sexta-feira, agosto 23, 2024

Lume brando

Anda-se pelas estradas do país rural e, por toda a parte, o mato seco ali está, sem ser cortado, a atiçar os incendiários. Depois, se há fogo, vêm às televisões uns senhores graves, anunciar medidas, leis e coimas. Passam uns anos e volta tudo ao mesmo. Será congénito?

7 comentários:

manuel campos disse...

Até 22 de outubro de 2023 estavam registados 1,85 milhões de Até 22 de outubro de 2023 estavam registados 1,85 milhões de matrizes rurais, dos 11 milhões de prédios rústicos existentes no país (Expresso, 30/10/2023).
Tem vindo a ser facilitada a regularização destas situações mas a partir de 2026 o Estado irá começar a tomar posse das terras sem proprietário, com uma excepção que são os terrenos em áreas prioritárias (esta legislação vem do Governo anterior).
Também as heranças de terrenos rurais que não forem aceites em 24 meses podem vir a reverter para o Estado com o objetivo de agilizar a gestão do território.
Ora as pessoas não querem herdar terrenos rústicos, a maior parte invendáveis pelas obrigações que acarretam e a pouca ou nenhuma utilidade que têm num país sem agricultura nem agricultores.
E as que ainda os têm e não conseguem ver-se livres deles são na sua grande parte idosos com pensões que mal dão para comer, pouco sobra para a farmácia, nada para o resto.

Eu não tenho terrenos rústicos porque o terreno que comprei aqui encostado ao meu “algures” é um terreno urbano, por isso mesmo o comprei quando soube que iam construir ali e ficava sem esta magnifica vista (e por isso também o paguei bem caro, por ser “para construção” e por eu estar “entalado” com a situação).
Ora como está aqui muito perto da casa e não tem nada, crescem ervas,
Como não quero nem posso ter ervas de um metro junto à casa mando-as cortar de 3 em 3 meses, vem cá um conhecido com o tractor para limpar 1500 m2.
E como é amigo de longa data leva-me só as despesas de consumíveis e uma verba simbólica para ir lanchar com os netos, 50 euritos que dá 200 euritos por ano.
Ao fim de 30 anos é só fazer as contas (e nunca está limpo, o que se diga limpo, mais de mês e meio).
Agora digam-me como é que pessoas com a pensão mínima porque descontaram como trabalhadores rurais (que são tabelas diferentes) podem manter limpos ao longo do ano terrenos com 15 mil m2, por exemplo?
E isto quando o próprio Estado, que é o maior proprietário rural em Portugal, tem os cuidados que acabam por ser do domínio público.
Pois que é necessária e até urgente uma solução sou o primeiro a constatar, agora “vivo no campo” metade do ano e sei como as coisas são “no terreno”.
Mas é uma tarefa “hercúlea” e nós não somos dados a muitas tarefas desse tipo em casos de simples regularização burocrática de situações.

josé ricardo disse...

Só não concordo com o "atiçar os incendiários". Estou em crer que a grande maioria dos fogos florestais são acidentais motivados pelas razões que o sr. Embaixador referiu.

Flor disse...

Manuel Campos, completamente de acordo com o que escreveu.

Anónimo disse...

Se se resolverem os problemas aumenta o desemprego. Os investigadores ficam sem trabalho, os políticos sem discurso, os jornais sem notícias e os técnicos sem atividade.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Por aqui, a própria deservagem das bermas das estradas há quase dois anos "nadica de nada", algo que até 2021 era regular durante o ano. O "Vamos Mudar", da Câmara às Freguesias onde foi eleito, tem sido o "mudámos, pois! Mas para pior".

Francisco de Sousa Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Ah...e, claro, o respeito pela lei das limpezas de terrenos é o mesmo que há pela sinalização horizontal e vertical dos parques de estacionamento.
Às multas, dá-se sempre a volta com uma limpeza pontual, até à próxima que se lembrem.

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