quinta-feira, março 07, 2024

Discutir a Europa

 


Céus!


Chove que deus a dá! Aquilo lá em cima troveja de tal maneira que quase parece estar em período eleitoral! 

No império dos sentados


Tancredi, príncipe de Falconieri, dizia no "Il Gattopardo": "Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude". No "Procópio", parece ser assim.

quarta-feira, março 06, 2024

Trump vs. Biden. Ponto

Ver aqui.

Segurança global

 


APV


Há uns anos, o António Pedro de Vasconcelos realizou o filme "Parque Mayer". Convidou-me duas vezes para exibições particulares do filme mas, por coisas da vida, nunca pude ir. Telefonou-me, zangado. O APV tinha uma forma muito amigável de se zangar. Tempos depois, o filme passou na televisão. No final, ao ler a ficha técnica, vi que ele próprio tinha participado. Surgia, segundo essa ficha, a representar o papel de "ministro". Voltei atrás, revi as imagens e procurei um ministro no filme. Nada. Eram 11 horas da noite. Telefonei-lhe: "Olha lá! Onde é que entra o "ministro", que tu supostamente representas?". O APV deu uma gargalhada, lá do outro lado do nosso bairro: "Vai ver melhor. Há uma cena em que há um tipo de chapéu a sair de uma 'casa de meninas'. Não se percebe mesmo que era um ministro, discreto, depois de uma noitada?"

Acabo de saber que o APV morreu. Da última vez que falámos foi sobre uma outra morte, a de um seu filho, que o deixou de rastos. Antes, tenho dele um email, outra vez furioso, ao ter sido alertado de que eu seguia o Acordo Ortográfico. E, algures por esse tempo, vi-o remobilizado contra a ideia de reprivatização da TAP. O António-Pedro era um homem de causas, intenso, empenhado, com um sentido cívico muito apurado. Ele foi a cara, além disso, de um certo e quase único cinema português, contemporâneo sem ser chato, que gostava de ter público sem necessitar de fazer concessões. Nunca fomos muito próximos, para além de sermos quase vizinhos, mas tínhamos uma excelente e sempre divertida relação, que se reforçava nos reencontros. Guardo gratas recordações do APV, delas destacando uma noitada de discussão em Paris, com o Kiko Castro Neves, e duas jantaradas no Nobre, com gente bem diversa, em conversas animadas. O António-Pedro de Vasconcelos que conheci era um homem grande e era um grande homem. Sinto bastante a sua morte. O meu pesar à família.

terça-feira, março 05, 2024

Coisas com graça



"Ó Evaristo! Tens cá disto?" Para a minha geração, esta frase provocava um sorriso automático: era a célebre provocação feita por Vasco Santana a António Silva, no "Pátio das Cantigas". Se hoje a repetirmos a alguém das novas gerações, essa pessoa ficará a olhar para nós com grande e natural perplexidade. 

O humor viaja mal pelo tempo: os mais jovens ainda recordarão o efeito humorístico extraordinário do "Eu é mais bolos!", dito pelo Herman José? 

Lembrei-me disto hoje, à chegada a um hotel, em Évora. Acabava de fazer o "check-in" e dei comigo a pensar em perguntar ao empregado: ainda há escafandristas em Évora? Não perguntei. O rapaz iria ficar espantado. Aliás, quantos cidadãos desta belíssima terra se recordarão do "sketch" de Raul Solnado, na História da Minha Vida", em que ele contava que, quando nasceu, ele e a mãe escreveram uma carta ao pai, "que trabalhava como escafandrista em Évora e já não vinha a casa há dois anos"? Nesta fase da historieta, a assistência absorvia a graça e desatava às gargalhadas. E o Solnado completava: "Mas a minha mãe foi a Évora". E, perante as novas gargalhadas, dizia: "Estão desculpados!".

E, por falar em Évora, e por falar em graça, quero dizer-lhes que teve imensa graça ir ontem jantar ao "Luar de Janeiro", um clássico com mais de meio século, agora com novas instalações (só conhecia as antigas). Fica esta nota bem positiva sobre uma casa situada na cidade portuguesa que, depois de Lisboa e Porto, concentra o melhor conjunto de restaurantes. Desafio que provem o contrário!

segunda-feira, março 04, 2024

Alentejo


É pena a água da piscina estar tão fria. Se assim não fosse, seria um final de tarde espetacular. Em alternativa, sai um gin tónico.

domingo, março 03, 2024

Pode ser Vidago...


Esta não vai ser uma boa noite para ir comprar Água das Pedras às "bombas" da A1... 

