sexta-feira, junho 23, 2023

O outro lado


A direita portuguesa - a direita assumida e que se pensa, não a que se travestiza de "centro-direita" ou de "liberal" - tem, desde há já algum tempo, a sua revista teórica, a "Crítica XXI". O objetivo declarado da iniciativa é combater o que assumem ser a persistente hegemonia das ideias da esquerda.

Só não desejo boa sorte aos diretores da revista, o meu amigo Jaime Nogueira Pinto e o historiador Rui Ramos, porque estaria a ser hipócrita. E eu não sou. Mas dou-lhes uma "ajuda": no meu vício de ler, prioritariamente, as coisas com que não concordo, ainda não perdi um número do "Crítica XXI".

Há dias, ao falar da revista a um amigo, esquerdalho radical e muito crítico das minhas incursões pela escrita dos "talassas" do burgo, ouvi-o comentar: "Devias deixar-te dessas coisas! Fiz agora uma assinatura do "The New Yorker". Aquilo é que são bons textos! A revista dos teus amigos "fachos", para parecer modernaça, devia chamar-se "The Santa Comber"... Teve graça!

Série Meireles - 5


"Ó Meireles! O submarino já foi um ar que lhe deu. Agarra-me é os escândalos! Olha, põe as rendas a abrir o alinhamento! E não deixes "morrer" o Galamba, com Santarém e o aeroporto. Ainda dá para uns diazitos. O calor não! Para muitos, aquilo é praia, é coisa positiva! Esquece!"

quinta-feira, junho 22, 2023

Resposta chata

Não procurem uma explicação para a maior cobertura dada à tragédia do submergível do que aos naufrágios no Mediterrâneo. Tal como para a diferenciada atenção aos mortos nas guerras, caso elas sejam fora ou dentro da Europa. É que podem encontrar uma resposta e ela não é agradável.

Olho por Alho!


Ontem, num post, usei a expressão "fino como um alho", para designar alguém dotado de um alto grau de esperteza ou perspicácia. Para não tornar demasiado pesada a linguagem usada neste blogue, apetece-me, por vezes, utilizar expressões mais "soltas" e populares. Foi o caso. Só que há quem esteja atento e nos ajude a corrigir os erros. Foi o caso do leitor Ferreira da Silva, de quem recebi este amável comentário: 

"Permita-me um pequeno aparte sobre este seu post. Esta expressão nortenha para caracterizar alguém "esperto" é "fino como o Alho". Este foi o Sr. Afonso Martins Alho um "esperto" comerciante do Porto que está registado toponimicamente no mais pequeno arruamento da Cidade, entre a Rua das Flores e a Rua de Mouzinho da Silveira."

Agradeço ao leitor esta nota sobre a rua do referido senhor Alho. E, explorando agora uma quase homofonia de proximidade, gostava de lembrar ao leitor Ferreira da Silva que, na única perpendicular à rua Afonso Martins Alho (a meu ver, essa sim!, a mais pequena artéria do Porto, embora sem nome), existiu, por muito tempo, uma estimável "casa de pasto", chamada "Adega do Olho", de cuja clássica tabuleta ele seguramente se recordará.

Olho por Alho! 

quarta-feira, junho 21, 2023

Luís Saias

Com quase cem anos, morreu ontem Luís Saias. É provável que o seu nome diga pouco a muita gente. Saias era um estimável democrata algarvio, deputado do PS, amigo de Mário Soares, que, para surpresa de muita gente, foi chamado para ministro da Agricultura e Pescas, no governo PS/CDS, em 1978.

Luís Saias esteve apenas sete meses no governo e, ao que consta, teria sido a sua política no setor o pretexto - há quem diga não ter sido essa a real razão - que o CDS encontrou para se dissociar daquele bizarro "acordo parlamentar de incidência governativa", como genialmente Jaime Gama então o qualificou à inédita aliança entre os socialistas e os democrata-cristãos.

No seu curto mandato, Luís Saias foi a Israel, com o objetivo de estabelecer programas de cooperação no setor agrícola. Vivia-se um tempo de aproximação entre Portugal e aquele país, então sob governo trabalhista. A visita de Saias era, creio, a segunda que um governante português fazia a Israel, depois de Salgado Zenha. À época, as relações entre os dois países eram ínfimas e não havia embaixadores mutuamente acreditados, embora Israel tivesse uma estrutura consular em Lisboa. Como responsável pelo "desk" do Médio Oriente e Magrebe, no setor económico do MNE, fui encarregado de integrar a comitiva do ministro.

Antes da partida da nossa delegação, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Victor Sá Machado, figura grada do CDS, chamou-me ao seu gabinete e transmitiu-me instruções bem precisas - e extremamente assisadas - sobre aquilo que, durante a visita, deveria ser dito, em nome de Portugal, sobre a questão israelo-árabe. Lembro que, de forma delicada, sugeri que talvez fosse melhor o colega de governo de Sá Machado ser o destinatário direto dessas instruções diplomáticas. Sá Machado sorriu: "Espero que você faça o seu melhor". E lá segui para Israel, com instruções políticas muito precisas, que um governante do CDS queria que um ministro do PS seguisse, comigo a servir de intermediário.

A visita correu de forma simpática. Na conferência de imprensa final, ao ser inquirido pelos jornalistas sobre algumas questões mais sensíveis, o nosso ministro respondeu em português. Eu ia traduzindo as perguntas e as respostas, ou melhor, interpretando criativamente estas últimas para inglês. No final, quando nos levantámos da mesa, Saias disse-me, um tanto desagradado: "Percebi que você não traduziu exatamente aquilo que eu disse". Tive uma imensa tentação de lhe responder: "Eu apenas disse em inglês aquilo que o senhor ministro deveria ter dito em português". Mas contive-me, por óbvias razões, e devo ter dado uma resposta elíptica. Julgo que Luís Saias, que era um homem prudente e sensato, terá percebido a dificuldade do meu papel naquela que terá sido a sua única viagem diplomática. 

Sanções "à la carte"

A União Europeia aprovou um novo pacote de sanções, desta vez abrangendo terceiros países que possam estar a ajudar a contornar as restrições impostas à Rússia. É a primeira vez que a UE aplica sanções extra-territoriais, isto é, a outros Estados para além do visado.

A ironia de tudo isto é pensar que, no passado, muitos países europeus condenaram, muitas vezes com alguma veemência, o abuso que era os Estados Unidos utilizarem este tipo de instrumento unilateral. Um desses países tem Lisboa como capital...

Mas a Europa, "fina como um alho", inovou. Os EUA sancionavam todo e qualquer estado que ousasse fugir à sua legislação. A UE anuncia que irá aprovar uma lista dos países a serem abrangidos. Talvez porque, com alguns, possa haver negócios que não convenha estragar...

Série Meireles - 4

"Ó Meireles! Antes do Galamba em S. Bento, a chutar para o lado o aeroporto que não vai para Santarém, faz subir no alinhamento o parecer milionário do secretário de Estado. Ele ainda não era secretário de Estado? Isso agora não interessa nada, como dizia a outra".

