sexta-feira, março 31, 2023

Américas

Tenho a convicção de que Jair Bolsonaro vai estar muito atento ao percurso de Donald Trump pelos corredores da justiça. É que algum tropismo seguidista do parceiro yankee que, desde sempre, fez escola no Brasil, deve inquietá-lo. Com razão.

5 comentários:

manuel campos disse...


Não discuto nem os méritos nem os deméritos da situação específica e bastante secundária que trouxe Trump até aqui, desde Al Capone preso por causa dos impostos que nada me espanta daquele lado do mundo.

Mas que esta situação é uma "faca de dois legumes" como disse um sábio filósofico-futebolístico parece-me evidente.
Por lá, mesmo entre os que aplaudem a situação, já há alguma preocupação sobre o "precedente" (atenção, pus aspas), hoje tu, amanhã eu, por um "pequeno crime" qualquer.

E já agora é bom lembrar que nos EUA acontecem coisas "estranhas" do nosso ponto de vista:
"Eugene Debs ran for president four times, including one time in which he was actually serving time in Federal prison for sedition!"

E ainda que, pelo que também se sabe:
"The eligibility rules for President are clearly outlined in the Constitution. The person must be at least 35 years old, be a natural-born citizen, have lived in the United States for at least 14 years, and has not already served more than two terms as president. There’s nothing in there that says that you can’t be in prison at the time of your campaign or election."

Trump não vai ficar preso porque terá dinheiro para a fiança, arriscamo-nos que ainda saia como "vítima" (atenção, pus aspas outra vez) com tudo o que de bom e de mau isso significa neste momento incerto da vida do país.

Para que lado cairá a "balança"?
Ninguém sabe mas vai ser interessante de seguir.

Paulo Guerra disse...

Concordo com o futuro do Bozo! Como já estamos a ver com Moro. Quanto a Trump infelizmente já está a capitalizar politicamente com este processo. A única forma de um processo judicial atingir negativamente Trump hoje nos US era torná-lo não elegível, o que não é o caso nem de uma eventual condenação! O que diz muito do abismo em que os EUA caíram nos últimos anos! Quando um país começa a eleger candidatos populistas anti-sistema… Que na realidade não passa de um vigarista a quem o sistema já deu muito jeito. Mas é o que é e ao que parece uma parte política dos EUA não tem antidoto para Trump e a outra parte quer Trump. Que só ajuda o mundo no humor sobre os EUA!

P.S. Até o processo em si é paradigmático dos EUA hoje. Um ex-Presidente que incentiva um motim político indiciado por erros na contabilidade com uma prostituta! E pensando bem, Clinton também já quis explicar ao mundo o core de um acto sexual.

Joaquim de Freitas disse...

Em relação à ocupação momentânea do Congresso dos EUA pelas fanáticas hordas de Trump, que irromperam no Capitólio em 6 de Janeiro de 2021 com espantosa facilidade, deve-se ter em mente que as forças repressivas costumam não deixar entrar manifestações no Congresso.

As manifestações de massa do "Black Lives Matters" contra os repetidos assassinatos da população afrodescendente pelas forças policiais americanas, nunca conseguiram passar o cordão policial.

As manifestações contra as guerras imperialistas, nem nenhuma das manifestações que desafiassem de uma forma ou de outra o sistema estabelecido, também não podiam ultrapassar a barreira policial; mas é, por outro lado, com espantosa facilidade que entraram as hordas fanáticas da direita mais alienada, que obviamente não têm nenhuma reivindicação substantiva e estrutural contra o sistema estabelecido.

Os assaltantes tolerados no Congresso, representam a população mais alienada por este sistema, a sua ação, em apoio a um magnata capitalista contra outro igualmente funcional no poder economico, foi realizada com paixão porque acreditam verdadeiramente que apoiar um magnata capitalista frente a outro é" lutando pela liberdade" (obviamente seu conceito de "liberdade" é a fraude imposta por este mesmo sistema).

É por isso que eles os deixam entrar. Foi somente após o desdobramento de um espectáculo de selfies e imagens incríveis que as forças repressivas entraram para expulsar os “peregrinos”

E pensar que é este mesmo Trump,que em tempos de pandemia, colocou a prémio a cabeça de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela , por um valor de 15 milhões de dólares... (e vários membros do governo venezuelano), por tráfico de drogas...

América, América.... pais do espectaculo !

manuel campos disse...


"Catch 22" é um dos meus romances preferidos desde que soube dele e o li.
Publicado originalmente em 1961 (ainda que o exemplar que possuo fale de um 1º copyright em 1955) tenhoa a edição de bolso da "Corgi Books" de 1984.

A expressão "Catch 22" é definida como:
"A catch-22 is a paradoxical situation from which an individual cannot escape because of contradictory rules or limitations.
Catch-22s often result from rules, regulations, or procedures that an individual is subject to, but has no control over, because to fight the rule is to accept it".

Por aqui se vê que vivemos rodeados no dia-a-dia destas situações, o simples facto de mudarmos de fila, porque a nossa não anda, para outra que passa nessa altura a não andar, enquanto aquela em que estávamos passou a andar, se enquadra aqui.

Isto tudo para dizer que esta situação de Trump começa a ser alcunhada de "Catch 22" lá pelos States dadas as subtilezas legais que envolveram as transferências de dinheiro (que é o que está em causa) que tiveram lugar antes de chegar a Stephanie Clifford (Stormy Daniels para os amigos).

Não falei propositadamente do Brasil porque aí, do meu estrito ponto de vista, aquilo do "hoje tu, amanhã eu" de que falei acima ainda se põe com mais acuidade, não há milagres.


manuel campos disse...


Já agora e ainda sobre o "Catch 22".

Do livro foi feito um filme com o mesmo nome, realizado por Mike Nichols em 1970 (também o tenho algures).
O elenco liderado por Alan Arkin e Martin Balsam, conta ainda com Jack Gilford, Art Garfunkel, Anthony Perkins, Paula Prentiss, Martin Sheen, Jon Voight, Orson Welles e muitos mais como é costume.

A história resume-se assim.
Durante a 2ª Grande Guerra um aviador tenta desesperadamente fugir à insanidade da guerra mas por vezes a insanidade é a única maneira sã de lidar com uma situação louca.
A história é portanto uma sátira sobre a mentalidade militar e, de um modo geral, sobre as sociedades burocratizadas.
Tendo em conta o resumo acima, por razões mais que óbvias esteve proíbido em
Portugal até 1974.

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