Estávamos nos anos 80, em Luanda.
Eu e um colega da embaixada tivemos de nos deslocar a um departamento oficial angolano, protegido por uma barreira de segurança. À entrada, com ar displicente, estava sentado um soldado, com a kalashnikov ao lado. O meu colega saudou-o da forma que era rotineira no tratamento local: "Boa tarde, camarada!".
O homem não respondeu, o que levou o meu amigo a lançar, para o "animar", num tom demasiado provocatório para o meu gosto, o moto do MPLA: "A luta continua, a vitória é certa!".
Aí, sem sorrir, a sentinela lá disse: "É... pode ser".
8 comentários:
Com uma kalashnikov por perto, diria antes que é um amigo muito afoito!:)
Isabel BP
e daí pode ser que seja
a vitória pode não ser certa
mas sempre podemos ter confiança na derrota
felizmente somos optimistas
a morte é certa mas com um pouco de sorte vamos para o céu
infelizmente no céu português as virgens e o sexo andam tão escassas
como a confiança dos banqueiros
com fiança....
sem fiança era a regra
sinal dos tempos
Bela metáfora, hoje
Entre nós é mais de fiança e de finança que precisamos, porque a confiança, essa, vende-se a granel!
Caro Sr. Embaixador,
Admitindo estar errado, creio que esse lema pretencia originalmente não ao MPLA, mas à Frelimo.
Cumprimentos,
Miguel Lino Ferreira
Caro Miguel Lino Ferreira: pode ser que fosse. Mas, em 1976, havia em Angola uma canção com este verso: -
"Dia 11 de novembro -, vamos preparar já a festa nacional da independência.
Vamos limpar as ruas, limpar as paredes dos nossos quimbos, das nossas aldeias, das nossas vilas e cidades.
Vamos arrumar a nossa casa, vamos limpar a nossa terra.
Povo Angolano, O trabalho é nosso, a luta continua, a vitória é certa!"
Caro Miguel Lino Ferreira: aqui vai o extrato de um texto da imprensa angolana:
"A OMA elogiou o empenho do Presidente da República em prol das comemorações dos 54 anos do MPLA a assinalarem-se a 10 deste mês sob o lema "Paz, trabalho e liberdade, a luta continua a vitória é certa".
A palavra de ordem foi originalmente adoptada pela FRELIMO mas tornou-se tão popular em África que até o ANC sul-africano a usou.
Também o MPLA utilizou a frase e agora, por alguma interessante justiça poética, faz parte do arsenal de slogans do movimento inorgânico de oposição ao governo de Luanda.
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