Confissão de um sportinguista atípico

Ao ver a abada do Porto ao Benfica é que eu concluo que sou um sportinguista atípico. Uma derrota copiosa do Benfica não me "excita" por aí além. Não sou anti-benfiquista nem anti-portista nem anti-Cascalheira! Isso seria dar-lhes demasiada importância. Eu sou é pelo Sporting! 

"Pairing"

No parlamento britânico, havia (não sei se ainda há) uma prática segundo a qual dois deputados - um do lado do governo, outro da oposição - combinavam ausentar-se simultaneamente em determinadas votações. A sua dupla ausência não afetava o equilíbrio final do voto. Ambos podiam assim regressar mais cedo às suas "constituencies", às vezes adiantando o termo da semana parlamentar. Tinham naturalmente de ser pessoas de bem, rigorosamente cumpridoras da sua palavra. Alguns membros da "House of Commons" tinham esses duetos combinados, durante anos. Não é, contudo, de surpreender que esta fosse uma prática fortemente desaconselhada pelas direções partidárias, que deveria irritar os "whips", os controladores partidários dos votos.

Lembrei-me disto hoje, ao chegar ao local do voto antecipado em Lisboa. Na escadaria do edifício da Faculdade de Direito, deparámo-nos com um casal de pessoas muito amigas, que já tinha votado, num sentido que sabíamos inequívoco, em absoluto contrastante com o nosso. E eles também sabiam bem qual iria ser o sentido do nosso voto. Aliás, nem se falou de política. Mas não, não vou ousar, no futuro, propor-lhes um "pairing" eleitoral.

A notar

O país anotará a expressão da rejeição, por parte de todas forças políticas, face ao ato praticado por um energúmeno, em Guimarães, contra a caravana do PS. E, naturalmente, não espera menos do que aquilo que foi dito aquando do episódio da tinta na cabeça de Luís Montenegro. 

Leão perplexo


Já percebi que estamos a jogar bem. Já me dei conta de que, para os meus consócios, este ano é que é! Tudo isso é muito bonito, mas continuo a não sentir uma forte confiança e uma autoridade indiscutível em campo por parte no (meu) Sporting. É, sou assim, que há-de fazer-se?

O meu obrigado


Hoje, após ter votado por antecipação, disse aos membros da mesa de voto: "Muito obrigado pelo vosso trabalho". Recebi de volta sorrisos de agrado. O meu gesto foi muito sincero. A democracia deve àquelas pessoas um reconhecimento pela sua desinteressada dedicação cívica. 

Hora de reflexão...


... no "Clube dos Jornalistas", antes do voto antecipado

A errática agenda internacional de Lula


Ver aqui.

sexta-feira, março 01, 2024

 


Assim, é difícil...

Alguém quer tramar Luís Montenegro: primeiro trouxeram Cavaco, depois veio Passos, agora chega Barroso. Coitado do homem! Ele bem tenta dar a ideia de que quer um tempo novo, mas assim é difícil!

A grande sondagem

Com o aproximar do dia das eleições, como é de regra, os dois principais partidos vão chegar em "empate técnico" nas sondagens, que caberá aos eleitores desfazer. Há, contudo, uma área onde isso não acontece: nos comentadores televisivos. Aí há "maioria absoluta" para a direita. 

As estrelas


"Então não dizes nada sobre as estrelas Michelin que foram atribuídas a restaurantes em Portugal?" O telefonema apanhou-me na noite de ontem, no regresso de um comentário televisivo sobre a guerra. Era um amigo, habituado a ver por aqui notas sobre experiências restaurativas, que estranhou que eu ignorasse a cerimónia que teve lugar no Algarve, na qual o famoso Guia Michelin, agora com uma edição dedicada exclusivamente a Portugal, atribuiu "estrelas" a restaurantes portugueses.

Não soube bem o que dizer-lhe. Apenas sabia o que tinha lido e as informações de amigos que haviam estado naquela festa, para a qual eu, simpaticamente, também tinha sido convidado, mas a que a vida não permitiu que estivesse presente.

Do que ouvi, terá havido alguma frustração pelo facto de, uma vez mais, a nenhum restaurante português terem sido atribuídas as "três estrelas", consagração de entrada no olimpo internacional da gastronomia. Quem sabe destas coisas diz-me que há restaurantes portugueses já dignos dessa classificação.

Houve entretanto novas entradas, várias justas confirmações e muito escassas saídas - das listas das "duas estrelas" e de "uma estrela". E o guia terá anotado e passado a recomendar algumas novas mesas portuguesas, fora do mundo das "estrelas".

