1. Portugal está a viver uma das mais sérias crises da sua  história recente. Essa crise tem uma dimensão financeira e económica,  que se reflete no défice orçamental, no desequilíbrio externo, no  elevado grau de endividamento público e privado e nos baixos índices de  competitividade e crescimento da economia, com grave impacto no  desemprego, em especial nas gerações mais novas; mas tem igualmente uma  dimensão política e social grave, que se exprime numa crescente  dificuldade no funcionamento do Estado e do sistema de representação  política e em preocupantes sinais de enfraquecimento da coesão da  sociedade e das suas expectativas. 
2. A crise financeira e económica mundial que se iniciou  em 2007,com origem nos Estados Unidos, gerou em 2009 a maior recessão  global dos últimos 80 anos e transformou-se, mais tarde, na chamada  crise da dívida soberana, que abriu no seio da União Europeia um  importante processo de ajustamento político e institucional, afetando de  modo especialmente negativo alguns dos Estados membros mais  vulneráveis, entre os quais, agora, Portugal.
3. Nesta situação de grande dificuldade, em que  persistentes problemas internos foram seriamente agravados por uma  conjuntura internacional excecionalmente crítica, os signatários  sentem-se no dever de exprimir a sua opinião sobre algumas das condições  que consideram indispensáveis para ultrapassar a crise, num momento em  que a dificuldade de diálogo entre os dirigentes políticos nacionais e a  crescente crispação do debate público, nas vésperas de uma campanha  eleitoral, ameaçam minar perigosamente a definição de soluções  consistentes para os problemas nacionais. 
4. Essas condições envolvem dois compromissos fundamentais:
a) em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente  da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a  capacidade de execução de um plano de ação imediato, que permita  assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia,  evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral que deve  contribuir para uma escolha serena, livre e informada; este compromisso  imediato deve permitir que o Governo possa assumir plenamente as suas  responsabilidades para assegurar o bem público e assumir inadiáveis  compromissos externos em nome do Estado. 
b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais  partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de  assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria  inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para  responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de  negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa  perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o  processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para  os próximos três anos prevista na última versão do Programa de  Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo,  sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a  adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a  governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a  melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do  investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social  e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde. 
5. As próximas eleições gerais exigem um clima de  tranquilidade e um nível de informação objetiva sobre a realidade  nacional que não estão neste momento asseguradas. A afirmação destes  compromissos, a partir de um esforço conjunto dos principais  responsáveis políticos, ajudará seguramente a construir uma solução  governativa estável, que constitui a primeira premissa para que os  Portugueses possam encontrar uma razão de ser nos sacrifícios presentes e  encarar com esperança o próximo futuro. 
* Documento subscrito por um conjunto de cidadãos, oriundos de áreas muito diversas da opinião, publicado ontem pelo jornal "Expresso" 
6 comentários:
Salvo o devido respeito, não tem ponta por onde se pegue. Basta olhar para as historias pessoais e politicas recentes dos subscritores
Mais, para mim estas coisas de compromissos (e unidades) nacionais cheiram-me sempre a discurso reciclado do antigamente
Finalmente, politicamente (e moralmente), Cavaco Silva não tem condições para ser polo agregador de coisa nenhuma
Também li ontem no "Expresso".
Acredito que se houver "Um compromisso nacional", podemos iniciar uma nova fase da História de Portugal sem cometer sucessivamente os mesmos erros.
Isabel BP
Senhor Embaixador,
Senhor Embaixador,
De compromissos está o inferno cheio!
Os que se comprometeram o que irão fazer?
Há lá gente com nódoas que lhe sujaram a roupagem.
Me parece que é uma forma de sacudir a água do capote e atirar, aos portugueses, com areia para os olhos.
Saudações de Banguecoque
José Martins
Haja consenso e coragem!!!
Subscrevo o comentário da Isabel BP. O essencial esta dito. Concordo com ECD no que respeita ao PR.
Bem haja, Senhor Embaixador!
Se Raul Solnado fosse vivo, a sua irmã Jorgina diria: "pois"!
Aguardemos, pois...
Sr. Embaixador, "estive a observar as estrelas" e o que encontrei escrito foi um próximo governo PS-CDS/PP a tudo fazer para assegurar que Portugal e os Portugueses conseguem engolir todos os sapos vivos que tem para engolir nos próximos 3 anos, findo o qual se demite e voltamos ao chorrilho de asneiras com que diariamente temos sido brifados.
APETECE-ME VOLTAR A TER SAUDADES DE PORTUGAL!!
Eduardo Antunes
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