sábado, março 18, 2023

A verdade é dura


Um amigo, há pouco, ao ver esta fotografia: "Não acho muita graça às jantes". Respondi: "Tens toda a razão. Não te tinha dito, mas essa foi a principal razão por que decidi não comprar este carro". Às vezes, temos de ser sinceros e assumir as coisas com frontalidade.

16 comentários:

Sérgio Nunes disse...

Cá por mim, também aposto na sinceridade, é uma bela obra de arte elogio a capacidade humana.
Admiro a beleza, tal qual gosto do pôr do sol, nem por isso o quero em minha casa.
Nem sequer tento, mas julgo não conseguir entrar ou sair desta "obra prima" sem ajuda, nem me questionar como vou às compras com isto??.
Assim até acho graça às jantes, bom proveito ao possuidor.

Anónimo disse...

A sério, senhor embaixador, ou será porque não aprecia o “espalhafato”, embora não tenha mal algum! Se as pessoas gostam e podem adquirir automóveis destes, tudo bem. Já no que me diz respeito aplica-se a expressão de La Fontaine, redescrita por Bocage”são verdes não as posso tragar”

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Quantos carrinhos eu restauraria pelo valor de um desses...

manuel campos disse...


Apesar de há dias ter andado aqui numa simpática conversa sobre um carro (já maior e vacinado) que tenho e me dá muito prazer ter para pequenos passeios e pouco mais, no dia-a-dia ando com outro quase do mesmo nível e com pouco mais de seis anos, de que também falei das condições da compra, condições essas que tantas saudades devem hoje trazer aos distribuidores à míngua de carritos para entregar.
Sendo teoricamente o ultimo carro a sério que iria comprar “novo” (tinha 70 anos na altura) e estando previsto para viagens longas e o dia-a-dia da cidade, quando não dá para ir sozinho de Metro ou autocarro, procurei que fosse o mais seguro possível.
Dito isto, é muito seguro, trava sozinho se “vê” um obstáculo e lhe passa pela cabeça que não vamos travar a tempo por distracção ou desmaio, arruma sozinho se verifica que cabe naquele espaço e mais algumas coisas que vêm de origem em todos aqueles modelos, não custam mais por isso.

Mas não tem nenhum extra pedido por mim! Nenhum!
Para grande desgosto e incredulidade do vendedor, diga-se de passagem.
Há marcas que são conhecidas por “vender extras e não carros”, eu disse logo que não queria nenhum extra, nem o famoso GPS (por acaso ofereceram-me o Bluetooth, que não uso, devem ter achado que parecia mal não ter nada).
E claro que depois só me têm aparecido inúmeras pessoas que me perguntam “então não podias ter comprado o modelo com o motor não sei quantos?” a que respondo que podia mas não queria, este chega bem.
Outras vão de espanto em espanto com a ausência total de extras e perguntam-me “mas nem o GPS” ou “nem os bancos pré-reguláveis” ou outra coisa qualquer e lá levam com a mesma resposta, que “tive a sorte de ter brinquedos em pequeno”.

Fui em tempos ao simulador que a marca tem para se ir escolhendo “extras”, que vão das jantes e pintura metalizada às mais inconcebíveis invenções inúteis (para mim) que eu pudesse imaginar.
Assim se gastam facilmente (vejo-o pelos carros de conhecidos meus) mais 25% do preço do carro-base, que já não é “dado”, em coisas que raramente se usam quando se usam, só para procurar impressionar quem já hoje em dia não se impressiona com grande coisa e adianta logo que tem um vizinho que além daquilo tudo ainda tem mais isto e aquilo.
E extras que no momento futuro da revenda não valem nada.

“Vanity of vanities, says the Preacher, vanity of vanities! All is vanity.”
Ecclesiastes 1:2

Dito isto tudo adianto que, com muito mais dinheiro e muito menos consciência social, seria hipócrita dizer que o carro não é tentador.