Qual é a minha opinião sobre tudo isto?

Com a maior sinceridade, acho excelente que o Guia esteja a reconhecer o extraordinário trabalho dos profissionais portugueses, que têm feito um esforço para captar, com a sua oferta gastronómica de excelência, um turismo de maior qualidade. Portugal está já nas rotas da grande restauração e isso é uma excelente notícia.

Não me peçam, contudo, para opiniar sobre as escolhas feitas pelo Guia, sobre a justiça ou injustiça relativa da seleção feita pelos seus inspetores. Infelizmente, desconheço muitos dos restaurantes "estrelados", embora tenha informações sobre muitos deles, aliás quase sempre muito positivas, como positivas foram, em geral, as minhas experiências naqueles que tive o ensejo de experimentar. 

Contudo, confesso, o preço praticado na maioria dessas casas - por razões que são facilmente compreensíveis, ligadas à qualidade excecional dos produtos, ao grande investimento feito, aos salários praticados, ao serviço qualificado e a outros componentes que têm de se refletir no saldo final da conta - continuam a limitar a regularidade das minhas visitas. Ora, em matérias de restaurantes, eu só me pronuncio sobre aquilo de que tenho experiência pessoal direta. E, na realidade, o mundo da alta cozinha, do "fine dining", não faz parte do meu dia a dia, e só muito raramente das minhas noites.

quinta-feira, fevereiro 29, 2024

Lembrar

Sabiam que, no velho Estado Novo, quem tivesse sido condenado por crimes políticos podia não ser solto no final da pena? A polícia podia recomendar "medidas de segurança", atenta a perigosidade do preso, sem limite de renovação. Qual era a diferença disto face a prisão perpétua?

Os das perceções

A "perceção de insegurança" é um instrumento populista que equivale a essa falcatrua regularmente explorada por demagogos que é a "perceção de corrupção". A única medida justa, num como no outro caso, são as estatísticas das condenações. Mas isso não dá jeito nem títulos!

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

Olha a NATO!


A sério! Por uns instantes, achei que estava a ver mal. Mas não estava. Naquela esquina que sai do largo do Rato para a rua de S. Bento, a meio da tarde de hoje, um fulano, a quem não vi a cara nem reparei se ia em grupo, empunhava uma imensa bandeira da NATO! Eu ia a conduzir e o precário verde na estreita faixa que nos leva às Amoreiras logo se abriu, pelo que não consegui ver mais. A pessoa que ia ao meu lado mostrou-se algo cética: "Tens a certeza que era uma bandeira da NATO?". Tenho visto muitas coisas bizarras pelas ruas de Lisboa, mas uma bandeira da NATO drapejando (creio ser a primeira vez que, na vida, tenho oportunidade de utilizar esta palavra) ao vento é mesmo uma "première".

O coração racista da Europa


André Carvalho Ramos é um nome e uma cara conhecida da CNN Portugal e da TVI. Com equilíbrio, rigor e grande profissionalismo, conduz horas de emissões informativas e titula reportagens em zonas do mundo onde acontecem as notícias. No estúdio da CNN P, ao longo de mais de dois anos, tenho "contracenado" com ele em diálogos sobre variados temas da atualidade internacional.

"A Última Fronteira" é um livro acabado de publicar por André Carvalho Ramos, constituído por histórias que recolheu no terreno das suas reportagens e viagens, ao longo dos últimos oito anos. 

É um livro sobre refugiados e migrantes que nos revela que a Europa reserva, a quem a procura em busca de soluções de vida, uma atenção diferenciada em função da origem étnica dessas mesmas pessoas. Este livro é um manifesto escandalizado perante aquilo que é uma verdadeira discriminação. Para simplificar, depois de ler este livro, arrisco poder afirmar: a Europa pratica um objetivo racismo nas suas políticas de acolhimento. É importante que isto se saiba. André Carvalho Ramos fez bem em denunciá-lo.

Escapa-me o nome...

Há uma figura proeminente dentre os candidatos a estas eleições que, de cada vez que a sua cara aparece numa imagem, provoca em mim a lembrança de que, um destes dias, tenho de mudar de carro. 

Na baixa

A facilitação das baixas médicas, por declaração do próprio, é uma medida demagógica e infeliz. Vejam-se os números. Nos empregos, quem ficar a fazer o trabalho dos que usam fraudulentamente a medida deve sentir-se injustiçado e, no limite, será tentado a fazer o mesmo.

