segunda-feira, fevereiro 10, 2020

Eu e a eutanásia

Confesso que não tenho uma posição firme sobre a eutanásia, embora, por prudência íntima, alimente, à partida, uma predisposição bastante reticente na matéria. Mas, ao ver pessoas que respeito, e com filosofias de vida muito diversas da minha, favoráveis à ideia, admito poder rever a minha atitude.

Tenho, no entanto, uma firme certeza: sou 1000% contra a ideia de submeter esta questão (ou qualquer outra, diga- se!) ao demagógico instituto do referendo, um caldeirão fácil de preconceitos e emoções.

Portugal é uma democracia representativa. Elegemos para a Assembleia da República deputados que, em nosso nome, votam as leis, que passam depois pelo crivo do chefe de Estado e, se necessário, pelo Tribunal Constitucional.

Eu confio na democracia.

21 comentários:

Anónimo disse...

A minha opinião é, precisamente, a contrária: não confio nos nossos deputados para decidir uma matéria de tão grande relevo. Esta é uma matéria de consciência que não se compadece com disciplinas partidárias de Beés ou de PCPês Se o povo tem capacidade para eleger "representantes" também deve servir para decidir directamente questões de grande importância nacional, através do referendo. Só assim a democracia pode amadurecer.

Ivo Filipe de Almeida disse...

Não é possível referendar direitos pessoais.

Anónimo disse...

Relativamente à Eutanásia, digamos que me encontro no mesmo patamar que o senhor embaixador. Relativamente aos alegados representantes, na casa da dita democracia, infelizmente tenho que discordar de forma peremptória alicerçado nos inúmeros e lamentáveis exemplos de que a verdadeira democracia está muito longe do desejável...começa logo pelo facto de os deputados serem eleitos por distritos que não conhecem, sublinhando os exemplos de constante favorecimento e defesa exclusiva de interesses pessoais...é uma realidade que entristece e magoa.

João Cabral disse...

O direito ao instituto do referendo está bastamente protegido na Constituição, bem como as situações em que não é aplicável, não sendo esta uma delas, senhor embaixador... Além disso, a sua posição parece pouco respeitosa para com os Portugueses e as suas opiniões.

Luís Lavoura disse...

Tenho posição oposta à do Francisco. Não mexendo a eutanásia com qualquer proibição constitucional de princípio, e sendo ela uma questão de delimitação de direitos, considero totalmente apropriado que seja o povo a dirimi-la através de referendo.

Luís Lavoura disse...

A última frase do post ("Eu confio na democracia") contradiz o restante dele. É que, democracia é o poder do povo. Pelo voto. Um referendo é a coisa mais democrática que há.

aamgvieira disse...

A Alta Autoridade para a Saúde em França recomenda ao Governo que facilite os cuidados paliativos para garantir a vida dos pacientes.

Em Portugal toda a Esquerda política e alguns de outros espectros quase a roçarem “traição” à vida humana têm pressa em legalizar a Morte......

netus disse...

REFERENDO, Artigo 115º
António Cabral

alvaro silva disse...

Sou partidário da eutanásia/suicídio assistido sim! Mas com condições.
Assistido pelos amigos e familiares directos entre os quais deverá ser eleito o putativo executor sem direito a pedido de escusa. Mais deverá estar presente um médico para supervisionar a execução da dita defunção, mais um notário para o que der e vier. Não vá o candidato á eutanásia desistir na última da hora por algum rebate de (in)consciência, tudo isto evidentemente feito no seu ambiente doméstico para dar mais privacidade e dignidade á função e ficar tudo de portas adentro sem ter que alterar rotinas hospitalares nem amedrontar os outros internados, quantos deles já de antemão apavorados com o espectro ancestral do "chazinho-da-meia-noite" ou da "injeção de.trás-da-orelha" dos mitos dos hospitais da misericórdia por este país fora.

Anónimo disse...

Um Referendo sobre a Eutanásia não é politicamente aconselhável, pois há o risco de a Igreja Católica e os seus representantes por esse Portugal fora, fazerem uma campanha manipuladora e intoxicante contra ela. Este assunto não deve ser visto como uma questão política entre a Direita e a Esquerda. Não é. Eu não sou de Esquerda e apoio a Eutanásia. O projecto da Iniciativa Liberal parece-me bastante razoável. Mas, mesmo os do PAN e BE, se devidamente negociados com o da I.L podem vir a resultar num final feliz, que defenda a Eutanásia, salvaguardando a Dignidade Humana. Se eu, um dia, estiver em sofrimento extremo, tenho todo o direito em querer terminar a minha vida, em vez de a viver até ao fim de forma miserável e sofrida.

a)António Castilho.

Luís Lavoura disse...

António Castilho,
eu também sou a favor da eutanásia, mas rejeito esse seu ponto de vista de um referendo não ser aconselhável politicamente. Eu sou um democrata e gosto de ver o povo a decidir e não gosto, pelo contrário, de ver pessoas a fugirem à vontade do povo. Seja qual fôr essa vontade. Se a Igreja Católica manipular o povo, seja: só se deixa manipular quem quer. A vontade do povo deve ser soberana, e eu estou pronto a submeter-me a ela.

Anónimo disse...

O Sr. Embaixador, pelos vistos, só confia na democracia ... representativa, porque o povo é sugestionável pela Igreja Católica. É uma menorização do povo!

Anónimo disse...

Rectifico: o Sr. Embaixador não falou na Igreja Católica,mas falou na demagogia, nos preconceitos e emoções. Por acaso não há demagogia nas forças políticas e, pior ainda, preconceitos ideológicos arreigados?
Coitados, esses "modernaços" devem-se sentir ultrapassados depois de terem sabido da possibilidade de os holandeses aprovarem uma lei em que os maiores de 70 anos se podem suicidar através da ingestão de um comprimido. É muito à frente...

