Se houve graves abusos, praticados por cavalheiros que operavam numa certa instituição, não seria prioritário o Ministério Público atuar criminalmente sobre essas pessoas? Não estaremos a conferir demasiada importância pública ao aturdido estado de espírito dentro dessa mesma instituição?
10 comentários:
Até à data só tinha ouvido chamar cavalheiro a um pedófilo em Westminster! E o nosso MP também já mostrou que não recebe padres! É mais fácil escutarem um Governante ilegalmente ou até chamar uma televisão para ir deter um ex-PM nas chegadas do aeroporto por perigo de fuga que incomodar um padre em flagrante delito na sacristia! Antes um escândalo internacional que um escândalo na aldeia. Têm todos muito medo de ir para o Inferno! E também não vale a pena chamar o Alex. Além de beato já não deve ter ambições na Igreja.
Mas o MP deve actuar, por dever legal. O problema é que grande parte dos crimes deve estar prescrita. E, por isso, alguns políticos de esquerda, sabendo disso, querem que a Igreja actue internamente, até porque os prazos de prescrição dos delitos canónicos é superior ao da justiça civil. É comovente ver a grande inquisidora Isabel Moreira empenhada no sancionamento canónico. Quem não a conhecesse até poderia pensar que se tratava ainda de uma católica fervorosa ( até porque era o que ela era aos 11 ou 12 anos, segundo disse). Mas os ateus, como ela, têm legitimidade só e apenas para pedir a actuação criminal do MP sobre os abusadores. Se essa actuação não tiver resultado, devem então aliar-se ao Diabo, quero dizer, ao Chega, no Parlamento para aumentar, para o futuro, e só para o futuro (estamos num Estado de Direito), os prazos de prescrição e as penas dos crimes (pois o que está prescrito prescrito está). Às vezes "Fascistas" ou os "Pidescos" podem ter razão...
Ainda "a procissão vai no adro" e infelizmente não é só em Portugal.
Toda a razão Flor! E para quem, como eu, reconhece valor em muitas obras da Igreja Católica a primeira coisa que me ocorre sobre o arrastar deste tipo de processos é que só podem interessar a quem não gosta da Igreja católica ou quer proteger algum interesse pessoal que se sobrepõe à própria Igreja que professa. Tipo o diabo da Opus Dei que escreve no Observador, que muito provavelmente professa mais umas heresias e uns disparates que resolve à noite com 10 disciplinas e um buraco no cilício e siga para bingo! Ainda se fosse eu a dar-lhe as vergastadas! Ou não que podia gostar. A Ventura o que é de Ventura!
Porque com os fiéis no Seculo XXI mais que preparados para perdoar homens e sobretudo a Igreja, não fosse o perdão a base de toda a Igreja Católica, a própria hierarquia da Igreja devia ser a mais interessada em encerrar este vendaval o mais depressa possível, cuidar das vítimas como manda o PAPA e prosseguir com a obra de Deus - como também lhe chamam - quanto antes. A Igrega Catalócica não retira qualquer dividendo em arrastar este tipo de processo ainda com a polémica do altar bem viva. Muito pelo contrário! Só má “publicidade” junto dos fiéis e da população em geral quando a fé e as vocações também já não são o que eram! No mundo inteiro, excepto Asia no caso da Igreja Católica.
A própria Comissão sempre que deparasse com indícios fortes de crime devia imediatamente passar esses indícios para o MP sem qualquer prejuízo do relatório final! E eu também pelo respeito que as vitímas me merecem, prefiro ficar por aqui. A parte mais importante do processo que também não deve estar minimamente interessada no arrastar da “novela” que ninguém sabe quando vai exibir o último episódio. E como a Flor disse e muito bem, foi praticamente o mesmo em todos os países. Porque na Igreja Católica no que toca à confissão e à penitência são “sacramentos” só para os crentes!E infelizmente foi sempre assim!
não seria prioritário o Ministério Público atuar criminalmente sobre essas pessoas?
Não, não seria. Porque muitos dos criminosos já faleceram, e os restantes criminosos já estão muito idosos e, por força da Natureza, incapazes de voltar a perpetrar os crimes que em tempos perpetraram, os quais já prescreveram.
Ouvi agora na SIC que em Lisboa há 5 padres no activo.
