Um amigo português, inteligentemente sensível às coisas da vida, perguntava-me, há dias, numa rua de Paris, "o que era feito" daquela diferença de cheiros que, por muitos anos, nos identificava cada grande cidade europeia e lhe atribuía uma certa especificidade. Nesse momento, dei-me conta que já havia esquecido essa forte e impressiva realidade, que marcou bem quem viajava pelo continente, a partir dos anos 60 do século passado.
Hoje, prevalece por aí uma espécie de "franchising" de odores, feito de um ambiente de "mc'donaldismo" generalizado e do carbono dos motores, apenas compensado pelos aromas "standardizados" da (falsa) desodorização dos lugares públicos e de alguns perfumes sociais mais sofisticados, que ao lado nos passam "ao sol poente" (O'Neill dixit). Até a restauração comum, salvo algumas exceções mais étnicas (o outro lado da imigração), parece exalar para o exterior o mesmo "template" de cheiros, misto de fritos e abafados fumos, numa perspetiva benévola.
Embora presuma que não haja ainda nenhuma "diretiva comunitária sobre aromas públicos" (haverá?), a verdade é que a aproximação dos estilos de vida e de consumo acabou por conduzir a uma quase uniformização neste domínio, a qual, podendo fazer com que possamos ser tentados a nos sentir "em casa", em qualquer parte desta Europa, acaba por diluir, em muito, a graça que sempre terá a nossa inapagável diversidade.
Irei perguntar ao amigo que me suscitou este tema qual era o aroma predominante na Abadia de Westminster, no dia de ontem. Ele que foi o único português com assento por lá.
Irei perguntar ao amigo que me suscitou este tema qual era o aroma predominante na Abadia de Westminster, no dia de ontem. Ele que foi o único português com assento por lá.
13 comentários:
Hoje, há por aí uma espécie de "franchising" de odores, olhe que por aqui nem por isso, há até um certo odor de saudosismo aos tempos em que os portugas cheiravam mal e não usavam desodorizante e só tomavam banho uma ou duas vezes por mês
É que a cidade tem um cheiro velho, velhos urinados e velhotas mal-cheirosas algumas ex-funcionárias com alguns cobres mas completamente fedorentas diz a brasileira que está à espera de enviar umas notas para o Brasil
apesar dos dinheiros dos brasileiros, as caixas tão vazias, os velhadas vieram levantar os certificados de aforro e a maioria levou em dinheiro
há também umas miudas moldavas a mais velha com uns 20 e tal e as restantes dos 12 ou 11 aos 18 ,19
cheiram bem algumas excessivamente perfumadas dão um aroma ligeiramente diferente à casota dos correios são o 250 ao 250 e tantos
eu sou o 278 logo sempre é melhor ficar ali ao pé, pode ser que uma delas deixe cair a senha têm clientes lá fora, um num carro verde com uma pantera no capot,carro de importação de luxo presumo, outros dois num carro mais baratucho tudo pessoal na casa dos 30 a 40 e muitos
uma meia dúzia no total
só 2 carros estão parados presumo que os restantes vão a pé, os velhos têm um cheiro de medo como se aquela maralha estivesse ali para lhes tirar os 500 ou os 1000 e tantos euros que estão levantando
aqueles que levantam mais levam cheque ou fazem transferência bancária
são as senhas C há só uma dúzia delas há espera do 26 ao 38 ou 39
o cheiro azedo de alguns deles leva a bocas amandadas pelo pessoal mais novo desempregado na casa dos 20 e tal que está ali a dar um volteio nas miúdas ou porque está fresquinho
logo o seu feito de um ambiente de "mc'donaldismo" generalizado aqui no burgo só há um e neste lado cheira mais a frango assado e a peixe frito e de anidrido carbónico dos motores deve ser difícil porque é inodoro
e acho que isto aqui inda é Europa
mas se calhar ando enganado...
Pois por cá, a maioria dos odores são respiráveis e agradáveis que bom,
os aromas da eurocidade são de proximidade e de uma espécie de europátria em que se coexiste com respeito pelas pequenas diferenças...
Cheira bem...
Cá em chaves claro.
Isabel seixas
Ainda existem cidades com cheiro, sobretudo na Asia.
Caro Anónimo das 04.08: Só falei da Europa, claro
Por falar em cheiros...
... Cheira-me que o amigo do Sr Embaixador que teve o "privilégio" de assistir ao espectáculo anacrónico-burguês de uma união "quase-nobre", em Westminster não era o CONCIERGE da Rue de La Santé, nº 7...
a velha cá da casa endoidou, virou patriótica:
cá cheira mal
diz a tv
e lê quem lê
qualquer jornal
pois eu não sei porquê
todos proclamam tal
pra afundar portugal
sabê-lo-á você
você digo vossa excelência
porque é que a nossa gente bate
nos interesses do país.
acaba porra quando esta demência?
pla pátria porra juntos ao combate!
"É a hora!" - 'porra' pessoa não diz.
O Senhor Embaixador acredita que não haja, já, uma directiva europeia a uniformizar os cheiros públicos?!
Na...Não é que tinha ficado com a impressão clara que não se podia usar Português vernáculo nem proximidade neste Blogue...
Ou é à luz da maturidade da idade e seus devaneios que é permitido...
Prefiro a versão direitos da idade mental, acho velha malcriada uma desculpa esfarrapada e pretexto para usar um poder inimputável...De gostosa irreverência... Ai cronologia e demência... Sim sim enganem-se e me que eu gosto.
Já agora...
Não é justo
Isabel Seixas
Caro senhor embaixador, nao faço a minima idéia de qual era o aroma predominante ontem na Abadia de Westminster mas tendo em conta as imagens que se seguem :
http://www.youtube.com/watch?v=WVLXgw8XY1g
...o efeito apos inalaçao era "plutôt ROLLING" ! : )))
PS Pergunte ao seu amigo se ele também fez uns flic-flacs depois da cerimonia... : )
No Porto, continua o cheiro a manjerico nas noites de S.João.
Em Lisboa um dos perfumes que se perdeu nas últimas décadas foi o cheiro dos navios,característico do fumo dos paquetes a turbinas, navios que queimavam nafta, como o nosso INFANTE DOM HENRIQUE ou o CRISTOFORO COLOMBO da companhia estatal Itália. Com a desmaritimização nacional e a evolução tecnológica, tudo isso é passado...
Curioso post! Desde pequenina que reconheço as cidades pelos cheiros... Os que mais me ficaram gravados na memoria foram o de Macau e, mais tarde, o do Cairo (excluídos). Lembro o horrível odor dos Wimpy de Londres felizmente já desaparecidos. Guardo o cheiro a mar da minha Lisboa que só tem igual na Bretanha.
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