Anónimo disse...


De acordo com o António Castilho. De resto, tenho para mim que esta matéria não é referendável. Ninguém tem o direito de me dizer que eu, em profunda agonia, não tenho o direito de querer acabar com essa agonia.
Já, de outro modo, penso que a entrada na UE ou a sua saída deveriam passar por referendo. Já a saída da NATO não precisaria de referendo uma vez que a permanência é uma ofensa à CRP, ao interesse nacional e à Paz. São apenas exemplos onde deveria haver referendo e onde não é preciso referendo.
Tudo em nome da sensatez e do bom senso. É o que é preciso.

João Pedro

Anónimo disse...

Luís Lavoura,
Possivelmente você não conhece bem o Interior do país e a forma, eu diria, insidiosa, como a Igreja projecta a sua influência naquelas mentes menos atentas e mais permeaveis à demagogia daquilo que ela defende. Na nossa família, por tradição (política, talvez - embora Conservadora, mas Democrática) sempre mantivemos distância no que à Igreja concerne. E com razão. Sempre havia um padre a procurar influenciar as suas "ovelhas", menos esclarecidas e conhecedoras. O peso da Igreja é muito maior e mais vincado, no Portugal profundo, do que se imagina (sobretudo para quem vive na capital, ou noutras grandes cidades). E, ao que pude ver, regressando de lá, após uns dias lá passados, já está em campanha junto dos fieis, contra a Eutanásia. Tive aliás a oportunidade de ouvir a ..."douta" opinião do padre de serviço, ali naquela localidade do interior de Portugal, onde tenho casa de família. E temo, sinceramente, o pior. A criatura tudo fará para doutrinar os, aliás as (pois, na sua maioria são mulheres, que frequentam a missa ali), crentes na Santa Madre Igreja de que a Eutanásia é um vil pecado que os levará directamente ao Inferno.
Deste modo, reitero que não se deva ir para um Referendo no que respeita à questão da Eutanásia (embora o PR lhe seja favorável, ao que se vai percebendo) e que o assunto se fique e muito bem na Assembleia da República, a casa da Democracia.
Volto a dizer: releiam a proposta da Iniciativa Liberal sobre isto, um Partido que está longe de ser de Esquerda e verão que faz sentido o que lá está plasmado.
Cumprimentos e Boa noite!
(PS: Por mim, como disse, prefiro morrer com dignidade do que deixarem-me arrastar sem a mesma, até à morte. Como sucedeu com meu pai, que tanto nos pediu, a mim, minha irmã e mãe, para lhe acabar com o sofrimento. O que, então e ainda hoje, não é permitido. Mas, atenção, países como a Suíça, Holanda e outros, que não são esquerdistas, a Eutanásia é permitida. Legal.)
a) António Castilho

Luís Lavoura disse...

Joao Pedro

Ninguém tem o direito de me dizer que eu, em profunda agonia, não tenho o direito de querer acabar com essa agonia.

Você tem sempre o direito, quer esteja em agonia quer não esteja, de se suicidar.

Mas a eutanásia não é suicídio. É assassínio a pedido do assassinado. Ora, é claro que um assassínio tem que ser regulado e regulamentado - não pode ser à balda. Tem que se regulamentar quem pode pedir e como pode pedir, para que o seu pedido seja concedido.

Trata-se de uma matéria de delimitação de direitos. Em geral, o assassínio é proibido, porém, em certas circunstâncias excecionais não o será. Parece-me que tal matéria é um caso muito adequado para um referendo. Tal e qual como o aborto (no qual se delimita entre o direito do bebé à vida e o direito da mãe ao controle sobre o seu corpo) o foi.

aamgvieira disse...

A esquerda portuguesa continua com a sua agenda de diversão, para levar o olhar dos cidadãos para outras áreas; e, assim, poder disfarçar sua incompetência governativa, é o caso da eutanásia, que é um assassinato legalizado.

Aliás quem propõe, se fosse cobaia, devia experimentar....

Anónimo disse...

"É assassínio a pedido do assassinado."
O Luis Lavoura acabou de inventar o absurdo.. Por definição, repito, por definição, não existe "assassínio a pedido do assassinado."

Anónimo disse...

Oh Vieira, então por cá? Já tinha saudades das suas diatribes reaccionárias.
Salvé!
Lourenço M.

Anónimo disse...

Adorei ver a malta da fé, toda reunida para dar a sua opinião. Adorei ver um sujeito "representante da Comunidade Islâmica" (mas qual "comunidade"?! A da Mesquisa Central ou os ismaelitas???), a dizer o que pensava sobre isto (como se os muçulmanos tivessem algum peso na nossa sociedade - se calhar, também falou a "líder" da insignificante comunidade "israelita"), adorei ver o padre A e o padre B a botarem faladura sobre a vida dos outros e sobre como os outros devem viver e sofrer. Adorei!

Adoro a ideia de que, amanhã, posso estar a viver um sofrimento horrível e não lhe consigo escapar porque um qualquer vendedor de banha da cobra é de opinião contrária e acha que eu devo é... ir vivendo e sofrendo, mesmo contra a minha vontade (eu, que sou ateu!).

Palavra de honra que, nesta coisa sa fé, os únicos que respeito são os evangélicos: esses, ao menos, têm uam boa razão para manterem vivos os fiéis: o dízimo!

Anónimo disse...

Quando se trata de um assunto de liberdade individual não há lugar a referendo.

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...