Sobre a questão da guerra da Ucrânia, a avaliar pelas redes sociaus, a maioria das pessoas apenas aprecia os comentadores televisivos que confortem as suas ideias ou, na falta delas, os seus preconceitos. Os outros ou são "lacaios" de Washington ou são "marionetas" de Moscovo. Não há meio termo.
12 comentários:
a avaliar pelas redes sociais
A avaliar pelas redes sociais toda a gente neste mundo tem posições políticas extremadas, não somente em relação à guerra na Ucrânia. Mas felizmente as opiniões neste mundo não são somente as que se vêem nas redes sociais.
Comentadores de Televisão ? Ou empregados dos canais, onde não existe debate público ou ocorrem apenas parcialmente na França, com participantes “cuidadosamente’ escolhidos…pela sua flexibilidade.
Os profissionais dos média visam esmagadoramente sufocar a possibilidade de debate denegrindo a parte que se quer apresentar como inimigo da ordem estabelecida, recusando a legitimidade de participar a correntes opostas.
Ao mesmo tempo que um número excepcional de opiniões expressas pelos telespectadores recebe respostas dos mesmos comentadores. Tudo funciona num círculo fechado.
Um canal de televisão e um produtor não podem ser honestos, quando o tema seria apenas pretexto para “construir a audiência”, sem dar a palavra a opiniões opostas.
Como teria sido muito mais interessante se, no tema abordado nesta emissão de hoje, em frente do Sr. Embaixador, outro participante, perante a declaração de Joe Biden considerando “justificado” o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra Vladimir Putin chamava a atenção sobre o mundo dos lacaios que permaneceram plácidos diante das centenas de milhares de assassinatos perpetrados pelos seus amigos políticos, em todo o mundo, no Vietname, na América Latina, no Iraque, no Afeganistão.
Mesmo sabendo que se o Tribunal Penal Internacional emitiu na sexta-feira um mandado de prisão contra o presidente russo, esta instituição internacional não é, no entanto, oficialmente reconhecida pelos Estados Unidos…e outros, como muito bem notou.
O secretário de Defesa, Lloyd Austin, lançou uma investigação sobre os ataques aéreos dos EUA em 18 de Março de 2019 em Baghuz, na Síria, após as revelações do New York Times de que mataram dezenas de mulheres e crianças.
(Estas crianças tiveram um destino diferente daquelas que os russos puseram em segurança no outro lado do Donbass, mas vê-se a exploração que se faz!)
As forças armadas americanas tentaram por todos os meios encobrir o crime. Escavadeiras enterraram os corpos de mulheres e crianças no local do ataque. O relatório público do Inspector-Geral do Pentágono foi censurado. E um denunciante que tentou passar provas da atrocidade ao Congresso foi afastado de seu cargo.
Este caso mostra a impunidade sistémica que prevaleceu nos mais altos escalões da hierarquia militar por décadas. Esta é a norma quando os Estados Unidos estão em guerra.
"Os outros ou são "lacaios" de Washington ou são "marionetas" de Moscovo."
Partilho dessa ideia.
Para alguns parece que os comentadores têm de dizer sempre que a Ucrânia está a ganhar e vai ganhar a guerra, que os russos estão mal treinados e que só eles é que cometem crimes de guerra. É tão enviesado que desconfio. Parece que nem se pode falar de negociações nem de paz. Isso é logo traição aos valores da democracia, valores pelos quais, dizem, luta Zelensky (não acredito nesta).
Muitos apelidam os Generais Agostinho Costa e Carlos Branco de putinistas o que me parece exagero, acho que fazem análises razoavelmente objectivas.
Zeca
A avaliação de algo pelas redes sociais é em si uma avaliação muito enviesada de nenhum préstimo.
Acabo de ler mais uma crónica do jornalista Bruno Amaral Carvalho. Será crível que ele é um mentiroso? Ou estamos pessimamente informados pelos nossos media?