Ah! Pois é!

Como sportinguista, aguardo com ansiedade uma reação do meu clube, que denuncie a torpe e subliminar insinuação subjacente ao uso de tinta verde na agressão a um político. Pergunto-me se, afinal, por detrás daquela lata de tinta, não poderão estar outras cores. Investigue-se!

O trapézio voador

Daqui até dia 10 de março ainda é uma eternidade. Todos os dias surge um evento disruptor: são os "ratés" feitos tiros contra o Chega, é Passos Coelho sobre a imigração, é o renascer da proibição do aborto, é a tinta sobre Montenegro. Amanhã o que será? Há mais circo do que pão.

La France !

Macron "fez peito" e disse que não é de excluir o envio de tropas para a Ucrânia. Dado que a França, com todo o seu poderio, é apenas o 8° ou 9° dador militar bilateral à Ucrânia, talvez fosse de começar por enviar material antes de pensar mandar tropas.

A casca da banana

Na política da Madeira, já chegámos à Madeira.

Ativista

"Ativista" é o novo nome para qualificar um delinquente cuja ação, delituosa ou criminosa, isto é, sempre cometida à margem da lei, tem uma natureza pública que vai com o "ar do tempo". Ah! E, às vezes, até conhecemos pais!

As novas chapadas

Uma leve Marinha Grande dá sempre jeito numa campanha eleitoral.

Hélder


Hélder Macedo é uma grande figura da cultura portuguesa. Fixou-se em Londres há seis décadas e aí construiu uma notável carreira académica, base para a obra literária de vulto que ali também desenvolveu.

O escritor reuniu agora em livro, numa bela edição da Caminho, um conjunto de crónicas que, ao longo de anos, publicou no JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias. "Pretextos" chama-se o livro.

Congregados pela professora Margarida Calafate Ribeiro, um grupo de amigos e fiéis leitores de Hélder Macedo, nos quais me incluo, esteve ontem no Palácio Galveias a testemunhar o lançamento desta obra. E, no meu caso, tal como no de três outros amigos do Hélder, a ler para a audiência extratos destas suas crónicas.

Pazes

O Bartoon de hoje, no Público, interroga-se, com razão, sobre se a presença de Passos Coelho no comício do PSD (AD é um pseudónimo) será a melhor maneira de Montenegro poder ter êxito no seu objetivo de "fazer as pazes" com os pensionistas. 

terça-feira, fevereiro 27, 2024

Macron va-t-en guerre!


Se estiver interessado, pode ver aqui a minha opinião sobre aquilo que Emmanuel Macron disse sobre a necessidade de não excluir um eventual envolvimento de tropas europeias no conflito na Ucrânia.

segunda-feira, fevereiro 26, 2024

Mistério

Há para mim um mistério na campanha do PS: por que não recorda as mais marcantes intervenções do então líder parlamentar do PSD, ao tempo do governo de coligação PSD / CDS / Troika, quando defendia algumas das mais agressivas medidas dessa famigerada governação? Só para lembrar!

Passos

É de presumir que o surgimento de Passos Coelho na campanha haja sido o resultado de uma decisão de custo/benefício: entre fazer renascer a figura que personalizou a austeridade e recuperar o líder sebastiânico da direita, o PSD achou que podia arriscar. Logo veremos se fez bem.

domingo, fevereiro 25, 2024

sexta-feira, fevereiro 23, 2024

A minha sorte


Gosto muito de capicuas. Dizem que as capicuas dão sorte. Ontem, tive a sorte de um amigo me oferecer uma nota de "vinte", com um número que é uma capicua. A anteceder um almoço geracional de alheiras, no Clube Militar Naval, com um grupo de "implicados no 25 de Abril", o Zé Melo trouxe-me um exemplar do livro que lancei há menos de três meses, para eu fazer uma dedicatória. No final, disse-me para ir ao fim do livro: tinha lá uma coisa para mim. Era a tal nota de "vinte". Ele sabia que eu gostava de capicuas. As capicuas dão mesmo sorte? Sei lá! Eu sei é que tenho a sorte de ter amigos como o Zé Melo. Essa é que é a minha sorte!

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Segurança


Teve hoje lugar no Grémio Literário, o lançamento do novo livro de Nelson Lourenço, "Sociedade Global e Segurança - Modernidade, Complexidade e Incerteza".

Coube-me fazer uma apresentação do livro, com um texto que pode ser lido aqui.

Ele há cada coisa!


