Alguém se perguntava: “Francisco Rodrigues dos Santos não será um nome demasiado longo para um líder partidário ser conhecido?”. De facto, há um costume de designar os políticos por dois nomes, contrariamente àquilo que frequentemente se passava no seculo XIX e mesmo com algumas figuras da Primeira República. Sá Carneiro só passa hoje a Francisco Sá Carneiro em alguns discursos dentro do PSD. Cavaco Silva deixou para trás o Aníbal bem cedo, como aliás perdeu o “e” logo no início do seu percurso: para quem não se lembrar, recordo que começou a ser designado por “Cavaco e Silva” (como, mais tarde, o seria “Marinho e Pinto”).
Se o jovem líder do CDS encurtar o nome para “Rodrigues dos Santos”, também se concluiu, vai ser uma confusão, quando for entrevistado no Jornal da Noite da RTP. Já havia aí boatos que eram familiares. E “Francisco Santos” não parece lá muito apelativo...
“E se continuasse a ser designado por “Chicão”? É um bom nome, forte”, alvitrou alguém. “Mas é mais para capitão de uma equipa de rugby, não é?”, disse outro. O humor não parou: “Sempre é melhor do que se chamasse Chiquinho!”. Mas logo se conclui que, em qualquer caso, é difícil a um jornalista dirigir-se a alguém por um “nickname”.
Uma pessoa que sugeriu que ele tentasse crismar a sigla FRS. Pelo ambiente em que estávamos, coibi-me de dizer que, politicamente, essa sigla não traz grandes memórias à política doméstica: era a Frente Republicana e Socialista, um “abraço” frentista liderado pelo PS, que acabou por não ser, longe disso, a “finest hour” socialista. Mas dadas as atuais ambições políticas do CDS...
Porque tenho estas coisas bem estudadas, expliquei que, em Portugal, as siglas de nomes de pessoas são muito raras. Pode dizer-se que apenas “pegaram” APV (António-Pedro Vasconcelos), BB (Baptista Bastos), PQP (Pedro Queiroz Pereira), EPC (Eduardo Prado Coelho), MEC (Miguel Esteves Cardoso) e, com bem menor popularidade, VPV (Vasco Pulido Valente), VGM (Vasco Graça Moura) e MST (Miguel Sousa Tavares). Alguém lembrou JJ para Jorge Jesus, mas a minha memória futebolística liga a sigla a Jacinto João, um antigo jogador do Vitória de Setúbal.
Portanto, a questão do jovem do CDS não ficou “resolvida”. E ninguém se referiu ao facto de José Manuel Durão Barroso, quando foi liderar a Comissão Europeia, ter artificialmente decidido impor o nome de José Barroso. “Fez bem”, dir-me-ia uns anos mais tarde um amigo meu de Bruxelas, “com a maneira como se deixou ficar nas mãos dos grandes países, manter o Durão seria de facto inadequado...”
Já estou a imaginar o que alguns leitores estarão a pensar: estes tipos não têm mais nada com que se preocupar? Ora essa! Falamos do que nos dá na gana e ninguém tem nada a ver com isso.
5 comentários:
Só para contrariar "Pedro Passos Coelho", saudações
Anonimo das 18:36. Tem razão! Passou-me.
O nome dele é Francisco José Nina Martins Rodrigues dos Santos, de acordo com a wikipedia.
Portanto, há muito por onde pegar. "Francisco José" seria ótimo. "Nina Martins", ainda melhor.
Esqueceu-se do RAP, bem popular.
Anónimo, Pedro Passos Coelho era e é usualmente referido simplesmente como Passos Coelho.
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