domingo, maio 09, 2021

As têvês

Houve um tempo em que tínhamos menos de meia dúzia de canais televisivos, pela qual pagávamos uma coisa simbólica, a qual, custeando também uma rádio pública sem publicidade e assegurando coisas como as RTP/RDP Internacional e África, era das mais baixas da Europa. Tudo bem!

Fomos então convencidos a passar para o cabo, que já não era tão barato quanto isso. Mas os “pacotes” vinham embrulhado com a net, os telefones, numa geometria variável de opções que, como é da regra destas coisas, induz um deliberado embaraço na escolha.

Mas, com os diabos!, passámos a ter “centenas” de canais disponíveis! Que bom! Só que depois, vendo bem, além de pagarmos o cabo e o tal preço simbólico dos canais tradicionais, cada vez é preciso desembolsar mais para abrir muitas dessas tais “centenas” de canais “disponíveis”, os Netflix, a SportTV e imensas coisas assim.

E os canais televisivos tradicionais, concessionários de licença pública, que originalmente víamos pagando a “taxa”, que já têm o dobro da publicidade da televisão pública, criam, eles próprios, como agora se (não) vê com a Opto, sistemas de acesso fechados. E para ver o melhor desses canais, temos de pagar mais...

4 comentários:

hmj disse...


"custeando também uma rádio pública sem publicidade e assegurando coisas como as RTP/RDP Internacional e África" -
Ora, mesmo pagando uma taxa de audiovisual, a RTP - online - abusa da publicidade. Tanto surge uma página preta, seguida de pequenos rectângulos no canto inferior esquerdo, de publicidade, que nem sequer tem a cruzinha para poder apagar, como haver a publicidade lateral em movimento. Assim vamos andando. Parece que a RTP 1 não gosta dos espectadores "normais", que pretendem apenas ver notícias em vez de serem obrigados a uma profusão de publicidade para nos distrair do essencial. Até o Provedor do Espectador já se declarou incapaz de resolver o problema.
Qualquer dia, após tantas reclamações sem efeito sobre a publicidade abusiva, vamos desistindo da RTP.

josé ricardo disse...

Existe uma atividade pública remunerada muito interessante e nobre que se chama política e que serve, também, para legislar sobre estas pequenas e, aparentemente, insignificantes coisas, visto que é do interesse da polis que se trata. E a política serve também para se opor a este tipo de quadrilhas que, neste momento, são estas empresas que se dedicam a desenvolver estes canais por cabo com pacotes fantásticos de centenas de canais e internet a mil à hora. Se, por acaso, o Governo português agisse, a este nível, semelhantemente aos seus congéneres europeus, esta pouca vergonha acabava de imediato, pois estas empresas seriam obrigadas, se quisessem sobreviver, a oferecer produtos mais de acordo com as necessidades das pessoas. Infelizmente, neste ramo, reina, de uma lado, a chico-espertice e, do outro, a abulia dos clientes e dos nossos governantes.

Joaquim de Freitas disse...

O sistema capitalista de produção, diz Mészáros, é uma totalidade incontrolável. Sua função é buscar lucro a todo custo e, por isso, nem mesmo os capitalistas conseguem colocar freio a essa sede desenfreada.

Assim que, como no clássico filme de terror do grande Bóris Karloff, ele funciona como uma bolha assassina, expandindo-se sempre mais e engolindo tudo no caminho por onde passa, insaciável. Sua fonte de riqueza é o trabalho dos trabalhadores. Mas também o embrutecimento dos lazeres, explorados até à morte de desespero...por tanta mediocridade.

Unknown disse...

Senhor embaixador: "mutatis mutandis", e com ressalvas, claro, diria que "é a economia..."
MB

A Europa de que eles gostam

Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá. ...