Zeca
As redes sociais são, de um modo geral, habitadas por gente que de bom grado estaria na 1ª fila de um auto de fé da Inquisição.
Comentadores que se colocam do lado da Rússia e tentam arranjar justificações para esta bárbara invasão revelam toda uma ideologia distorcida que não consegue distinguir o bem do mal e o justo do injusto. Não lhes chamaria "marionetas" porque a Rússia não precisa deles para os manipular mas tristes produtos do obscurantismo da esquerda mais estúpida que atravessou toda a guerra fria.
O que me custa mais não é aturá-los porque felizmente não os aturo, não estou em nenhuma rede social nem nunca estive.
O que me custa mais é saber, por quem lá anda, das posições assumidas por pessoas que eu me tinha habituado a respeitar ao longo dos anos e agora não percebo nem aceito, algumas que eu sempre conheci cordatas e sensatas a insultarem tudo e todos â mínima posição dissonante.
Unknown disse...
Comentadores que se colocam do lado (dos EUA e NATO), e tentam arranjar justificações para estas bárbaras invasoes revelam toda uma ideologia distorcida que não consegue distinguir o bem do mal e o justo do injusto. Não lhes chamaria "marionetas" porque os (EUA e NATO) não precisam deles para os manipular mas tristes produtos do obscurantismo da direita e mesmo da esquerda mais estúpida que atravessou toda a guerra fria.
Se "Unknown" fosse corajoso, substituiria "Russia" por EUA e NATO. Mais nada.
LIBIA - A guerra foi liderada pelos Estados Unidos, primeiro por meio do Comando da África, depois pela NATON sob o comando dos EUA. Em sete meses, a força aérea UE/NATO realizou 30.000 missões, incluindo 10.000 missões de ataque, com mais de 40.000 bombas e mísseis. Milhares de mortos. Um Estado destruído. O Caos.
IRAQUE- A invasão norte-americana de 1991, a década de sanções que se seguiu, a segunda invasão de 2003 e a ocupação que se seguiu são causas extremamente importantes da crise mais ampla na região.
Quantas crianças, mulheres e homens inocentes morreram no Iraque desde a invasão daquele país pelo exército americano e seus aliados? Ninguém sabe ao certo. Mas o que é certo é que seu número está na casa das centenas de milhares. Quantos feridos, aleijados, viúvas, órfãos, refugiados etc. ?
Eles são condenados pelo tribunal da história, George Bush e os neocons não deveriam ser julgados pelo tribunal dos homens por seus crimes no Iraque, assim como Sarkozy que destruiu a Líbia? Isso seria certo.
No entanto, poder e justiça raramente coincidem. O direito internacional só é forte em estados soberanos que o aplicam. Duvido muito que Bush , os seus lacaios e seus neoconservadores sejam punidos.
manuel campos disse...
As redes sociais são, de um modo geral, habitadas por gente que de bom grado estaria na 1ª fila de um auto de fé da Inquisição.
O Sr. não acha que a imprensa alternativa oferece perspectivas que não existem na grande imprensa caracterizada pela desinformação sistemática?
Há aniversários que nunca gostaríamos de lembrar. A menos que permitam denunciar um crime atroz e imperdoável. Estes dias marcam o dia da intervenção dos EUA no Iraque há 20 anos. Não contente com as suas sanções assassinas – ninguém esquecerá as palavras de Madeleine Albright justificando a sua aplicação em nome dos “valores” ocidentais, apesar da morte de cerca de 600.000 crianças privadas de medicamentos.
O mundo inteiro sabe hoje que esta intervenção foi pretextada por um mentira grosseira das mais altas autoridades norte-americanas na pessoa do secretário de Estado Colin Powell e seu frasco perante as autoridades da ONU, supostamente contendo produtos altamente tóxicos mantidos em quantidades industriais pelo governo do presidente Saddam Hussein e qualificados como armas de massa Destruição (ADM) pelas mesmas pessoas que iriam incendiar o país com seu arsenal devastador.