Guerra

Nas últimas semanas, há uma intensificação da difusão de filmes onde se observa a destruição pela Rússia de material militar oferecido pelo ocidente à Ucrânia. O óbvio objetivo é tentar levar o contribuinte que paga esse material a interrogar-se sobre a utilidade do seu esforço.

Aeroporto

Só quem pouco entende da política é que pode pensar que João Galamba, neste seu delicado tempo governativo, ao dizer o que disse sobre a implausibilidade da escolha de Santarém para o novo aeroporto, o fez por sua alta recreação, sem ser em estreita coordenação com António Costa.

E se a guerra mudar de figura?


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terça-feira, junho 20, 2023

Ronaldo

Cristiano Ronaldo não ia durar sempre. O contraste entre a imagem do jogador que foi no passado e aquilo que hoje pode oferecer em campo é flagrante. Dito isto, o país deve ter um imenso respeito por quem, desde há duas décadas, leva o nome do seu futebol pelo mundo.

Belcanto no topo

É uma excelente notícia para Portugal o restaurante Belcanto ter sido agora considerado um dos 25 melhores restaurantes do mundo. José Avillez, a figura de referência da alta gastronomia portuguesa, está assim de parabéns. Este é o fruto do seu trabalho sustentado desde há bastantes anos.

Série Meireles - 3

"Ó Meireles! Agarra já esta, a abrir o alinhamento do telejornal! É uma nova polémica com o Galamba! E manda já a Sónia Vanessa a Santarém, ouvir, pelas ruas, a população "ofendida". Despacha-te!"

Voz de comando


A cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo do corpo diplomático ao presidente da República é, em Portugal, um momento único, em que se reúnem todos os embaixadores estrangeiros residentes em Lisboa e aqueles que, embora estejam acreditados no nosso país, residem no estrangeiro - principalmente em Paris, mas também em Londres, em Roma e até em Rabat, mas nunca em Madrid. 

(Para quem não saiba, anoto que Portugal não concede "agrément" a embaixadores estrangeiros que sejam residentes em Madrid, como forma de desestimular a possibilidade da capital espanhola vir a transformar-se no centro de "embaixadas ibéricas".)

A cerimónia, com os homens vestidos de fraque ou traje nacional, que conta sempre com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, inclui uma longa sessão individual de cumprimentos, seguida dos discursos da praxe, do decano do corpo diplomático e do nosso chefe do Estado. 

Em 2014, quando, após a minha reforma, representei em Portugal o Conselho da Europa, como diretor-executivo do respetivo Centro Norte-Sul, integrei essa cerimónia. Nem queiram imaginar a cara de surpresa do presidente Cavaco Silva quando deparou comigo a apresentar-lhe cumprimentos, como embaixador "estrangeiro"! O meu antecessor era francês.

No nosso país, como acontece em várias partes do mundo, o decano dos embaixadores não é o embaixador mais antigo: por tradição, é sempre o Núncio Apostólico, o representante diplomático da Santa Sé. É uma prática comummente aceite.

A historieta que vou contar passou-se numa dessas cerímónias, no Palácio da Ajuda, num qualquer mês de Janeiro. Na sala onde apresentação de cumprimentos ia ter lugar, o então presidente da República (qual era não interessa para o caso) e o chefe da diplomacia estavam já a postos, há alguns minutos. Os diplomatas estrangeiros encontravam-se do outro lado do palácio, numa sala bem longe, separada por um longo corredor. Algum inesperado atraso, talvez devido à tarefa de ordenação por antiguidade dos diplomatas estrangeiros, fazia com que o primeiro dos diplomatas que devia saudar o nosso Presidente - o tal representante da Santa Sé - ainda não tivesse surgido, à frente dos restantes colegas.

O chefe do Estado português dava já mostras de alguma impaciência. O ministro fez então sinal ao chefe do Protocolo para que este tentasse apressar as coisas. Pressuroso, o nosso homem aproximou-se da porta que dava para o corredor, ao fundo do qual se movimentavam os seus colaboradores. Fez-lhes imensos sinais com os braços, mas, do outro lado, ninguém parecia notar. Para grandes males, soluções à altura. De repente, no ambiente austero que precedia a solenidade, ouvem-se três sonoras palmas do chefe do Protocolo, seguidas de um berro de comando, bem alto e audível ao fundo do corredor: "Saia o Núncio!"

O presidente e o ministro desataram a rir. Entre a Ajuda e o Campo Pequeno a distância encurtou, nesse momento...

Porque é que me lembrei disto hoje? É que ontem, num corredor, algures em Lisboa, deparei com o meu colega que protagonizou esse episódio, um profissional da diplomacia que, aliás, foi um excelente chefe do Protocolo, um lugar muito exigente e de considerável importância.

A Europa à la carte

A política europeia é de um grande pragmatismo, que é o outro nome da hipocrisia. Meloni era infrequentável, de extrema-direita e tudo o resto. Bastou que se mostrasse pró-NATO e a favor da Ucrânia para que fosse recebida com sorrisos. Fascista? Deixem-se disso..

Genial e cruel

 


segunda-feira, junho 19, 2023

Série Meireles - 2

"Ó Meireles! O Falcon para Budapeste ainda vai dar para uns dias, mesmo com a boca do Marcelo, mas agora manda subir no alinhamento os documentos que o Galamba classificou. Fogo à peça!"

domingo, junho 18, 2023

PSP

Para quem não saiba, noto que a principal mancha que, desde há muitos anos, tem vindo a afetar a imagem internacional da democracia portuguesa é o comportamento das suas forças policiais, por persistente incumprimento de Direitos Humanos, sublinhado por várias instâncias.

Por essa razão, e também porque o mundo das polícias, como é sabido, é pasto privilegiado para o populismo de extrema-direita, é de louvar o esforço que a hierarquia da PSP está a levar a cabo, no sentido de adequar as suas práticas e discurso a uma nova cultura cívica.

Eleições no Montenegro

 


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Bisalhães


O "Público" traz hoje algumas páginas sobre a louça preta de Bisalhães, uma aldeia perto de Vila Real.

Graças ao município da cidade, que conseguiu promover a arte daquela pequena indústria a Património Imaterial da UNESCO (iniciativa a que tive o gosto de ser convidado a associar-me, na preparação da candidatura), foi possível encontrar meios para redinamizar uma atividade que parecia em vias de extinção, embora nem todas as sombras que sobre ela se projetam tenham desaparecido, por completo.

Em Vila Real, na minha infância e juventude, só se comemoravam dois santos populares: o Santo António e o São Pedro. 

(Por essa altura, ninguém, em Vila Real, se lembrava do São João, que, desde há já alguns anos, passou ali a ser bastante celebrado. Foi um processo contrário ao que veio a acontecer em Lisboa, onde o São João, até bem dentro da primeira metade do século XX, foi a grande festa popular da cidade, para, depois, se "converter" ao Santo António. Curiosamente, Vila Real e Lisboa têm o dia de Santo António como data municipal.)