Aprendi hoje que o "The New York Times", quando surgiu, em 1851, tinha um ponto final no título. 71 anos depois, foi decidido eliminar o ponto. E, pelas contas do jornal, pouparam com isso, a partir de então, cerca de US$ 5.500 dólares anuais em tinta. 

O que é que isto interessa? Nada, mas a vida é feita de pequenos nadas, como diria o Sérgio Godinho.

(Quando escrevi inicialmente este texto, tinha colocado 1871 em lugar do ano certo, que é 1851. Cheguei a ter a tentação de manter o erro, para permitir que viessem logo a jogo os cultores da picuinhice nas redes sociais, também conhecidos pelos "catrogas", sei lá bem porquê).

terça-feira, fevereiro 20, 2024

Gaza, a América e o resto


Ouvir aqui.

"A Arte da Guerra"


Entrou agora no seu quarto ano de emissão o "podcast" com imagem que, no "site" do "Jornal Económico", o jornalista António Freitas de Sousa e eu fazemos semanalmente, com a duração cerca de 30 minutos. 

O programa, que já vai no seu número 150, é dedicado a três temas da atualidade internacional e divide-se em outros tantos blocos, de cerca de 10 minutos cada. O António Freitas de Sousa, que está no Porto, coloca questões a que eu respondo, quase sempre de Lisboa. Temos sempre tido um ótimo "feedback", por parte de ouvintes atentos e fiéis ao que comentamos.

Nas últimas semanas, tinha optado por não divulgar nas redes sociais o "link" para o acesso ao programa. Recebi várias queixas... Assim, "back to square one"!

A senhora dona

Que diabo de mania deu na imprensa económica para estar sempre a falar da "dona da" quando querem referir-se a uma empresa que é detentora maioritária de outra! Vou sempre ao engano: acho que se trata de uma senhora rica...

Segurança

Nelson Lourenço é professor catedrático e especialista em temas de segurança. Desde há anos que com ele colaboro no GRES - Grupo de Reflexão Estratégica sobre Segurança, estrutura de que foi a "alma mater" e que, entre várias outras atividades, deu origem, em 2018, a um livro coletivo em que tive o gosto de participar.

Nesta quarta-feira, dia 21, no Grémio Literário, vou ter o prazer de intervir na apresentação da sua última obra, "Sociedade Global e Segurança - Modernidade, Complexidade e Incerteza".

No dia 11 de março

Não vi o confronto televisivo na noite de ontem. Acabei assim por não assistir a nenhum debate eleitoral. Leio que Pedro Nuno Santos bateu claramente Montenegro. Espero bem que isso tenha as devidas consequências. Quero acordar bem disposto no dia 11 de março.

segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Holocausto

O Holocausto, nome por que passou a ser designado o genocídio praticado há cerca de 80 anos por um governo de extrema-direita alemã, que vitimou milhões de judeus alemães e de países ocupados, foi um crime praticado pela Alemanha e por alemães. A comunidade internacional, que solidariamente tem partilhado emocionalmente, ao longo de décadas, um persistente sentimento de horror por aquela barbárie, não pode, contudo, partilhar a menor responsabilidade por aquele massacre. Repito: o Holocausto foi e continua a ser exclusivamente um problema da memória alemã. Qualquer tentativa para fazer esquecer isto é uma falsificação da História. Quando se fala de Israel, não podemos de deixar de ter isto sempre presente.

Curiosidade

Depois da declaração inequívoca do governo de Israel, recusando liminarmente a solução dos dois Estados, estou curioso em perceber se a União Europeia, como um todo e por parte de cada país, mantem a sua determinação, sem mas nem meio mas, na obtençâo desse objetivo.

domingo, fevereiro 18, 2024

Baixa


Em 1912, Afonso Costa, na Baixa, não passava uma tarde sem dar uma saltada ao Kungfu Ramen. 

Música neles



Os debates

O que é que pode ser considerada uma vitória num debate televisivo eleitoral? Dado o objetivo do exercício, parece-me óbvio que, de entre os dois políticos, sai vitorioso aquele que, com a sua prestação, possa ter grangeado mais apoios do que os que tinha no início do debate. 

"Portugal e o futuro"


No dia 15 de fevereiro de 2024, apresentei no El Corte Inglés o livro "O general que começou o 25 de Abril dois meses antes dos capitães", de João Céu e Silva. 

