Lukashenko só ficará no poder se Putin quiser. Embora a Bielorrússia não seja uma mera “província” da Rússia, a capacidade de decisão autónoma de Minsk acaba quando os seus atos têm consequências estratégicas de dimensão regional, como acontece no caso presente.
Putin não arriscará favorecer uma qualquer transição política em Minsk que abra portas a uma maior influência ocidental, em especial que dê espaço a um papel futuro da vizinhança báltica ou polaca junto de uma nova liderança. A lição da Ucrânia foi bem aprendida.
Lukashenko tornou-se um problema para Putin. Uma solução constitucional sem ele seria o cenário ideal para diluir tensões. Para Moscovo, contudo, o caminho é estreito: não é fácil desenhar uma liderança alternativa sem alimentar as ambições democráticas que floresceram no país.
Se tivesse inteligência tática e se o ocidente estivesse disposto a um compromisso estratégico, Putin poderia pilotar uma transição política em Minsk, recebendo, na outra mão, algum gesto compensatório de distensão na relação, quer com a UE, quer com os EUA.
É triste ter de constatar uma coisa: não existe, no “mercado” da soluções políticas, num quadro geopolítico como aquele em que a Bielorrússia se move, nenhum cenário de transição para um regime democrático “à ocidental”. E tudo se fará à custa da soberania do país.
E posso sempre estar enganado, claro.
7 comentários:
distensão
se o ocidente estivesse disposto a um compromisso estratégico
Pois. Mas não está. Bem pelo contrário, está disposto a aumentar a tensão o mais possível.
Sim, é muito difícil encontrar uma solução. O Ocidente não aceitará, mesmo com reserva mental, a tal solução intermédia. Achará que ela, a vingar, apenas servirá Putin.
O ataque ao Leste não pressupõe soluções intermédias. O objectivo é a Rússia, a mudança de poder na Rússia, por essa razão o Ocidente não favorecerá nenhuma solução que prejudique este objectivo. O que se tem em vista é rodear a Rússia de Bálticos, Polónias e Ucrânia, inclusive no Cáucaso, embora aqui as coisas sejam mais complexas por causa sultão otomano.
MAIDAN NA BIELORUSSIA ? O SONHO DO OCIDENTE.
Bem sabemos por que razão o Império e os seus lacaios da EU gostariam de impor o seu programa de “REGIME CHANGE” à Bielorrússia.
Este empecilho de Lukashenko impede o avançor das tropas da NATO até às portas da Rússia…
Basta olhar para o mapa e compreende-se.
Cinco cães de guarda à volta da Rússia. Com o otomano no sul, o cerco perfeito.
Só que os Russos não esqueceram o que se passou há 100 anos...A partilha da Russia entre os amigos da Entente...Os franceses desembarcando em Odessa e os americanos em Vladivostock... Ah, o Primorye russo... Que sonho !
Recordar estas palavras: O senador republicano de Whashington Miles Pointdexter, pedindo intervenção, deixou claro: “A Rússia tornou-se apenas um conceito geográfico e nada mais deve ser levado em consideração. Sua capacidade de se unir, de se organizar, de se restaurar, desapareceu para sempre. Esta nação não existe mais "...
Deve-se levar em conta que enquanto a guerra civil estava terminando e os Estados Unidos e a maioria das potências europeias reconheciam a URSS, nenhum político ocidental condenou a sangrenta expedição à Rússia. Excepto um.
A atitude hipócrita em relação à ocupação de territórios de estados soberanos foi descrita por Churchill no quarto volume de The World Crisis:
"Os Aliados estavam em guerra com a Rússia? Certamente que não. Mas eles atiraram nos soviéticos imediatamente, matando-os. Eles comportaram-se como invasores em solo soviético. Eles armaram os inimigos do governo soviético, bloquearam os seus portos e afundaram os seus navios de guerra. Eles desejaram seriamente e programaram a sua queda."
FOI O MESMO CHURCHILL QUE NO INICIO DA GUERRA FRIA, LANÇOU A CÉLEBRE FRASE": DE STETTIN, NO BÁLTICO, A TRIESTE, NO ADRIÁTICO, UMA CORTINA DE FERRO DESCEU SOBRE O CONTINENTE. ESTA FÓRMULA METAFÓRICA, SIMBOLIZA PERFEITAMENTE A LINHA DIVISÓRIA QUE SEPARA OS ESTADOS DA EUROPA OCIDENTAL DO BLOCO ORIENTAL.
Hoje, os EUA e a UE construiram a mesma cortina de ferro mais longe: na fronteira da Bielorussia e da Russia.
o Império e os seus lacaios da EU gostariam de impor o seu programa de “REGIME CHANGE” à Bielorrússia
Segundo li na RT, houve há poucos dias um voto no Parlamento Europeu em que se recomendou que a União Europeia promovesse "regime change" na própria Rússia.
É claro que o Parlamento Europeu não tem poder nenhum, é somente uma casa de conversas inconsequentes na qual se pode votar seja o que fôr de forma totalmente irresponsável. Mas não deixa de ser sinistro que pessoas racionais na Europa votem coisas destas.
Luis Lavoura: Completamente de acordo. Poderiam começar pela Hungria, não?
Luis Lavoura tem, mais uma ,vez razão: não deixa de ser sinistro que pessoas racionais na Europa votem coisas destas.Como se nao conhecessemos o funcionamento do sistema.
O "REGIME CHANGE" muitas vezes traduzido como mudança de regime é na verdade uma prática dos Estados Unidos de instigar a revolução e / ou o golpe de Estado com o objectivo de estabelecer um governo local favorável aos seus interesses.Sempre.Nem mais nem menos.
Foi aplicado em muitos paises no mundo com os resultados que conhecemos:
Menos de um ano depois que os Estados Unidos e a Organização dos Estados Americanos (OEA), apoiada pelos Estados Unidos, desencadearam um violento golpe militar com o objetivo de derrubar o governo da Bolívia, de Evo Morales, o povo boliviano reelegeu o Movimento pelo Socialismo (MAS) e reestabeleceu-o no poder.
Na longa história de "reversões de regime" apoiadas pelos EUA em países ao redor do mundo, raramente um povo e um país rejeitou tão firme e democraticamente os esforços dos Estados Unidos para lhes ditar como será governado.
A presidente interina, Jeanine Añez, solicitou 350 vistos dos EUA para ela e outros que poderiam ser processados na Bolívia por seu papel no golpe.
É instrutivo que o fracasso do golpe apoiado pelos Estados Unidos na Bolívia tenha levado a um desfecho ainda mais democrático do que as operações de mudança de regime dos Estados Unidos que conseguiram retirar um governo do poder.
Os debates internos sobre a política externa americana assumem sistematicamente que os Estados Unidos têm o direito, senão a obrigação, de implantar um arsenal de armas militares, económicas e políticas para forçar mudanças políticas em países que resistem aos seus ditames imperiais. Este é o sentido da votaçao em EStrasburgo.
Esquecendo que na prática, isso significa guerra total, como no Iraque e no Afganistao.
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