O São Pedro, lá por Vila Real, tinha a louça de Bisalhães no seu centro. A chamada Rua Central enchia os passeios com a gente que vinha da aldeia vender aquilo que fabricava. Além das peças artísticas, umas meramente decorativas, outras com algum uso prático, surgiam à venda "panelos" muito baratos, muito mais finos e leves, que eram utilizados para "jogar ao panelo", para serem atirados de uma pessoa para outra (normalmente entre um rapaz e uma rapariga), à distância, sendo o seu destino final, invariavelmente, o chão, que ficava recheado de cacos. Imagino que, pelo preço atual da loiça, a prática lúdica deva ter desaparecido. Mas ficou a quadra: "Pucarinho é jogado / Pelo ar, de mão em mão. / Traz e leva segredinhos / Até se quebrar no chão”. Com o fim da festa, a louça desaparecia da cidade e só era visível em exemplares nas montras do Turismo, na Avenida Carvalho Araújo. De há uns anos para cá, algumas barracas de venda permanente da louça ganharam lugar a norte do bairro de Almodena. 

Há precisamente 55 anos, como exercício prático para uma cadeira de Etnografia, dirigida pelo clássico professor António de Almeida, elaborei um trabalho universitário sobre "A louça de Bisalhães". Há tempos, descobri a "obra", numa papelada, lá por Vila Real. Tem umas dezenas de páginas, fotografias dos artesãos, do forno coletivo e da pequena aldeia. Reli o texto com alguma curiosidade, mas saí da leitura sem especial orgulho no produto final, que regressou, definitivamente, ao lugar onde estava. O trabalho mereceu um 13, recordo.

No "trabalho de campo" que então efetuei, tinha notado uma curiosa circunstância que, na altura, me abstive de relatar: os diversos fabricantes de loiça com quem tinha falado mantinham, entre si, uma forte conflitualidade, que aliás não escondiam. Anos depois, quando foi feito o trabalho para a UNESCO, inquiri se se mantinha esse conflito. Foi-me dito que sim e que isso tinha mesmo criado algumas dificuldades ao processo, bem como à montagem dos mecanismos de apoio à recuperação da indústria. Agora, o artigo do "Público" confirma que essa conflitualidade se mantém lá pela aldeia. Atirarão "panelos" uns aos outros, nas horas em que o conflito se agrava?

Ucrânia - o teste da contra-ofensiva

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sábado, junho 17, 2023

O Sul a Norte

Os dirigentes políticos africanos deviam ter perfeita consciência de que a sua missão de paz para a Ucrânia estava condenada ao fracasso. Mas foi importante que o Sul, excluído em regra dos arranjos do mundo, desse uma nota coletiva de afirmação e vontade política.

Lisboa à tarde

 


Demagogia miserabilista

O primeiro-ministro tinha uma reunião na Moldova, à qual se ia deslocar num avião do Estado. Tinha recebido, entretanto, um convite para estar presente numa rara final em que o mais importante treinador português de futebol teria hipótese de se sagrar campeão europeu.

Comentou com o presidente da República que faria um desvio na sua viagem, para poder assistir ao jogo. Na tribuna do estádio, como é evidente, foi convidado para se sentar ao lado do presidente do país anfitrião do evento, aliás seu regular colega à mesa do Conselho Europeu.

Só uma demagogia miserabilista e politiqueira pode considerar haver nisto a menor irregularidade. Mas vale a pena estar a dizer isto? A quem lançou esta "operação" só interessa espalhar "ruído"..

Pedro Correia


Dou-me conta de que, praticamente, já não leio blogues! Ou melhor, "leio" este, porque o escrevo! E vou confessar um segredo: muito raramente li blogues de quem, sob temas políticos, pensava como eu. É que, para pensar como eu, prefiro o original...

Abro, contudo, uma exceção. De quando em quando, passo pelo "Delito de Opinião", um espaço situado numa freguesia política distante da minha mas que mantém uma boa qualidade e uma notável constância de publicação. E é tudo, na minha leituras de blogues, nos meses mais recentes!

O "Delito", sendo embora um blogue coletivo, parece-me essencialmente mantido pela incansável mão de Pedro Correia, um jornalista de vasta cultura - da literatura ao cinema e à música. O Pedro tem, como ódio de estimação, o Acordo Ortográfico, no que se junta a muito boa gente (que não a mim, embora peça para que o tema não se pendure nos comentários a este post). O Pedro, que julgo ter conhecido no Brasil e com quem um dia tive um belo almoço, é de uma saudável teimosia na gestão do seu blogue. Enquanto, por este meu espaço, se cultiva o improviso e um certo caos lúdico, o Pedro Correia capitaneia o "Delito" com ordem e constância. Sempre que por lá passo, reconheço esse magnífico esforço.

Há anos, o Pedro Correia teve a ousadia de pedir ao José Ferreira Fernandes e a mim para elaborarmos um prefácio e um posfácio (já nem sei quem ficou com uma coisa e com a outra) para um "best of" editado do seu blogue. Digo "ousadia" porque ele sabia que ambos os escribas nada tinham em comum com a orientação predominante no "Delito", embora comungassem uma admiração pela boa escrita que por lá se pratica e um grande respeito pelo seu exercício continuado desde 2009 (isto é, a mesma idade deste meu "Duas ou Três Coisas").

Por que falo no Pedro Correia hoje? Desde logo, porque, há minutos, passei pelo "Delito de Opinião". Mas também por outra razão. Porque entendo que talvez não haja ninguém mais qualificado do que ele para montar uma operação, que me pareceria interessante, de inventário daquilo que, nos dias de hoje, ainda sobra da blogosfera nacional com alguma valia. Seria um belo serviço público, digno do estatuto do "Delito" e do currículo de trabalho de Pedro Correia, a quem aproveito para enviar um cordial abraço de admiração e estima. Se acaso não estiver virado para aceitar a minha ideia, não se fala mais do assunto e amigos como sempre!

Série Meireles - 1

"Ó Meireles! Guarda aí o espaço para uma caixa sobre a ausência do governo na inauguração do monumento aos mortos do incêndio de Pedrógão. Tenho uma ideia genial para título: "Costa vai a Budapeste mas falta a Pedrógão". Que tal? Catita, não é?"

O exemplo de Berlusconi

 


Pode ver aqui.

Notícias da comissão

Lembram-se quando por aí se dizia que a falecida Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP ia "grelhar" o governo até julho, causando um crescente desgaste, abrindo caminho à possível dissolução da AR, depois do Conselho de Estado de fim de estação? É só para lembrar...

Blasfémias

Acabou o Blasfémias, um blogue que chegou a ter a sua graça e alguma abertura dialogante. Nos últimos anos, tinha apurado, por uma via ácida, o seu consabido reacionarismo, tendo ficado confinado a uma escrita raivosa e ultra-sectária. No seu último post, confessam: "Agora, que já ninguém nos ouve, chegou a altura de explicar porque deixamos o blogue morrer. Não faz sentido nenhum blasfemar quando ficamos sozinhos na posição dos maluquinhos da feira". Alguma lucidez na hora da morte é um mérito.