Na certeza da sua supremacia hegemonica, os Estados Unidos, ladeados pelos seus aliados igualmente cúmplices,e um certo barman , embarcaram na destruição sistemática de todo um país.
Nenhuma palavra pode dizer ou traduzir o horror que os iraquianos sofreram desde então. Sem sequer contar o número exato de vítimas – que no Ocidente se preocupa com uma contagem precisa quando esses países nos são apresentados como “bárbaros” – a maioria de seus cidadãos perdeu tudo. E o país foi, como prometido pelos malvados promotores desses crimes, devolvido à Idade da Pedra.
Veja a nossa supremacia espalhada em todo o seu esplendor, e tente sentir e entender o olhar dessas crianças para sempre traumatizadas, imaginando que seriam suas.
"insultarem tudo e todos â mínima posição dissonante."
Concordo.
É um costume muito espalhado chamar nomes e classificar como mal intencionados e desonestos os que têm outras opiniões. Ou se afina pelo diapasão dominante ou é-se um malandro.
Recordo-me do tempo longínquo em que se dizia que era pago por Moscovo. E em que todo o que fosse pelo fim da guerra colonial era apelidado de traidor à Pátria e aos valores da civilização ocidental etc e tal. Proibido pensar...
Zeca
Sr. Joaquim de Freitas
"O Sr. não acha que a imprensa alternativa oferece perspectivas que não existem na grande imprensa caracterizada pela desinformação sistemática?"
Resposta: Acho. Mas a "imprensa alternativa" não é o que eu entendo por "redes sociais", nem me parece que seja dessa que o texto fala.
"...e tente sentir e entender o olhar dessas crianças para sempre traumatizadas, e tente sentir e entender o olhar dessas crianças para sempre traumatizadas, imaginando que seriam suas".
Resposta: Não sei porque é que acha que eu preciso de ser aconselhado a tentar "sentir e entender" seja o que fôr e não o faço já como modo de estar na vida há mais de 76 anos, não tem dado atenção ao que escrevo.
E muito menos que eu precise de "imaginar que fossem minhas", essa então...!
Não sei se tem filhos, se tem netos e que tenha passado os momentos complicados que por vezes eles nos trazem ou se não tem nem filhos, nem netos e fala de cor como a maior parte das pessoas que falam do mundo que vamos deixar aos nossos netos e nem filhos têm.
Eu tenho vários filhos e netos (estou farto de falar disso aqui) e, mais ainda, corro "sérios riscos" de ser bisavô antes dos 80 anos (com muito prazer e orgulho), dado que fui pela 1ª vez avô com 50 e poucos anos não é grande "habilidade".
E já passei com um deles por aquilo a que todos os pais do mundo (todos sem excepção) costumam classificar como "nem quero imaginar que uma coisa dessas me acontecesse a mim alguma vez!".
Portanto o "imaginar que fossem minhas", em relação a estas questões, não podia ter acertado melhor, não preciso de imaginar nada de nada, lhe garanto.
Dito isto, já conversámos há dias que para explanar as suas ideias não é preciso "meter-me ao barulho" adivinhando-me pensamentos que não tive nem dizeres que não disse, fala dos assuntos e pronto.
Há uma ideia peregrina por trás de muitos comentadores, a de que só se deve falar com ar sério de assuntos sérios e que quem por vezes brinca, faz humor ou aborda temas leves ou corriqueiros só pode ser alguém sem grandes problemas na vida.
Conhecem pouco da vida, não pensam que há quem continue a tentar viver normalmente, mesmo depois do seu mundo ter dado as piores voltas, é uma das maneiras de manter a lucidez e ajudar os seus no dia-a-dia.
Nota- Já sei que não me quis chatear, descanse que não lho levo a mal, apenas reagi.
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