O meu amigo Manuel Alberto Valente publicou no Facebook, numa “desgarrada” de poetas que por aí anda (que pena tenho que o António Russo Dias não ande a versejar os nossos dias), esta letra magnífica de fado. Não resisti a reproduzi-la, como farei a outras a que ache graça, para benefício dos utentes deste blogue que, nos últimos dias (alguma vantagem colateral terá o vírus!) ronda os 2000 leitores diários:
SEMPRE FADO
Já houve um fado operário,
anarquista, lutador,
que tinha como ideário
fustigar o opressor.
Já houve um fado calado
pela mordaça e pelo medo,
um fado no chão deitado,
de lamechice e putedo.
Com Marceneiro gritou,
com Maurício foi genica,
e até a Bica inventou
o tal Miúdo da Bica.
Mas veio Amália e depois
o fado foi outro fado,
passou a valer por dois,
já estava livre e curado.
Por isso já pôde rir
esse Homem na Cidade
que nunca deixou cair
a palavra liberdade.
E o fado do Camané,
da Aldina, de tantos, tantos?
O fado fica de pé
por mais que chorem os santos.
E mesmo nos tempos duros,
com quarentena e temor,
o fado ultrapassa muros
e ajuda a vencer a dor.
Por isso, gente, de pé!
Cantem alto, corações!
O Chico do Cachené
e a Rosinha dos Limões.
Manuel Alberto Valente
3 comentários:
Lindo .
Ah,fadista/s !!
Granda Valente!!! Influência caseira?
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