Notícias do golpe

A campanha contra Fernando Medina, lançada por inimigos e com bastante ("not so") "friendly fire", durou semanas. Morreu hoje, na praia, sem objeto e sem glória. Um abraço, Fernando!

sexta-feira, junho 16, 2023

Ellsberg


Morreu Daniel Ellsberg, responsável pelo "leak" dos Pentagon Papers, que denunciou a forma como vários governos americanos mentiram desbragadamente aos seus cidadãos, à revelia das leis. Ellsberg é um monumento à decência em democracia. Honra à sua memória.

Cristina Reyna


Cruzei-me com Cristina Reyna, na TVI 24, há já bastantes anos. Desde que nasceu a CNN Portugal, "contracenámos" muitas vezes. A Cristina era rigorosa, extremamente profissional, sempre gentil. Decidiu agora sair do jornalismo. Desejo-lhe o melhor para a vida.

Repassos

Passos Coelho tinha garantido um lugar "sebastiânico" no coração da direita. Se regressar à liderança do PSD, como cada vez mais parece que virá a ocorrer depois das eleições europeias de 2024, perde o lugar no Olimpo e arrisca-se a comprovar que "nunca se é feliz duas vezes no mesmo sítio".

Acabamentos

Nunca se tinha visto uma sondagem "acabar" com uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Viu-se agora.

Coisas "sérias"

Alguns amigos têm perguntado por que razão, ao contrário do que acontecia no passado, deixou de haver, por aqui, textos mais ou menos "sérios", seja sobre política externa, seja sobre temáticas nacionais. Ao invés, dizem eles, abundam cada vez mais neste espaço "textículos" curtos, quase caricaturais, pouco profundos e nada argumentativos. Esses amigos sentem hoje a falta de outro tipo de "posts".

Vou tentar explicar o que aconteceu.

Este blogue começou por ser uma espécie de "coluna" de imprensa. Depois, com o tempo, mudei-me para a imprensa propriamente dita: passei a escrever, sucessivamente, no "Diário Económico", no "Jornal de Notícias", no "Jornal de Negócios" e no "Jornal Económico", com colunas regulares. Esses artigos eram reproduzidos, simultaneamente, aqui no blogue. 

A decisão de deixar de escrever em jornais, com regularidade, fez estancar essa fonte principal dos textos "sérios" que alimentavam este blogue. (Não estou minimamente arrependido dessa decisão. Nem imaginam o sossego que tem sido!) 

Às vezes, se acaso me apetece, escrevinho alguma coisa para o site da CNN Portugal, reproduzindo depois por aqui. Outras vezes, a convite ou por amável acolhimento a propostas minhas, voltei a publicar artigos em alguns dos já referidos jornais e também no "Diário de Notícias", no "Observador", no "Novo", no "Público", no "Expresso", na "Visão" e em outros pousos mediáticos, como é o caso de "A Mensagem de Lisboa". Mas são ocasiões pontuais, tanto mais que a minha compulsão para escrever não é muita, nos dias que correm.

Isto significa que, o mais das vezes, este blogue reproduz aquilo que, diariamente, publico no Twitter: textos muito curtos, graçolas, de "rajada", simples na forma e, claro, menos desenvolvidos na argumentação. Além de outras coisas, claro, mais simples ou mais desenvolvidas, à luz da única lógica que, nos dias de hoje, me orienta: o que me apetece! O facto de, por vezes, ir falar a televisões e também manter, desde há mais de dois anos, um "podcast" semanal de cerca de 30 minutos  - em ambos os casos sobre temas internacionais -, esgota a minha atual disponibilidade para a expressão pública regular sobre coisas "sérias". 

Alguma coisa pode vir a mudar? Talvez. A vida "é feita de mudança". Mas, podem crer, do futuro sei tanto como os que me leem...

PSD

É impressionante o ritmo a que o PSD liquida os seus líderes. Montenegro é (vai ser) o último desses 17 (dezassete!) nomes, para apenas 8 (oito) do PS. Isto merecia uma tese (se é que já não há).

Media

É tragicómica a reação de muita gente dos media perante o desaire do PSD nas sondagens. Mostra-se "indignada" com Montenegro, como que a dizer: "Então andamos nós a tentar pôr o país a ferro e fogo contra o governo e você não consegue capitalizar isso?! Assim não vamos lá!"

quinta-feira, junho 15, 2023

A velha aliança

Acho bem que se comemore a aliança luso-britânica, pelo seu simbolismo histórico. Mas importa relembrar, a benefício do conhecimento das atuais gerações, que os caminhos dos dois países têm vindo, nas últimas décadas, a afastar-se e que nada indica que isso venha a ser revertido.

Ucrânia

Perante uma eventual não-vitória da Ucrânia na contra-ofensiva, emergerão, a ocidente, os que acham necessário apressar o envio de aviões e os maluquinhos do costume, que entendem que se deve enviar tropas externas para o terreno. Washington decidirá.

Índia

Se tivesse de recomendar a um estudante de Relações Internacionais um único tema em que, atendendo à sua crescente e garantida importância futura, deveria concentrar a sua atenção, esse tema seria a inserção externa da Índia.

quarta-feira, junho 14, 2023

NATO

Até à cimeira da NATO em Vilnius, os EUA terão de gerir a vontade dos parceiros mais a Leste em acelerar a entrada da Ucrânia na organização. Compete a Washington determinar o ritmo desse processo, porque, a partir de certo patamar de potencial conflito, ele sobraria só para si.

Macron (2)

O convite de Macron a Modi, primeiro-ministro da Índia, para estar presente na festa nacional francesa, reforça a ideia de que a França procura posicionar-se junto da "elite" do Sul, com esta em crescente reforço institucional, subliminarmente alternativo à tutela americana.

Macron

É pouco plausível que Macron tivesse pedido para estar presente na cimeira dos Brics, na África do Sul, se antes não tivesse testado a ideia com Xi Jin Ping. O que reforça a ideia de que Paris teima em sugerir-se como o principal interlocutor europeu.

terça-feira, junho 13, 2023

Trump

Trump está metido numa bela embrulhada. 

Depois do episódio da "piquena" subornada com fundos de campanha para se manter calada, surge agora o caso da documentação classificada que levou com ele, antes de sair da Casa Branca. No "pipeline" estão também as pressões feitas, na sequência das eleições de 2020, aos responsáveis políticos do estado da Geórgia, para tentar reforçar a sua votação. E falta ainda apurar as eventuais culpas no cartório no tocante ao criminoso assalto ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. 

Trump vai ter muito com que se entreter e os americanos também. 

Os candidatos que têm vindo a surgir no campo republicano hesitam, por ora, em puxar o tapete àquele que continua a ser, a grande distância, a figura mais popular do seu campo, no caminho para as eleições primárias que escolherão quem irá enfrentar Joe Biden, a caminho da "terça-feira mais próxima da primeira segunda-feira do mês de novembro no próximo ano par que aí vier" - esta é a mnemónica para definir a data de próximas eleições regulares nos EUA. Vale a pena relembrar que, nesse dia, será também renovado 100% da Câmara dos Representantes, um terço do Senado e serão eleitos governadores em alguns estado. E todos os candidatos a esses órgãos têm que refletir bem na forma como se definem face a quem teve largas dezenas de milhões de votos, dentre os quais há uma larga percentagem que não perdeu a fé em vê-lo regressar à Casa Branca.

