sexta-feira, abril 15, 2011

"La révolte des blogueurs"

Ontem, o "Le Monde" trazia um artigo curioso (infelizmente não permitindo reprodução), referindo a reclamação de bloguistas, que alimentam certos "sites" mais populares, no sentido de passarem a receber um pagamento regular pelas contribuições escritas que fornecem e com que alimentam esses mesmos suportes informáticos. O tema está a ser muito discutido nos Estados Unidos, onde os bloguistas que se expressam no famoso "Huffington Post" pretendem receber parte dos lucros da recente venda deste "site".

Deixo-os com a tradução do último parágrafo deste longo artigo:

"Atenção! Ter um blogue é um ato de ascetismo. 'É preciso alimentá-lo todos os dias', insiste William Réjault (um bloguista de sucesso). 'É como lavar os dentes antes de ser deitar'. E, um dia, acontece um fenómeno bem conhecido como 'a fadiga do bloguista'. 'Sentimo-nos vazios. Dizemos para nós mesmos: 'Não tenho mais nada a dizer, já não tenho ideias', conta Caroline Franc, que mantém desde 2006 a crónica da sua vida em "Pensées de ronde". "Escrevemos então un post 'Acabou!'. E, depois, recomeça-se, motivado pela comunidade dos leitores. No final de contas, o blogue é uma droga."

Será?

13 comentários:

Pedro disse...

é
é que se não é
parece

Anónimo disse...

Já escrevi sobre isso no meu blogue. De facto,há dias em que não há nada para dizer. Nesses dias, o melhor é ficar calado. Um texto só tem interesse para o leitor se começar por tê-lo para o autor.
É provável que as ideias se repitam. Mas isso também se passa com os grandes escritores. O importante é ter a consciência de que se não está a escrever por obrigação, mas por convicção. E se não há convicção nem motivação, não adianta insistir nem inventar. Mais vale desistir para que uma e outra ressurjam, quando tiver de ser, com toda a energia.
Conselho: nesses dias ler os clássicos, evitar os jornais e folhear as memórias de um daqueles dois ou três raros políticos que admiramos.
Já experimentei a poesia, mas não dá. Onde houver poesia, não há necessidade de blogue...
CP

Mário Machado disse...

Meu blog é uma droga ainda que seja honesto, bem intencionado ... :)

(Não sei se para o chiste será captado pelos que não são familiares com português que se usa no Brasil)

Falando sério agora.

O cursos piscando e a falta total de idéias para fazê-lo se movimentar deve ser a mesma angústia que tinham os que escreviam a mão ou em máquinas de escrever ao encarar a folha em branco.

Uso uma fórmula parecida com a do leitor CP, mas busco por palestras no youtube ou vimeo para oferecer a meus poucos, mas muito queridos leitores algo de qualidade e interessante.

Abs,

Pedro disse...

caro CP
pois discordo
disso
dito
que a poesia
isso
que seja
digo
acho
está
onde esteja
vida
viva

Anónimo disse...

Todos os tempos e contextos têm as suas "drogas"...

Droga?!Medicamento?! no sentido de nutriente,adjuvante de necessidade de bem estar...


"A-Morte-ce-Dor" físico e ou psíquico.

Retroalimentação da amplitude de comunicar... Com propostas idóneas impregnadas de literacia e civismo, de cidadania...

Para mim

Os síndromes de abstinência da blogoterapia não me impedem de funcionar, não me obrigam a aumentar a dose... Apenas me permitiram surgir...Como detentora de opinião. Para mim Fármaco/medicamento/Escola/aprendizagem os benefícios são incalculáveis.

Agora é preciso saber escolher, acho sim senhor que o Sr. devia receber.
Bem mas não inflacione ...Tenho dois filhos a estudar...
Isabel seixas

Helena Sacadura Cabral disse...

De facto acaba por ser. Mas há drogas que tratam e drogas que matam. Penso que os blogues, como os medicamentos, carecem de dosagem adequada ao doente e à patologia.
No meu caso permite-me dizer o que penso. Só por isso, considero que funciona um pouco como o analista que nos ouve 45 minutos precisos.
Aqui não temos que pagar...
Mas se se tornar uma dependência pode ser perigoso. Como todas as dependências!

Teresa disse...

Gostei muito do comentário deste anónimo CP.

Há em Portugal (leio alguns blogues estrangeiros, e em nenhum vejo esta doença) a obsessão com o contador de visitas. O que é preciso é estar sempre a alimentar o blogue. E agendam-se entradas se se está de férias e sem acesso a um computador. Nem que tenham apenas uma imagem e um título parvo.

Por mais que goste do meu blogue (e gosto, está quase com cinco anos, fui-me afeiçoando), basta estar num jantar com amigos para me esquecer de que ele existe. Em férias? O mesmo, o blogue pode esperar.

Uma ressalva importante: os blogues a que me refiro são blogues inteiramente diferentes do enquadramento em causa. Basta consultar esta lista dos blogues portugueses mais lidos:
http://weblog.com.pt/portal/blogometro/?pag=100
Há lá muito bons blogues, há. E há lixo autêntico. O género de entrada que tem apenas uma fotografia de uma praia paradisíaca (caçada na Internet, nunca os pezinhos da autora pisaram aquela areia branca) e o título "Apetecia-me estar aqui". Que é de uma tremenda relevância, sabe-se ,

ASMO LUNDGREN disse...

de certo modo a revolta tem muitas formas

mas a revolta está sempre condenada

os que se destacam são sempre puxados para baixo

temos grandes homens desde que não levantem a cabeça

ASMO LUNDGREN disse...

curiosamente a parte referente aos hábitos versus drogas

foi-se

é capaz de não ser um hábito

e serdes mesmo viciados nisto

ver nisto mais do que uma distração inócua e sem significado ou com alcance muito limitado é uma ilusão

os blogues pelo seu carácter egotistico dificilmente são ou serão veículos de disseminação de ideias ou opiniões

só passam pelo crivo
do ego

se as opiniões forem similares

e nesse caso nada há a "alcançar"

Quod erat demonstrandum

ASMO LUNDGREN disse...

Um político admirável nunca deixa memórias

Cincinato deixou algumas?

todas as memórias políticas ou não estão fadadas ao esquecimento

mesmo que durem um milénio ou dois

a civilização é algo frágil

não resiste aos milénios

a magnetização da informação também é perecível

Helena Sacadura Cabral disse...

Perdi-me a rir com o comentário da Teresa sobre os contadores de leitores.
Durante muito tempo não o tive e, um dia, o meu assistente informático, sem eu saber, mimoseou-me com a dita prenda...
E eu de quando em vez espreito. Por isso me ri de mim, por cusa de si! Na mouche...:))

Teresa disse...

Helena,
Com toda a franqueza, não estou nada a vê-la a agendar posts e a fazer posts parvos só para manter leitores. :)

Pedro Aniceto disse...

É. Das duras

Tarde do dia de Consoada