Concordo plenamente com a sua análise. Os agora defensores de Putin são os nostálgicos de outros tempos, que só viam "amanhãs que cantam" a leste e que a URSS e o comunismo iriam espalhar-se pelo mundo e derrotar os sistemas liberais e democráticos.

Viu-se...

Estas pessoas não são capazes de reconhecer que os sistemas totalitários comunistas causaram milhões de vítimas às suas próprias populações, sem ser necessário ajuda externa, como por exemplo a URSS e mais recentemente o Camboja.

Quanto a colocar o mundo em risco, no qual Portugal se engloba, Senhor Luís Lavoura, não se esqueça de quem forneceu uma parte significativa da tecnologia nuclear e de mísseis à Coreia do Norte foi a Rússia. Por isso não diga que a Rússia não é perigosa para Portugal.

Anónimo disse...

Ena ena O Sr. Embaixador acordou mal disposto e esta virado do avesso.

Que bicho lhe mordeu ?

Anónimo disse...

Mas onde o Sr. Embaixador se foi meter. Aquele vespeiro dos órfãos do sol que iluminava o mundo é intocável. Sem um caudilho ficam desorientados.

Joaquim de Freitas disse...

O anónimo das 17:10 deve ser contabilista. Portanto é capaz de nos dizer quantos mortos custaram as duas guerras mundiais, obra do capitalismo internacional.

Segundo os dados conhecidos, foram 60 milhões na segunda (2;5% da população mundial), dos quais 26 milhões de mortos soviéticos)

E a primeira custou 9 milhões de mortos.

E mesmo a guerra civil do Cambodja foi provocada pelo bombardeamento deste país pelos americanos, precipitando-o assim na guerra. Quanto ao Vietname, foi a guerra da França contra a independência, guerra perdida em Dien Ben Phu, que os Americanos continuaram com o resultado que se sabe, que provocou todas as atrocidades conhecidas.

Mas os nostálgicos da grande potência americana sozinha no planeta, ainda sonham desse tempo em que não havia ninguém para a contestar. Eram realmente “amanhãs que cantavam”..Claro que a Rússia e a China são os maus da fita porque não reconhecem mais esse leadership. E sempre existiram aqueles que enfileiram como carneiros nas teses dos mais poderosos. Quanto ao perigo nuclear, para o anonimo, o Paquistao e Israel não lhe diz nada?

Joaquim de Freitas disse...

Ao anonimo das 01:11 :- Que escreve: "Aquele vespeiro dos órfãos do sol que iluminava o mundo é intocável. Sem um caudilho ficam desorientados."

O caudilho seria este? :- "O livro, que está repleto de declarações e acusações fortes contra Trump, surge 11 meses depois do afastamento de Comey, da direção do FBI.
Comey interpreta Trump como sendo uma figura mafiosa que tenta ultrapassar a linha entre a aplicação da lei e a política, denunciando que este o tentou pressionar, pessoalmente, a respeito da sua investigação sobre a interferência da eleição russa.

O ex-diretor do FBI descreve ainda que quando estava em reuniões com Trump e com a sua equipa lembrava-se do tempo em que investigava a máfia italiana, como procurador em Manhattan. "Ele tentava fazer de nós todos parte da mesma família", denuncia.

Luís Lavoura disse...

Anónimo

quem forneceu uma parte significativa da tecnologia nuclear e de mísseis à Coreia do Norte foi a Rússia

Foi? Eu não sabia! Como é que você sabe?

Anónimo disse...

Realmente, Sr. Embaixador, há duas formas de analizar as acções políticas de Putim e de Trump: A futebolística, muito em voga por cá. E a que pondera o que se publica no WPost, o NYTimes, na CNN, RTP, TVI, SIC por um lado. O que se exibe na Fox News, por outro ....

Sim, a esquerda política ataca Trump, o americano, "comme il faut". Basicamente com argumentos pertinentes ao carácter pessoal do personagem: penteado, conversas privadas de circunstância entre machos alfa. Quanto às acções políticas "per se" é carga a mais para certas camionetas.

A direita política porque o homem não é "one of us". Não passou a vida em reuniões partidárias a bater palmas ao chefe do momento.
Com formação de empresário privado, contrata e demite a seu gosto. Nos EUA é assim no privado. No público, como em toda a parte, reinam o Lobies.

Putim, esse, tem a faca, o queijo, os aperitvos, a vodca ... tudo na mão. "Privados", Lobies, e o que mais possa desejar.

Curiosamente por cá, no futebol, o contratar e despedir até tem o seu dinamismo.JS

Anónimo disse...

FSC perdeu a oportunidade de ter uma estátua em Grenoble.

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...