Isto vai ter imensa graça.

segunda-feira, junho 12, 2023

O preço


Para comodistas como eu, há zonas de Lisboa que acabam por ser baratíssimas, porque nunca consigo estacionar à porta das lojas onde quero ir. Hoje, Campo de Ourique estava muito caro. O pessoal zarpou nos feriados, deixou lugares em barda e quem pagou a fatura fui eu. Não se faz!

Berlusconi


Um dia, um almoço em São Bento de um antigo primeiro-ministro português foi interrompido: uma chamada telefónica do seu contraparte italiano, Sílvio Berlusconi. O político português regressou minutos depois, com um grande sorriso, revelando o motivo da breve conversa. Berlusconi tinha acabado de vê-lo na televisão e queria dizer-lhe que a gravata que ele utilizara era inadequada, oferecendo conselhos na matéria.

Berlusconi, em todo o caricato do seu estilo, inaugurou um tempo novo na política europeia, um pouco como, mais tarde, na América, haveria de acontecer com o surgimento de Trump. Muitos líderes europeus que o foram cruzando têm histórias divertidas com ele, quase sempre marcadas pelo embaraço com que tentavam gerir as suas inusitadas abordagens.

Teve uma vida pública imensamente longa, com altos e muitos baixos, com vários escândalos, de diversa natureza, à mistura com a política. Nos dias de hoje, era ainda líder de um dos três partidos da coligação de poder, na Itália. Mas Berlusconi já andava ali há muito: recordo-me bem de uma velha "foto de família" dos líderes europeus, em Veneza, com ele a presidir à festa, ao lado de uma Thatcher visivelmente pouco à vontade com aquele inesperado parceiro.

Berlusconi morreu com 87 anos.

Um abraço, António


Neste tempo em que uma miserável campanha pretende atingir António Costa, aliás sob estranhos silêncios, deixo-lhe um abraço amigo e solidário, recordando a extraordinária figura do seu pai, Orlando da Costa, um português de origem goesa que tive o privilégio de conhecer.

Uma boa Estrela


Não consigo explicar, nem a mim mesmo, porquê, mas sinto satisfação com o regresso do Estrela da Amadora à divisão principal do nosso futebol.

Eleições na Guiné-Bissau

 


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domingo, junho 11, 2023

Bola

Gostei da final da Taça dos Campeões. Gostei do "pressing" e da tensão de princípio ao fim. Gostei até do futebol jogado, embora não fosse de excecional qualidade. Gostei que ganhasse quem ganhou. E gostei muito de ver Bernardo Silva, um jogador excecional.

Esperanças

Fui jantar com amigos à rua da Esperança. O serviço foi errático, mas muito simpático, num ambiente caótico, normal para a época. Mas comeu-se bem. Só não digo o nome da casa porque pedir quase 20 euros pelo vinho mais barato, uma mistela que se vende a três euros, foi desonesto.

Falando da contra-ofensiva ucraniana

 


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O cartaz

Não, não vou reproduzir aqui os cartazes dos professores na Régua. Fico à espera do que, sobre eles - sem "mas" nem "porém" nem "no entanto" -, alguns visitantes deste espaço tenham a dizer.

sábado, junho 10, 2023

A China, a Austrália e a questão da Huawei

 

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"Hoje jogo eu"


Há muitos, mesmo muitos, anos, costumava ler "A Bola", com regularidade e interesse. Hoje sou, em absoluto, incapaz de abrir qualquer jornal desportivo, nem sequer para fazer horas num café: não me desperta o menor interesse. E já tentei, confesso. 

"A Bola" tratava, essencialmente, como o nome e o símbolo indicavam, de futebol. Com duas exceções: no Verão, falava de ciclismo, noutras escassas ocasiões, de hóquei em patins. O resto das atividades desportivas eram, quando eram, objeto de notas brevíssimas, por parte do então "trissemanário da Travessa da Queimada".

"A Bola" era, ao que recordo, muito bem escrita. Conseguia dessa forma resistir ao desprezo com que uma certa camada de jornalistas trata o jornalismo desportivo, graças à qualidade dos seus profissionais. Sem ir ao Google, lembro: Carlos Miranda, Aurélio Márcio, Vitor Santos, Mário Zambujal, Carlos Pinhão. 

Um dos momentos áureos de "A Bola" eram as aventuras europeias do Benfica. O meu Sporting era só às vezes, o Porto de então ficava-se pelas Antas. Quando os "encarnados" (era proibido dizer os "vermelhos", adjetivo que tinha ficado reservado para os perdedores da Guerra Civil de Espanha e para quantos eram o alvo privilegiado da Pide) iam jogar a sítios mais bizarros, em especial aos "países socialistas", com muita arte e alguma manha na escrita, os profissionais do jornal destacados para a reportagem faziam sempre umas curtas notas, em caixa, com apontamentos curiosos, tipo "fait divers", chamando a atenção dos leitores atentos para pormenores desse quotidiano diferente, sempre com cuidado extremo de garantir que tal não era objeto de desagrado dos "coronéis" da censura, aliás geograficamente vizinha da redação do jornal. Intitulavam sempre essa coluna de "Hoje jogo eu".

A que propósito surge esta conversa hoje, "dia da raça", como dita a memória de Cavaco Silva? É que amanhã, na reportagem das comemorações na Régua, sem usar esse título mas também procurando captar um "fait divers" para alindar a prosa, a generalidade dos jornalistas que foram obrigados a prescindir do feriado vai falar (vale uma aposta?) dos assobios a João Galamba, como o facto maior a destacar, ao lado da exegese dos recados do presidente, também a propósito disso. Para tanto lhes dará "o engenho e a arte", como diria o vate que serve de pretexto à data.

Mas poderiam eles falar de outra coisa? Ora essa! Podiam falar dos rebuçados vendidos pelas senhoras de avental à porta da estação ou dos "polícias da Régua" ou da mais pequena barbearia do país (na imagem) ou da vitela do "Castas e Pratos" ou das desventuras da Casa do Douro e da filosofia do "benefício". 

Há tanto para falar da Régua, que já foi Peso da Régua, terra onde eu, na minha juventude, achava que havia a maior concentração de NSUs do mundo e que então enviava, para estudar no liceu de Vila Real, alguns dos olhos mais bonitos que alguma vez por lá passaram.

sexta-feira, junho 09, 2023

Pronto! Acabou a (minha) Feira!


Afinal, nem a vinte livros chegou! Para o ano há mais!

Como já não sei o que é feito do meu velho exemplar do "Retrato dum amigo enquanto falo", de Eduarda Dionísio, comprei outro, para recordar. A discreta autora, uma figura muito interessante, morreu há dias.

Ala, que se faz tarde!


Estou a olhar para o céu! Afinal não cai chover. Vou à feira do livro!

Eu, Pangloss


Amanhã é o dia de Portugal. 

Só um país bisonho como o nosso é que se lembraria de transformar um dia que celebra a morte de um escritor na sua data nacional. 