Quem quiser ler o texto dessa apresentação pode fazê-lo aqui.

sábado, fevereiro 17, 2024

O grande teste

Um teste caricatural, mas que nunca falha, sobre se um determinado regime é democrático, é quem quer que seja ter o direito a se manifestar pacificamente, a propósito do que muito bem lhe apetecer, dizendo ou berrando tudo o que quiser, em frente à sede do poder político do país, sem correr o menor risco de ser preso ou incomodado.

Em Moscovo, pode-se?

Sá Nogueira (1961)



sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Votar Chega

Quem for votar Chega sabe que irá votar num partido de extrema-direita. E, diga-se desde já, está no seu pleno direito. Votar na extrema-direita - mesmo que racista, xenófoba e demagogicamente populista, como é o Chega - é um direito que assiste aos cidadãos que fazem parte integrante da democracia em que vivemos. Algumas das pessoas que vão votar Chega não se consideram a si próprias de extrema-direita. Mas essas pessoas não podem querer fazer passar os outros por parvos: elas sabem muito bem que irão votar num partido de extrema-direita. Ponto.

Rússia

Putin é responsável pela morte de Navalny, mesmo que possa não ter ordenado a sua liquidação. A pena absurda que cumpria, pela tentativa de um mero exercício de direitos democráticos, conduziu-o a condições excecionais de prisão, lugar em que estas coisas se tornam possíveis.

É uma ilusão (ocidental) pensar que a morte de Navalny vai reforçar a oposição interna a Putin. Navalny era contra a invasão da Ucrânia, o que o colocava em conflito com uma opinião pública onde a guerra é (ainda) bastante popular, porque Putin a "vende" como existencial.

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

É o dizes...

Não vejo debates televisivos, mas gostava imenso de ler por aqui pessoas cuja "lateralização" ideológica é conhecida surpreenderem-nos, assumindo que o seu candidato esteve mal e que, embora isso não lhes tivesse agradado, o adversário esteve melhor. Alguém? 

Ter um "flair"

Foi há cerca de 15 anos, em Paris. 

Uma colaboradora minha disse-me ter sido aproximada por um jovem francês, de origem portuguesa, que lhe vinha sugerir que a nossa embaixada pudesse dar o apoio institucional a uma estrutura ainda a ser criada, destinada a promover iniciativas luso-francesas em diversos domínios. Já não recordo pormenores do projeto, que, à partida, oferecia perspetivas interessantes. 

Acompanhado da minha colaboradora, tive um almoço com esse jovem, creio que na casa dos 30 anos. Era de terceira geração e, ao que recordo, já não falava português. Estava profundamente ligado ao então RPR, o partido de Nicolas Sarkozy. Era inteligente e muito bem falante. Transpirava ambição. Ao longo da conversa, que decorreu num ambiente simpático, ia deixando "cair" nomes de personalidades francesas importantes, de quem se dizia íntimo, manifestamente para se credibilizar. 

A certo passo, aproveitando aquele momento que os franceses designam por "entre la poire et le fromage", perguntei-lhe o que me parecia essencial: como pretendia financiar a ideia. Pareceu-me ter ficado surpreendido: estava à espera de que essa fosse a nossa "parte" na concretização do seu projeto. E foi claro: contava com apoios oficiais portugueses e com a nossa influência junto de empresas, portuguesas ou luso-francesas, para levantar os fundos necessários ao seu projeto. Ele faria "o resto". Perguntei-lhe se, pela parte dele, e dados os elevados conhecimentos que tinha, também tencionava procurar mobilizar financiamentos, nomeadamente oficiais. Deixou claro que não tinha minimamente essa intenção. Concluí que, na sua família de ascendência portuguesa, nunca ninguém lhe tinha contado a história da "sopa da pedra". 

Fiquei com um mau pressentimento daquela conversa. O meu "flair" dizia-me para não ir por ali. E não fui. O assunto não andou para a frente. 

Passaram dois anos. Vi o nome do jovem luso-descendente envolvido num famoso escândalo de faturas falsas, ligado a campanhas políticas, que tinha como principal acusado o próprio presidente Nicolas Sarkozy. 

Hoje, saiu a sentença, ainda sujeita a recurso: Sarkozy é condenado a prisão efetiva e o nosso (então) jovem a 18 meses de pena suspensa. 

Lembrei-me daquele almoço na bela esplanada do "La Gare", em Paris. Restaurante que, ao que me dizem, já não tem esse nome. Tudo muda, não é?

"Perfilados de medo..."

Se a coragem fosse uma qualidade dos portugueses, o escândalo que se passa em certas áreas da justiça já teria levado a uma mais do que legítima pressão democrática para que quem tem responsabilidades constitucionais adotasse, de uma vez por todas, uma atitude firme. Mas não é.

