quinta-feira, março 26, 2020

Os poetas contra o vírus (2)


O AMOR NA BICHA DO SUPERMERCADO EM TEMPOS DE QUARENTENA

Não me aproximei de ti,
guardei devida distância,
mas na hora que te vi
nasceu em mim esta ânsia.


O teu corpinho de licra
vestido e teu olhar manso
é imagem que em mim fica
e me deixa sem descanso.

Amanhã irei de novo
ao mesmo supermercado,
guardando no meio do povo
o recato aconselhado.

Esperarei que tu venhas,
por isso fico na caixa
atrapalhando nas vendas;
olho pela esquerda baixa

e não vejo teu sorriso
nem teu corpo iluminado.
Resmungam todos comigo,
que atrapalho ali parado.

Mas eu espero que venhas
com teu corpinho na licra
e em arco-íris acendas
o fogo na minha vida.

Assim volto cada dia
a este supermercado
à espera que sorrias
um dia a este meu fado.


Luís Filipe Castro Mendes

2 comentários:

Anónimo disse...

Não é aconselhável ir tantas vezes ao supermercado...

NadaDePoesia disse...

Se fores ao supermercado
Vai com moderação
Porque o virus está ocupado
Em exponencial propagação

E se teimares lá voltar
com frequência aritmética
Vai-te a polícia apanhar
e levas uma multa épica

Por isso, homem desnaturado
que só pensa meninas
Põe-te mais concentrado
nas tuas tristes rimas

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