A Inglaterra comemora o nascimento do soberano, na França é a revolucionária queda da Bastilha, na Espanha é o dia da Hispanidad (que por cá se lembrasse da "portugalidade" ia logo corrido a "facho"), na Rússia e na China mantiveram a data da consagração como repúblicas socialistas, os EUA têm a declaração da independência, na Itália é o dia jubiloso em que a monarquia foi por água abaixo. Nós, temos um funeral!

Para nos redimirmos do modo como a ditadura tratou os portugueses que tiveram de ir, por aí fora, tratar da sua vida, depois de Abril juntou-se à designação o nome do morto e "... e das Comunidades Portuguesas", como se estas não fizessem parte de Portugal.

Nestes dias de divertida auto-flagelação nacional, de "bota-abaixismo" militante e endémico, eu decreto, por este blogue: por algum tempo, nos comentários que deixarei publicar, só aceitarei pensamentos (sinceramente) positivos e otimistas. Podem continuar a chamar "choldra" e "piolheira" ao país, como fazia um rei qualquer. Usem os vossos blogues, as vossas páginas de Facebook, o Manuel Acácio e as caixas de comentários do "Correio da Manhã". Aqui, não!

Por isso, atenção: reformados tristonhos, de onde geralmente sai a legião escrevinhadora da acrimónia e das vesículas estragadas, abstenham-se de escritas fora do mundo dos sorrisos e da boa-disposição. Não vou ao ponto do exagero do chefe do Estado (é assim que se escreve e não chefe "de" Estado, aprendam), que acha que somos os melhores do mundo. Mas, pronto, andamos lá perto!

Ah! E viva Portugal, claro!

Guiné

O presidente da Guiné-Bissau recuou no seu propósito de não aceitar como novo primeiro-ministro o líder do partido vencedor das eleições legislativas, ato que ele próprio tinha decidido antecipar. Raramente chegam ao mundo boas notícias sobre a política guineense. Aleluia!

O espelho

O "Expresso" traz hoje uma sondagem que revela o mal-estar dos portugueses, em vários setores da vida. Devo dizer que, em face do modo catastrófico e auto-flagelatório como as nossas televisões arrasam, dia após dia, a nossa auto-estima, até esperava pior.

Já agora!

O papa vai dizer missa no alto do Parque. Além do falo em pedra, será que existe a intenção de esconder também a imagem dos familiares dos presos da penitenciária, os quais, cruelmente, ao sol e à chuva, são diariamente expostos à humilhante curiosidade de quem por ali passa?

O mono

A suposta necessidade de esconder, durante a estada do papa, o monumento fálico criado por Cutileiro, esconde, afinal, uma questão mais interessante: só porque o artista é um criador de mérito devemos esconder que há uma alargada opinião de que aquilo é um mono medíocre?

O olhar de fora

Creio que os portugueses não se dão conta de quanto é prestigiante para o país poder apresentar, em regra, perante o mundo, uma imagem de consenso e unidade, em termos da sua política externa. Marcelo e Costa voltaram a estar bem neste domínio, Galambas à parte.

Injustiça

Creio que o país não tem consciência do caos que vivem os nossos tribunais. Milhares - sim, são milhares - de pessoas deslocam-se diariamente a eles, perdendo tempo da sua vida, para, em cima da hora, serem confrontados com adiamentos, por greves ou simples incompetência.

Rabo de Peixe

Parece que a população da localidade açoreana de Rabo de Peixe não aprecia o modo como é retratada na série homónima na Netflix. A ficção nunca é um retrato ao espelho e aquela produção tem uma ousadia dificilmente compatível com a imagem que aquelas pessoas criaram de si mesmas.

quinta-feira, junho 08, 2023

Leonor


Inês Pedrosa lembra que a Leonor Xavier faria hoje 80 anos. Não sabemos onde estará a comemorar, a agitar, a divertir o mundo à sua volta, como sempre fez, com a sua alegria e amizade. Apenas sabemos que, por lá, estará tudo em festa, a dar vida à própria morte. Que saudades, Leonor! 

Kakhovka


O "Le Monde" com data de amanhã traz um impressionante retrato do desastre ecológico resultante da destruição da barragem de Kakhovka. A ser verdade o que ali se escreve, estamos perante ums catástrofe da maior gravidade.

Na análise da imprensa europeia e norte-americana mais responsável e menos vocacionada para o "jornalismo afetivo", denota-se algum cuidado na atribuição definitiva sobre a responsabilidade do desastre, com base na ideia de que, aparentemente, ninguém ganhará com ele e, pelo contrário, ambos os lados parece irem ser prejudicados.

Não obstante, uma tendência maioritária aponta o dedo a Moscovo, tanto mais que, desde o início desta guerra, se viu surgir, de quando em quando, desse lado, alguma retórica, embora não oficial, em torno da possível utilização da destruição da barragem como elemento dificultador da manobra ucraniana de recuperação dos territórios situados a sul do Dniepre. 

Além disso, não parece plausível que Kiev, apenas com o objetivo de poder vir a acusar a Rússia, se arriscasse a desencadear uma operação de "falsa bandeira" com um custo nacional tão elevado. Se acaso a imagem de Moscovo não estivesse tão degradada, isso teria algum sentido, para contra ela mobilizar alguma opinião pública internacional. No atual "estado da arte", não será a responsabilização russa por mais esta ação de destruição que vai mudar o equilíbrio mundial de simpatias nesta guerra.

Clima


Esta magnífica fotografia de António Guterres, a olhar do seu gabinete a poluição do ar em Nova Iorque, é bem reveladora da impotência do SG da ONU perante os obstáculos à implementação das medidas de proteção climática e, simultaneamente, da fragilidade do maior poder mundial.

Da mentira


Os "polígrafos" deste mundo são, em geral, uma forma de dar palco a mentiras e enormidades, com a benévola desculpa de as estarem a desmascarar. Até agora, só um palerma acharia que Salazar criou o SNS. Com esta publicação, um bando de gente passa a pôr-se a questão. Parabéns!

Preso por ter cão...

Se o governo, face às previsões das instituições multilaterais, apontasse para um crescimento superior, para uma inflação e uma taxa de desemprego mais baixos, seria propagandista e irresponsável. Sendo as coisas ao contrário, mostra tibieza e não "acerta uma". É a vida!

Barbaridade

A destruição deliberada de uma obra pública essencial para um país, como é o caso de uma barragem, como mera decisão tática no contexto de uma guerra, dela decorrendo graves consequências humanas, económicas e ambientais, é um ato bárbaro, de uma imensa gravidade.

Outros tempos


Sei lá bem porquê, ao surgir-me, num acaso da net, esta capa do DN, deu-me para ir à procura de uma música. E senti-me bem! Ouça aqui.

Verdes


Um utilíssimo mapa da produção de um vinho com qualidade cada vez mais apurada.

Patamar

A destruição da barragem de Kakhovka - hipótese de que se falava desde o início da guerra - representa a passagem a um outro patamar de ação militar. A lógica de quem mais aproveita torna plausível a autoria russa e parece revelar algum desespero tático de Moscovo.

