quinta-feira, abril 28, 2011

Cortiça

A vinha de Montmartre é uma conhecida curiosidade agrícola no centro de Paris, de onde anualmente sai um vinho tinto que já faz parte da história da cidade. Nela foi plantado, no mês de Outubro, um sobreiro alentejano, como que a simbolizar o velho "casamento" entre o vinho e a cortiça.

Esta manhã, o "maire" local, o antigo ministro Daniel Vaillant, e eu próprio descerrámos um placa comemorativa desta implantação, ocasião que serviu para lembrar a importância da França como o mais importante destino comercial das rolhas de cortiça portuguesa.

Correndo embora o risco de desencadear algumas reações adversas por parte dos cultores da rolha de plástico, disse, na minha curta intervenção, que, no fundo, estávamos ali a celebrar o longo "casamento" da cortiça com o vinho, uma vida em comum que não prenuncia qualquer separação, não obstante a tentação recente do vinho por produtos mais novos...

Em tempo: devo declarar, para os efeitos patrimoniais devidos, que fui brindado com uma das 1500 garrafas que, no ano passado, a vinha de Montmarte produziu.

10 comentários:

Rui Franco disse...

Há para aí uns hereges que usam umas coisas a imitar cortiça. Talvez o vinho também seja de imitação, sabe-se lá...

Luis Filipe Gomes disse...

Por aqui há uns bisonhos que produzem vinho mas arrancam sobreiros e rolham as garrafas com plástico. São grandes apreciadores da modernice, mesmo falando em termos artísticos.

patricio branco disse...

bonitas iniciativa e combinação, uma simbólica presença portuguesa em paris, o sobreiro no vignoble de montmartre (associação não usada em portugal, creio que não há vinhas em montados de sobreiros, são arvores potentes que gostam de estar isoladas, mesmo com as da mesma espécie gostam de uma certa distancia). A ver se vejo na internet o sobreirinho. Espero que conviva bem com a bonita vinha.

Há vinhas que são curiosidades: praticamento no centro do funchal existe a vinha blandy's, 1,5 ha de talhões com as 5 ou 6 castas usadas no vinho da madeira. A uva continua a ser vindimada e usada. A propriedade tem mais de um seculo na familia, é atração turistica, com visitas guiadas. Mas o vinho não é produzido separadamente.
Em lisboa havia a vinha do instituto de agronomia, tapada da ajuda, com a uva fazia-se tambem vinho, não sei se ainda assim é.
Há ainda a vinha do aeroporto de Bordéus e deve haver mais curiosidades destas noutros sítios, para não falar dos vinhos de s. marino e do lichtenstein .

patricio branco disse...

bonita fotografia da vinha com a arvore alentejana. Dentro duns anos será adolescente e haverá que tirar-lhe a primeira capa de cortiça. Crescerá então para ser adulto.

Anónimo disse...

"Não obstante a tentação recente do vinho por produtos mais novos..."
In FSC

Eu Já desconfiava...

Isabel Seixas

Anónimo disse...

Estupefacto!
Este Post tem nova imagem!?

Cunha Ribeiro

Cunha Ribeiro disse...

Os nossos amigos turistas alentejanos já têm onde dormir uma sesta em Paris.

Acho pitoresca a ideia do sobreito em Montmartre, mas não seria mais emblemática e respeitável uma estátua ao Emigrante Português em CHARENTON?

Jose Martins disse...

Senhor Embaixador,
Depois de anos e anos seguidos, na embaixada de Banguecoque muito próximo da Corticeira Amorim, em 1997, o sr. Américo, contou-me a história, de quando nos verdes anos, foi metido num comboio, com um saco de amostras de rolhas, para as vender em França.
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Já próximo de tomar o avião no aeroporto de Banguecoque para Lisboa diz-me: “vou mandar-lhe dois volumes “ AMORIM História de Uma Família”.
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Interessante depois de ler o seu “post” aqui mencionar, textos, de uma viagem do sr. Américo: “ Um ano e tal depois, o tio Henrique meteu-o, a ele e aos irmãos, num carro e levou-os por essa Europa fora: Espanha, França, Itália, Suíça, Holanda, Alemanha...., Ver terras, as gentes e visitar clientes. A meio largou-os sozinhos: “Agora, descasquem-se!”
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E num postal ilustrado: para o tio Armando: “Quando você vier fazer esta viagem... vai de boca aberta. Há por cá muitas lascas de bacalhau, entende?
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Isto é apenas informar que a Corticeira Amorim foneceu milhões de rolhas para a indústria vinícola de França.
Saudações de Banguecoque
José Martins

patricio branco disse...

Por sua vez, a rolha de cortiça artificial já está a ser substituida por capsulas metalicas de desenroscar. Pessoalmente, não me preocupa ver utilizar novas formas de fechar as garrafas de vinho, a não ser em vinhos especificos, como porto, champagne, reservas especiais, onde a cortiça deve continuar.

Há o aspecto comercial para portugal, claro, vender menos cortiça para rolhas. Mas a cortiça tem 1001 aplicações industriais, praticas e até artisticas e compete-nos a nós, principal produtor, investigar sobre os usos da cortiça e promover o produto, alem de aumentarmos o consumo interno para todos os fins possiveis.
A propósito, embora tenhamos muita cortiça, não somos muito escrupulosos na selecção da cortiça usada para fabricar rolhas de garrafas de vinho, em cada 10 garrafas 1 terá a rolha perfeita e as outras desde sofriveis, aceitaveis a más.

patricio branco disse...

le journal du vin.com publicou uma noticia em 5 de maio sobre a plantação dum sobreiro em montmartre ("Le Bouchon de liège en campagne à Paris...")
seguramente o sobreiro português alentejano. Infelizmente, a nacionalidade da arvore não é revelada, nem a participação do embaixador de portugal

http://www.lejournalduvin.com/2011/05/le-bouchon-de-liege-en-campagne-a-paris/

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