sexta-feira, abril 20, 2018

Chama-se a isto Europa



Manuel Valls nasceu na Catalunha. Até aos 20 anos teve apenas nacionalidade espanhola. Naturalizou-se francês e, já nessa nova qualidade, chegou a primeiro ministro da França.

(Um parêntesis para notar que acho isto seria inviável em Portugal. Não somos ainda um país preparado para aceitar que alguém, nascido no estrangeiro e mantendo apenas essa nacionalidade externa até à fase adulta da sua vida, viesse a chegar à chefia de um governo entre nós. Não posso provar isto, mas sinto-o).

Agora surge a hipótese de Valls poder vir a candidatar-se à chefia da municipalidade de Barcelona. A Europa de que eu gosto é precisamente isto.

11 comentários:

Anónimo disse...

Também eu gosto muitíssimo de uma Europa assim . Creio que em Portugal só chegamos a admitir ter um presidente da Cãmara de Lisboa que é natural do Porto. O inverso seria completamente impossível, estúpidamente.
João Vieira

Anónimo disse...

Mais interessante seria, um português chegar à Presidência da Rússia ou dos EUA. Isso é que era a verdadeira globalização.

amadeu moura disse...

É um do aspectos mais positivos. Felizmente.

Quem não se lembra da "espuma e raiva de todo o tamanho" que os deputados da União Nacional vociferavam na Assembleia Nacional contra os portugueses que ousavam ostentar o distico "EU" nos para-choques dos carros. E ainda estavamos longe dos cargos publicos...

Mas, ainda num passado recente, Felipe Gonzalez, quando quis nomear Jorge Semprun, ministro da Cultura, exigiu a confirmação que o seu compatriota não tivesse adquirido outra nacionalidade que não fosse a espanhola, senão os espanhois, herdeiros do franquismo, iriam invocar a "Hespanha" que não aceita "traidores".

No caso português, relembro a injustiça cometida pelo ministro Sottomayor Cardia relativamente a Jorge de Sena. Recusou-lhe a readmissão na Universidade portuguesa, invocando que ele tinha perdido a nacionalidade ao adquirir a naturalização americana.

Jorge de Sena, com a sua costumada verve, respondeu-lhe." Para mim, as nacionalidades são com as camisas: visto-as e dispo-as conforme a necessidade".

E ainda tanto haveria para dizer relativamente à lei da nacionalidade portuguesa...

Luís Lavoura disse...

Da wikipedia:

"In the late 1940s, Xavier Valls [pai de Manuel Valls] moved to Paris and met his future wife, Luisangela Galfetti, a Ticino-born Swiss citizen. [Manuel] Valls was born in Barcelona while his parents were there on holiday. He grew up with them at their home in France and became naturalized as French."

Portanto, ao que deduzo, Manuel Valls somente nasceu em Barcelona por acaso e não se mudou para França aos 20 anos de idade - viveu lá desde pequeno. Não nasceu com nacionalidade francesa porque ambos os pais eram estrangeiros, mas naturalizou-se por sempre ter vivido em França.

Luís Lavoura disse...

Fiz uma busca na net e não vi de onde é que o Francisco tirou esse "coelho" de que Valls poderia candidatar-se à autarquia de Barcelona.
O que vi foi uma notícia de ontem a dizer que Valls apelou (há uns tempos) à justiça alemã para que extraditasse Puigdemont para Espanha. Tenho seriíssimas dúvidas que alguém que fez isso tenha quaisquer hipóteses de se candidatar com sucesso à autarquia de Barcelona.

_ Gil António _ disse...

Visitando, vendo,m lendo e elogiando as suas publicações. Voltarei...
.
* Criança brincando ... em interno lamento. *
.
Cumprimentos poéticos.

Anónimo disse...

É curioso que este troca-tintas possa ser espanhol, passar a francês, voltar agora a ser espanhol apoiando um partido nacionalista (sim o Cuidadanos/Ciutatans é-o!), e tudo isso seja tão "belo".

Já os pobres dos catalães, nem sequer podem ter a graça de votarem para dizer se querem ter um país.

A democracia é um conceito muito elástico...

Francisco Seixas da Costa disse...

A Luis Lavoura https://elpais.com/ccaa/2018/04/20/catalunya/1524213896_248052.amp.html

Anónimo disse...

então e o desdém ao Saakashvili por ter feito o mesmo?

Anónimo disse...

bem, mudou de objectivo político exactamente ao mesmo tempo que mudou de cara metade.

Anónimo disse...

Quem conhece bem este cromo e as suas opiniões é a irmã (abertamente independentista).

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...