Do algodão

Esgrimir com os mortos "do outro lado" faz parte da narrativa sectária nas guerras. Um "truque" comum, para "animar a malta", é estar sempre a auto-atribuir-se vitórias e pôr gente amiga a dizer que tudo corre mal ao inimigo. O teste do algodão é olhar as posições no terreno.

Guerra de trincheiras

A prova de que a guerra na Ucrânia se converteu num irrecuperável conflito de opiniões entrincheiradas é que, nos bitaites sobre a responsabilidade pela destruição da barragem, não haverá surpresas quanto a quem "acredita" em quem. Já assim foi com o Nordstream 2, lembram-se?

Comichões

Faço parte do seleto grupo de cidadãos que não assistiram, nem por um segundo, às audições da comissão parlamentar que tem a TAP como longínquo pretexto. Depois contem-me...

Notícias do caos

Das duas, uma: ou todo este alarmismo sobre o "caos" que se vai abater sobre Lisboa durante as tais Jornadas é exagerado, para depois se poder dizer que "correu tudo lindamente, somos os melhores", ou então foi uma imensa cretinice ter a ousadia de organizar aquilo. Escolham!

Malta do largo do Rato

 


quarta-feira, junho 07, 2023

Adeus, feira?


Por este andar, este ano acabo por não ir à Feira do Livro. Por comodismo, recuso sábados, domingos e feriados. Por precaução, não vou em dias em que ameace chover. Deteto já, cá em casa, um estranho júbilo em quem há muito acha que as nossas estantes não dão vazão à minha compulsão aquisitiva.

E o papa?

É um pouco cruel pensar que, mais do que com o estado de saúde do papa, o país parece essencialmente preocupado com o efeito que daí possa decorrer para a realização das Jornadas Mundiais da Juventude.

Falando da Ucrânia

1. Um acordo para pôr fim à guerra na Ucrânia estará mais longe do que nunca. Uma intermediação dos países do Sul - depois da desastrada posição de Lula e da bizarra proposta indonésia - parece condenada ao fracasso. Kiev apenas não descartou, em absoluto, um papel para a China.

2. Contudo, a última coisa de que Washington admitiria, depois do evidente desagrado causado pela recente intrusão diplomática chinesa no Médio Oriente, seria ver Pequim assumir um papel de "broker", num dossiê onde é o principal "investidor" político-militar. E a Ucrânia sabe isso.

3. À luz da História, será muito pouco provável que um cenário negocial para o pós-guerra - que envolverá necessariamente os EUA, a NATO e a UE -, que no essencial definirá a nova arquitetura de segurança na Europa, venha a ser desenhado por potências exteriores ao continente.

4. Existe a sensação de que o Reino Unido se estará a posicionar para vir a desempenhar um futuro papel destacado na segurança ucraniana, como poder europeu delegado dos EUA, apreciado por Kiev. A possível designação do seu ministro da Defesa para SG da NATO ajudaria a esta ambição.

5. No seu ziguezague desde o início da guerra, Macron sonhou um "tandem" com a China, para pilotar uma solução negocial, dada a mútua autoridade de membros do CSNU. Os EUA, que não confiam na França, terão travado a iniciativa. E Macron, sem problemas, passou de pomba a falcão.

terça-feira, junho 06, 2023

Ficha na Pide


Há mais de uma década, numa passagem pela Torre do Tombo, inquiri sobre se que, nos arquivos da PIDE/DGS, haveria alguma informação a meu respeito. Foi-me dito que sim, tendo mesmo obtido o número de referência sob o qual esses dados estavam registados. 

O facto de, desde então, nunca ter procurado ter acesso àquilo a que vulgarmente se chama a "ficha na Pide", revela a consciência que já tinha de que nada de muito relevante devia integrar esse dossiê. Antes de Abril, nunca fiz parte de qualquer organização política clandestina, nem nunca fui incomodado pela polícia política. 

Hoje, aproveitando meia manhã livre, e porque andava por perto, decidi ir à Torre do Tombo.

Respira-se uma saudável serenidade naquele espaço. Há por ali um amável silêncio, quase ia jurar que único em Lisboa. (Não excluo voltar, sob qualquer pretexto, só para gozar aquela magnífico ambiente). Notei, além disso, uma excecional simpatia e profissionalismo por parte de todo o pessoal, que me atendeu a mim e a outra gente que estava por ali por coisas bem mais sérias do que a minha curiosidade sobre o que os "pides" pensariam a meu respeito.

E afinal, que descobri? Praticamente nada! A PIDE e, depois, a DGS - cuja Comissão de Extinção, agora me lembro, integrei, por alguns meses, em 1974 - apenas tinha anotado, a meu respeito, coisas inócuas, como pedidos de passaporte, entrada para a Função Pública e ida para a tropa. 

Ora eu pensava que ter feito parte da "troika" que entregou a lista oposicionista ao Governador Civil de Vila Real, em 1969, sendo depois chamado à polícia local, por mais de uma vez, tinha marcado para sempre o meu destino. Ou que o facto de ter sido "não-homologado", por duas vezes, por decisão ministerial, como dirigente associativo universitário eleito, era a prova provada de que estava, para sempre, na "lista negra" do regime. Ou que o ter sido vetado expressamente pela Censura de continuar a escrever em "A Voz de Trás-os-Montes", por manifesta desafetação ao regime detetada nos artigos, abrira, de imediato, um severo processo a meu respeito. Ou que a minha assinatura, com trémula letra, em abaixo-assinados claramente ligados ao "reviralho", tinha sido posta a crédito (a débito, para eles) da minha "esquerdalhice". Ou que a circunstância de, por bastantes anos, ter andado da passarinhar por tudo quanto eram reuniões oposicionistas, desde manifestações de rua aos comícios mais diversos, tinha chamado a atenção dos "pides" sobre a minha pessoa. Ou que os incidentes disciplinares por que fora "chamado à pedra" na tropa, em Mafra, bem como a participação nas reuniões clandestinas de milicianos, nos meses que antecederam Abril, estavam a ser registados para devidos e futuros efeitos. Tudo somado a uma imensidão de outras muito pequenas coisas, desde distribuir literatura clandestina a pintar algumas (muito escassas) paredes, atos que pensava que não tinha escapado à argúcia do pessoal da António Maria Cardoso.

Qual quê! Nunca me ligaram peva, não me deram a menor importância, nem sequer tiveram a atenção de fazer um leve juízo apreciativo a meu respeito, fosse ele qual fosse... Uns ingratos!

Não se tivessem passado cinco décadas de ditadura, de perseguições, de torturas, de mortes, da infernalização da vida de muita e corajosa gente, pelo olhar para a minha "ficha da Pide" eu deveria concluir que nunca por cá houve qualquer coisa a que se pudesse chamar fascismo.

Saí hoje da Torre do Tombo devidamente "humilhado" pela descaso feito pela PIDE à minha, afinal minúscula e irrelevante, atividade oposicionista. Mas também saí com uma muito maior admiração por quem teve a coragem, que eu não tive, de enveredar pela luta aberta contra a ditadura, nas esquinas da clandestinidade ou a dar a cara na denúncia do regime, arrostando com as devidas consequências, em muitos casos trágicas. 