De vez em quando e ao longo da vida, tal como a formiga do Zeca Afonso, também me sinto no carreiro em sentido contrário. A pedofilia é uma prática abjecta e inqualificável, geradora de responsabilidades à luz da lei e, naturalmente, alvo de um repúdio absoluto e generalizado da sociedade. Também por essa razão, todos os justicialismos são de uma perversidade absoluta, ademais quando possam, no limite, colocar vítimas na fogueira social dos culpados. Nos dias que correm, vou vendo por aí opiniões de dois tipos: os Cruzados do bem (que tristeza ver a Isabel Moreira com um elmo na cabeça), e os comentadores da TSF/CMTV, que aqui se intersectam (ai Marcelo, Marcelo, que te foge sempre o pé para a dança!...). Os primeiros, já se sabe, herdaram do algarvio de Boliqueime aquela premonição especial que os leva a nunca se enganarem e a raramente terem dúvidas; os segundos, pelo contrário, sabem exactamente o que têm que soprar aos ouvidos de quem os ouve. Depois sobre aí um pequeno grupo de marginais (outsiders, como agora se diz), que entendem que as regras devem ser aplicadas, aos srs. padres e a todos os outros seus concidadãos, por igual e com idênticas garantias e consequências. Mas, é claro, esta posição, vende-se mal.
E falou a hierarquia da Igreja Católica Portuguesa, aqui através do Sr. Lavoura. Rolem outra vez a pedra para a entrada do tunel do silêncio que já arejou mais que suficiente. Já chegou o vendaval, não vamos deixar isto agora evoluir para um terramoto de proporções bibilicas que podemos não conseguir controlar! O que só replica o ensaio de outras hierarquias! E porquê? E vou só abordar uma das explicações e deixar para já as caixas das esmolas de lado. Porque é que a hierarquia não se toca que sem justiça para as vitímas e para muitos crentes é como se o crime nunca tivesse parado de ser perpetrado? Menos para as que entretanto se suicidaram, como é óbvio. Porque é que a hierarquia se recusa a pôr um ponto final em tanto sofrimento que está farta de saber - como o mais comum mortal - que só se alcança com justiça num Tribunal?
Porque é esta a percepção que enraizamos, também desde tenra idade, num verdadeiro Estado de Direito Laico! Porque a Hierarquia sabe que no dia em que der o único passe digno neste processo, que como é óbvio, não passa só por pedir desculpas à ínfima parte das vitimas que arranjou coragem para comparecer perante esta Comissão, vão aparecer 1 000 x mais casos! E muito mais recentes, senão com os abusos a decorrer e com as vítimas ainda em choque, que são o verdadeiro pânico da Igreja! E claro que os crimes não pararam na década de 80! Que conveniente o silêncio! A Igreja portuguesa infelizmente não está em nenhum caminho de rendenção ou à procura de erradicar qualquer problema! Simplesmente e devido a muitas pressões, inclusive do Vaticano, abriu uma fresta dos baús mais velhos para deixar sair o mofo mais antigo e colocar umas bolas de naftalina para as traças mais novas como faz todos os anos com as sotainas. E a dissonância cognitiva nos medias nacionais e internacionais!
Brasil, O Globo: Portugal teve mais casos de abuso na Igreja Católica que demais países europeus juntos, mostra comissão. Afinal para o Brasil não temos só o Ronaldo! E parece que até o Vaticano depositava mais fá na “ode” irlandesa.
Apesar de para ser franco não compreender esta manchete quando o próprio Globo também escreve noutro artigo que França registrou 216 mil vítimas de abuso sexual na Igreja Católica desde 1950?! Será fruto de uma Comissão mais rigorosa, da lusofonia ou da amizade luso brasleira? Adiante.
“O relatório, denominado “Dar a voz ao silêncio”, foi publicado pelo Diário de Notícias, com 4303 denúncias, apontando que os abusadores seriam padres, alguns deles ainda no ativo. Entre as denúncias, no entanto, somente 25 casos podem ser investigados judicialmente, uma vez que a maior parte dos crimes teria prescrito pela lei local.”
Portugal, DN, Pedro Strecht, o psiquiatra infantil presidente da comissão independente de especialistas: Foram validados 512 dos 564 depoimentos recebidos. Strecht afirmou que, a despeito do número, os abusadores são uma minoria em meio ao clero. Os testemunhos permitem chegar a uma rede de vítimas muito mais ampla, calculado num número mínimo de 4.815. Não é possível quantificar o número total de crianças vítimas. A Comissão concluiu que a Igreja portuguesa tem noção que a quantidade real de vítimas é muito maior. Strecht também afirmou que “houve evidentemente ocultação desses abusos sexuais por parte da Igreja Católica” e que a colaboração da Igreja com a comissão indica que agora estão num "caminho de desocultação". Cof. Cof.
O juiz Álvaro Laborinho Lúcio, outro integrante do grupo - Foi muito mais do que isso!