Ato de convicção

 


Tentar, tentei

Fiz um esforço: tentar ver, pelo menos, um debate. Achei que o Mortágua-Ventura podia ser interessante. Aguentei quatro minutos. Passei ao Mezzo. 

segunda-feira, fevereiro 12, 2024

Os 25

Estão a aquecer os motores para a operação de diabolização do 25 de Abril que, quem detesta a data, vai desencadear, nos meses que aí vêm. O 25 de Novembro é, naturalmente, a "bala de prata" da operação, mas o 11 de Março, as FP-25 e as "maldades" do PREC estarão também no palco.

Formas

Não sei se Pedro Nuno Ssntos se apercebeu já da importância de estar a ser tratado, na comunicação e redes sociais, com subliminar familiaridade, por "Pedro Nuno". Se não se apercebeu da importância disso, pergunte ao Alberto João.

sábado, fevereiro 10, 2024

Rui Vilar


Comprei esta tarde, e acabei há pouco de ler, as "Memórias de dois regimes", uma entrevista de mais de 400 páginas, através da qual Rui Vilar nos descreve o seu trajeto pessoal e político. Com questões colocadas por António Araújo, Pedro Magalhães e Maria Inácia Rezola, que se nota terem feito um rigoroso "trabalho de casa", o livro constitui um interessante fresco do tempo de transição de um Estado Novo já em evidente declínio para dentro de um período revolucionário no qual Rui Vilar, com pouco mais de 30 anos, acabou por ser cooptado, quiçá inesperadamente, para lugares governativos de forte responsabilidade política e institucional. Para quem, como eu, acompanhou de perto esses tempos, se bem que situado em quadrantes à época nem sempre coincidentes com os do entrevistado, é muito curioso poder ser hoje "voyeur" retrospetivo das tensões existentes dentro do conselhos de ministros, das peculiaridades do caótico processo decisório da época, anotando de caminho a perspetiva de Rui Vilar, enquanto destacado observador-participante, sobre a dialética político-militar naquela volátil conjuntura. Para além disso, o livro traz-nos apontamentos curiosos sobre o nosso panorama bancário e económico-financeiro no período pré e pós - 25 de Abril, sobre a génese e natureza da Sedes, bem como comentários interrogativos em torno da atitude de algumas conhecidas personalidades, na diacronia dos dias convulsos da Revolução. O saldo deste exercício é o retrato de um social- democrata sereno, sem angústias ideológicas, de um tecnocrata com preocupações sociais, sempre teimosamente moderado no exercício de um obsessivo bom senso, que visivelmente não se deixou empolgar pelo sentido festivo da Revolução, no seio de um Estado em acelerada reconstrução, que acabou por servir com forte sentido cívico e democrático, marcado por alguma disfarçada mas legítima ambição. Deixo ao Rui e aos três condutores deste exercício de História oral um abraço de felicitações por este valioso contributo, bem oportuno neste ano de lembrar Abril.

P(N)S

Pedro Nuno Santos deve continuar a afirmar a sua indisponibilidade para resolver os problemas de governabilidade que surgem na direita portuguesa. Era só o que faltava que coubesse à esquerda ajudar a pôr ordem numa casa alheia em convulsão!

Para a credibilidade do sistema político, perante os seus eleitores, o pior que poderia acontecer era estes poderem começar a pensar que PS ou PSD eram rótulos e caras diferentes para uma mesma "receita" de políticas. O populismo anti-sistema ficaria encantado se isso acontecesse.

