Há politicos que nos irritam. Há políticos cuja inteligência nos diverte. Patrick Devedjian, para mim, cumpriu sempre essas duas funções. Morreu hoje, de coronavírus, aos 75 anos.
Era uma figura que projetava alguma arrogância, como às vezes acontece a quem, como ele, era muito dotado. De ascendência arménia, como o apelido não traía, foi um dos “culpados” do reconhecimento parlamentar do genocídio turco na segunda década do seculo XX, que haveria de inquinar, ainda mais, as relações entre Paris e Ancara.
De extrema-direita da sua juventude, passou depois a liberal.
(Nada que, entre nós, não seja o pão nosso de cada dia. Alguns, aliás, dão ares de tentarem acumular ambas as vertentes - a primeira, porque lhes está na natureza, a segunda, porque está ou estava na moda).
Aderiu depois ao gaullismo, coisa comum na direita francesa, onde amor ao Estado se equivale, muitas vezes, ao da mais ortodoxa esquerda. Saiu mais tarde das bandas de Jacques Chirac para se juntar a Sarkozy. Não gostou que este abrisse o governo a algumas caras heterodoxas, como Kouchner e outros divertimentos. Foi nessa altura que proferiu uma das boutades por que ficou famoso: “Sou por um governo de abertura, inclusive aos sarkozistas...”.
Um dia, depois de ganhar uma eleição que todos esperavam que perdesse, cunhou esta pérola da ironia política, que deixo em francês, por ser assim mais saborosa: “Il y avait tellement de gens à mon enterrement que j’ai décidé de ne pas m’y rendre”. A frase ficou tão famosa que, estou certo, ele sabia que seria lembrada na hora da sua morte.
6 comentários:
O Tó, que sempre negociou berrando e aldrabando, julgava que o ministro holandês ia na cantiga de abrir os cordões à bolsa para aqueles que gamaram à fartazana, os socialistas e os social fascistas, nunca se preocupando com o futuro dos povos. Enganou-se. Habituem-se!
Pois enterre-se, ou melhor, fogacho. Sem gente. Como bem disse Lagerfeld: il faut décamper.
aamgvieira : O que tem a ver o seu texto com Patrick Devedjian?
Este Vieira é como o Miguel de Vasconcelos. Um traidor! Prefere os holandeses ao nosso PM, tal como biltre do Vasconcelos que preferia Espanha à Restauração! A Direita Radical é assim: está sempre do lado do inimigo. No caso, do Capital (os Mercados, o BCE/Lagarde, não confundir com Draghi,os Passos Coelho/Portas/Albuquerque/Gaspar, e toda escumalha que andou a tratar-nos abaixo de cão, a nós, aos Gregos, etc, na crise anterior).
2. Quanto a União Europeia, pode ser que o Vírus venha a matar o sonho europeu, da Europa Unida, da existência da tal...U.E. Por culpa da U.E, ou pelo menos de alguns dos seus membros, alguns influentes. Espanta-me a debilidade francesa! Que vergonha! A França está quase como em 1941 perante os alemães.
3. Deixo uma pergunta: o que será da U.E daqui a, digamos, 10anos? Ou 20?
Tristeza!
a) Jorge G.
Lembro ao anónimo das 23:43 que, se no dizer dele nos trataram abaixo de cão, foi porque o crápula do seu querido falso engenheiro (só pode usar esse título quem tenha feito com aprovação o respectivo exame na Ordem) Sócrates andou a esbanjar dinheiro como se não houvesse amanhã e nos enfiou numa pré-bancarrota.
Oh Diniz,
Vamos lá compor as coisas,
Em primeiro lugar nada o leva a concluir que eu seja um admirador do tal José Sócrates;
Em segundo lugar, o tal José Sócrates não foi - sublinho - culpado da crise que se abateu sobre nós, naquela altura. Com a crise financeira que a Banca corrupta e praticando gestão danosa, a nossa e a lá de fora, que teve de ser socorrida com o dinheiro dos contribuintes,a nossa economia não teve grandes hipóteses de salvar a honra do Convento, sobretudo porque a Extrema-Direita-Neoliberal de então (PSD/CDS, vulgo Passos/Portas)resolveu (com o apoio do BE (e creio do PCP) chumbar o Pec IV, que aliás tinha merecido a aprovação da tal Senhora Europa , a Ângela "alemã".
Portanto, deixe-se de tretas, veja se percebe alguma coisa de economia antes de perorar.
Consideração,
a)Jorge G...confinado, que remédio!
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