Apesar disso, Laborinho Lúcio disse que as soluções oferecidas até agora têm sido insuficientes, recomendando que os abusadores sejam expulsos do clero. - Não bastam retiros espirituais, ausências transitórias. Desculpem-me a linguagem, mas não há milagres — afirmou. — Grande parte dessas pessoas tem tudo a seu favor para continuar com seus crimes (...) Se pudesse, obviamente afastava-os!
Os fatos denunciados revelam "situações graves que persistiram durante décadas, que se tornam mais evidentes à medida que se recua no tempo e que, em alguns locais, adquiriram proporções verdadeiramente endêmicas", concluiu a equipe em outubro, em um relatório preliminar. Quase 60% dos abusos aconteceram entre as décadas de 1960 e 1980. A maioria dos casos denunciados já prescreveu, mas 25 depoimentos foram encaminhados ao Ministério Público, que abriu investigações. Antes só 4% das vítimas reportaram os abusos sofridos às autoridades. Um número na média verificada noutros países onde conluiram que mais de 90% das vitimas nunca reportams abusos antes da certeza que é feita justiça e não são só mais um numero numa folha de papel ou de excel! Entre os agressores, 77% eram padres. Aproximadamente 48% das vítimas falaram só agora pela primeira vez sobre os abusos de que foram vítimas à comissão independente. Ainda neste mês fevereiro, a comissão vai terminar uma lista de “abusadores ativos”, que enviará ao Ministério Público e à Igreja. Os abusos "estão espalhados por todo o país", mas Lisboa, Porto e Coimbra são os distritos com mais casos reportados.
Um exemplo de um Trauma ainda vivo:
Um dos 25 casos encaminhados ao MP é o de Alexandra, o segundo nome de uma mulher de 43 anos que prefere permanecer no anonimato e que foi violada por um padre quando se preparava para a vida de freira aos 17 anos - É muito difícil falar sobre o tema em Portugal - disse à AFP Alexandra, que é mãe, formada em Ciência da Computação e trabalha como ajudante de cozinha - Eu guardava esse segredo há muitos anos mas era cada vez mais difícil administrar sozinha. Ela chegou a denunciar o agressor às autoridades eclesiásticas, mas foi "ignorada". Três anos depois, os especialistas da comissão independente ofereceram-se para ouvir seu depoimento - que generosidade - e proporcionar apoio psicológico - que magnânimos. Em abril do ano passado, o cardeal-patriarca de Lisboa e principal líder da Igreja Católica portuguesa, Manuel Clemente, declarou-se disposto a "reconhecer os erros do passado" e a "pedir perdão" às vítimas. E ó larila!
Que os bispos peçam perdão não significa nada para mim. Não sabemos se o que falam é sério - disse Alexandra, que se declarou "enojada" com a Igreja e seu encobrimento dos abusos sexuais.
De qualquer forma há uma réstea de esperança porque não me parece que nesta matéria tão cara para o actual Papa, quase de visita a Portugal, o Vaticano vá compactuar com a Igreja Portuguesa:
Jesuíta Hans Zollner, membro da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores e um dos principais rostos do pontificado do Papa Francisco no combate a este flagelo, fala de uma realidade "muito negra para vítimas, famílias e amigos"
"Infelizmente não é uma surpresa". Vaticano esperava números de abusos sexuais em Portugal - e admite expulsar padres condenados! "Um perpetrador que foi acusado, então o procedimento legal tem de ser seguido" pelas leis portuguesas. Quanto ao Direito Canónico, aplicado pela Igreja, pede que os casos que tenham um "vestígio de verdade" sejam denunciados ao Vaticano, que a partir daí abrirá o seu próprio processo.
https://cnnportugal.iol.pt/abuso-sexual-de-menores/igreja-catolica/infelizmente-nao-e-uma-surpresa-vaticano-esperava-numeros-de-abusos-sexuais-em-portugal-e-admite-expulsar-padres-condenados/20230213/63ea45fb0cf28f3e15cbe41f
Se é verdade o que disse o Bispo de Lamego - que a Comissão independente só lhe mandou os nomes de dois sacerdotes, sem mais nada- vejo com dificuldade por onde é que a Igreja, que desconhece as vítimas, pode começar. Vão fazer aquilo que já antes tive ocasião de dizer: remeter ao MP. E depois vão a reboque do MP. Suspensão preventiva de imediato? De acordo com os princípios básicos de direito que conheço a simples denúncia (que pode ser falsa/caluniosa) não costuma chegar para avançar imediatamente para uma suspensão preventiva. Mas talvez "autoridades" em Direito Canónico como Isabel Moreira me possam explicar melhor.
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