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

Idade

Enquanto a juventude excessiva é um "defeito" que se cura com o tempo, é mais do que óbvio - e só não vê quem não quer ou a quem não der jeito ver - que a idade excessiva é um problema sem cura. É claro que é desagradável dizer ou ouvir dizer que Joe Biden está velho. Parece mesmo cruel e ofensivo, e releva de "idadismo", estar a atirar isto à cara do senhor. Mas quando alguém dirige o maior poder mundial e, com impressionante regularidade, mostra um comportamento físico errático e comete clamorosos lapsos, como confundir Macron com Mitterrand ou Scholz com Khol, é óbvio que isso legitima interrogações sobre a sua capacidade, não apenas para continuar a exercer o cargo mas, no caso vertente, de o poder renovar em bom estado físico e psíquico para os próximos quatro anos. Aí, surge de imediato o "whataboutism": mas, então, Trump não tem uma idade que se aproxima da de Biden? É verdade mas, ao dizer-se que Biden está velho e perigosamente decadente, isso não significa estar-se a optar por Trump. Os realistas clamarão logo: mas, se perdermos Biden, é Trump quem nos surge na soleira do poder em Washington! Então, pergunto eu, a opção é apenas entre ter um Biden caquético e "frail", a cair da tripeça, e, do outro lado do espelho, um Trump, quase tão idoso como ele e com ideias perigosas e mostras claras de insanidade política? Se assim tiver de ser, como parece que assim vai ser, só posso desejar a melhor sorte aos americanos e, de caminho, aos que deles dependem, isto é, a todos nós, pelo mundo. É que nem por ser uma inevitabilidade deixa de ser um facto irrecusável que Biden está perigosamente velho, fisicamente (pelo menos) decadente e, na minha opinião (que vale o que vale, até porque a minha idade já não anda muito longe da desses cavalheiros), obviamente sem a capacidade para ser, por muito tempo, um presidente minimamente eficaz dos EUA. Neste ponto desta discussão, aqui há uns tempos, surgiria uma voz sossegante a dizer: espera aí! nos EUA, há um, agora uma, vice-presidente. Ele ou ela podem sempre substituir o presidente. Eu pergunto: então por que é que, neste caso, ninguém fala nisso? Porque, mesmo que isso só seja dito a boca pequena, ninguém confia hoje minimamente nas capacidades de Kamala Harris para ocupar a Casa Branca. Poucos o dizem alto. Porquê? Pelo politicamente correto: porque é uma mulher e porque é de cor. Deixemo-nos de rodeios: é exclusivamente por isto que esta verdade não emerge. Kamala Harris concretizou o sonho "teórico" das feministas. Durante anos, estas diziam que, para haver uma igualdade entre homens e mulheres no acesso a lugares de topo, era preciso que houvesse mulheres incompetentes a chegarem a esses lugares. Porquê? Porque os lugares de topo, como é uma evidência, já estão cheios de homens incompetentes! Ora bem! Com Kamala Harris em vice-presidente, esse "sonho" foi cumprido. Já há uma mulher incompetente num lugar de topo. Mas, espera aí!, estás a dizer assim, com todas as letras, que a senhora é incompetente? Estou, claro. Se ela não fosse incompetente, e vista como tal, por que diabo de razão estariam as hostes democráticas tão empanicadas com a possibilidade de, no caso de Biden ter de se afastar, a senhora vir assumir a função presidencial? O mundo está perigoso, é o que é. Bom fim de semana.

O Q


Sou de um tempo sereno em que um Q nunca era visto desacompanhado de um U, que o amparava sonante para outra vogal. Um dia, do outro lado do mundo, aterrou a Qantas. Pronto, era a exceção! Pois isso! Logo veio o Qatar. Agora, até os sacos de aspirador! Isto já não é o que era! 

Putin

Lá estive, por mais de duas horas, a ouvir a entrevista de Tucker Carlson a Putin. Sou um masoquista. A meio, confesso, adormeci por uns minutos. Voltei um pouco atrás e ouvi até ao fim. O que achei? Sem trazer nada de substancialmente novo, acho que é uma peça necessária. E confirmei que Carlson é um primário.

Ah! Pois é!

Agora que o novo presidente argentino avança com uma proposta legislativa para proibir o aborto no país, é uma bela ocasião para os liberais da paróquia reiterarem o seu habitual aplauso às medidas de Milei.

Folguedo

Quando os portugueses decidiram prescindir dos trajes - que eram bem "cobertos" - dos seus históricos Carnavais, poupando no tecido, como se faz no outro lado do Atlântico, deveriam ter-se lembrado que o clima da Sapucaí é diferente do de Torres ou de Ovar.

quinta-feira, fevereiro 08, 2024

Ficar do outro lado

... e então é assim: há aquela altura da (nossa) vida em que damos conta que o tipo que, desde há anos, em todas as reuniões, se costuma sentar do lado contrário ao nosso, está a falar num tom cada vez mais baixo e menos percetível. E não é que, por coincidência, se dá também o caso de ser progressivamente difícil ouvir o que diz um outro fulano, que se senta a seu lado? É nesta altura que nos vem à ideia a velha anedota da mãe e do passo trocado do soldado.

Uma pergunta

Às pessoas que, em Portugal, se mostram tão preocupadas com os abusos aos Direitos Humanos em várias partes do mundo apetece-me perguntar por que não se dispõem a lançar uma campanha pelo estrito cumprimento dos prazos das prisões preventivas e das diversas fases dos processos judiciais, aqui na terrinha.

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