Anónimo disse...

Mas essa cor, senhor embaixador, não me agrada nada, por isso na semana passada não comprei um desses...
MB

manuel campos disse...


Francisco Sousa Rodrigues

Exactamente o que penso, como imagina.
Pois umas boas dezenas de belos carros, bem mais apetecíveis de ter do que um "brinquedo" sem grande utilidade no dia-a-dia, andar por aí nele seria uma dor de alma no pára-arranca dos apressadinhos e em parques de estacionamento.
Bem tratado e mantido poderá ser um "clássico" daqui a 30 anos, mas 30 anos é hoje demasiado tempo para apostar nisso.

Conheço quem goste e possa ter carros caros, o último de que se desfez tinha 4 anos e 21 mil kms, deram-lhe metade do muito que tinha dado por ele.
Não aprendeu, porque há pessoas que não querem aprender, comprou outro um pouco menos caro mas que, por este caminho, nem 21 mil kms irá fazer nos próximos 4 anos.
Há gente em hospícios que tem mais juízo.




manuel campos disse...


MB

Fez muito bem, é uma excelente razão que partilho totalmente.

Agora a sério.
Os carros em azul escuro e preto são muito bonitos quando estão muito limpinhos e a pintura está em bom estado.
Mas quando os pusemos a brilhar e no momento seguinte caem 2 minutos de pingos de chuva cheios de poluição urbana ou de areias do deserto, apenas 2 minutos de pingos, só apetece dar cabeçadas na parede.
Tenho um, o tal "maior e vacinado", chegava o tempo instável e nem me atrevia a saír com ele, felizmente venho mudando de perspectiva, agora já estou por tudo, tal como estava era sujá-lo ou vendê-lo, agora suja-se mas usa-se.

Flor disse...

Eu perguntaria "Será que poderei pagá-lo a prestações?"

manuel campos disse...


Flor

Claro que sim.
Aquilo custa "desde" €378,425.00 em Portugal.
Este "desde" é sempre muito prometedor, mas não para o cliente.
Portanto é só dizer quanto está disposta a dar por mês.

Flor disse...

Manuel Campos estou indecisa tenho que dar uma volta pelos bolsos para ver os tostões que andam por lá:) :)

manuel campos disse...


Flor

Pensando melhor é de encarar a possibilidade de comprar um modelo deste carro de que só se fizeram 18 unidades, é capaz de ter mais futuro em termos de valorização ainda que eu não tenha encontrado o preço por aí, quando a marca nos diz "desde", o céu é o limite (acontece o mesmo nos saldos de camisas e calças com o "desde").
E digo isto porque este modelo "especial" atinge os 100 km/h em 2,8 segundos, menos 0.2 segundos que o modelo normal, o que se adivinha de grande utilidade prática.
Como se isso não fosse já uma excelente notícia ainda consegue alcançar os 345 km/h de velocidade máxima, que são mais 5 km/h que o modelo normal, qualquer pessoa sabe que irmos a 345 à hora não tem nada a ver com irmos a 340 à hora.
Portanto tudo isto é entusiasmante (para alguém será, quero eu dizer).

Seja como fôr e como exemplo podemos admitir que encontra aí nos bolsos uns tostões, vamos que sejam 378€ para facilitar as contas (os 425€ dou eu se me deixar sentar-me lá dentro durante 5 minutos, parado aí num sítio movimentado, só para impressionar o tal pagode que já não se impressiona).
Assim só lhe faltam 999 suaves prestações mensais, que alguma maneira arranjará como pagar, entregue a primeira são só mais 83 anos e 3 meses.

Se fizer copiar/colar de "Ferrari 296 GTB And F12 Crash Into Someone’s Garden Wall One After The Other" também se poderá dar conta do que NÃO é aconselhável fazer.

Temos que brincar com estas coisas...


Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos, lá o seu conhecido é de hábitos "amaricanos", mas em bom... Uma bomba de 4 em 4 anos, para andar 5000 por ano é outro nível.

manuel campos disse...


Francisco de Sousa Rodrigues

É outro nível de facto, mas não consigo perceber a ideia.
Eu faço aí uns 20000 kms por ano entre os dois carros, mas uso-os, faço deslocações mensais que entre ír e vir e dar as voltas locais são 1200 kms num deles, com o outro dou as voltinhas na zona de Lisboa de que já falei aqui e são 400 kms.
Não ando muito hoje em dia, mas um é uma necessidade e o outro é um gosto, como já contei também.

Ter 2, 3, 4 carros só é grave quando andam todos “ao mesmo tempo”, cada um com o seu condutor a dar as suas voltas.
Se só anda um de cada vez, como é o caso agora aqui em casa, quando anda um não anda o outro, portanto os custos totais dos consumíveis não se alteram muito.
Tendo sempre que ter um para as “grandes” deslocações, ficam assim os custos fixos do que anda menos e que é mais o tal “gosto”, que se resumem ao seguro obrigatório (não tinha idade para ter “danos próprios”), ao IUC (que é “antigo” porque o carro é anterior a Junho de 2007), à inspecção anual obrigatória, portanto uns 40€ por mês em média, um luxo que me posso oferecer.

E é aqui que bate o ponto, este meu conhecido não anda com ele nunca no dia-a-dia (usa a UBER) nem sequer com alguma frequência sai daqui, só o usa umas 3 ou 4 vezes por ano para ír dar uma volta curta aí pelo país (ele não vem aqui, não lhe faz de certeza o estilo, posso falar à vontade).
Acho que se alugasse um carro de cada vez que sai talvez não fosse má ideia, não era barato mas podia “trocar” de carro todos os trimestres e uma vez sem exemplo levar um Ferrari 812 (mas com outras jantes).

Claro que há quem pense que eu, já que sou tão esperto, também podia abdicar do carro das "grandes" deslocações e alugar um todos os meses para as fazer, é teoria que já ouvi de gente da cidade.
Sou o primeiro a lamentar não ser possível mas, lá para onde vou, fico por ali 15 dias mais ou menos quieto e, para quem não saiba, fora da cidade há algumas limitações na utilização de metropolitano e autocarro, para além de uma falta danada de UBERs e de supermercados em todas as esquinas.

Flor disse...

Manuel Campos, fiquei sem palavras :)))

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos, nem eu, o modelo americano não faz nada o meu género.

Eu pensava que ter um carro a mais só para ir ao baile ao domingo (e nem todos) era uma bizarria, mas um bólide na casa dos seis dígitos para arejar de vez em quando e andar de UBER, "c'est un peu trop quand même", como diria a Odete Roitman.

O seu conhecido não vem aqui? Fez-me lembrar uma história hilariante que o Sr. Embaixador contou e a resposta do visado - https://duas-ou-tres.blogspot.com/2021/04/o-cromo-do-maserati.html (tenho de confessar a minha leve impressão de ser uma brincadeira combinada).

manuel campos disse...


Francisco Sousa Rodrigues

Cá para mim não só "c'est un peu trop quand même" como ainda por cima acho que é só para mostrar aos vizinhos, aos domingos põe o carro à porta da garagem o dia todo, é aí que ele o "areja" como muito bem diz.

História deliciosa a que foi repescar, de facto "cheira" a brincadeira combinada, a reacção do visado até é para o meigo e enternecedor.

Não vem e, se vier, "tant pis" para ele, já lho disse e assim relembro-lhe.
E digo que não vem porque nem todos os blogues nem todas as opções ideológicas dos autores vão com o estilo dele, este não é definitivamente um lugar a visitar.
E se visitasse é muito impaciente para ler os comentários todos, ainda por cima os de postagens já com dias.

Os EUA, a ONU e Gaza

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