Que pensaria o inspetor Maigret* se, saído do 36 do quai des Orfèvres, a caminho da sua ritual "blanquette de veau" na Brasserie Dauphine, deparasse com o Palais de Justice envolto pela publicidade da Dior, como ontem o encontrei?
Talvez puxasse uma baforada no seu cachimbo e, para Janvier ou Torrence, soltasse o seu tradicional: "Je ne sais rien du tout!".
* Nem mesmo as adaptações para o cinema (com Jean Gabin) me garantem que muitos leitores deste blogue conheçam a figura criada pelo escritor Georges Simenon, que deu origem a dezenas de romances e novelas que animaram a minha geração dos amantes da literatura policial.
19 comentários:
E os banqueiros falidos portugueses e o crédito ao Estado?... é para rir, chorar ou encolher os ombros? Ou anda tudo um pouco louco? De qualquer modo um sinal positivo, pelo menos para os desempregados: hoje, ao sol, em Portugal, estão quase 40 graus! As praias estão cheias, de desempregados, claro... é para rir, chorar ou encolher os ombros?
banquette ou blanquette? :)
Cara/o anonima/o: errare humanum est.
Inesquecível Maigret!
E que tal um copo de vinho branco numa "tasca" de Paris?
Não vi Jean Gabin como Maigret, no cinema. Mas à minha geração, a que fez o secundário nos anos 70, é familiar a figura do ator Jean Richard personificando o célebre inspetor numa série televisiva.
Duvido que a tranquilidade de Maigret tivesse hoje sucesso. Conta mais o espalhafato pirotécnico.
Havia uma série televisiva..., lembro-me do inspector a preto e branco :)
A minha memória é igual à do Salvador e da Margarida: Jean Richard na série de televisão francesa, a preto e branco (pelo menos em Portugal).
Dos livros, claro, li muitos.
Ora ca estao os da minha geraçao...Santiago, Margarida...eu também faço parte dos da série televisiva...nao perdia uma !
J'adorais ! Mesmo sem Dior ; )
Com uma caixa de comentários onde o autor já se penitenciou por um erro de gastronomia quase se torna impiedoso - mas mesmo assim necessário... - assinalar que Georges Simenon sempre atribuiu a Jules Maigret a categoria de Comissário, não de Inspector.
É esse ascendente que nos permite imaginá-lo a fazer esse comentário que lhe atribui a Janvier ou Torrence (e não Torrance), esses sim, como Lucas e Lapointe, Inspectores seus subordinados que o tratam afectuosa e respeitosamente por "Patrão".
Poderei considerar-me de umas gerações mais novas, mas deliciei-me com várias histórias do inspector Maigret. Em especial as que surgiram na colecção vampiro.
O tranquilo Maigret, hoje, desistia!
Coincidências do raio... Ontem à noite, num canal do cabo (http://www.canal.qc.ca/emission.php?id=10105), passavam uma emissão de Apostrophes de 1981, na qual Bernard Pivot foi entrevistar o pai de Maigret (na sua trigésima casa, em Lausanne). Inspirado pela conversa de ambos, esta manhã lembrei-me de ir à procura dum dos vários livros que tenho dele, para reservar para logo à noite. Abro o computador, passo em revista o que tenho para ler e que vejo? – "Maigret voit rouge".
Les grands esprits se rencontrent? Aha..
Se a moda pega... ainda vamos ter o nosso Palácio da Justiça envolto pela publicidade de um qualquer "tintol" nacional.
O "meu" inspector Maigret é o mesmo do Santiago Macias. A geração é a mesma!
Isabel BP
ou como dizia o outro: herrar é umano!
Julinha não se aproprie... Eu sou mais velhinha mas ainda me lembro bem de Richard como Comissário!
Quanto aos livros ainda guardo alguns.
E não apenas o Palácio da Justiça, como faz notar o meu colega Gregory Pons, no seu Montres & Joaillerie:
••• LA GUERRE DES BÂCHES PUBLICITAIRES
SUR LES MONUMENTS DE PARIS...
Pour le Louvre, ce sera une bâche géante aux armes de Breguet, partenaire horloger du musée depuis la grande exposition de 2009 : : il s’agit de cacher les échafaudages des travaux en cours au musée. Cette exposition Breguet devrait d’ailleurs bientôt être rapatriée en Suisse, au Musée national suisse du château de Prangins, puis au Landesmuseum de Zürich en fin d’année...
• Plus amusante : la bâche géante déployée par Dior (« Dior j’adore ») pour cacher les échafaudages disposés autour du Palais de justice de travaux dans Paris [coût estimé : 200 000 euros]. C’est dans ce même Palais de justice, derrière cette bâche, que devrait être jugé, avant l’été, John Galliano, ex-directeur artistique de la maison Dior, accusé d’injures à caractère antisémite...
Caro FCO eu preferia quando o desenho das "bâches"* reproduzia o edificio que estava a ser "liftado".
*Até mesmo das que reproduziam uma imagem distorcida...lembravam-me os edificios de Gaudi : )
But...business is business !!! E todos os meios sao bons desde que venda...ou dê uns trocos para a obra.
Senhor Embaixador,
Acredito que ja lhe tinha emncionado um filme de Bella Tarr (realizador Hungaro que muito admiro) a partir de um romance de Simenon "L'Homme de Londres" Continuo a defender este filme, escuro e sombrio sob todos os aspectos. Se nao me engano Tlida Swinton e a actriz principal. Quanto a actores, Jean Gabin ainda continua com o meu voto. Sera da minha avancadaidade?
Saudades de Londrs
Maria Crabtree
Interessante, fiquei a saber o gosto do comissário, tinha como prato preferido a BdV. Tem todo o direito, deve ser prato bom, suave, relaxante, facil de digerir, delicado.
O gosto dos detectives literários é variado e lembro-me domuito inglês inspector chefe oxford só gostar de breakfast, fosse manhã, tarde ou noite. O do filme de hitchkok frenzy. A mulher bem experimentava elaborados pratos da cozinha francesa que ele comia com grande dificuldade chegando a voltar a pôr na travessa o que lhe tinham servido no prato, quando a mulher se ausentava da mesa para ir à cozinha.
Pepe carvalho é grande cozinheiro amador e prepara pratos e petiscos da cozinha espanhola e barcelonesa dando-nos a receita.
Doutros, só quase sabemos o que bebem, marlowe bebe litros de café forte, estimulante pra trabalhar.
Estou convencido que a blanquette de veau se deve acompanhar bem com o espumante doc blanquette de limoux, isto é ideia minha, nunca experimentei, aliás parece me que nunca comi BdV; a BdL sim, bebi, vinho apetitoso, só tenho pena de não o conseguir encontrar em portugal.
Em 1982 ou algo assim, vi simenon ser entrevistado no programa apostrophes, entretanto entrou na pleiade!! O que li dele foram 1 ou 2 livros há muitos anos, não me lembrava sequer dos gostos de comida do comissário que gostava de passar pelo bistrot e tomar uma cervejinha (ou seria vinho ?) e conversar com a patroa.
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