Essa gente é que merece, com imensa honra, ter "ficha na Pide". Não eu.

O porto que Lisboa é

Os traços eram estranhos, algo asiáticos, mas não muito pronunciados. O português, abrasileirado, era razoável na pronúncia, embora com ligeiros erros nas concordâncias. Fizemos apostas sobre a origem da empregada que nos servia, no jantar de ontem. Na altura de pedir as sobremesas, perguntei-lhe. "Usebequistão", foi a resposta, com um sorriso. "É muito longe...", esclareceu. Para ver a reação dela, disse-lhe: "Já estive alguns dias no seu país". Abriu os olhos bem oblíquos, entre o espantada e o descrente. "É verdade! Dormi em Fergana, em Tashkent, em Samarcanda e em Bukara". Parecia não querer acreditar. "O seu país é muito bonito". Era pura verdade. O sorriso ia aumentando. A música ambiente, caribenha, aos berros, naquele restaurante novo e incaraterístico, desenhado para turistas, no local onde a Braamcamp cruza com a Alexandre Herculano, onde o fantástico fim de tarde e o acaso nos tinham feito desaguar, não dava para mais conversa. À saída, a rua estava assim, a cheirar a tílias, a lembrar o Jardim da Carreira, em Vila Real. O edifício da sinagoga tem, ao lado, uma loja com nome árabe. Lisboa é um porto, pelos vistos seguro, para gente muito diversa. A mim, é uma coisa que muito me agrada. Só espero que a eles também.

segunda-feira, junho 05, 2023

Carpe noctem

 


Nomenclatura



É com a passagem do tempo num consultório médico que percebemos, finalmente, por que razão somos designados por "pacientes" e o lugar onde aguardamos que nos chamem se designa por "sala de espera".

"Piauí"


Chegou-me a "Piauí" nº 200, pela minha assinatura. 

Lembro-me bem do dia em que comprei, há 17 anos, o nº 1 desta que é, a grande distância, a melhor revista Brasil, que se qualifica uma publicação "para quem tem um parafuso a mais". 

O primeiro texto deste número começa assim:



Em Jaboatão dos Guararapes


Não consigo encontrar o nome de Judite Vilar nos glossários das histórias do movimento operário.

domingo, junho 04, 2023

O segredo de Ansón


Rafael Ansón é, desde há muitos anos, uma figura muito conhecida da vida pública espanhola. Hoje com 87 anos, mantem-se como o "papa" da Gastronomia espanhola, que lhe deve um extraordinário trabalho de promoção. 

Nessa área, Rafael já ocupou todos os lugares possíveis, até ter chegado a presidente da Associação Internacional de Gastronomia. Esteve presente em Lisboa, na passada semana, para participar na gala anual da nossa Academia Portuguesa de Gastronomia*, onde foram entregues os prémios anuais de cozinha, de escanção, de restauração e de divulgação mediática.

Rafael é seco de carnes, como alguns dizem. Andando ele, desde há muito, num vai-e-vem de eventos e, imagina-se!, almoçaradas e jantaradas, perguntei-lhe, um dia, numa refeição no Belcanto, como é que ele conseguia ter aquele físico equilibrado. Coloquei a questão com curiosidade mas também com inveja, confesso.

Riu-se e explicou o "segredo": "Numa refeição, em geral, eu como sempre pouco, mas como muito daquilo que é bom!" Nas vezes que nos voltámos a cruzar, constatei que Rafael Ansón, embora provando de tudo, evita aquilo o que seja lateral à essência do prato, todos os componentes que considere não essenciais. E, claro, é muito cuidadoso com o que come do resto, do "bom". É a arte de comer, enfim.

(* Porque se vive por aí uma cultura de inveja e de desconfiança, gostava de deixar claro que a APG é uma organização sem fins lucrativos, dedicada à promoção da gastronomia portuguesa, em que cada associado paga as suas quotas e o custo de participação nos eventos a que assiste. A APG nunca recebeu, naturalmente, um único centavo do Estado ou de qualquer 20/20 ou PRR...)

A Suécia vai entrar para a NATO. Ponto

 

A ver aqui.

Sanchez - será desta?


Ver aqui.

Erdogan - mais uma corrida, mais uma viagem!


Pode ver aqui.

A guerra chegou à Rússia?


Ver aqui.

Juros

Só uma manifesta iliteracia pública justifica que não seja uma evidência que o Estado português, ao financiar-se internamente através dos Certificados de Aforro, deve tentar pagar a mais baixa taxa de juro que seja possível. Como contribuinte, quero pagar, pelos empréstimos ao Estado, o menor serviço de dívida possível - seja no exterior, seja no nosso mercado financeiro interno. Como contribuinte, não quero que os meus impostos sirvam para subsidiar o investimento de quem tem isso poupanças para comprar Certificados de Aforro. Por isso, quero que estes tenham a mais baixa taxa de juro que for possível conseguir-se. Confundir isto com a questão dos juros dos bancos é uma mera demagogia, que só sobrevive no debate público graças à iliteracia financeira que por aí grassa.

"A Cozinha do Manel"


Na noite da passada sexta-feira, no Grémio Literário, ao restaurante "A Cozinha do Manel", situado na rua do Heroísmo, no Porto, foi atribuído pela Academia Portuguesa de Gastronomia o prémio Maria de Lurdes Modesto, que anualmente homenageia um restaurante que se destaque na área da cozinha tradicional portuguesa.

Recebeu o prémio o proprietário, José António Vieira, na imagem com José Bento dos Santos, figura cimeira da Academia, cujo presidente do Conselho Diretivo, Carlos Fontão de Carvalho, sublinhou os mais de três decénios de bons serviços à gastronomia portuense prestados pelo restaurante.

Recordo que, entre outros, no passado foi atribuído este prémio a restaurantes como "A Tasquinha do Oliveira" (Évora), o "Tia Alice" (Fátima), o "Vallecula" (Valhelhas), o "Noélia" (Tavira), o "Casas do Bragal" (Coimbra), o "Geadas" (Bragança) e o "Solar dos Presuntos" (Lisboa).

Parabéns a quem dirige e trabalha no "A Cozinha do Manel", um dos meus restaurantes de eleição no Porto.

sábado, junho 03, 2023

O cambão

Existe um evidente cambão entre os bancos que leva a um ambiente artificial de baixas taxas de juro de depósitos. Por que é que o acionista do principal banco português não impõe que se acabe com esta vergonha? Quem é? É o Estado! Para que serve, afinal, manter um banco público?

sexta-feira, junho 02, 2023

Saber viver com a diferença

A tentativa de desqualificação de alguns comentadores militares, área em que a CNN Portugal faz a diferença face à concorrência, a qual parece viver feliz no seu quase unanimismo opinativo unilateral, tem apenas um objetivo: tentar o afastamento das vozes dissonantes. Digo eu...

Viva o 25 de Abril!

Por esta hora, e nesta precisa data, um grupo de quase duas dezenas de "implicados" no 25 de Abril reune-se numa almoçarada que te...